Querido  diário,

Foi sem querer, eu juro. Não sou um pervertido, não me entenda mal. Certo que eu andei rondando a casa dela nos últimos dias, mas não sou nenhum maníaco planejando sequestrá-la. Eu só queria… Ah, sei lá o que eu queria!

Mas, bem, lá estava eu na rua da casa dela, rondando com meu irmão, mas é óbvio que ele não sabia que estava lá para isso.

Então, ela apareceu. Ela é linda. Não sei o que há de errado com o povo da escola. Só porque ela não usa a camiseta tamanho P, e não anda rebolando, isso não a faz feia, para mim. Pelo contrário, só a faz mais bonita. Mais perfeita. Mais ela.

Usando um short jeans e uma camiseta de um ombro só, ela quase me fez me desequilibrar em cima da calçada! Bill deve ter percebido algo, pois me olhou estranho, mas não falou nada.

Ela só me viu quando terminou de fechar o portão.

Nervoso. Diabos, eu estava nervoso. Eu nunca fiquei tão nervoso com uma garota —isso é coisa de boiola —, eu normalmente já chegava e cumprimentava, no mínimo com um beijinho no canto da boca.

Mas lá estava eu, um completo idiota, olhando para ela.

Ela deu um discreto sorriso de reconhecimento e saiu andando em outra direção. E eu fiquei ali parado, com um pé no chão e o outro na calçada. Meu coração indo embora com ela, meu corpo babaca ficando para trás.

Com isso eu aprendi outra lição, por um lado triste e por outro estranho: Amar é ser idiota. O triste é que eu sempre fui um idiota, o estranho é que agora eu estava ainda mais.

Por falar em ser idiota, adivinhe quem eu vi escrevendo em um caderno gêmeo ao meu ontem? Bill!

 Por falar nele, a criatura apareceu batendo na porta do banheiro agora. Sim, depois que eu o peguei, situação que contarei depois, decidi me trancar no banheiro para que ele não me pegasse, e claro levei o travesseiro junto!

Tenho certeza de que ele está desconfiando de algo.

Bom, tenho que ir. Tchau.