O Diário De Tom Kaulitz escrita por Joy


Capítulo 21
Capítulo 21- Eu ainda continuarei te segurando.


Notas iniciais do capítulo

Olá, último capítulo, resolvi unir tudo pra dar menos trabalho!
Obrigada a Zoom Into Me Bella que me deu a minha décima primeira recomendação e a todas que mandaram rewien no último capítulo!
Boa leitura



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2 MESES DEPOIS

Querido diário,

É com imenso prazer, que eu, Tom Kaulitz, descrevo para você, a noite mais incrível de toda a minha vida...

“Só mais uma foto, andem!” Disse minha mãe tentando ser a melhor fotografa amadora do mundo. Eu não sei qual é o meu problema com fotos, sinceramente. Eu saio esquisito em todas elas, sempre com a mesma cara.

“Sorria.” Ana (Ana Carolina, agora eu sabia) insistiu ao meu lado.

Eu: “Não consigo, meu rosto está dormente de tanto fazer isso.”

Ana Carolina: “Ah, seu exagerado!”

Eu: “'Tô falando sério.”

Aproveitei que a minha mãe tinha se distraído mexendo nos botões da câmera para sacar meu celular e digitar:

Cadê você?”

Ana Carolina: “Ei, vamos ver se você aprendeu a valsa.”

Eu: “Rá-rá, piada, né?”

Ana Carolina: “Não, é sério.”

Eu: “Não sei dançar isso, juro, vou pisar no seu pé.”

Ana Carolina: “E a minha manicure vai te matar, se você estragar minha unha.”

Eu fingi uma cara deprimida.

Eu: “Você vai no meu enterro?”

Ana Carolina: “Vou pensar no seu caso. Vem, ande, coloque a sua mão nas minhas costas... Não, mais pro meio. Isso. Agora me dê a sua outra mão. Certo. Vamos lá, o primeiro passo para a esquerda, não esqueça.

Eu: “Tá, agora é o tal do 1,2,3?”

Ana Carolina: “É, mas mais suave igual à professora disse.”

Eu: “Uhum, 'tá. Um passo pra esquerda, dois, três, um passo pra direita, dois, três. 'Tá certo?”

Ana Carolina: “'Tá, mas não fique contando.”

Eu: “Exigente!”

Ana Carolina: “Não, é que me desconcentra e eu vou errar e te atrapalhar mais ainda.”

Eu: “Ah, tem problema não, qualquer coisa a gente começa a dançar tango.”

Ana Carolina: “Eu não sei dançar tango.”

Eu: “Então a gente dança lambada mesmo.”

Ela riu.

Ana Carolina: “Imagino a cena.”

Eu: “A gente vai entrar pra história, você vai ver, aposto que ninguém nunca dançou lambada em vez da valsa da formatura!”

Ana Carolina: “Claro que não.”

Meu celular vibrou. Uma nova mensagem.

Estou em casa ainda. Não vou poder ir com vocês, mas meu pai disse que vai me levar até lá. Te vejo no salão.”

Ana Carolina: “Ih, já vi essa cara antes!”

Eu: “Que cara?”

Ana Carolina: “Essa sua cara de bravo. O que foi?”

Eu: “Nada. Vem, vamos continuar.”

Ana Carolina: “'Tá legal. Mas sem contar.”

Chegamos no salão na hora marcada. Era enorme com todas aquelas mesas e aquelas parafernálias de flores e tapetes em tudo que é canto. Muito brega.

Mas toda formatura é brega, certo?

Era para eu estar em casa assistindo qualquer porcaria na TV ou no boliche comemorando o fato de eu nunca mais ter de pisar naquela escola. Mas invés disso eu estou aqui. Vestindo uma camisa enorme branca com listras azuis e uma calça azul jeans azul enorme.

Bill: “Nossa, tem que por a beca ainda.”

Eu: “Beca?”

Bill: “É, e tirar foto.”

Eu: “Que desgraça, mais fotos.” eu resmunguei.

Ana Carolina: “Droga, vai amaçar o meu vestido. Onde que é?”

Bill: “Vai seguindo o corredor que 'tá todo mundo por lá, até a Mari ainda está na fila.”

“Vamos?” Ana disse para mim.

Eu: “Vai indo na frente, eu tenho que ver uma coisa primeiro.”

Ana: “'Tá.”

Eu vaguei meus olhos pela multidão de pais amontoados nas mesas ou na entrada do salão. Encontrei um monte de gente da escola, quase todo mundo irreconhecível. Acenei para alguns professores, mas quem eu estava procurando eu não vi nem sinal.

Gabe: “Caramba, não sabia que ela tinha essas pernas. Se deu bem, hein, Tommy!”

Eu: “Quem?”

Gabe: “A Ana.”

Eu: “Aaah. É.”

Gabe: “Quem você 'tá procurando?”

Eu: “Ninguém.”

Gabe: “Não nasci ontem.”

Eu: “É a Paula. Viu ela em algum lugar?”

Gabe: “Não, nem sabia que ela vinha.”

Eu: “Eu convenci ela a vir.”

Gabe: “Nossa, margarida, é melhor a gente ir por a beca e tirar a porcaria das fotos. Depois você acha ela.”

O problema é que eu precisava encontrá-la naquela hora, senão teria que esperar até a cerimônia passar, o que levaria provavelmente mais de uma hora, a ladainha da diretora (ela faz o mesmo discurso todo ano, sei disso porque vi as fitas dos anos anteriores) e a maldita valsa. É muito para quem já esperou tanto tempo.

Eu sei que talvez você não esteja entendendo nada diário, então vamos voltar um pouco no tempo. De volta para Julho.

Meu celular tocou sem parar durante uns cinco minutos. Eu não precisava olhar no visor para saber quem era. E também não tinha a menor vontade de levantar e procurar onde o aparelho estava. Quando eu achei que estava livre, o telefone começou a tocar na sala.

“Mãe, se for o Gabe diz pra ele que eu não 'tô!”

Eu fiz isso de propósito para ele escutar, porque eu sabia que a minha mãe já tinha atendido o telefone e que provavelmente já tinha dito para ele que eu estava em casa.

Dois minutos depois a porta do meu quatro foi aberta.

Mãe: “O que foi? Brigaram?”

Eu: “Não.” Ainda, eu completei mentalmente.

Mãe: “Não quer falar com ele porque então?”

Eu: “'Tô ocupado.”

Minha mãe fez aquela típica expressão de desdenho.

Mãe: “Com o quê, posso saber?”

Eu: “Amaciando a minha cama.”

Mãe: “Muito engraçado!” está vendo de onde eu herdei a minha ironia? “Levanta logo daí e vai arrumar a sua mochila para a escola, aposto que seus livros estão todos espalhados pela casa inteira.”

Não, eles deveriam estar espalhados pelo mundo inteiro. Não fazia a menor ideia de onde eles poderiam estar. E isso não tem nada a ver com as férias. Eu não os vejo bem antes disso. Nunca precisei deles mesmo.

Eu: “'Tá, mãe, já vou.”

Eu ainda não havia ido na casa dela, eu sei que disse que iria, mas sabe, eu não tive coragem... PODE ME CHAMAR DE FRACO SE QUISER!

Esperei ela fechar a porta e peguei o caderno de baixo do travesseiro. Já fazia dois dias que eu estava com ele.

Eu sei, você deve estar me achando maluco. Afinal, passei metade do ano alucinado (ou obcecado, chame como quiser) por essa garota, tentando descobrir o máximo sobre ela, guardando cada pequeno gesto, cada sorriso...

Por que eu ainda não fui atrás dela?

Nem eu sei bem.

Não é como se eu estivesse adiando aquilo por falta de coragem ou ansiedade demais. Nada disso. Aliás, eu tinha coragem e ansiedade de sobra. A questão é que eu a amava demais para que no fim, essa história tenha pequenas chances de dar errado.

Palavras podem conquistar, mas é o contato que te prende de vez.

Eu descobri que ela correspondia o que eu sinto através de uma folha. Mas eu queria ouvir e sentir isso através do contato. Eu queria que fosse real.

E nada se torna real se você ficar deitado na sua cama imaginando como seria. Você tem que levantar, erguer a cabeça e ir atrás disso. Mesmo que todo mundo ache que isso não vai dar certo. Se nem você consegue acreditar, quem mais pode?

Eu: “Mãe, vou dar uma volta.”

Mãe: “E os seus livros? Já arrumou?”

“Eu já volto, juro. Tchau, mãe.” enrolei.

Eu conhecia o caminho de cor e salteado, a vizinhança (a mulher que morava no 253 tinha um cachorro que latia para mim toda vez que eu passava, e o cara do 246 devia ser processado por gastar tanta água para lavar o carro) e principalmente aquela casa amarela.

Toquei a campainha.

Quando a vó dela apareceu, eu tive que controlar o sorriso. Ela era rabugenta, mas tinha algo nela que eu achava engraçado. O modo como ela me olhava, talvez. Como se fosse uma coruja, ela me analisava de cima a baixo com aqueles olhos grandes e ferozes. Algo me dizia que ela sabia que eu tinha vindo naquela rua durante um bom tempo e que também sabia o motivo disso. Parecia que ela não fazia questão de esconder que sabia que eu não era o garoto perfeito para a neta dela.

E ela estava certa.

E eu não poderia me importar menos.

“Quem é?” perguntou da porta ainda.

Eu: “Sou amigo da Paula, eu já vim aqui antes, lembra?”

Velha ignorante: “Não. O que você quer?”

Eu: “Devolver o caderno dela.”

Velha ignorante e rabugenta: “Que caderno?”

Eu: “Da escola.”

Velha ignorante e rabugenta: “Você está querendo me enganar, menino? De novo com essa história de caderno!”

Eu: “Achei que não se lembrasse.”

Velha ignorante, chata e rabugenta: “Agora eu lembrei.”

Eu: “Bom, é que a Paula me emprestou o caderno pra eu fazer uma revisão antes de voltar das férias e eu vim devolver pra se ela precisar dele.”

Velha: “Hum.”

Ficamos nos encarando. Eu sabia que ela sabia que eu estava mentindo. Não tem como enganar uma coruja. Elas enxergam até no escuro, camarada.

Eu: “Ela está?”

Velha coruja: “Sim.”

Eu: “Posso falar com ela?”

Velha chata: “Paula não pode sair, ela está doente, nem sei se pode ir para a escola amanhã.”

“Então posso entrar para vê-la?” eu sei, bem cara de pau. Mas vergonha na cara é uma coisa que eu nunca tive.

Velha enxerida: “Pra quê?”

Eu: “Pra devolver o caderno. Eu não vou demorar, prometo. É só pra devolver pra ela, mesmo. Sabe, eu até poderia dar para a senhora dar pra ela, mas não gosto disso. Eu peguei emprestado dela, então vou devolver nas mãos dela. A minha mãe vive me falando isso, que eu tenho que devolver as coisas pros donos.”

Ficamos nos encarando de novo. Me mantive firme. Tenho certeza que alguém com um pingo de juízo sairia correndo (vai saber o que aquela mulher é capaz), só que a fila do juízo estava muito grande, por isso eu nasci sem.

Velha chata que me irrita muito: “Devolva para ela em outra hora. Amanhã tem aula, devolva lá na escola. Minha neta é uma menina de respeito, rapaz.”

Eu: “Sei disso.”

Velha muito chata: “Então, fale com ela amanhã.”

E ela fechou a porta.

Amanhã seria outro dia. E apesar de eu sempre deixar as coisas para fazer mais tarde, isso era algo que não poderia esperar. Eu precisava falar com ela e tirar tudo aquilo a limpo.

E tinha que ser agora.

Foi por isso que eu fiquei esperando naquela rua por horas por uma chance. Talvez ela saísse de casa para ir ao mercado, ou aparecesse na janela.

Mas o que aconteceu foi bem melhor que isso. A vó dela saiu de casa. Eu esperei ela dobrar a esquina e corri até o portão para tocar a campainha. Talvez alguém lá de cima se compadeceu comigo e resolveu me dar uma oportunidade. Ou alguém lá de baixo estava querendo que eu tenha uma passagem garantida para o inferno.

Ela não demorou muito para aparecer. Arregalou os olhos quando me viu, ficamos nos encarando por um bom tempo e eu não tinha a menor ideia do que dizer para ela, as palavras pareceram fugir.

“Posso falar com você?” foi tudo o que saiu.

Ela acenou.

“Entra.”

Quando já estávamos na sala, ela trancou a porta atrás de si e me encarou em silêncio de novo. Percebi que iriamos ficar assim pelo resto da tarde, se eu não começasse a falar.

Eu: “Trouxe o seu caderno.”

Ela: “É. Eu vi.”

“Eu não li ele todo, só uma parte, uma das primeiras folhas para ser mais exato. Somente pra entender o que estava acontecendo.”

Ela: “O que?”

Eu: “Não li tudo, só uma das primeiras folhas.”

Ela: “Por quê?”

Eu: “Porque eu não quero que... Olha, eu quero fazer as coisas do jeito certo.”

Ela: “Do jeito certo?”

Eu: “É... Eu fiz um monte de idiotices, Paula, e, no fim, eu acho que não saí do lugar. Eu tentei chegar perto de você de todos os jeitos, mas nunca do jeito certo.”

Ela: “O Gabe me disse.”

Eu: “Quê? Ele te contou isso também? Mais um motivo pra eu matar aque...”

Ela: “Não! Ele meio que me enganou. Ele disse que, bem, que sabia que eu gostava de você e que iria te contar, se eu não contasse.”

Eu: “Hum?”

Ela: “É, ele... Bom, eu... Isso seria bem mais fácil de dizer se você tivesse lido tudo, e todas as minhas declarações.”

Eu: “Não quero ler, quero ouvir. Quero que você me diga.”

Ela ficou calada, parecendo assustada ou envergonhada. Ou tudo ao mesmo tempo.

Eu: “Não precisa ser agora. A gente tem tempo. Dois meses pela frente.”

Ela: “Acho... Que não entendi. Você, hã, aquilo era verdade? Aquilo que você disse no acampamento?”

Eu: “Nunca menti pra você.”

E mais silêncio de novo. Eu olhei para o relógio na parede. 15:45. Minha mãe iria me matar.

“Tenho que ir. Te vejo amanhã.” eu dizia, mas parei. “Não, chega de só ver. A gente conversa amanhã.”

Ela: “Certo. Espera, o que quis dizer com dois meses pele frente?”

Eu: “Quando você estiver pronta, eu te digo.” pisquei.

Enquanto voltava para casa, respondi a pergunta mentalmente e ri sozinho.

Dois meses pela frente para te fazer ser minha.

Eu não consegui ficar bravo com o Gabe por muito tempo. Sabe, como é, não é bom ser um inimigo de um aspirante a psicopata, se bem que eu já era irmão gêmeo de um. Voltei para a escola no dia seguinte, com todos os meus livros na mochila (encontrei tudo em cima da geladeira, não me pergunte como foram parar lá), de castigo, mas com a certeza que faria tudo certo dessa vez...

A diretora tinha acabado de descer do palco e as palmas me despertaram do transe que eu estava. Uma música de comemoração começou a tocar e a coordenadora avisou que seriam entregues os diplomas. Os alunos das outras salas foram um a um subindo ao palco, até que chegou a nossa vez.

A professora de Ciências foi à oradora da minha sala e foi ela que me entregou o diploma, eu tentei não olhar para não ficar mais constrangido, mas juro que conseguia ouvir o choro da minha mãe e de alguns parentes meus que também vieram por cima da música e de todas as palmas.

Eu consegui achar a mãe do Gabe na plateia, e acho que a situação dela era pior que a da minha mãe. Mas eu a entendo. É realmente muito emocionante saber que o seu filho (aquele que provavelmente vai aparecer no noticiário de madrugada sendo procurado pela justiça) conseguiu se formar. Até eu tive vontade de chorar. É brincadeira.

A gente voltou para a sala para tirar a beca e para mais algumas fotos antes da valsa. Tudo ocorreu até que bem depois disso. Eu arrastei a Ana para bem longe das câmeras de filmagem e vi Bill fazendo o mesmo com a Marina (Deus me livre de ter um vídeo no YouTube dançando aquilo) e tentei não arrancar o dedão do pé dela.

Ana: “Você 'tá indo bem.”

Eu: “E você mente bem mal.”

Ana: “É sério!”

Outra música mais lenta que a outra começou a tocar.

Ana: “Prometi dançar com o meu pai.”

Eu tentei esconder a minha cara de alivio. As minhas pernas já estavam doendo de tanto ir para lá e para cá.

Eu: “Tudo bem, vai lá.”

Eu dei uma rápida olhada para a multidão e meus olhos caíram numa garota, encostada em uma das mesas me olhando fixamente. Eu iria realizar um dos sonhos da minha mãe (e provavelmente o mico do século) e chamá-la para dançar.

Mas, de repente, não tinha outra pessoa para dançar se não fosse aquela garota.

“O que você 'tá fazendo?” ela disse, alarmada.

Eu: “Convidando você para uma valsa.”

Ela: “Não, eu não posso!”

Eu: “Claro que pode.”

Ela: “Não! Eu não fiz a formatura, não peguei o certificado, eu nem vim com a roupa certa.”

Eu olhei para o vestido preto que ela usava e depois para os vestidos das outras garotas cheios de lantejoulas e brilhos, e revirei os olhos.

Eu: “Você é a mais bonita daqui.”

Sem dar mais tempo para ela reclamar, a puxei para o meio da pista de dança.

Ela: “Você é maluco.”

Eu: “Deveria ter percebido isso antes, minha dama.”

Ela: “Deveria mesmo.”

Eu: “Agora é tarde.”

Ela: “Não sei dançar isso.”

Eu: “Ah, é fácil, é só me acompanhar. Vem, me dá a sua mão e para de besteira.”

“Não acho que seja assim que se fale com uma dama.” ela disse, irônica.

Eu: “Nunca disse que sou um cavalheiro.”

Eu a girei e ela deu um gritinho.

Ela: “Não faça mais isso, eu vou acabar tropeçando.”

Eu: “Relaxa, eu te seguro.”

Ela: “Mais fácil eu acabar te desequilibrando também e você cair junto.”

Eu: “Ainda continuarei te segurando.”

Ela riu. Eu olhei para além da pista de dança.

Eu: “'Tá vendo aquela mulher de cabelos pretos, de vestido azul e olhos castanhos?”

Ela: “Onde?”

Eu: “Ali, naquela mesa do canto, com uma câmera na mão.”

Ela: “Ah, sim, agora eu vi. O que tem ela?”

Eu: “Sua sogra.”

Ela riu, mas ficou muito vermelha.

Ela: “Eu já falei com ela.”

Eu: “Onde?”

Ela: “Na escola, faz tempo. No dia de uma reunião. Ela não sabia onde era a nossa sala e eu disse pra ela.”

Eu: “Olha só, nem precisa agradar ela então. Onde está o seu pai?”

Ela: “Ele foi embora, só me deixou aqui, hoje é o casamento de um amigo dele e ele não podia ficar, vai ser o padrinho.”

Eu: “Hum.”

Ela: “Porque? Está com medo?”

Eu ri.

Eu: “Medo? Depois de encarar a sua avó, eu enfrento qualquer coisa.”

Ela: “Ah, não fale assim dela, ela não é tão ruim.”

Eu: “Que é isso, sua avó é um doce de pessoa... Tão boazinha comigo!”

Paula revirou os olhos.

Ela: “Ela só está preocupada.”

Eu: “É claro, todo mundo ficaria. Vai saber se eu não sou um maluco que carrega a neta dela para o meio do mato a noite.”

Ela: “Né.”

Eu: “Meses de luta até ela me deixar entrar na sua casa, e olha que era pra fazer só um lição de física. E a gente ainda ficou na sala.”

Ela: “Arrependido?”

Eu: “Nem um pouco, demorou, mas é esse o jeito certo.”

Ela sorriu e depois ficou séria.

Ela: “Hum, quero te contar uma coisa.”

Eu: “O quê?”

Ela: “O que está escrito nas outras páginas do caderno.”

Eu: “Shiii, não precisa.”

Ela: “Não, eu preciso contar!”

Eu: “Não, não precisa.”

Ela: “Preciso!”

Eu: “'Tá, então diz.”

Ela: “Eu... Bem, era muito bobo. Eram só coisas que eu escrevia sobre você, e eu sei que você vai me achar maluca, mas eu meio que gosto de você desde que entrei na sua naquela escola, desde a quinta série, só que te olhava de longe, no recreio.”

Eu: “Uau, bom saber disso.”

Ela: “Para, deixa eu terminar antes que eu perca a coragem. Bem, e eu meio que escrevi tudo que passamos desde então naquele caderno.”

Eu: “Caramba!”

Ela: “É, maluca obcecada, eu sei.”

Eu: “Não, linda e sabichona.”

Ela: “Bobo!”

Eu: “O que tinha mais no caderno?”

Ela: “Hãm, só isso, acho. Foram muitas folhas escritas, aquilo virou quase um diário.”

Eu: “Ah, que pena...”

Ela: “Por quê?”

Eu: “Achei que tinha uma coisa escrita, e era isso que eu queria ouvir.”

Ela: “O quê?”

Eu: “Diz que é minha.”

Ela: “Como?”

Eu: “Diz que é minha!”

Ela: “'Tá falando sério?”

Eu: “Sou um garoto sério agora. Olhe só os meus sapatos, pra usar um desses tem que ser bem sério, certo?”

Ela: “Eu também gosto da versão rapper.”

Eu: “Posso ser os dois. Versátil é o meu nome do meio.”

Ela riu.

Eu: “Vai continuar me enrolando até quando? Eu sou um garoto de respeito e-”

Ela: “Eu sou sua.”

Eu: “Huh?”

Ela: “Eu sou sua! Pronto, eu disse. Convencido agora?”

Eu: “Não precisava me convencer... Você sempre foi minha, você só não sabia disso ainda, eu sempre soube.”

Ela: “Que prepotência!”

Eu: “Estou mentindo?”

Ela suspirou.

Ela: “Não, mas... Bom, como vai ser?”

Eu: “Vai ser o quê?”

Ela: “A gente. Temos que mudar de escola.”

Eu: “Sim.”

Ela: “E... Talvez a gente não vá para a mesma.”

Eu: “Claro que a gente não vai. Você vai para uma escola onde vagabundos como eu não passam nem perto.

Ela revirou os olhos.

Ela: “Você não é tão ruim assim, na verdade, você é bem esperto, só não se esforça muito. E se... Você tentasse entrar no Eifeel também?”

Eu: “Rá-rá.”

Ela: “É sério!”

Eu: “Não, Paulinha, eu vou para a escola que todo mundo vai com o Matte, o Bill, isso se eu for para a escola, ainda tenho que resolver o assunto da banda... e você vai para essa escola de gênios.

Ela: “Mas-”

Eu: “Mas nada. Eu disse que nunca vou te largar, não disse? Você é minha e eu cuido do que é meu. Vai dar tudo certo, mesmo de longe.”

Ela acenou e sorriu.

Ela: “Vou sentir falta de te ver na mesma sala que eu.”

Eu: “Eu também.”

Ela :“Ah, mas você não era um maluco que ficava escrevendo sobre mim no meio das aulas, pensando assim é até bom que você não tenha lido o caderno todo.”

Eu escondi o meu sorriso no pescoço dela.

Você nem imagina, Paula...

E foi isso. Então eu acho que é melhor eu terminar de escrever e começar a viver. Do jeito certo agora.

É diário, até a próxima amigão... Juro que não vou te esquecer!

Ensaios e gravações me esperam agora, a Tokio hotel está prestes a lançar seu primeiro single, amanhã, já gravamos o videoclipe que será lançado uma semana depois. Tenho que ir agora amigo, mas saiba que eu nunca me esquecerei de você, e aliás, pretendo te mostrar pra Paula, algum dia...

Um grande tchau de Tom Kaulitz, para seu, mais que um caderno, um confidente.


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Notas finais do capítulo

Será que sentirão falta de ir em atualizações e não ver:Joy postou um novo capítulo em O Diário de Tom Kaulitz.Tomara que sim.
AGRADECIMENTOS A FRENTE ->