Querido diário,

Eu a machuquei.

As meninas da minha sala resolveram fazer uma votação de menina mais bonita e menina mais feia. Confesso que é engraçado ver a cara das meninas que eram eleitas mais bonitas e principalmente as mais feias. A chefa de turma perguntava em voz alta quem achávamos a mais feia. Eu não votei em ninguém.

Só que então... O nome dela foi dito dezenas de vezes. D-E-L-A diário! Da minha garota! Eu não acreditei. Para mim ela era a garota mais bonita da escola. Do mundo. Só porque ela usava calças e camisas largas, igual a mim, não quer dizer que ela seja a mais feia, não é diário? Pelo amor da minha mãe, diga que estou certo.

Só que então me perguntaram em quem eu votei. Eu já não prestava atenção em mais nada a não ser nela. Então eu respondi: Em quem todo mundo votou, ué.

Pronto, meu mundo estava acabado.

O que me espanta é que ela não disse nada. Enquanto todos riam e debochavam dela, ela continuou ali parada concentrada em só Deus sabe o que.

Na saída, enquanto eu estava indo embora para casa, a notei isolada de todo mundo, sentada num banco qualquer. Ela não chorava. O que era pior. Pois eu não podia simplesmente ir lá e consolá-la. Ela só estava lá, quieta e sozinha, como na maioria das vezes que eu a via.

Eu sabia que ela estava machucada, e que eu tinha colaborado para isso. Só que naquele momento eu me senti machucado também. Se ela estava sofrendo por qualquer motivo sequer, eu estava sofrendo o dobro. Tenho certeza.

Porque, o pouco que eu sei sobre amor é que, amar não é só dividir sorrisos, beijos e abraços. Amar também é sofrer. Sofrer em dobro.

Só espero que Bill também não sinta o que ‘to’ sentindo, se não ele vai desconfiar de alguma coisa. Tenho que ir agora diário, Georg e Gustav estão aqui em casa, e nós vamos treinar algumas músicas novas que o Bill escreveu. Fui.

P.s: Cada vez estou achando mais maluco estar escrevendo em você, mas pelo menos isso ‘ta’ me ajudando.