Querido diário,
É tão ridículo ta escrevendo em você! É mais ridículo ainda, pensar que ganhei você da minha mãe no meu aniversário de 14 anos, o bom é que se me zoarem por isso, também zoaram o Bill, por que ele também ganhou um. A diferença é que eu tenho uma reputação a zelar, já o Bill...
Não to aqui pra falar de como minha reputação é diferente da do Bill. Mas porque me falaram que aqui posso escrever coisas que eu jamais vou contar para ninguém, ou que não quero contar para ninguém.
Sabe, eu não acreditava no amor, mas isso não é nenhuma novidade para minha mãe, o Gordon ou o Bill, já que falei isso ano passado pra eles. E se eu não acreditava no amor e lógico que eu nunca me apaixonei nem amei ninguém. Mas é isso mesmo que escrevi, eu não ACREDITAVA no amor, até que ela apareceu na minha vida.
Hoje é 1 de setembro, ela entrou na minha turma agora em agosto*, de mansinho, sem ser notada; uma, duas vezes que nos falamos, e sempre coisas como um bom dia respondido ou um me empresta a borracha? , e pronto, ela não sai mais da minha cabeça.
Eu não sabia o que estava acontecendo comigo. Fiquei com vergonha, pensativo, irritado, confuso, cheguei a brigar com o Bill e com a mamãe, e droga, ela não sai da minha cabeça!
O que ela era? Apenas uma garota pequena, tímida, quieta, nerd, que nunca faria meu tipo. Não tinha nada a ver comigo, eu, um garoto gostosão e garanhão das meninas.
Mas não, eu não podia me contentar com as outras garotas. Eu tinha que a observar de longe, tinha que pensar e sonhar com ela.
Foi então que eu percebi: Eu estava apaixonado por ela.
Ok, isso já ta resolvido. Agora o difícil: Como eu digo isso pra ela?
O caso é que ela não é como as outras garotas. Se fossem eu só piscaria, ou passaria olhares indiscretos para ela, que isso estaria na cara.
Ela é diferente. É por isso que gosto dela.
Ela é inteligente, esforçada, calma, gentil, bondosa.
Aquela garota que senta nas cadeiras da frente, que não dá trabalho para nenhum professor, que só tira notas boas, que dificilmente fala com alguém e que não tem nenhum amigo. A única que não bagunça e não ri das palhaçadas que eu e meus amigos fazemos com os inspetores e professores. A chata que nunca sai pra lugar nenhum, que eu não vejo em nenhuma festa, nem mesmo no shopping. A estranha. E eu fui me apaixonar justo por ela.
Situação difícil, não concorda diário?
Estou falando com um caderno de papel, acho que esse negocio de amor está me deixando louco. É melhor eu parar de escrever em você, antes que o Bill me veja e diga que eu estou virando gay. Sei que ele não vai perder a chance de zoar comigo pela ultima que fiz com ele. O Georg e o Gustav choraram de tanto rir...
Bom, Fui.