Crônicas De Uma Deusa escrita por jujuicer


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Algumas partes do treinamento de Melanie e uma visitinha ao Olimpo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/200811/chapter/5

Eu tinha acabado de terminar meu treinamento, tanto no Olimpo quanto em Atlântis*, e havia tido um treinamento intenso e divertido. Oh sim, foi muito divertido quando Ares nos encurralou. Claro que foi, já que eu consegui escapar!

Flashback

- Vamos lá, pirralha, você sabe que faz melhor que isso!

Ares e eu estávamos na arena, brincando e batalhando. Minha mãe e meu pai nos observavam, e ela estava muito desconfiada de Ares. Essa desconfiança também passava em minha mente. Será que ele queria apenas ficar meu amigo para que eu não tivesse coragem de recusar quando ele pedisse para ficar com Afrodite? E se a intenção não fosse essa, mas quando eu separá-lo de Afrodite ele ficaria com muito ódio?

Eu me distraí e ele me encurralou, eu estava com as costas na parede da arena e a espada de Ares em minha garganta. Sorrindo, meu cérebro começou a trabalhar febrilmente, tentando achar uma solução. Armei um plano.

Levantei devagar as mãos e montei uma expressão de cachorro que caiu da mudança. Ares abriu um sorriso, deixando seu ego inflar, e acabou baixando a guarda. Rapidamente, retirei minha faca de dentro do forro falso da minha blusa e ataquei Ares, deixando-o com a minha faca em seu pescoço e eu atrás dele.

- Largue sua espada Ares. Admita que perdeu.

- Nunca – ele rosnou.

- Agora, Ares! – e apertei a faca contra seu pescoço.

Ele apenas suspirou, derrotado, e deixou sua espada cair.

- Derrotado pela estratégia de Palas novamente hein?

- Calada, pirralha. – Ele disse meio bravo, meio orgulhoso. A tática da expressão não era dele, mas a de ataque que utilizei era.

- Ares, não fique assim. Eu sou a deusa da reconciliação. O que você estraga sou eu quem conserta. Quem deveria ficar brava aqui sou eu!

Ele apenas riu, passando seu braço ao meu redor enquanto íamos bem devagar nos trocar.

Fim do flashback

Além de treinar com Palas e Ares, tive aulas de primeiros socorros com Apollo (‘Você nem precisa disso, escoteirinha! ’ ‘Calado, Solsinho, calado! ’), aulas sobre as principais regras imortais com Hera, seção de arco e flecha com Artemis (inclusive passei alguns dias acampando com as caçadoras). Zeus acompanhou todos os treinamentos em que Poseidon não estava que por sua vez acompanhou todos os treinamentos que Palas estava. Surpreendendo apenas a mim, ele resolveu que me daria uma aula.

Flashback

- Hoje eu te ensinarei alguma coisa.

Poseidon disse, entrando imperiosamente na arena de seu palácio, com Palas ao seu lado, com toda a pose de Rainha que era bem dela.

- E em que nós focaremos mestre? – eu perguntei, fazendo troça, no que meu pai apenas riu e balançou a cabaça.

- Escolha suas armas Mel.

Antes de cada treino eu poderia escolher duas armas, ao mesmo tempo em que meu parceiro também escolhia. Hoje eu decidi pelo arco e flecha e a espada. Por quê? Simples. Poseidon é grande e forte, tem éons de experiência com a espada e seu tridente (caso ele queira utilizar-lo), e não se dá bem com arco e flecha. Minha espada longa me ajudaria a não tentar um corpo-a-corpo.

- Pronta novata?

- Uma lady sempre está pronta velhote. Creio que nós já falamos sobre isso.

Assumimos posição em combate e começamos. Ele havia escolhido sua espada longa e uma faca. Apenas os guerreiros mais ágeis usavam facas, e eu não duvidava que meu pai fosse um deles. Eu peguei minhas flechas sônicas, um pequeno presente de Apollo, e atirei ao meu pai. Isso iria diminuir sua audição por algum tempo. Coloquei duas flechas no arco, uma para distração e outra que explodia gás de efeito moral. Ele se desviou de ambas e correu em minha direção, com a espada pronta para me cortar ao meio. Desembainhei a minha e me preparei o máximo que pude para o impacto, e quando papai estava a menos de 2 metros de mim, ele mudou a espada de posição, me dando muito pouco tempo para agir, e o pouco que eu me protegi foi por instinto. Continuamos em combate intenso até que, em uma virada excepcional, Poseidon colocou sua espada e sua faca em meu pescoço.

- Me rendo velhote. Sei quando nem mesmo ser filha de Palas pode me ajudar.

- O velhote aqui está em grande forma, novata.

Fim do flashback

Agora, depois de tanto tempo, eu estava deitada em minha cama em Atlântis, observando minhas armas e minha armadura. Arco e flechas, faca, facão, cimitarra, espada e tridente. Tudo em dourado do bronze celestial e incrustado de esmeraldas, e meu tridente era um mesclado de verde e cinza, com várias esmeraldas. Meu escudo era de bronze celestial com um enorme diamante no meio, sendo a pedra um presente de Hades (‘Use bem, sobrinha. Lembre-se que diamantes são as pedras mais duras e que podem riscar qualquer superfície sem sofrer nenhum arranhão). Como minhas armas eram feitas de bronze celestial, decidi que a pedra mais dura de todas iria me proteger dos alheios. Poseidon me deu o tridente em uma linda cerimônia assim que eu cheguei a Atlântis, conhecendo o palácio, os súditos e o exército de meu pai. Passei por um mês de treinamento com o Exército Marinho, e eles não maneiraram comigo por eu ser sua Princesa. Tritão, o outro filho de papai com Anfitrite servia o EM, era um General, e nós nos demos muito bem. Eu fui apresentada a todos os súditos de meu pai, e eu passei a adorar aquele lugar. Graças ao fato de ser filha de Poseidon, é quase como se eu fosse uma deusa com suas bênçãos aquáticas, então eu também tenho um lado peixe (quase como uma sereia para os mortais) que é lindo. Minha cauda é verde escura e eu nado quase tão rápido quanto Poseidon (‘éons de prática, Melzinha. Um dia você chega lá’).

- Filha, você já deveria estar lá em baixo sabe. Existem alguns deuses e generais do seu pai aqui hoje.

Ainda bem que eu apenas fico aqui dentro, porque seria um saco ter que ouvir toda aquela baboseira.

­- Obrigada mãe. Eu já vou descer, tinha me esquecido.

- Eu posso entrar?

- Claro que pode!

Eu saí da minha cama e abri meu guarda-roupa, vendo o que eu poderia usar. Talvez minha roupa de gala do EM.

- Casualidade Melanie. Não é necessário roupa de gala. Você pode descer fardada como honorária.

Ganhei uma menção honorária do EM, por ser Princesa e ter me saído bem durante o treinamento. Decidi que colocaria a farda. Um macacão azul da cor do mar profundo, perfeito para camuflagem, junto a uma boina preta e coturnos próprios para serem usados de baixo d’água, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo, e coloquei minha identificação prateada escrita ‘Capitão Honorário Melanie’. Coloquei minha espada na bainha, fiz meu escudo virar um lindo anel com um pequeníssimo diamante, pus minha faca dentro da bota (truque velho que funciona!), meu arco e as flechas nas costas e peguei meu tridente. Palas me olhou, e eu não pude ler suas expressões e não quis ler seus sentimentos.

- Minha Rainha – e bati continência. Agora eu não era Princesa e herdeira, eu era uma militar.

- Descansar, Capitão. Siga-me.

Fui atrás de Palas, mantendo a distância respeitosa de dois metros que me fora ensinada. Portando meu tridente que estava em minha mão direita, encontramos Mark, nosso mordomo. Ele se curvou para Palas e para mim. Nós apenas seguimos em frente, e Mark estava ao meu lado, olhando para meu comportamento militar.

- Meu Rei – bati continência novamente, mas dessa vez ao meu pai, quando ele foi devolver o cumprimento, todos os outros militares o fizeram primeiro.

- Firme Capitão. Sentem-se todos. O almoço será servido.

~*~

- A Rainha não deveria estar aqui, Rei. Este assunto não deveria ser tratado entre mulheres.

Senti que a indireta também me atingia, mas apenas ignorei. Minha mãe não.

- Como você disse, eu sou a Rainha. Eu decido onde devo estar ou não. E qualquer um dos seus soldados aqui é bem-vindo, não importando a patente ou o sexo.

Mandei minha gratidão a minha mãe, que apenas me transmitiu amor.

- Já que a Rainha assim o quer. Existe uma brecha na nossa defesa. Aqui – e ele apontou o Norte de Atlântis, à direita do palácio – já foram encontrados monstros. Nós podemos montar uma guarda, Rei, mas isso deslocaria alguns homens de algumas missões terrestres.

- Rei, eu peço permissão.

- Permissão concedida, Capitão Melanie.

- A proteção de Atlântis é diretamente ligada a seus poderes, correto? Pois então, um descendente direto seu poderia utilizar de seus poderes marítimos para proteger o palácio, meu Rei.

- É uma idéia interessante, e uma hipótese brilhante Poseidon. Se os deuses menores utilizarem de suas bênçãos por aqui, nós poderíamos ficar mais tranqüilos.

- Rainha, eu poderia, além de utilizar meus poderes marítimos, desenvolver um sonar de monstros, parecido com o que os mortais utilizam, mas por ser moldado por um deus ou um ciclope, ele não seria enganado pela Névoa.

- Excelente idéia Capitão. Coloque-a em prática o mais rápido possível.

- Obrigada, Rei. Com sua licença – bati a última continência do dia e assim que a licença me foi concedida, eu me transportei ao Olimpo, fardada e tudo.

Mas, Poseidon derrotou Oceano e seus monstros. Mas monstros nunca morrem, lembra? Monstros têm que ter um motivo para atacar Atlântis, é o reino mais seguro. Talvez sejam apenas ataques dispersos de monstros que tem um ego maior que o Tifão.

Quando eu reparei, estava parada em frente à porta do meu quarto, que tinha na porta um lírio, o símbolo escoteiro que eu havia escolhido para mim. Entrei e me dirigi ao escritório, procurando por projetos de tecnologias novas. E armazenamentos de projetos antigos que já foram executados ou não. Procurei pela letra ‘s’ de sonda ou sonar. Utilizar os dois não seria má idéia.

~*~

- Você não deveria estar utilizando essa farda aqui. Se não fosse eu a entrar, qualquer outro poderia transpassar você com uma espada. Poseidon e Athena não ficariam nada felizes, e eu teria uma guerra aqui.

- Relaxe Zeus. Você não teria uma guerra porque Athena sentiria a verdade em suas palavras. Assim que você, papai e tio Hades pararem com essa frescura de irmãos brigados, vocês também poderão voltar a sentir os sentimentos um do outro. Lembra, quando Réia te salvou, você provavelmente sentiu o alívio de Hera, Héstia, Deméter, Hades e Poseidon. Sim, eu sei que você é o mais novo. É ridícula essa historinha que você conta, porque ela não faz sentido nenhum, já que se você salvou os outros, como poderia ser o mais velho?

- Me pegou garotinha. Mas porque você está aqui?

- Estou remodelando um desenho.

- Desenho de que?

- Um sonar. E é apenas isso que eu posso lhe dizer se não quiser levar uma represália do meu Rei.

- Você está mentindo para mim. Eu sinto.

- Desculpe, mas você sente a omissão, não a mentira. Eu estou omitindo informações de você, assim como omito informações para todos os soldados que estão abaixo da minha patente, e alguns que estão acima. Se o Rei disser que eu não devo dizer algo, Major nenhum me fará dizer.

- Poseidon é louco de deixá-la entrar para o Exército. Nenhuma das minhas filhas entrou.

- Pois é, e veja o que isso deu Zeus. Uma de suas filhas é a líder das caçadoras, a outra foi seqüestrada por um de seus irmãos e a outra aprendeu a lutar sozinha e é a deusa da guerra. Realmente, funcionou bastante a sua estratégia. Poseidon sabe que caso haja uma guerra como houve alguns anos atrás, eu lutarei e estarei em sua linha de frente. Eu desobedeceria a uma ordem dele para isso.

- Duvido que você desacate seu pai dessa maneira.

- Não duvide.

Zeus se calou e ergueu uma sobrancelha, duvidando ao dobro.

- Espero que eu nunca tenha que provar isso a você Zeus. Já que você está aqui, seja-me útil. Eu posso utilizar de suas bênçãos embaixo d’água?

- Pode, mas você terá de tomar muito cuidado.

- Afinal, porque mesmo que você me abençoou? Eu tenho poderes sobre o ar e a eletricidade, assim como sua semideusa Thalia.

- Pelo mesmo motivo que todos os outros deuses te abençoaram. Apolo te deu o dom da música, Afrodite o do amor e da beleza, Hermes o da comunicação, Hera o dos ciúmes, sua mãe lhe passou todos os dons, Héstia o de amar a família acima de tudo, Dionísio o de gostar de festas, Ares te deu o ódio, Hefesto o da criatividade, Hebe o da juventude... Todos nós te abençoamos porque nós queremos que você realmente seja nossa salvação Mel.

- E você realmente quer voltar a falar com seus irmãos como se eles fossem deuses normais, não ameaças?

- Er, eu, bem... Não é isso...

- Quer ou não Zeus?

- Quero. E por isso eu te abençoei. Você é a nossa maior esperança e o maior risco. Você tem o Olimpo em suas mãos. Mas se você contar uma dessas palavras a qualquer pessoa, eu nego até a morte.

- Eu sou do EM vovô. Eu sei como guardar uma informação.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Atlântis me pareceu um bom nome. Não é Atlântida, que conste nos autos.
Sinto pela demora. Mudança de escola, de casa, de amigos... Enfim, muita coisa, pouco tempo. E eu ainda tinha que comer e dormir!
Repostado em 06/01/2013



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Crônicas De Uma Deusa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.