Depois de proteger Atlântis com meus poderes, eu fui falar com Hefesto, que por um milagre estava ali no Olimpo.

- Eu preciso de um protótipo para Atlântis. Um sonar. Você pode fazer?

- O projeto está completo? – E estendeu a mão.

- Sim, está. Eu tenho todas as peças necessárias, mas preciso de uma mão mais experiente para a montagem. Você pode?

Ele assentiu, ainda observando o projeto.

- Se você me der as peças, eu posso montá-lo agora.

- Venha então.

Continuamos conversando sobre meus protótipos e alguns projetos em andamento. Ele deixou escapar que estava ali dando bobeira apenas, porque ele havia terminado o ultimo autômato.

Eu senti uma energia conhecida, e uma louca vontade de confessar todos os meus sentimentos mais honestos por todos. Controlei-me e decidi que aquela era a hora.

- E Afrodite, está aonde?

- Provavelmente com Ares. Eu não entendo porque ela passa tanto tempo com ele. Eu não sou um exemplo de beleza, mas sou um bom marido. Eu a amo, por Zeus! Tem horas que eu quero matar Ares, entende? Ela é minha esposa, nós temos a benção de Hera! Foi uma das únicas coisas que minha mãe fez corretamente.

Eu tive uma idéia que deve ser refletida mais tarde, e contada para Hefesto, mas ele deve estar sozinho.

- Você já experimentou contar tudo para ela?

- Acho que ela nunca acreditaria.

- Bom isso ela pode dizer pra você agora mesmo. Apareça titia, Hefesto deve estar com as emoções muito bagunçadas para não ter te percebido. Com licença. Quanto às peças Hefesto, eu mando-as direto para sua oficina ok?

E enquanto eu ia pro meu quarto, eu apenas ouvi Afrodite perguntar:

- Aquilo tudo é verdade?

Tentei não imaginar o que viria a seguir, porque poderia envolver muitas coisas impuras para uma deusa tão nova quanto eu.

~*~

- Melanie, você poderia esperar um pouco?

Oh Zeus, dê-nos paciência!

­­- Bom dia Melanie. Eu poderia falar com você?

Mais do que já está falando? Nossa hoje eu estou insuportável.

- Bom dia, Afrodite. Venha aos meus aposentos. – E saí sem ver se ela tinha vindo atrás de mim ou não. Depois de deixar Afrodite e Hefesto sozinhos, eu enviei as peças à oficina de Hefesto e me transportei para Atlântis. Resolvi alguns problemas e caí na cama. Fui acordada por meu pai, que não me deu nem chances de tomar café da manhã e já me mandou para junto do EM para planejar armadilhas e estratégias de guerra. Agora eu estava no Olimpo e Afrodite (aquela que morre de ciúmes de mim) quer falar (mais provavelmente gritar!) comigo? Péssimo dia!

Entrei em meu quarto e deixei a porta aberta. Sentei na minha cama e deixei a poltrona para Afrodite. Ela entrou, encostou a porta e sentou.

- Pode falar Afrodite, já estamos aqui. Apenas nós duas. O que quer?

- Sabe, quando você nasceu, você até que gostava de mim. Mas sempre chorava quando via Ares perto de mim e ficava muito feliz quando eu e Hefesto estávamos próximos. Por quê?

- Oh, provavelmente porque desde criança eu queria Hefesto para mim! – Fui muito sarcástica. Estava prevendo uma dor de cabeça terrível para hoje.

Enquanto eu estava preocupada, Afrodite começou a rir, ou melhor, a gargalhar de mim.

- Ótimo, agora eu sou também a nova deusa palhaça disso daqui!

- Você tem o senso de humor de Poseidon.

- Ou então a ironia de Hades. Ninguém nunca vai saber. Mas você está apenas me enrolando, titia. Eu ainda tenho muitas coisas para arrumar.

- Eu fiquei com muitos ciúmes de você com Hefesto na sua festa de apresentação.

Claro que ficou nós pedimos para Hera usar os poderes dela em você! – Meu interior disse, mas eu continuei calada.

- Depois de algum tempo, vi você e Ares juntos – Pronto, ferrou. Ela sentiu ciúmes dele também! ­ - Mas eu não senti absolutamente nada. E então ontem eu vi você e meu marido juntos novamente, e percebi que estava novamente com ciúmes, e me mantive na espreita. Você percebeu, mas Hefesto não, enquanto ele confessava seus sentimentos. Nós conversamos muito depois que você entrou em seu quarto. Falamos, principalmente, sobre nós e você. Seria impossível conversar com Hefesto sem tocar em seu nome, e eu perguntei o que ele sentia por você; utilizando de meus poderes, claro. Ele me contou que estava surpreso com você, já que não o trata como a maioria das deusas, e eu estou inclusa nisso, claro.

- Vocês passaram muitos éons juntos de verdade Afrodite. O que mudou?

- Hefesto sempre trabalhou nas forjas, claro. E sempre adorou ficar lá. Mas chegou uma hora, que ele passou a gostar mais das forjas que de mim!

- Isso não é verdade. Já parou pra pensar que é apenas o caso dele saber lidar melhor com os autômatos dele que com as mulheres? Com você?! Cresça mulher, e aprenda a ver o, com o perdão do trocadilho, deus grego que você tem ao seu lado!

Afrodite estava quase chorando, e então eu realmente olhei para ela. Não vi só a bela e poderosa deusa do amor, aquela que tem dois homens como seus joguetes particulares, a adolescente vaidosa ou a mulher sexy; eu vi uma mulher que apenas estava em dúvida entre seu marido e seu amante.

- Oh, por favor, não. Eu não sei agir quando as pessoas estão chorando. Pense Afrodite. Peça ajuda de Perséfone, você e ela se dão bem.

Ela enxugou as lagrimas e respirou fundo.

- Bem, obrigada então. E você não irá escapar de uma conversinha sobre Alceu.

Pra que isso? Você me abençoou, mas esqueceu dele. Tem que ver o roteiro, não é mesmo produção?

- Eu não sei sobre o que você está falando. Com licença Afrodite, meu pai me aguarda.

E me transportei para Atlântis.

~*~

- Hefesto mandou os equipamentos prontos papai. Meus homens estão instalando-o agora.

- Excelente. Eu ainda não entendi qual a desses monstros. Nem sua mãe sabe me dizer.

- São apenas monstros que tem o ego do tamanho do Tifão papai, e acham que podem destruir seu palácio. Se nem mesmo um titã conseguiu, eles não vão.

Nisso o telefone emergencial do meu pai tocou. Só podia ser o EM.

- Mais um ataque na fronteira Sul. Você vai comigo?

- Eu vou papai, mas você vai ficar.

- Como assim, eu vou ficar?

- Eu vou me apresentar como sua filha. Mas vai ser do meu jeito. Fique aqui. Caso eu não consiga, te chamarei.

- Se desbloqueie. Eu quero sentir sua batalha. Assim vou saber de qualquer coisa que aconteça mais rápido.

Desbloqueei meus pensamentos e deixei meu Icor fluir com poder. Estalei meus dedos e estava com o macacão do EM, meu tridente, minha espada, meu arco e flecha e minha faca flutuaram ao meu lado. Escondi minha faca, guardei minhas flechas, pendurei meu arco e guardei minha espada. Ajoelhei-me aos pés de meu pai.

- Sua benção, meu pai.

- Te abençôo, Melanie, minha herdeira. Vá, e mostre a que veio.

Eu não estava com medo, eu sou a deusa dos desbravadores, aqueles responsáveis por descobrir o mundo. Transportei-me diretamente para a fronteira Sul, e vi alguns homens do EM tentando combater aquele... Porco? Aquilo era um porco que voava?

Com o meu tridente, mandei um jato de água fervendo para aquela coisa, enquanto conjurava um pouco de fogo grego.

- Homens, isolem a área e saia daqui o mais rápido possível. Esse eu já sei como derrotar.

Revestido de bronze celestial, ele era quase invencível. Nenhum semideus poderia matá-lo, mas eu não era uma semideusa.

Lancei mais jatos de água fervendo. Combinei minhas bênçãos de Zeus e Poseidon para impedi-lo de voar (ou seria nadar?). Estava imobilizando e ia derretê-lo. Sabia que a área já estava isolada, por estava tudo no mais profundo silêncio, apenas ouvia-se os roncos do porco e o barulho dos jatos de água superaquecidos que eu estava lançando. Conjurei fogo grego ao redor dele e fiz uma barreira de água para me proteger. Alguns minutos depois ele derreteu por completo, e, utilizando a benção de Hades, eu abri uma passagem direta para o Tártaro e, assim que o monstro estava todo escoado, eu a fechei. Brincando com meu tridente, eu disse:

- Nada como um serviço bem feito, não é?