Meu nome é Lizandra Banks, mas meu apelido é Liza. Não me lembro de muita coisa antes de ver o que vi...Eu estava em um lugar escuro, e não me lembro como tinha entrado lá, nem o que eu tinha feito antes e muito menos como eu sairia de lá. Continuei andando, sempre em frente, e vi uma pequena luz. Segui em sua direção, afinal, o que eu tinha a perder? Encostei meu dedo indicador nela e fui sugada, como num buraco negro. Fui engolida por um borrão de cores e parecia que eu estava voando...Finalmente eu tinha aterrissado,na minha escola. Estava aparentemente tudo normal. Primeiro, pensei que tinha sido um sonho, mas não me lembro de acordar. Encontrei meu melhor amigo, Josh conversando encostando nos armários:

-E ai, já teve noticias dela, cara? –Perguntou o amigo dele, Blender.

-Não, eu estou ficando preocupado...-Respondeu ele.

- Posso saber de quem vocês estão falando? –Eu perguntei, mas fiquei sem resposta.

O sinal tocou no mesmo momento. Fui pra sala, a porta já se encontrava fechada. Quando pus a mão na maçaneta. Não só não senti, mas como não toquei nela. Eu ia bater na porta mas no momento que meu braço tocou na porta, ele a atravessou. Fiquei realmente assustada, afinal, eu não me lembro o que fiz antes de vim para cá...Como eu posso fazer essas coisas? Atravessei a porta, bem devagar. Vi uma leve escuridão, mas em seguida logo identifiquei minha classe. Tinha os nerds, os populares, as lideres de torcida e os jogadores de futebol. Josh fazia natação, entçao não se encaixava em nenhum dos grupos. Ele estava sentado perto da janela, junto com Blender, olhando para o meu lugar vazio. Sentei na cadeira, mas escorreguei e cai no chão. Ninguém riu, ou olhou, todos continuaram fixos na Srta. Dienney (professora de literatura). Cheguei ao lado do Josh e sussurrei em seu ouvido: Você pode me ouvir? Permaneci sem resposta. Ele estava agindo como se não me ouvisse ou me visse. O que está acontecendo? Fui dar uma volta pelo campo de futebol, e me distrai. A aula tinha acabado. Todos os alunos saíram, e eu fiquei lá, caminhando pelo canteiro. Foi dada a hora da saída. Segui Josh, queria saber quem era essa tal “ela” que ele tinha comentado.

- Vai ligar? – Perguntou Blender, olhando para o corredor.

- Não, eu vou na casa dela, faz 5 dias, sem vir a escola, sem atender meus telefonemas...

-Mas você vai, AGORA?

-É, exatamente. Todo esse isolamento só me deixa mais curioso e preocupado. – Falou Josh, enquanto ajeitava a mochila nos ombros, e partiu, em direção ao portão de saída do colégio. Nesse momento, eu estava com um zilhão de perguntas, martelando nervosamente em minha cabeça. Pelo menos uma, eu iria saber a resposta. Fui seguindo-o. Ele entrou na minha rua, e chegou no meu quintal. Bateu na porta, e eu fiquei ao seu lado, lhe encarando.

-Você não sente minha presença? –Eu perguntei, agora ele tinha olhado para o lado que eu estava, porém, não diretamente pra mim. Minha mãe abriu a porta.

-Vocês não atendem o telefone, a Liza não vai pra escola a 5 dias, o que aconteceu? –Perguntou Josh, a ela.

-Ela está dormindo tolinho...Se não acredita, venha ver! –Disse minha mãe, fazendo sinal para Josh entrar. Ela fechou a porta na minha cara, mas eu a atravessei. Foi estranho...Eles subiram as escadas e finalmente chegaram no meu quarto, estava todo sujo, todo escuro...E lá estava eu, deitada na cama, de olhos fechados, com um sorriso nos lábios. Isto seria possível? Eu estar me vendo de fora pra dentro? Foi um choque. Josh também ficou assustado, mas jogou a mochila no chão, se ajoelhou de ante de minha cama e acariciou meus cabelos. Eu sentia o toque, mesmo não estando deitada. Que será que aconteceu comigo? Eu morri? Mas, eu morri rindo? E minha mãe não sabe que estou morta? E Josh? Não sentiria se eu estivesse gelada? Ele botou a mochila nas costas, coçou a cabeça e disse:

- Dormindo por CINCO DIAS?!

-É, estranho não acha? Quer biscoito...Bolinhos?

-Não! Eu quero respostas! –Berrou ele, intrigado.

-Querido, para começar, não era nem para você ter vindo aqui. Se você contar isso para alguém eu te mato, me entendeu bem? – Disse a minha mãe, mudando ameaçadoramente seu tom de voz, seus olhos ficaram vermelhos, com as veias de sua testa pulando.

Porque minha mãe estava ameaçando meu melhor amigo? Porque eu estou dormindo por cinco dias? Porque eu não me lembro de nada que me aconteceu antes de “voar” naquele buraco negro? Porque eu consigo atravessar coisas? Eu estou morta? São tantas perguntas...