P.o.v Bieber

Por impulso corri pra dentro do cemitério.

Como estava escuro não via as crianças muito bem, só seguia os sons de passos e conversas.  Se era assustador? Imagina, até porque eu sempre venho no cemitério com crianças que eu nem conheço, claro.

 Parei de correr quando vi crianças correndo na direção de uma moça de verde ajoelhada em uma lapide.

Fui me aproximando.

 As crianças se ajoelharam do lado dela, e assim ela percebeu sua presença falou algo mas eu não conseguia entender o que era. E quando Anne disse algo ela se assustou, se levantou e olhou os lados. Ambos tivemos uma surpresa.

Era Angel.

Ela disse algo para os três e veio com cuidado até mim

 -o que faz aqui? –ela perguntou, limpando com as costas da mão a ultima lágrima que escorreu

-eu te pergunto o mesmo -disse rude. Ela virou o rosto vendo as crianças.

-eles.. Pediram pra mim trazê-los até aqui –disse depois dos segundos em silêncio

-obrigada e... Desculpa pelo incomodo –ela disse cabisbaixa

-para de fingir. Só estamos eu e você aqui, agora. Não precisa se fingir de santa e boa moça, pode voltar a ser  a vadia, vulgar e arrogante de sempre. –soltei tudo. Vi seus olhos marejarem mas ela não permitiu que uma só gota escapasse. Passou a língua pelo dente canino e respirou fundo

-e você acha que realmente me conhece estando na escola q menos um mês?

-Posso não te conhecer, mas em menos de um mês você fez o suficiente pra mim não querer que isso aconteça.

 -Não haja como se soubesse de tudo porque certamente você não sabe!

 -Sua família é... simplesmente maravilhosa... Anne,Lucy, Tomas e até Daniel e você é... isso! Os quatro são simples e com certeza você deve arrastar o dinheiro da casa com suas roupas e baladas

-CALA A BOCA! Você nem sabe o que esta falando –ela não se permitiu chorar

-eu sei que você já deu pro time de futebol quase todo, por cem dollars. Uma prostituta mirim

-Pelo amor de Deus, o que você quer? –ela passou a mão no cabelo tentando se controlar. Quando eu estava pronto para atingi-la novamente, Anne puxou a barra de seu vestido sussurrando algo. Angel sorriu fingindo que estava tudo bem e deu sua mão pra ela. Logo Tomas e Lucy chegaram e deram um sorriso triste também com os olhos marejados. Angel apenas andou com eles, mas antes Anne se soltou da sua mão e veio correndo me dar um abraço, ou abraçar minha perna por seu tamanho.

-obrigada Justin –A pequena voltou pra Angel que lançou um olhar triste sobre mim e andou pra fora do cemitério Fui até a lapide em que eles estavam e me apoiei lá. “Maria Santos Brooks’’ Vi um cordão no chão. O peguei e aí fui me tocar que era daqueles que são porta-retratos. O abri e Vi a mesma moça da lápide com um bebê no colo, três crianças e um Homem. Incrível é que eu já vi a Angel com um colar parecido ou será que... Não pode ser! Ela não tem sentimentos, não usaria um cordão com a família! Vamos esperar até amanhã pra tirar tudo a limpo.



P.o.v May
Os meus segundos prediletos do dia. Sabe aquele que enfim você fica sozinha? Que você MILAGROSAMENTE fica sozinha? Pois é. Estava guardando meu material para ir para o intervalo quando senti uma mão em meu ombro.

Sussurrei para esperar um segundo e fechei o armário me virando e dando de cara com Justin. 

-você esqueceu isso –ele levantou um cordão. Meu cordão. Passeia mão por meu colo e tive a certeza de que esse era meu cordão. Arranquei-o da mão de Justin 

-onde conseguiu?

-você sabe muito bem –ele olhou fundo em meus olhos, como se quisesse tirar algo de mim. O puxei até o banheiro feminino e tranquei o jogando na mesa de mármore da escola. 

- o que você quer? 

-quem é você? –ele perguntou de braços cruzados 

-Senhor, diga que isso é uma pergunta retórica –ri fraco colocando as mãos na cintura

-você é deusa nessa escola mas chora de noite? 

-sem querer ser mal educada,  mas de que minha vida lhe deve respeito, Bieber?

-Bom, naquele dia, você deve ter perdido todo seu respeito porque né... –ele arqueou as sobrancelhas. 

-Aquele dia foi mais um dia... –a cortei

-mais um dia dando em cima de um cara diferente? Interessante.

-Mais um dia cuidando da minha vida, a propósito por que não faz o mesmo?

-Se você pensa que eu me interessei na tua vida, deve saber muito bem que está enganada porque pra mim, você é só mais uma vadia qualquer, mas aqueles três sim, valem algo. 

-Bieber, pare de bancar o defensor. Você não sabe de nada o que acontece na minha vida. Então, espero que o que viu, o que sabe, e o que pensei fique somente entre nós. E eu sei que vai, certo? –o olhei da pior forma que pude e saí do banheiro o deixando ali sozinho. 

Assim que saí passei as mãos pelo cabelo o tirando do rosto 
-OOOOOOOOOOi –Hannah apareceu do meu lado quase gritando 

-oi –respondi olhando pra baixo

-que foi amiga? –só eu acho esse ‘’amiga’’ falso?

-nada. –ergui a cabeça e fui desfilando pelo refeitório.

A tarde passou como um borrão.

Não consegui prestar atenção em quase nada.

O motivo?

Aquele... moleque que não sabe de nada, nada do que eu passo e quer tirar satisfações como se fosse um herói. Pois bem, ele não é.

Assim que cheguei em casa, fiz meus deveres normais até meu pai chegar.

Ele estava mais feliz que o normal.

-May, podemos conversar? –ele me chamou depois da janta, enquanto os outros iam pra sala assistir televisão.

-sim –continuei sentada na mesa, aguardado-o

-então –ele começou –me desculpe

-por...

-por ontem.

-tudo bem,pai. Aquilo deve ter sido importante. Eu só... precisava daquele momento pra mim.

-eu sei como é importante esse momento, pra mim também é. Eu fui ontem depois do jantar lá, mas não te encontrei

-eu saí mais cedo, Justin levou os meninos –ri fraco, e ele me acompanhou

-só Deus sabe como essas crianças o torturaram. Ham... eu comprei isso. –ele esticou uma embalagem pra mim. Estranhei considerando nossa situação financeira. Abri a embalagem recebendo um caderno desenho com um kit da melhor marca de lápis de cor. Arregalei os olhos.

-Pai...

-Hey May, vamos dizer que isso é um agradecimento por você estar me ajudando tanto.

-Não precisa! –sorri

-precisa sim! –ele me deu um abraço e saiu com mais três pacotes gritando o nome de cada um dos meus irmãos.

Não que eu não esteja agradecida mas... tiveram dias que só tivemos uma refeição. Meu pai ganha o suficiente para sobrevivermos, não para ganharmos presentes. Fazem... 6 anos que eu não ganho um presente.  Bom, de qualquer forma,  eu amei. Eu simplesmente AMO desenhar. Meu pai sabe bem disso, todos meus antigos cadernos eram rabiscados. Agora é só aproveitar.