Wakeru escrita por Kamui Nishimura


Capítulo 9
Capítulo 8 - Dois Passos


Notas iniciais do capítulo

Aline VKei, que lê minha mente, esse Cap ofereço pra você!
Boa leitura a todos!



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“Tenho uma queda pela heresia de Caim; deixo que meu irmão se ferre pelo caminho que ele queira escolher.”

 O Médico e o Monstro - Pág. 07

Kyo POV

Acordei naquele beco, com vontade de injetar mais daquilo em mim, cheirar mais, fumar mais ...pra me deixar mais ligadão.

Me lembrei que falei com o Jun....

Me levantei, nem lembrava o que ele falou para mim... Mas deve ter voltado para casa...

Fiquei andando, tô completamente sem dinheiro, e morrendo de fome, mas logo acho um otário de quem posso conseguir algum dinheiro.

Encontrei a velha, com cara de quem tinha passado à noite na rua.

- Tooru.... Você viu o seu irmão?

Não respondi continuei andando, não quero que ela fique me chamando por esse nome.

Ela correu em minha direção, e me segurou.

- Tooru eu estou desesperada!

- Foda-se, o Jun sabe se cuidar sozinho, não precisa de você....  – respondi me soltando

- O Jun é uma criança! – ela gritou

Eu a empurrei, derrubando ela no chão.

- Ele tá mais seguro na rua do que na sua casa... – me afastei mas senti alguém se aproximando.

  Kaoru

Por que esse infeliz sempre aparece assim?

Ele foi até a velha a ajudou a se levantar.

Continuei andando.

- Kyo-san! – ele me seguiu

Aquele infeliz chega se metendo nas minhas paradas...

Eu sou só cobaia naquela merda de experiência sem fundamento, não sou amiguinho dele.

- Kyo-san! – ele me segurou.

- O que você quer, porra!?

- Eu preciso falar com você é importante!

- O que é importante? – perguntei, nada que seja desse idiota é importante pra mim.

- Seu irmão... Eu encontrei ele ontem sozinho, quando fui procurar você, para testar a formula, e o levei pra casa.

Nesse momento me lembrei do que disse pro Jun.

- O que você fez com ele? – eu segurei o pescoço dele com muita força, que ele ficou vermelho.

- Nada... – conseguiu me responder. Eu soltei aquele infeliz.  – Mas acho que ele tá doente sei lá...

- O que está acontecendo aqui ? – a velha veio se aproximando

- Sai daqui que a conversa não é com você! – gritei fazendo ela recuar. – Sai daqui, volta pro seu covil, velha maldita...

Ela seguiu embora...

- Você devia ter contado para ela.... – disse Kaoru.

- Não... Você levou ele, você que traga de volta. – disse o olhando.

- Kyo.. Tente entender que eu tô tentando te ajudar e ajudar ele....

- Não pedi sua ajuda...

- Ok. – ele se deu por vencido.

- E a sua formula, já tá pronta? – perguntei, precisava de dinheiro.

- Está, Kyo, está... À noite estarei aqui. É só subir... – ele continuou o caminho.

[...]

Kaoru POV

O Kyo é uma pessoa ruim para tentar ajudar.

Ele não aceita isso.

O Jun, passou a noite delirando, falando algo sobre “não toque...”, mas eu não entendi. E agora estava com uma febre bem alta, e eu nem sei cuidar de mim mesmo, quanto mais de uma criança.

Minha única salvação era o Shinya-san, que cuida do irmão mais novo. Então ele deve saber com ajudar o Jun.

- Shinya... – chamei sem graça no portão.

- Yo! Kaoru-san, o que faz aqui, num domingo de manhã? – sorriu ele.

Shinya, sempre simpático.

- Desculpe-me vir aqui te atrapalhar, e que tenho um probleminha em casa. – disse de cabeça baixa.

- O que houve? – ele abriu o portão e veio na minha direção.

- Bom, eu resolvi ajudar um menino, irmão de um conhecido, e agora, sei lá ele parece febril e não sei como cuidar dele. E você... – olhei para ele, e ele sorriu.

- Eu te ajudo...

Shinya foi comigo até em casa, quando chegamos Jun parecia ainda mais febril.

Shinya tratou de cuidar dele, já que eu era incapaz de fazer isso.

Fiquei olhando, e Shinya deu um remédio para ele, e depois mediu a temperatura do pequeno.

- Ele vai ficar bem Kaoru-san... E agora me conta essa história direito, onde você achou esse menino? – Shinya se sentou no sofá e ficou me olhando com aqueles olhos curiosos.

- Ele estava perto do laboratório, eu conheço o irmão dele, e ele não queria voltar para casa, sem o irmão.

- Ah, claro, mas cuidado com isso, Kaoru, se a mãe desse garoto vai até policia...

- Ela não vai... Pelo que eu já percebi, ela é muito influenciada pelo marido...

- Sério?

- O filho mais velho anda por aí, nem volta pra casa... E ela não faz nada a respeito.

- Você percebeu tudo isso só olhando? – perguntou Shinya.

Não ia falar pra ele que algumas coisas eu sabia por que o Tooru contou... E que ele era um ‘alter ego’ que eu despertei usando uma formula que criei.

- Não. Me contaram... – me levantei e fui para a cozinha. – Quer beber alguma coisa, acho que ainda tem ou cerveja ou refrigerante na minha geladeira.

- Ok, quero... – ele se levantou e me seguiu.

Ficamos conversando pelo resto do dia.

Á noite Jun acordou e ficou sentado no sofá, ainda um pouco tonto.

- Jun, está se sentindo bem? – perguntei me sentando ao lado dele.

- Estou, obrigado... – ele se encolheu no sofá.

- Eu vou precisar sair, por um tempinho, você pode ficar aqui sozinho? – perguntei

- Eu fico aqui com ele, Kaoru... Não se preocupe. – Shinya se sentou ao nosso lado.

- Tem certeza Shinya? – perguntei me levantando.

- Claro, vá resolver seus assuntos,eu cuido dele para você – Shinya sorriu

Ele sempre me ajuda... Sempre está ali pra me apoiar.

Peguei minha mochila que estava na sala, e sai bem rápido, não ia ficar abusando da boa vontade do Shinya.

Quando percebi já estava no beco, esperando o Kyo aparecer.

Ele surgiu com o rosto sangrando e pude perceber que vinha correndo, e com certeza não era de alguém do ‘mundinho dele’, devia ser da policia.

- Kaoru, dá logo essa porra que não tô afim de ficar trancado por mais tempo... – gritou ele.

Peguei a Wakeru um tanto pensativo se dava ou não para ele, mas acabei entregando.

Ele bebeu com a pressa rotineira, e logo eu estava encarando os olhos azuis e infantis do Tooru.

- O que aconteceu Tooru?

Notei que havia uma pequena cicatriz na testa dele, no mesmo lugar que o Kyo, então conclui que o corte do Kyo deve ter sido muito fundo.

- O Kyo, tava tentando roubar uma loja, e tinha dois policias bem próximos de lá. Um deles já havia avisado para o Kyo tomar cuidado, que ele estaria o vigiando, mas o Kyo não acreditou nele... – Tooru estava falando depressa e assustado.

- Calma Tooru, não se preocupe, ok? – tentei reconfortar o garoto, que respirou bem fundo e tentou sorrir, por mais que ainda eu pudesse ver em seus olhos o medo que ele tinha das coisas que o Kyo fazia.

- Você está com o Jun na sua casa ainda? – ele perguntou arrumando a mochila dele nas costas.

- Ele está lá, quer ir vê-lo? – perguntei

- Ele vai me reconhecer....

- Não vai, pense nas diferenças entre você e o Kyo, ele tem tatuagens e a cabeça raspada, olhos escuros...

- É mesmo! – ele sorriu e seguimos para casa... – Mas qualquer coisa, me chame por Waru.

Chegamos lá bem depressa, Shinya estava conversando animadamente com o Jun, que parecia estar 100% melhor.

Tooru ficou parado olhando o irmão de longe, como se tivesse uma vontade enorme de se aproximar... Seus olhos diziam isso.

E eu estava prestando atenção nesse detalhe? Nunca fui assim....

Shinya cumprimentou Tooru.

- Vou indo então... Boa noite! – Shinya saiu sorrindo.

- Jun, esse é o Waru... – disse apontando para Tooru que ainda estava na porta, só observando.

- olá Waru-san. – Jun sorriu.

Tooru seguiu até o sofá e se sentou perto dele.

- Olá Jun-kun....

Começamos a conversar, e nem notamos o tempo passar.

Jun depois de mais alguns minutos de conversa acabou dormindo.

 Eu e Tooru ficamos conversando por um tempo.

Ele interagia de modo tão suave, calmo, como se nada pudesse afetar sua calma...

Mas aquela pergunta não queria se calar, o que aquele homem, o padrasto deles fez?

Eu preciso perguntar, mas ainda tenho receio de que isso possa ofendê-lo ou pior fazer com que o Kyo volte....

- Tooru... – juntei minhas forças para falar, a curiosidade estava me matando.

Ele olhou para mim esperando pela continuação de minhas palavras.

- O que aquele homem, seu padrasto, fez á vocês? – perguntei sem lhe olhar nos olhos... Seria medo talvez de ver uma possível tristeza...

- Uma coisa, da qual é horrível lembrar, Kaoru... – ele abaixou a cabeça.

- Desculpe-me, mas por que o Jun....

- Ele falou durante a febre que teve... Certo?  Ele sempre lembra disso... – sua voz parecia chorosa, foi aí que me atrevi a olhar em seus olhos, e vi suas lágrimas...

Eu , idiota... Acabei fazendo ele chorar...

- Me perdoa Tooru... – me levantei... Ia para meu quarto...

- Eu ainda não respondi sua pergunta....

Sua voz ficava cada vez mais triste , e eu não conseguia voltar , por que aquela tristeza estava me fazendo sofrer junto com ele.

Mas o levei até a cozinha, para não acordar o Jun.

- Kaoru... O que eu vou te contar, por favor não comente com o Kyo.... Eu posso bloquear algumas coisas que faço para que ele não se lembre...

Tooru POV

 Aquilo ainda me assustava... Mas eu tinha que falar, é uma maneira de me livrar do medo... Nunca contei isso para ninguém...

Me levantei e segui o Kaoru até a cozinha, ele tinha que me escutar agora, me sentei na cadeira ao seu lado...

E comecei a contar o porquê eu ‘deixei de existir’ no dia a dia do Kyo.

[Flashback on]

Dez anos antes ....

Era só mais um dia de chuva... Eu tinha acabado de chegar da escola...

Sai de um tormento para chegar a outro...

Minha mãe estava no trabalho, então praticamente eu tinha que cuidar da casa, e agüentar meu padrasto.

Ouvi o choro do meu irmão...

Fui até o nosso quarto e vi meu padrasto batendo nele...

- Para de fazer isso com ele! – entrei na frente, para defender meu irmãozinho, ele tinha só três anos, não ia deixar que apanhasse daquele jeito.

- Sai da frente pivete... – ele estava cheirando a álcool. Como sempre....

Nesses momentos, eu queria que meu pai estivesse por perto... Queria que meu pai voltasse para casa.

- Não vou sair, você não tem o direito de encostar um dedo no Jun... Você não é nosso pai... Não é nada da gente...

- Pivete malcriado... – ele me puxou e me jogou no chão, me fazendo bater a cabeça...

Tudo ficou rodando e eu só pude ver ele amarrando o Jun no pé da cama... Não entendi o que ele pretendia, eu só ouvia o choro do Jun....

- Agora vou dar um jeito em você... – ele me ergueu e me jogou na minha cama... Eu ainda estava tonto pela pancada e não consegui me livrar dele.

 Por que?... Porque ele tinha que fazer isso comigo?...

Ele tirou minha roupa e ficou se esfregando em mim...

Eu era tão fraco, tão fraco... Eu não consegui me soltar, mesmo depois de ter me recuperado da pancada...

Eu agora ouvia os gritos do meu irmão... Mas ninguém iria nos ajudar... Naquela época morávamos afastados de todos...

Logo ele abaixou as calças...

Meu coração acelerou e eu quis chutá-lo, mas ele havia sentado em cima de mim, me deixando imobilizado...

Fechei os olhos e ele me deu um tapa na cara...

- Não mandei fechar os olhos, pivete... Fica de olhos abertos! - gritou

Eu continuei com os olhos fechados.... Mesmo com ele desferindo vários tapas em mim...

Logo ele desistiu de me fazer abrir os olhos.

Ele mordeu minha bochecha. E ficou me dizendo coisas nojentas.

Eu chorava e gritava para que ele me soltasse. Mas o que ele fez foi rir da minha cara... e morder mais uma vez meu rosto.

Ele abriu minhas pernas... E eu somente senti uma dor horrível...

Uma dor horrível... Logo ele começou a se mexer de maneira rápida e violenta, me fazendo gritar de dor...

Eu me senti nojento nesse instante... Eu queria morrer. Eu queria deixar de existir...

Junto com meus gritos de dor, eu ouvi meu irmão, meu irmão ainda era um bebê,ele não podia ver uma coisa assim, e ele balbuciava as poucas palavras que sabia pedindo para que meu padrasto parasse de me machucar...

Parecia que não teria fim, aquela dor horrível... eu queria me livrar, mas não conseguia, eu não tinha forças pra isso.

Ele continuava me machucando e dizendo coisas horríveis, e eu sentia meu sangue correndo por minhas pernas...

Senti aquele liquido quente dentro de mim...

Ele se levantou... Rindo e cuspiu no meu rosto...

Minha mente foi se apagando... E ouvi como se fosse de longe, ele gritando com meu irmão dizendo que se ele contasse para alguém nos mataria...

Como o meu irmão iria contar alguma coisa?

Fiquei alguns minutos inconsciente...

Logo senti alguém me pegar nos braços, era ele, me levando para o banheiro...

Ele ainda teve coragem de me dar um banho, arrumar tudo... Jogar os lençóis manchados fora... E me colocar na cama de volta.

Quando minha mãe chegou... Ele mentiu dizendo que a chuva tinha feito eu ficar com febre...

O Jun ficou o tempo todo do meu lado... Me abraçando, era a única coisa que ele podia ...

Depois disso, houve mais duas ou três vezes...

E cada vez mais, eu ia me sentindo mais sujo... mais impuro

Foi ai que a idéia surgiu...

Que eu poderia me tornar mais forte, poderia enfrenta-lo, enfim, poderia me vingar do que ele fez comigo... Passei a odia-lo, passei a desejar sua morte

Demorou um pouco, já que quase nunca conseguia me livrar dele, mas um dia tirei forças de uma parte de mim, que eu desconhecia.

 E a partir disso,  Kyo começou a dominar meu corpo...

[Flashback off]

Kaoru me olhava assustado....

Minha lágrimas corriam pelo rosto incessávelmente.

Fechei os olhos, tentando amenizar meu choro...

Senti a mão do Kaoru secando minhas lágrimas...

Me sinto tão bem ao lado dele... Como se nada disso tivesse ocorrido comigo...

Me aproximei dele, sabia que era ‘errado’ mas selei os lábios dele...

Mas ele..Retribuiu...eu não esperei por isso, ele me segurou e aprofundou o beijo...

Eu pude sentir seus lábios nos meus...

Acho que será a única vez.... Não é mesmo?

Me afastei, envergonhado...

Não consegui encarar aqueles olhos castanhos brilhantes...

Ele segurou meu rosto...

Me obrigou a olhá-lo...

- Tooru, eu... – ele se levantou e saiu da cozinha.

- Kaoru... Me desculpe... Eu sei que isso vai trazer problemas, não só pra mim, mas pra você...

- Queria que você ficasse... – ele disse parado no corredor, perto do quarto dele. – Eu não quero que ‘ele’ volte... – sua voz tinha ficado triste...

Eu não acredito que fiz o Kaoru ficar triste... Eu....

As lágrimas voltaram a encher meus olhos...

Eu realmente sou um fraco.......


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Notas finais do capítulo

Tá maior do que o de costume!
Yaoi ^^ kkkk não pude resistir... eu ia fazer uma fic sem yaoi, mas não pude
resistir, e o yaoi e lemons é são alguns dos fatores que chamam atenção nas fics *minha opinião*
Acreditem, não queria fazer essa fic com Yaoi... mas acabou saindo kkkkkk
BjoOooos até a próxima