Cinco Momentos escrita por Chiisana Hana


Capítulo 4
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

Flashback de Ikki e Minu.
Ok, já tentei arrumar essa formatação esculhambada três vezes e não consegui! Vai ficar assim mesmo...



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Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são criações minhas, eu não ganho nenhum centavo com eles e morro de ciúmes.
Setsuna pertence a Nina Neviani.

CINCO MOMENTOS
(QUE DEFINEM UM RELACIONAMENTO)
Chiisana Hana

PARTE 1

O TEMPO


Com você o tempo para, você tem o que eu quero

Você sente o que eu sinto? Porque o que sinto é real (1)



CAPÍTULO III

– Ainda é estranho lembrar que isso foi há mais de dez anos – comentou Saori. – Parece que foi ontem.

– Parece mesmo – Seiya concordou, com um sorriso afetuoso.

– E eu ainda me encanto com a capacidade do Seiya de contestar as minhas ordens!

– Sou mestre nisso!

Todos riram do comentário de Seiya e logo após Ikki declarou:

– Nós não tivemos esse negócio de não perceber o tempo e tal.

Imediatamente Minu corrigiu o marido:

– Claro que tivemos! Não se lembra? Na viagem para Los Angeles.

– Foi?

– Claro! Quando viajávamos, geralmente eu ficava no notebook ou lendo alguma coisa, enquanto você dormia ou paquerava as aeromoças. No máximo, conversávamos rapidamente sobre assuntos profissionais. Mas naquela viagem, não. Naquela viagem ficamos conversando o caminho inteiro e nem notamos quanto tempo demorou para chegarmos...


Seis meses atrás...
– Você vai se atrasar. Vai perder o vôo. La la la la la – Minu cantarolou ao telefone. Do outro lado da linha, Ikki, lutador de vale-tudo, patrão dela, amigo de Seiya Ogawara, sua paixão da adolescência, fazia pouco caso. Ela tinha começado a trabalhar para ele como massoterapeuta, mas acabou por se tornar o braço direito do lutador. Cuidava de tudo, de assuntos burocráticos até presentes para as moças com quem ele saía. Passou a fazer companhia nas viagens e foi quase inevitável apaixonar-se pelo rapaz, embora ele nunca tivesse demonstrado ter por ela mais que interesse profissional.

– Eu nunca me atraso – ele disse, seguro de si.

– Ok. Estou no aeroporto. Ou você chega dentro de meia hora ou não vai embarcar. Está dito. Tchau.

Exatamente meia hora depois o rapaz estava lá, carregando apenas uma mala de mão. Ela já não se assustava mais com a pouca bagagem, afinal ele sempre dizia que precisava apenas do short de luta, do protetor genital, de algumas cuecas e de uma ou duas mudas de roupa para sair e conhecer a "fauna local". Só.

– Eu não disse que chegava? – ele perguntou, sorrindo daquele jeito charmoso que deixava Minu inquieta.

– Disse, Amamiya, disse. E não quero nem imaginar as multas que você COM CERTEZA ganhou por excesso de velocidade, as quais eu serei obrigada a me deslocar para pagar.

– É para isso que você trabalha comigo, para resolver meus problemas.

– Claro, Amamiya, claro. Agora vamos, sim?

Embarcaram no avião minutos depois e sentaram-se lado a lado como de costume. Ela sabia que o pré-requisito mais importante para trabalhar com Ikki Amamiya era não encher a paciência dele, por isso, raramente puxava assunto. Entretanto, surpreendentemente foi ele quem quis conversar.

– Sabe, Minu, talvez essa seja uma das minhas últimas lutas como profissional – ele disse em tom estranhamente grave. Minu não entendeu.

– Como é? Está pensando em parar?

– É. Estou cansado dessa vida. Sei lá, já ganhei tudo que eu tinha de ganhar como profissional, lutar está perdendo o sentindo para mim. Já não me divirto como antigamente.

– Nunca imaginei ouvir isso de você... – ela disse, sinceramente surpresa.

– Como não? Achou o quê? Que eu ia lutar até os cem anos?

– Não, mas você só tem trinta!

– E já luto há mais de dez, Minu. É muito tempo arrebentando a cara por aí.

– E o que você pensa em fazer se parar mesmo?

– Não sei ao certo. Mas tenho grana, posso abrir uma academia...

– Bom, se é o que você quer, então que seja. Mas vou sentir sua falta... ehr... de trabalhar com você, das viagens e de tudo mais. Até de quando você me faz comprar presentes para aquelas vagab... moças de reputação duvidosa.

Ele riu. Minu olhou-o com ternura.

– Não faz essa cara de gato pidão – ele disse, ainda rindo.

– Cara de gato pidão! Ikki!

– Gato pidão.

– Para, seu tonto! Eu não tenho cara de gato pidão.

– Você fez uma cara igual à do gato daquele desenho escroto do ogro verde, sabe?

– Não, não sei – negou, mas sabia bem que era do fofíssimo Gato de Botas que Ikki estava falando. – E acho bom você parar com isso.

- Cara de gata pidona, então?

- Ikki! – ela censurou, mas ficou se perguntando se com "gata" ele poderia estar referindo-se a seus atributos físicos. – E de onde é que você conhece esse gato, hein? Anda vendo desenhos? Não sabia desse seu lado.

– Você acha mesmo que eu tenho saco pra assistir desenho, Minu?

– Sei lá, você que está falando.

– O Shun tem um pôster desse gato no quarto, tá bom?

– Ah tá, agora está explicado.

– Sim, mas o que eu ia dizer é que você não precisa fazer essa cara porque eu disse que ia parar de lutar, não que ia demitir você. Quero que continue trabalhando pra mim. Eu ainda vou precisar de alguém cuidando das coisas. Você sabe que não tenho paciência para essas porcarias burocráticas e que se depender de mim já chego gritando e esmurrando as mesas.

– É – ela respondeu, sem deixar transparecer que se animara com a possibilidade de continuar trabalhando para ele, embora o que desejasse mesmo era ser promovida a namorada.

Fez-se silêncio e Minu pôs-se a mexer no notebook, mas Ikki não demorou a inquietar-se.

– O que é que você tanto faz nesse computador? – ele perguntou.

– Nada. Você hoje, hein? Bebeu o quê? Nunca quis saber o que eu fazia...

– Você sabe que eu não bebo, Minu.

Minu deu uma sonora gargalhada.

– Isso é o que você diz para a imprensa, mas sabemos que não é bem assim, Amamiya.

– É... Agora me diz o que é que você tanto escreve aí...

– Não é da sua conta, idiota! – Minu retrucou, nervosa. Não estava escrevendo nada demais, apenas revisava a lista de compromissos de Ikki no dia seguinte e fazia anotações, mas a mera possibilidade de Ikki encostar no notebook e ver um texto que ela escrevera horas antes enquanto esperava por ele a deixou em pânico.

– E precisa me xingar? – retrucou Ikki. – Eu sou seu patrão, lembra?

– Lembro, mas isso não lhe dá o direito de se intrometer nas minhas coisas.

– Então me deixa ver o que é isso!

– Não!

– Tudo bem... eu vejo sem deixar mesmo! – ele disse e puxou o notebook da mão dela.

– Ikki! – ela gritou. A passageira atrás deles, uma senhora muito gorda e com óculos fundo-de-garrafa manifestou-se:

– Será que vocês dois podem se comportar como adultos? Já estão meio grandinhos para fazerem algazarra no avião.

Ikki voltou-se para a mulher com cara de poucos amigos e disparou:

– Não podemos, minha tia.

– Ikki – Minu censurou-o com um sussurro e dirigiu-se à senhora, com voz doce. – Perdão. Ele tomou uns remédios e está um pouco alterado. Sinto muito.

– Que ele está alterado eu estou vendo, minha filha! – a velha exclamou exasperada e voltou-se para Ikki. – As drogas fazem muito mal!

– Porra, que velha chata!

– Ikki! – Minu censurou outra vez, puxando-o de volta para a cadeira. – Senta aí e fica quieto! Pronto. Olha aqui o que eu estava fazendo: revisando seus compromissos. Satisfeito?

– Estou – ele disse e voltou a ficar quieto. Por um tempo. Quando a massoterapeuta foi ao banheiro, ele pegou o aparelho e fuçou nos documentos recentes.

– Não faz mesmo nada de interessante essa Minu – ele murmurou, até seu olhar recair sobre o arquivo "posts para o Tumblr".

– Tumblr? – perguntou-se. – Que merda é Tumblr?

Abriu o arquivo. Começou a ler. Minu derramava uma série de declarações de amor entrecortadas por excertos de músicas. Um post em especial chamou a atenção de Ikki:

"LOVE YOU MORE THAN THOSE BITCHES BEFORE...(2)

Ok. Eu sei que ele é lindo, maravilhoso e irresistível, mas custava olhar para o lado e perceber que eu sou totalmente louca por ele e que jamais nenhuma daquelas criaturas siliconadas será namorada melhor que eu?"

– A Minu apaixonada por mim? – questionou-se e fechou o arquivo. – Nunca imaginei que ela... bom, já imaginei sim, mas é estranho ver essas coisas escritas.

Quando a moça voltou, Ikki esforçou-se para parecer natural.

– E então, o que pretende fazer quando chegarmos em Los Angeles? – perguntou.

– Dormir, ora essa! Tenho que estar bem descansada na hora da sua coletiva de imprensa. E você também. Já falei mil vezes que você tem essa entrevista, acho apropriado que você esteja pelo menos sem cara de sono. Ressaca então está terminantemente proibida.

– Impossível – ele respondeu sério. – Tenho planos para essa noite.

– Tudo bem. Você é quem sabe. Mas depois não diga que não avisei.

– Você não vai poder reclamar, pois está incluída nos meus planos.

– Eu? – uma Minu perplexa retrucou. Sempre ficava no hotel enquanto ele se esbaldava na noite das cidades por onde passavam.

– É, você, dona Setsuna.

– Para com isso, Amamiya. Estou quase acreditando que você usou mesmo algum tipo de droga. Olha, se você usou, prepare-se, vai ser pego no antidoping, hein? E aí pode dar tchauzinho para o encerramento triunfante da sua carreira.

– Você sabe que não usei droga nenhuma.

– Mas é que você nunca abre essa sua boca e hoje está falando por todos os dias em que não falou. E ainda me inclui nos seus programas? Estranhíssimo.

– Deixa de ser desconfiada, Minu! Só quero levar você para sair.

– Amamiya, Amamiya, espero que você não esteja aprontando nada...

– Não estou. Garanto. Deixa de ser desconfiada.

– É melhor mesmo que não esteja.

– Juro. Mas Minu, queria que você me ajudasse numa coisa.

– O quê?

– Queria fazer uma espécie de carta de despedida para os meus fãs. Para colocar no site, sabe?

– Certo. Vamos tentar escrever algo juntos.

Ela fez menção de pegar o notebook na bolsa, mas ele a deteve.

– Sem computador – ele disse. – Por enquanto, vamos só conversar sobre isso.

Minu olhou para ele ainda mais perplexa. Ele sorriu.

– Olha, Ikki, o que quer que você tenha tomado, faça o favor de tomar sempre!

E os dois foram conversando sobre a tal carta, depois sobre os planos de Ikki para o futuro e sobre milhares de assuntos que iam surgindo naturalmente, transformando as mais de doze horas de viagem num agradabilíssimo instante de descontração, que ambos lamentaram ter chegado ao fim quando o avião pousou.


Continua...


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Notas finais do capítulo

(1) Freundreskreis, Mit Dir.
(2) Lana Del Rey, Blue Jeans.



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