Cinco Momentos escrita por Chiisana Hana


Capítulo 3
Capítulo II




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Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são criações minhas, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.
Setsuna pertence a Nina Neviani.


-C-I-N-C-O-

CINCO MOMENTOS
(QUE DEFINEM UM RELACIONAMENTO)
Chiisana Hana
Beta-reader: Nina Neviani

PARTE 1

O TEMPO


Vai dizer que o tempo
Não parou naquele momento?(1)


CAPÍTULO II


– E eu fiquei o sábado inteirinho pensando nele! – Shunrei comentou depois do seu relato. – Fiquei toda boba, pensando em como podíamos ter conversado tantas horas sem perceber! 
– Lembro-me muito bem da primeira vez em que eu e Seiya conversamos por tanto tempo que ele caiu no sono e começou a roncar.
– Eu não ronco – ele protestou.
– Ronca sim!
– Ronco nada! Ronco?
– Ronca!! – todos os amigos responderam e Shun completou:
– Você deve roncar desde que se entende por gente. 
– Ah, é que eu devo respirar mal, gente!
– Sei... – todos responderam em coro.
– Graças a Deus existem ótimos protetores auriculares! – exclamou Saori. – Vocês nem imaginam como são super úteis! Aquelas coisinhas salvaram nosso casamento, gente!
Todos riram e, empolgada, Saori começou a contar sua história...


– O que você vem fazer aqui? – Seiya perguntou a Saori ao entrar no planetário da Mansão Kido. O rapaz era ajudante do jardineiro da mansão e sempre via a herdeira milionária entrar naquela esquisita construção em forma de abóbada. Intrigado, resolveu ir até lá.
– Eu é que pergunto: o que VOCÊ está fazendo aqui, no MEU planetário? – Saori retrucou, irritada com a intromissão do adolescente ajudante de jardineiro.
– É que sempre vejo você por aqui – ele começou. – Me deu vontade de saber o que você faz e ver como é esse tal planetário por dentro.
– Agora já viu, pode ir – Saori disse, empurrando o rapaz para fora. 
– Eu gostei daqui – ele disse, dando a volta na garota e sentando-se no chão. Olhou admirado para o céu projetado na cúpula. – É bonito.
Saori pôs as mãos na cintura e berrou:
– Eu vou chamar os seguranças! 
– Por quê? Não estou fazendo nada demais.
– Nada demais? Fique certo de que será advertido por essa conduta atrevida e que só não o demito agora mesmo porque tenho pena de você, mas experimente intrometer-se nos meus assuntos e entrar no meu planetário mais uma vez que eu peço para o Tatsumi despedir você e sua irmã na mesma hora.
Seiya riu.
– Nossa! Tudo isso só porque entrei aqui? Que drama, hein?
– Não vai mesmo embora?
– Não – ele respondeu displicente. – Só quando eu quiser ir. E quer saber? Eu não acho que você seria capaz de nos demitir só porque eu entrei no seu amado planetário.
– Você mora na minha casa de favor só porque é irmão da minha ótima arrumadeira, eu arranjo um trabalho adequado à sua falta de qualificação profissional, aí você invade meu planetário, me aporrinha e ainda duvida do que eu digo! É muita insolência numa pessoa só!
Saori gritava exasperada, enquanto Seiya continuava sentado no chão, sorrindo impassível. 
– Eu quero que você saia agora! – concluiu a moça aos berros. Única herdeira de um milionário japonês, cercada de gente bajuladora desde a infância, ela desconhecia alguém que fosse capaz de desobedecer uma ordem sua. Até o moleque ajudante de jardineiro fazer isso... O jovem irmão da cozinheira invadira seu espaço e a desafiara, mas a despeito do discurso irado e de toda a encenação, ela estava gostando daquilo... Era bom ser contestada! Era bom ter com quem brigar!
– Quero ver quem vai me tirar daqui! – ele disse.
– Ora seu... seu... seu... 
– Seu? Completa! – ele provocou.
– Seu enxerido de uma figa! 
– Eu sou mesmo – ele admitiu e fez uma careta que Saori achou engraçada, mas tentou a todo custo não rir. – Vai Saori, me diz por que você gosta tanto de vir aqui, poxa!
– Não lhe devo satisfações! – Saori bradou de volta. – E não me chame pelo nome! Não lhe dei intimidade para isso! Pra você é senhorita Kido! E saia já do meu planetário ou chamo mesmo os seguranças!
– Se realmente quisesse chamar, já tinha feito isso.
– Pois eu vou fazer agora! 
Quando Saori pegou o interfone e fingiu discar um número, Seiya deu-se por vencido.
– Está bem, está bem, sua chata – ele disse e se levantou do chão, sempre rindo. – Eu vou, mas saiba que é por isso que você não tem amigos, porque você é muito chata!
– Eu sou o quê? – indignou-se a moça.
– Você ouviu – ele continuou, sorrindo daquele jeito insolente de que Saori já começava a gostar. 
– Eu não sou chata – Saori retrucou, verdadeiramente ofendida com o comentário.
– Ah, não? Então por que está me expulsando? Eu não fiz nada, só quero conversar.
– Tá, tá, pode ficar...
Ele tornou a sentar-se no chão. 
– Então, agora vai me dizer o que faz aqui?
– Vou – ela também sentou no chão. – Eu venho porque olhar o céu projetado na abóbada me traz paz...
– Hum... é bem bonito – ele diz, olhando mais para ela do que para a projeção.
Saori falou longamente sobre as estrelas e os planetas, mostrando-os a Seiya no projetor. Depois, os dois conversaram por várias horas, os assuntos passando de astronomia para astrologia e então para a música pop mais tocada àquele ano, e disso para as influências filosóficas que Saori encontrou na letra da mesma. Seiya não entendeu metade das coisas que ela disse, mas gostou de ouvi-la. 
Depois, ela falou das aulas de piano e de como a professora a considerada um prodígio. Seiya desconfiou que a professora só dizia isso porque Saori era rica, mas não comentou nada. Limitou-se a dizer que gostava de tocar violão, mas nunca tinha tido aulas, tocava tudo de ouvido. Prometeram que um ensinaria seu instrumento ao outro e que Saori daria umas aulas de teoria musical a Seiya. 
Por fim, ela começou a falar de seus planos para o futuro, de como desejava assumir a direção das empresas do avô, até que...
– Rooooooooooonc...
Saori olhou indignada para seu interlocutor, cuja cabeça pendia para o lado direito.
– SEIYA! – gritou. O rapaz acordou sobressaltado.
– Quê? Hã?
– Ora, você dormiu enquanto eu falava! 
– Foi?
– Foi!
– Foi nada – disse entre um bocejo e outro. – Eu, eu, eu estava só descansando os olhos...
– Só vou perdoar porque foi uma noite muito agradável – ela disse quando constatou, surpresa, que o sol começava a nascer.
– É, tão agradável que já virou dia e a gente nem percebeu – ele concordou. – Então, vou indo. Até mais.
– Gostei de brigar com você – ela disse. – E de conversar também, claro. Promete que volta?
– Todo dia! Ah, e sabe aquilo de ser chata? Não é verdade. Não exatamente! Só um pouquinho.
– Ora, seu moleque! – ela esbravejou em tom de brincadeira, e despediu-se do rapaz com um abraço que o pegou desprevenido. – Até mais, Seiya.
– Até – ele respondeu e saiu andando displicentemente, enquanto ela continuava observando-o. Bastou apenas uma conversa para que ele deixasse de ser apenas o irmão preguiçoso da arrumadeira que fingia que ajudava o jardineiro para ser alguém que a fazia falar e sorrir, ignorando todo o peso de carregar o sobrenome Kido. 
Saori espreguiçou-se. Depois desligou o projetor, apagou as luzes e sentou-se do lado de fora do planetário. Era a primeira vez que apreciava a beleza da alvorada. Ficou ali, sozinha, vendo o sol nascer, porque era assim que se sentia depois da longuíssima conversa com o moleque insolente de riso fácil: nascendo outra vez.

Continua...

(1) Jota Quest, Mais uma vez


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