- Então quer dizer que ele não ligou mesmo? - Perguntou Annabeth, pela décima vez em uma hora.

- Não, ele não ligou, eu já disse. E como ele poderia ligar se meu celular ficou com ele? Não tem para onde ligar, entende? Eu estou sem celular! - Expliquei.

- Ah é, tem razão. - Concordou ela, balançando a cabeça, um pouco decepcionada. - Então, você teve alguma noticia no Jake? - Perguntou ela.

Gemi em protesto e me joguei na cama, debruçada, enterrei a cara no travesseiro e não respondi, eu já havia falado para não falar no Jake, mas a curiosidade da garota falava mais alto.

- Qual é, Nessie! Não pode tentar se esconder toda vez que alguém menciona o nome dele. - Disse ela, enquanto ia se sentar na beira da minha cama.

Bufei e revirei os olhos, ela estava certa. Me sentei ereta na cama ao seu lado e abaixei a cabeça, fiquei a fitar o chão e logo reparei que Anna usava um novo par de sapatos, eram da Chanel, rosa bebê e fechados, com apenas uma abertura na ponta dos dedos e tinham dois lacinhos na parte de cima.

- Você... - Olhei para ela, estava boquiaberta. - Annabeth! - Protestei, e voltei a olhar seus sapatos.

- Droga! - Sussurrou ela, colocando os pés para trás, tentando esconde-los em baixo da cama. - Olha, Nessie, eu estava num momento dificil, eu tinha brigado com a minha mãe e... - Tentou se explicar, mas logo parou, suspirou e olhou para baixo.

Annabeth tinha um grave problema; Ela era viciada em fazer compras, sempre comprava coisas caras, comprava até o que não iria usar, comprava quando estava feliz, quando estava triste, quando tinha muitas coisas para fazer ou quando estava entediada, desde sempre eu tentava tirar essa mania dela, mas não tive sucesso com a "missão".

- Você precisa parar com isso, Anna. Por quê não me contou sobre a sua mãe? - Perguntei, fitando-a, indignada com a situação.

- Porque você nunca tem tempo para mim, Renesmee! Está sempre choramingando pelo Jake, e agora por esse Caleb, você nem pergunta se eu estou bem. Há dias eu estou tentando te contar sobre o que está havendo comigo, mas você nem me deixa falar! - Gritou ela, se levantando da cama, ela gesticulava com as mãos enquanto falava e andava de um lado para o outro, com os olhos cheios de lágrimas.

Isso foi realmente um tapa na cara, ela estava completamente certa, eu fora egoista demais, não me preocupei com ela, só queria saber de dramas com meninos enquanto ela estava com problemas realmente sérios. Annabeth tinha uma mãe que não ligava muito para ela, era divorciada e cada semana aparecia com um namorado novo, sua mãe se divorciou a três anos quando seu pai disse que era gay e que estava a traindo com um modelo da Calvin Klein, foi um grande choque, então desde divorcio a mãe dela começou a sair com um monte de homens, tinha relacionamento que não passavam de duas semanas e não ligava para Annabeth, seu pai era estilista e morava em Paris, sempre mandava presentes e cartas para Anna, mas nunca uma visita pessoalmente, ela estava praticamente sozinha, e eu, a unica pessoa que sempre esteve ao seu lado, parecia não estar mais.

- Hey, Anna, escuta...me desculpa, você tem razão, eu tenho sido uma péssima amiga e admito isso, eu prometo que isso vai mudar e para provar isso... - Disse á ela, me levantando e indo em sua direção. - Nós vamos ter um Fim de Semana de garotas, vamos chamar as outras meninas e acampar, o que acha? - Perguntei, sorrrindo e a fitando.

- Não sei... - Respondeu ela, cruzando os braços e olhando para o lado. - Tudo bem, vai ser legal! - Disse ela, por fim, sorrindo.

- Vai ser demais! - Concordei e a abracei. - Me desculpa mesmo, não posso perder minha melhor amiga, não sei o que faria sem você! -

- Tudo bem, Ness, não vai perder. - Garantiu ela, retribuindo o abraço. - Agora eu tenho que ir, já está ficando tarde, vou aproveitar e ligar para as meninas. - Disse ela.

- Tudo bem, boa noite! - Me despedi.

Ela sorriu e pegou sua bolsa em cima da minha comôda, acenou para mim e saiu, fechando a porta em seguida.

Fiquei feliz pela situação não ter terminado de um modo ruim, Anna podia ser a pessoa mais metida, maluca e compulsiva por compras do mundo, mas mesmo assim, ela ainda era minha melhor amiga desde sempre, eu só a conhecia a um ano, mas foi tempo o suficiente para conhece-la bem e saber que ela era uma ótima pessoa.

Senti um vazio estranho e gelado em meu estômago, eu não comia a quatro dias, papai me proibira de beber sangue humano, mesmo sendo de bolsas de sangue do Hospital, ele disse que não era coisa que os Cullen faziam, e que mesmo eu sendo uma híbrida isso também se aplicava a mim, então resolvi fazer greve de fome, mas é claro que eu não ficaria mesmo sem sangue, eu tinha um plano em mente.

Tirei o pijama de bolinhas brancas e coloquei uma calça jeans, tênis e uma blusa de frio com toca, estava frio lá fora e a noite caia aos poucos, eu iria dar uma volta. Desci as escadas e passei pelos meus pais, mantive o pensamento na minha "briga" com Annabeth, assim não precisaria dar explicação aos meus pais, meu pai apenas me olhou rapidamente e assentiu, sai pela porta da frente sem hesitar.

Corri até o Hospital de Forks, eu precisava de sangue e conseguiria pelo menos uma bolsa, eu estava faminta, provavelmente não notariam a falta de apenas uma bolsa, eles tinham milhares. O hemocentro ficava no segundo andar do prédio, e quase sempre estava vazio, eu estava torcendo para que naquele mesmo minuto também estivesse. Adentrei o hospital - que por sinal estava um pouco vazio - e passei pela recepção sorrateiramente, driblando os médicos e enfermeiras com fácilidade até chegar chegar no segundo andar. Eu mantive a toca da blusa na cabeça e coloquei os cabelos para trás, assim ninguem me notaria. Quando entrei na sala, logo notei que havia uma enfermeira ali, ela era bem baixinha e mexia em um dos freezers.

- O que faz aqui? - Perguntou a moça, quando notou minha presença.

- Eu...eu estava passando e... eu notei que tinha uma enfermeira aqui e... - Eu não sabia o que dizer, pude sentir minha respiração de acelerar. - Estão te chamando para uma emergência lá em baixo, alguém...está...morrendo?! - Disse á ela, totalmente hesitante, parecia que eu estava fazendo um pergunta e não afirmando.

Ela pareceu um pouco assustada, passou por mim lentamente lançando-me um olhar de desconfiança, não retribui o olhar, apenas abaixei a cabeça. Assim que a moça saiu da sala, fui até um dos freezers e peguei uma bolsa de sangue, quando esta prestes a sair pensei melhor, no fim de semana eu iria acampar, então eu teria que levar algumas bolsas de sangue, eu não iria ficar com fome, era desconfortável. Dei meia-volta e abri novamente o freezer, peguei algumas bolsas de sangue e coloquei-as em uma sacola que estava ali no local, resolvi não me arriscar e sai pela janela da sala. Pulei pela janela e pousei suavemente no chão, dei uma rápida olhada em volta e sai dali, precisava arrumar um local seguro para guardar aquelas bolsas de sangue.