A Lua Cheia (HIATUS) escrita por Breh


Capítulo 14
Capítulo 14 - Traidor




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O dia aparentou demorar mais para passar, muito lentamente, mas acho que isso acontece com todos quando terão um compromisso importante no dia seguinte. E comigo não foi diferente. Tentei fazer exercícios, comer, falar no telefone com a Annabeth, mas não adiantou muito. Agora, na verdade, eu me sentia pior, já que eu contei para Annabeth sobre o Caleb e nosso “encontro” amanhã em Port Angeles. Ela não aprovou nem um pouco, e ficou falando repetidamente o quão assustador era o fato dele ter o número do meu celular sem eu ter passado para ele, e ficou murmurando algo sobre ele estar me seguindo e ser um maníaco ladrão de calcinhas. Eu defendi o Caleb, tentando ser uma boa amiga, e disse para ela não se preocupar comigo, que eu sabia muito bem onde eu estava me metendo. Mas não era verdade. Eu não fazia ideia de quem ele era, o que ele queria comigo, suas intenções e principalmente o QUE ele era. O lance de eu não saber identificar o cheiro dele me atormentava um pouco, e eu nunca, nunca, JAMAIS, poderia mencionar ele para os Cullen, em hipótese alguma. Mas… Espera… E se o Jacob já havia mencionado o Caleb para minha família? Eu mataria ele! Não podia nem pensar em uma coisa dessas, eu já estava atormentada o bastante com a nuvenzinha de amnésia que pairava sobre mim ultimamente.

Como de costume, eu estava sozinha em casa. Isso já estava ficando bem normal, já que acontecia quase todos os dias ultimamente. Mas eu nem me importava, na verdade até gostava, era bom não ter o meu pai por perto para espionar meus pensamentos, ainda mais agora que eu tinha que manter sigilo sobre o Caleb.

Eu estava pegando um pedaço de pizza na geladeira quando o telefone tocou na sala de estar. Deixei a pizza e sai correndo para atender, tropeçando nos meus próprios pés quando me dei conta de que poderia ser o Jacob. Alcancei o telefone bem a tempo antes de dar o último toque.

— Alô?

— Ness, sou eu. - Disse Jacob do outro lado da linha.

Entusiasmado de mais para o meu gosto.

— Hey. O que houve? - Perguntei em tom despreocupado.

— A Emily acabou de ganhar o bebê. É um menino! - Gritou ele.

— Não acredito. É sério? Isso INCRÍVEL! - Eu estava muito animada. — Eu posso ir vê-la? Também quero conhecer o bebê! -

— O Carlisle disse que é melhor ela não receber visitas durante alguns dias. O mesmo vale para o bebê. Ele disse que eles são vulneráveis e o melhor a fazer é ter pouco contato com pessoas. - Respondeu.

Soltei um suspiro pesado e revirei os olhos. Era incrível como a mínima ação de um Cullen me irritava ultimamente. Qual era o problema deles com segurança? Só falavam nisso. Que saco.

— Ah... Ok. - Meu tom de voz estava baixo. Decepção.

— Eu preciso ir. Depois nos falamos. -

— Tudo bem, Jacob. Tchau.

— Nessie! - Chamou ele, segundos antes de eu desligar o telefone.

— O que? -

— Eu te amo! -

Meu coração se acelerou no segundo em que as palavras foram pronunciadas, e um sorriso involuntário brotou nos meus lábios. Mas logo me lembrei da constante ausência do Jake e me perguntei se ele falava a verdade. O sorriso sumiu com a mesma rapidez que apareceu.

— Espero que sim... - Foi tudo o que eu respondi.

Coloquei o telefone de volta no gancho e me joguei no sofá. Senti um nó se formando na minha garganta e uma vontade horrível de chorar. Mas eu não daria o braço a torcer. Eu sabia que ele estava escondendo muitas coisas de mim, assim como a minha família, e insistia em me tratar como criança. Esse jogo já estava ficando bem cansativo para mim, mas eu não cederia sem lutar.

Algumas horas mais tarde meus pais chegaram em casa. Eu estava enfiada no meu closet acabando com o meu estoque de sangue quando ouvi o barulho da porta. Limpei minha boca com uma blusa da GAP e sai rapidamente do closet. Sentei em minha cama e peguei um livro de US History para fingir estar estudando. Poucos minutos mais tarde minha mãe entrou no quarto com uma carranca que me fez arrepiar. Eu estava encrencada e eu sabia disso. Fechei o livro pousei-o na mesa de cabeceira, tentando manter minha expressão de indiferença. Minha mãe sentou-se do meu lado e ficou me encarando por alguns segundos antes de começar a falar. Tentei manter meus pensamentos longe do Caleb e das coisas erradas que eu estava fazendo ultimamente, deduzindo que meu pai estaria dentro da minha cabeça neste momento.

— Recebi uma ligação da sua escola hoje cedo. - Começou ela. — Você está com nota baixa em Química, sabia? - Ela parecia calma, apesar da expressão. — Por que?

Não era tão grave quanto pensei, me senti melhor.

— Não sou boa em Química. Não é minha culpa. - Respondi sinceramente.

—Você poderia ter se esforçado mais, filha.

— Desculpa.

— Tudo bem. Eu matriculei você na escola de verão, nas aulas de Química. - Seu sorriso era vingador.

— O QUE? - Gritei. — Eu não vou para escola no verão. Qual é o seu problema?

—Suas notas são o meu problema, Renesmee Carlie Cullen. E você sabe que essa não é a primeira vez que conversamos sobre isso. - Seu olhar era duro.

Não respondi. Se eu abrisse a boca começaria a chorar. Ela estava me irritando.

— Tem mais alguma coisa que não está me contando? - Indagou ela.

— Estou cansada. Pode me dar licença? -

Ela me lançou um último olhar de decepção antes de sair do quarto e bater a porta.

Se tem algo que eu odeio mais que ser ignorada era levar sermão grátis. Meus pais mal falaram comigo desde que a morte do Mike e quando falavam era sermão ou lição de moral. Sempre com o mesmo assunto de que eu tinha que me concentrar nos estudos, parar de me meter onde não era chamada, proteção e blá blá blá. Coloquei o travesseiro bem na minha frente e cai com o rosto nele, então gritei o mais alto que pude. O som foi abafado imediatamente. Me senti um pouco melhor imediatamente. Me joguei contra a parede e fiquei ali emburrada, sendo uma adolescente normal por meio minuto. Meus pensamentos flutuaram para o momento em que encontrei o bilhete colado no meu carro hoje no colégio. Ainda não entendia porque tinham me chamado de bruxa. Eu não estava exatamente de luto, não era hipócrita, só estava agindo normal. Essa era uma das grandes desvantagens em morar numa cidade pequena; Se você não agir como todos os outros, você é anormal. Se fosse para ser assim, que se dane, eu ia continuar sendo anormal, pois eu nunca mudaria meu jeito para agradar os outros.

Soltei um suspiro profundo e fechei os olhos. Eu queria ser normal.

Abri os olhos lentamente, piscando algumas vezes, e estiquei os braços para me espreguiçar. Levantei-me da cama e logo as consequencias de dormir de mau de jeito me atingiram com força total. Meu pescoço doía tanto quanto minha costas. Dei uma olhada costumeira no relógio preso à parede do meu quarto e quase engasguei: Era meio dia. Minha boca automaticamente formou um “O”. Eu faltara do colégio. Ai. Meu. Deus. Meus pais iam surtar. Fechei os olhos e me concentrei para ver se eu conseguia ouvir algum sinal de que havia alguém na casa, mas não ouvi nada. Então tomei um banho rápido, entrei no closet e vesti um vestido de renda azul que era aberto nas costas, meia-calça branca lisa e calcei meu lindo par de Lita Boots caramelo. Passei meu perfume Jimmy Choo e penteei o cabelo. Estava pronta.

Cheguei em Port Angeles duas e meia da tarde. Deixei o carro estacionado na livraria FairyTale e entrei para esperar o Caleb. No caminho para cá considerei seriamente voltar para casa, mas eu já estava ferrada de qualquer maneira, isso não faria muita diferença agora. Do lado esquerdo da livraria havia uma pequena lanchonete. Sentei-me em uma das cadeiras no balcão de madeira e pedi um milkshake de morango. Após alguns minutos a bebida já havia sido entregue e eu já estava quase na metade, então o vi. Ele vestia uma camisa branca e calça jeans escura. Acenei levemente para que ele viesse até mim e sorri.

– Achei que não viria. – Murmurou ele.

– Considerei não vir, admito. Mas aqui estamos nós. – Terminei de beber meu milkshake enquanto o fitava com um olhar curioso.

– Eu trouxe um amigo, se não se importa. Ele... – Começou ele, no mesmo momento em que um homem ligeiramente magro e de cabelo castanho claro parava ao seu lado apoiando uma mão no seu ombro amigavelmente.

Arqueei as sobrancelhas e mordi o lábio com a repentina aparição do cara estranho. Ele tinha uma barba por fazer e um sorriso diabólico nos lábios. Os olhos eram azuis brilhantes, quase maravilhado, como se estivesse vendo um animal curioso e exótico no zoológico.

– Klaus Mikaelson, ao seu dispor, milady. – Disse o homem com um sotaque britânico enquanto pegava minha mão delicadamente e depositava um beijo suave ali.

Acompanhei seu gesto com um olhar curioso. De onde esse homem viera? Em que lugar do mundo os homens cumprimentavam as mulheres assim nos dias atuais? Que homem curioso. Esbocei um sorriso tímido e cruzei as pernas, sentando-me ereta, antes de me apresentar. Ele quase fez eu me sentir como uma verdadeira dama do século XIX.

– Sou Renesmee Cullen. É um prazer conhecê-lo. –

Ele balançou a cabeça negativamente para mim e sorrio. Um sorriso que me fez sentir ondas de arrepio na espinha. Lancei um olhar indagador para Caleb, que parecia um robo enquanto fitava o nada. Sem pensar, olhei discretamente a minha volta, mas até onde pude ver estávamos sozinhos na lanchonete, exceto pela moça lavando pratos na cozinha do local. Engoli seco.

– O prazer é todo meu, love. Acredite. – Respondeu ele sombriamente.

Caleb começou a falar rápido em uma língua que eu desconhecia enquanto me encarava fixamente. Ele parecia estar entoando. Aquilo era latim? Pulei bruscamente da cadeira alta em que estava, batendo a mão no copo vazio de milkshake e fazendo-o explodir no chão em mil pedaços de vidro. Recuei tentando me esquivar de Caleb e Klaus, mas o homem já estava cima de mim, com as mãos na minha garganta. Arregalei os olhos em terror e tentei gritar. Nada. Seu rosto foi mudando e ficou cheio de veias saltadas, principalmente embaixo dos olhos, que eram de um amarelo vivo. Ele possuía presas, mas não eram presas de um vampiro comum. Senti como se meu cérebro estivesse se fechando, então um apito muito agudo e muito alto começou a soar dentro da minha cabeça. Me debati do jeito que consegui e ele me soltou, então eu cai no chão de mármore com ambas as mãos cobrindo os ouvidos, porém sabia que era tarde demais quando minha visão foi escurecendo e o apito diminuindo, eu ofegava e tentava me mover, mas minha consciência já estava me deixando.


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