A Lua Cheia (HIATUS) escrita por Breh


Capítulo 15
Capítulo 15 - Prisioneira




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Gotas. Era isso mesmo que eu estava ouvindo? Barulho de gotas ecoando pelas paredes. Não queria abrir os olhos. Minha cabeça latejava cada vez uma gota caia no chão. Aos poucos fui abrindo os olhos, piscando algumas vezes até minha visão voltar ao normal. Estava tudo tão escuro, mas não era por causa da minha visão. Meu pescoço fez uma barulho de engrenagem enferrujada quando ameacei virá-lo para olhar para os lados e eu gemi baixinho. Encostei a cabeça no que parecia ser um pilar de pedra e tentei me lembrar do que havia acontecido antes de eu apagar. Telefonema do Jacob? Meu Deus, a Emily havia ganhado o bebê. No escuro, um sorriso havia aparecido em meus lábios. Mas espera, não era só isso… A livraria. É claro! Aquele maldito traidor do Caleb. Aquele grande filho de uma…

— Ah, você acordou! — Disse uma voz que vinha do lado oposto do local.

“Tem mais alguém aqui?”

Meu coração quase rasgou meu peito quando pensei em Klaus. Aquela criatura repugnante e malvada. Mas aquela com certeza não era sua voz. Eu jamais esqueceria do tom tranquilo de sua voz, quase melódico, com aquele sotaque britânico tão frio quanto delicioso.

Minha cabeça ainda pulsava e cada pulsação era uma pergunta sem resposta.

— Você é um deles? — Perguntei.

— Não! Eu pareço ter sotaque britânico para você? — E riu secamente. — E aliás, aparentemente só o Klaus está na cidade, por enquanto. — Completou.

— O que quer dizer com isso? — Minha voz soava trêmula, apesar de eu tentar controlá-la.

— Quero dizer que os outros Originais devem ter continuado em Nova Orleães, porque não deram as caras aqui até agora. — Ele falava com tanta naturalidade, como se já conhecesse essas pessoas.

— Eles são seus amigos? —

— O que? — Ele parecia incrédulo. — Acha que eu ia estar preso aqui se fossem meus amigos? —

Suas palavras me alarmaram. Fiquei de joelhos e tentei me levantar, mas fui puxada bruscamente para trás por correntes presas nos meus pulsos. Arfei e me sentei novamente no chão gelado. Ok, agora eu estava realmente em pânico. Não tinha a menor ideia de onde estava, não enxergava quase nada e estava presa em correntes grossas.

— Você está hiperventilando. — Observou ele. — Não precisa surtar. Todos nós estamos acorrentados. —

Selei os lábios um no outro e fechei os olhos. Contei até vinte mentalmente. Minha respiração foi se estabilizando aos poucos e engoli o choro. Eu não choraria na frente de estranhos. O garoto não estava demonstrando fraqueza. Eu sempre demonstrava fraqueza. Era estranho como eu percebia meus defeitos logo nas horas mais improváveis. O garoto dissera “nós”, ou seja, havia mais pessoas presas ali. Aquele lunático havia sequestrado várias pessoas. O que diabos ele queria?

— Sophie está dormindo. — Explicou. — Ou está morta. Não sei. E chegou mais alguém algumas horas depois de você, mas não sei quem é, deve estar desmaiado. — Senti algumas ondas de preocupação em sua voz enquanto ele falava.

— Conhece todos aqui? —

— Não. Conheço o Klaus porque é um desgraçado que invadiu Mystic Falls junto com as pragas dos outros Originais. — Disse ele com amargura. — Quando finalmente pensávamos estar livres dele… — Sua voz falhou.

— Tyler? — Veio uma voz de algum lugar ao longe na sala.

Ouvi a respiração do garoto mudar e agora ele parecia alarmado.

— Elena? — Sua voz era alta. — A Caroline está aqui? Você a viu? Sabe onde estamos? — Uma cachoeira de perguntas não parava de sair de sua boca.

Todos eles pareciam se conhecer se algum lugar, fazendo eu me sentir como se estivesse de penetra na festa deles. Soltei um suspiro inaudível e abracei minhas pernas, apoiando meu queixo nos joelhos. Mais do que tudo eu desejava que Jacob estivesse aqui. A culpa pressionava meu peito e eu queria fugir de tanta vergonha. Por que eu me afastara tanto da minha família quando tudo o que eles queriam era me proteger? Por que duvidei de Jacob?

Mais uma vez eu quis chorar. Agora ele nunca saberiam onde me encontrar porque me afastei deles. Nem sequer deixei um bilhete para avisar onde eu tinha ido ou me dei ao trabalho de fazer uma ligação de trinta segundos. Essa não era eu. Eu não era assim.

“Eu vou morrer aqui.” Gritava em meus pensamentos. “Eu vou morrer em um lugar imundo e cheio de estranhos, provavelmente nunca encontrarão meu corpo.”

Pensei em Jacob. Em seu sorriso alegre enquanto ele atirava pedrinhas na minha janela incansavelmente até que eu saísse. E em mamãe, que sempre se preocupava comigo e em tudo o que ela arriscou quando decidiu que iria ter o bebê quando estava grávida de mim. Papai, sempre brincalhão do seu próprio modo e em todos os momentos que passamos quando ele me ensinava a tocar piano, e no modo como ele olhava para mamãe, como se nada no mundo fosse mais lindo, fascinante e digno de seu amor.

“Talvez eu mereça tudo isso.”

— Garota! — Gritou Tyler. — Está me ouvindo? — Ele parecia furioso.

— Tyler! — Repreendeu Elena. — Qual é seu nome? — Perguntou ela.

— Nessie. — Respondi. Eu não falaria meu nome todo.

— Nessie, eu sou Elena. — Apresentou-se. Ela parecia calma. — Sabe onde estamos? —

— Não sei. Eu sou de Forks, mas provavelmente nem estamos mais lá. — Sabia que estava soando desesperançosa, mas o que mais eu poderia fazer? — Onde fica Mystic Falls? — Indaguei.

— Fica na Virgínia. — Respondeu Tyler, impaciente. — Você deve ser a humana que ele vai usar no ritual. — Comentou.

— Que ritual? — Gritei. — E eu só sou meia humana. Uma híbrida. E… Espere um pouco. — Eu queria me levantar e andar de um lado pro outro. Queria que minha visão noturna não fosse tão limitada. — O que vocês são? —

— Wowowow! Como assim é meio humana? Isso não existe! — Exasperou-se o garoto, ignorando completamente minhas perguntas. — Isso está ficando ridículo! Por que o Klaus não nos mata de uma vez? —

— Você não me conhece Sr. Irritadinho, então não fale assim comigo. — Meu tom era firme. — Minha mãe ficou grávida de mim quando era humana. Meu pai é um vampiro. Sei que não é comum, pois até hoje só conheci outro garoto como eu e ele é da América do Sul. — Resumi.

— O Damon me disse certa vez que vampiros não podem procriar. — Murmurou Elena para ninguém em particular.

— Não os vampiros da sua espécie. — Uma terceira voz feminina entrou na conversa.

Ouviu-se um barulho de algo se arrastando e então um gemido.

— Ouvi histórias sobre híbridos meio humano e meio vampiros dos meus avós, mas a última vez que houve um foi há séculos. — Contou ela numa voz arrastada. — Não é tão simples quanto pensam. Houve inúmeras tentativas, mas em 98% dos casos o feto não sobrevive. Nem a mãe. — A mulher pareceu engasgar por alguns segundos, mas tomou fôlego com alguma dificuldade e continuou. — Você é um caso raro, garota. Sinto muito se te coloquei nessa situação. Não achei que o Klaus soubesse algo sobre sua espécie. —

Ela parecia ser sábia, provavelmente era uma vampira. Também não parecia estar nada bem, devia estar doente por causa desse lugar.

— Você deve ser a Sophie. Meu nome é Nessie. — Apresentei-me pela segunda vez. — Também é de Mystic Falls? —

— Sou de Nova Orleães, é lá que está a fonte do meu poder, por isso não posso praticar magia aqui. — Respondeu.

— Magia? — Eu estava hesitante.

Quantas espécie existiam nesse mundo? Bruxas, vampiros, híbridos, lobisomens… Minha cabeça ia explodir a qualquer momento. Mas talvez fizesse sentido eu não saber sobre essas coisas, afinal, eu nunca fora muito mais longe que Seattle. Será que os Cullen sabiam disso? Será que os Volturi sabiam disso?

— O que vocês são? — Repeti a pergunta anterior.

— Sou híbrido de vampiro com lobisomem. Elena é uma vampira e doppelganger. Sophie é uma bruxa. — Tyler parecia entediado e impaciente.

Resisti ao impulso de perguntar quem era Caroline e se ela era o motivo de sua aflição. O garoto era detestável, como alguém conseguia aturá-lo? E o que diabos era uma doppelganger? Nem me atrevi a perguntar por temer a resposta.

— Sophie, você disse que isso era sua culpa. — Comecei. — Por quê? —

— Porque eu executei um feitiço de ligação no Klaus e no seu inimigo Marcel para acabar as disputas de território no French Quarter, mas ele está dando um jeito de reverter o feitiço. Só falta… — Ela suspirou.

— Falta o que? — Foi Elena quem falou dessa vez.

— A Lua Cheia. — Sua voz soou como um lamento.

Silêncio.

Um barulho de pedras rolando ecoou pelas paredes como um trovão e senti o chão vibrando debaixo dos meus pés. Segurei firmemente no pilar que estava encostada e olhei para todas as direções possíveis. Não havia como identificar de onde vinha o barulho. De repente ouvi uma voz, mas não entendi o que dizia. Um último estrondo de pedra caindo e dois homens entraram no local segurando lampiões. A luz repentina quase me cegou. Não me movi um centímetro, com medo de ser notada, mas meu coração que batia tão rápido quanto as asas de um beija-flor me denunciava.

— Uma caverna? Sério? — Falou o primeiro homem sarcasticamente.

— Stefan! — Sussurrou Elena jogando-se nos braços do homem mais alto.

Minha mente vagou até Jacob e eu quis correr.

— Quem é essa? — Perguntou Damon apontando o dedo para mim.

Minhas presas apareceram por instinto e rosnei para ele. Se ele chegasse perto de mim eu rasgaria sua garganta.

— Uh, ela é agressiva! — Ele continuava aproximando-se de mim. — Adorei! — Seu sorriso era sedutor e eu quase acreditei que ele não era ruim.

— Damon! — O homem que abraçava Elena o chamou quando ele estava prestes a falar alguma outra coisa para mim.

Damon revirou os olhos e virou-se para Stefan lentamente como quem diz “Você sempre estraga minha festa.”

— Estão presos em correntes. — Stefan preocupou-se.

— Já tentei tirar e não consegui. Boa sorte para vocês! — Murmurou Tyler do outro lado da Caverna.

Isso chamou a atenção de Damon, que se virou para ele com uma expressão de desgosto. Estava começando a me simpatizar com esse cara.

— Imbecil Lockwood, quase me esqueci que também estava aqui. — Comentou ele sem tirar o sorrisinho dos lábios. — A propósito, sua namorada nocauteou o bruxo que estava de guarda. Belo gancho de esquerda. —

— Caroline está aqui? E você a deixou sozinha lá fora? — Gritou ele.

O garoto enrolou as correntes duas vezes nas mãos e as puxou para trás com um rosnado. Suas presas foram aparecendo e seus olhos brilharam. O chão de pedra começou a se rachar, mas as correntes não saíram imediatamente. Stefan, vendo a dificuldade do garoto, aproximou-se agarrou as correntes ajudando-o a puxá-las para fora do chão.

Observei-os trabalharem com a boca ligeiramente aberta. Era uma mistura de músculos e grunhidos que quase fez eu me abanar, se eu não estivesse praticamente mijando nas calças de angustia. Elena observava a porta com uma expressão de pavor. Olhei para a direção que ela olhava e entendi sua reação. Era Caleb.


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