MAIO 2011

- você está terminando comigo, é isso? – perguntei sem querer escutar a resposta.

- Liam, você tem que me entender....

- entender?! – disse percebendo meu tom de voz subir um pouco – então me explica, Samantha, porque eu não estou entendendo o motivo de você terminar comigo! – abri os braços e vi a garota á minha frente encolher um pouco os ombros, mas continuar com a voz forte.

- você acha que é fácil para mim, Liam?

- deve ser não é? – coloquei as mãos na cintura – afinal é você quem está terminando!

- é só que... – lágrimas começaram a encher seus olhos verdes – Liam, isso não está fazendo bem a nenhum de nós, ta bom?

- isso o que? – quase gritei.

- esse namoro a distância! – subiu seu tom de voz e eu joguei meus braços para o alto – você acha que é fácil te ver só uma vez por mês, Liam?

- eu não acredito que você tá falando isso... – balancei a cabeça negativamente e ouvi ela continuar como se nem tivesse me escutado.

- tirando que eu mal saio de casa nos fins de semana para poder conversar com você no Skype e...

- então agora a culpa é minha?!

- me deixa terminar, Liam!

- não, Samantha! Vai direto ao ponto: o que você quer com tudo isso?

- eu só acho que... talvez a gente deveria dar um tempo. Sei lá... eu tenho que tentar seguir a minha vida lá, Liam, ainda mais agora que Rob está pensando em ficar lá até a faculdade...

- ah, por favor, Samantha!

- para de me chamar de Samantha! Você só faz isso quando está bravo... – disse a segunda parte um pouco mais baixo, como que para si mesma apenas.

- e como você acha que eu estou me sentindo?! – abri os braços mais uma vez e hesitei por um momento antes de continuar – você prometeu que iria tentar...

- e eu tentei, Liam! Mas não deu certo, não está dando certo!!

- é claro que está!

- não! Não está, porque eu tenho que ir a uma terapeuta a cada quinze dias, e eu choro a maioria das noites quando penso em você e eu não consigo fazer amigos direito, praticamente não saio de casa... isso não está me fazendo bem, Liam. Nós não está me fazendo bem! – sua voz, alterada tanto por causa do tom quanto pelas lágrimas que escorriam livremente pelo seu rosto, ecoava pelo quarto vazio da casa de Eleanor – eu sinto muito... – disse dando um passo em minha direção, mas dei um passo para trás no mesmo instante.

- não, você não sente, Sam – observei-a apertar os olhos e morder o lábio interior – eu acho que... – caminhei até a cama e peguei o buquê de flores que tinha levado para ela: rosas chá, suas preferidas – eu acho que você não vai precisar disso – balancei o buquê nas mãos – afinal, isso vai te lembrar de nós, e nós te faz mal, não é? – disse olhando em seus olhos e então saí pela porta.

LIAM’S P.O.V.

- a gente não precisa ir, de verdade, Sammy... – disse abraçando-a por trás enquanto ela segurava um cabide com um vestido em sua frente, olhando-se no espelho.

- Liam, ela chamou vocês três semanas atrás, e vocês prometeram que iriam...

- eu não estava em um dia muito bom, concordei sem querer... – dei de ombros.

Um sorriso brincou em seus lábios, e então colocou outro vestido à sua frente.

- não tem problema, Liam, de verdade. Tirando que todos estão tão animados, que se dissermos que não vamos, são capazes de não falarem com a gente por uma semana – virou-se e passou os braços pelo meu pescoço.

- Niall está indo só pela comida, podemos convencê-lo de não ir – dei de ombros.

- boa sorte com isso! Ele sabe até o nome de quem vai cozinhar, parece ser alguém famoso – levantou as sobrancelhas.

- tudo bem! A gente vai! – joguei minha cabeça para trás, cedendo, e ela sorriu, ficando na ponta dos pés para me dar um beijinho.

Desci e me joguei no sofá ao lado de Hazza, que estava vendo Grey’s Anatomy.

Pelo o incrível que pareça Sam estava certa: todos estavam realmente animados para a festa de hoje anoite. Os pais de Rebeka iriam fazer uma festa para comemorar os 25 anos de casados, e ela tinha feito questão de que fôssemos.

Talvez “animados” não seja a palavra certa. Todos estavam era curiosos em como seria a festa, afinal, pelo o que sabíamos ao menos, a família de Rebeka era muito (muito!) rica.

Lou chegou com os ternos que tinha ido buscar na lavanderia e sorriu ao nos ver no sofá, largando as roupas no primeiro lugar que viu e vindo se sentar conosco.

Não demorou muito, Ellie e Sammy estavam mandando que nos arrumássemos. Subi e tomei um banho quente e demorado e, ao seguir até o quarto para me trocar, logo depois, encontrei meu terno (que deveria estar esticado em cima da cama) pendurado na porta fechada com um pequeno bilhetinho colocado dentro do bolso.

“ Arrume algum lugar para se trocar, estou muito ocupada usando seu quarto!”

Sorri involuntariamente e peguei o cabide, indo até o quarto de Harry, que estava vazio.

Não demorou muito e estávamos os cinco na sala, esperando as duas donzelas terminarem de se arrumar.

- vamos? – escutei a voz de Eleanor vindo da escada e me virei para vê-las, assim como os outros fizeram.

Sammy estava simplesmente perfeita e eu não conseguia tirar meus olhos dela, sorrindo, muito provavelmente, que nem um idiota.

os garotos foram indo em direção à porta, já decidindo sobre como nos dividiríamos pelos dois carros e andei devagar até Samantha, tentando olhar cada detalhe daquela menina parada à minha frente.

Sorri ao chegar perto o bastante e agarrei sua cintura, puxando-a em minha direção e juntando nossos lábios.

- para! – riu enquanto tentava se desvencilhar de mim – você vai estragar minha maquiagem! – deu alguns tapas em meu peito enquanto eu fingia tentar beijá-la.

Alguém tossiu na porta (que percebi ser Harry assim que me virei) e então peguei sua mão, puxando-a até o carro que estava parado ao lado de fora da casa, pronto para nos levar à festa.

SAMANTHA’S P.O.V.

Assim que chegamos percebi que o lugar onde seria a festa (era a casa de um dos avós de Rebeka) era o maior lugar que eu tinha visto e entrado em toda a minha vida.

Vi que não era a única a achar isso ao olhar para o lado e ver todos os outros seis boquiabertos olhando para o casarão branco assim como eu.

Liam pegou minha mãe e me puxou em direção à entrada iluminada com uma luz de tom alaranjado. Observei os enormes vasos de flores, um em casa lado da porta branca trabalhada com detalhes dourados, e sorri para o segurança ao nos deixar entrar.

- sou só eu que estou me sentindo em um filme? – perguntei baixinho a Ellie ao entrar e ficar ainda mais espantada com o salão da casa.

- sou só eu que estou achando que não viemos vestidas apropriadamente? – ela mandou a pergunta de volta para mim e percebi, ao olhar pela primeira vez as pessoas do salão, que a maioria das mulheres estavam de vestidos longos (e lindo), e fazendo sentir em uma festa do Oscar, ou alguma coisa parecida.

- eu achei que não viriam mais! – Rebeka apareceu com um enorme sorriso no rosto e, para a minha alegria, seu vestido não era longo.

- e você achou que fôssemos perder isso? – Zayn disse abrindo os braços e deu alguns passos para cumprimenta-la.

A loira sorriu e cumprimentou os outros (demorando um pouco mais que o necessário com Liam, mas, claro, essa era só a minha opinião). Assim que chegou para abraçar a Eleanor e a mim, percebi o quando estava bonita: seu vestido branco trabalhado em pedras no bustiê, caia perfeitamente em seu corpo e realçava todas suas curvas até chegar na cintura e abrir-se, tornando-se rodado. Sua maquiagem e cabelo estavam impecáveis e senti-me envergonhada por não ter feito nada de diferente no meu.

Percebi, pela primeira vez, que eu me sentia intimidada por aquela garota.

Ela nos levou até a mesa que estava com as plaquinhas de nossos nomes e pediu licença para ir cumprimentar outros convidados.

- eu estou realmente encantada com tudo isso – Ellie olhava em volta e Louis ria da sua felicidade.

- se eu soubesse que Rebeka era tão rica, acho que teria roubado ela de você, Liam – Harry chegou para frente  e disse baixinho, fazendo o moreno rir.

- fique à vontade, Hazza. Ela é toda sua! – levantou o copo de água como que brindando e Harry fez o mesmo.

- onde será que estão as bebidas de verdade? – Nialler perguntou olhando para seu copo.

- tem um bar logo alí, Niall – Lou disse apontado com a cabeça para a parede à nossa esquerda.

- ótimo – o loiro se levantou sorrido – e é bem do lado da cozinha! Vou ver se aproveito para ver se encontro o Cheff Hallow. – dei uma risadinha e observei-o caminhado e ajeitando a gravata.

- vamos dar uma volta também – puxei Eleanor pela mão.

- se acharem alguma garota bonita, me mandem uma mensagem – Zayn piscou em nossa direção e mostrei a língua para ele, enquanto Ellie revirava os olhos.

Demos uma volta pelo salão e pegamos alguns salgados chiques que um garçom servia.

Paramos perto de uma janela e ficamos conversando olhando a vista: como a casa ficava em um dos pontos mais altos da cidade (e mais longes também, já que tivemos até mesmo que pegar uma pequena estrada para chegar até alí), podíamos ver todas as casas e ruas iluminadas.

- mal consigo esperar para nos formáramos para vim morar com os meninos – Ellie disse pensadora e eu sorri.

- eu mal acreditei quando falaram que tinham pegado uma casa com um quarto a mais só para quando viéssemos morar aqui – sorri também.

- pois eu não sei pra quê, já que eu vou ficar no quarto do Lou e você poderia muito bem ficar no quarto do Liam.

- é, conta essa ideia para os nossos pais agora – levantei a sobrancelha e ela hesitou um momento.

- é, você tem razão... – deu um gole no champanhe em sua mão e, depois de olhar para o copo perguntou – será que eles sabem que somos menores de idade?

- e você acha que em festas chiques assim eles se preocupam com isso? – olhamos uma para a outra e então começamos a rir. Sem motivo aparente, talvez apenas pelo fato de que estarmos em uma festa daquelas era um pouco surreal.

- e aí, estão gostando? – Rebeka apareceu atrás de nós e sorri em sua direção.

- sim, esse lugar é incrível – Ellie disse.

- e está tudo maravilhoso – sorri – principalmente o vestido da sua mãe – apontei com a cabeça para onde ela estava, com seu vestido sereia todo trabalho em pedras, só que, ao contrário do de sua filha, as pedras acompanhavam o pano até o chão; devia ter custado uma fortuna – estou apaixonada com ele.

- não é perfeito? – disse dando uma olhada também – já falei que ela vai ter que me emprestar um dia – deu uma risadinha e pegou um salgado com o garçom que passava.

- acho que vou procurar o Louis, cansei de conversar com você – Ellie disse me olhando feio de brincadeira e eu ri.

- eu também tenho que achar o Liam. Não faço ideia de onde esteja – disse dando uma espiada na mesa e vendo apenas Harry e uma garota morena.

- você não sabe onde seu namorado está? – Rebeka pareceu surpresa.

- hmmm. Não... – disse estranhando seu comportamento.

- nossa – ela deu uma risadinha  e eu olhei para Eleanor, que parecia quase tão surpresa quando eu – talvez você deveria tomar mais conta dele – sorriu de um modo que eu não gostei.

- o que você quer dizer com isso? – minha voz saiu seca enquanto eu levantava uma sobrancelha.

- eu quero dizer que o Liam é bonito, gentil, engraçado, um verdadeiro cavalheiro.... – hesitou por alguns segundos – que tipo de garota não ia querer ter ele como namorado?

- eu sei das qualidades do Liam, você não precisa me dizer elas – disse dando um passo em sua direção.

- por isso mesmo – disse levantando uma sobrancelha – você não é única que sabe, então aconselho que abra os olhos pro namorado incrível que você tem, e para as garotas que querem tomar o seu lugar. É só você perguntar pra ele, e ele vai te dizer coisas que você nem imagina...

Encarei-a pelo o que pareceu uma eternidade, mas não deve ter passado de alguns poucos segundos.

- agora, se me dão licença – sorriu para nós duas e saiu.

- você escutou aquilo? – perguntei com o tom de voz um pouco alterado e Eleanor segurou meu braço.

- calma, ok? ela é só umazinha qualquer...

- não importa quem ela é! – disse um pouco mais alto e Eleanor me puxou porta afora até um jardim que tinha ao lado da casa – quem ela acha que é para falar daquele jeito comigo sobre o Liam?!

- ei, o Liam não te trocaria por ela nunca!

- não importa Eleanor! – praticamente gritei e agradeci mentalmente pela música do lado de dentro estar alta e abafar minha voz – ela está me desafiando!

- olha, eu também percebi que ela dá em cima do Liam quando ela foi jantar lá em casa ontem anoite, mas isso não é motivo para você ficar tão nervosa! Não é como se você não tivesse passado por isso antes.

- só que dessa vez é diferente, Ellie, ela mora aqui, perto dele, é bonita, rica...

- ei, ei ei! – disse pegando meu rosto entre suas mãos e me fazendo olhar para ela – você confia no Liam?

- claro que confio!

- então, Sam! É isso que importa! – sorriu e soltou meu rosto, pegando minhas mãos – agora vai lá dentro, pega o seu namorado e mostra para aquela loira aguada quem é que manda – sorriu e eu fiz o mesmo.

Entrei mais confiante no salão e fui à procura de Liam, encontrando-o perto do bar, com os meninos.

- ei, eu estava te procurando! – disse olhando para mim – onde você estava? – colocou as mãos na minha cintura e eu coloquei as minhas em seu pescoço.

- estva dando uma volta com a Ellie – sorri.

- e desde quando você me troca pela Eleanor, posso saber? – levantou uma sobrancelha.

- desde quando eu sou mais legal – a morena disse se encostando ao nosso lado no bar.

- eu já te achei, não é? é isso que importa – sorri e juntei nossos lábios.

Senti que ele me puxava para mais perto e sorri entre o beijo. Eleanor tinha razão, eu não tinha motivo para me preocupar. Eu amava Liam, e ele me amava.

- ei, ei! Estamos em um lugar público! – Zayn disse nos afastando e rindo.

Sorri e dei mais um beijinho rápido em Liam, que sorriu em minha direção.

- o que foi esse beijo de repente? -  sussurrou em minha orelha e eu dei de ombros.

Ficamos conversando encostados no bar até que anunciaram a dança que os pais de Rebeka teriam.

- Liam! – ela chegou quase desesperada perto de nós – por favor me ajuda! – juntou as mãos em súplica.

- em o que, Beka? – espera aí... Beka?

- o meu primo que ia dançar comigo sumiu, acho que foi embora com a namorada para Deus sabe onde. E eu estou sem par. E eu tenho que dançar isso com meus pais!

- você não tem nenhum outro primo aqui? – Eleanor levantou uma sobrancelha e Rebeka olhou feio para ela.

- todos os que estão aqui já tem pares com alguma de minhas primas... por favor, Liam! Eu estou de implorando!! – pegou em suas mãos e senti Niall passar a mão pela minha cintura, provavelmente se preocupando antecipadamente de me segurar caso pulasse no pescoço daquela garota.

- eu... – Liam limpou a garganta e olhou em minha direção, como que se perguntado se podia. Limitei-me a dar de ombros e ele olhou para loira desesperada à sua frente – tudo bem – soltou o ar pesadamente – estou te devendo uma de qualquer forma...

-  ai, muito obrigada! – sorriu e deu alguns pulinhos – você salvou a minha noite! Vamos... – já ia puxá-lo quando ele se virou para mim e deu um beijinho em minha bochecha, sorrindo logo após.

Acompanhei-os com o olhar e então um silêncio anormal se instalou entre os que ficaram comigo perto do bar, como se esperasse o que eu fosse fazer.

Puxei Nialler pelo braço até onde as pessoas se reuniam para ver a dança e ele apertou minha mão e deu-me um beijinho na bochecha assim que Rebeka entrou com Liam e todos bateram palmas.

- só fica calma, tá bom? – disse e eu apertei sua mão, vendo o quanto Rebeka sorria para Liam enquanto conversavam durante a dança. Os dois pareciam mais perto do que o necessário, e, assim que a  música acabou, todos bateram palmas e Beka deu um abraço apertado em um Liam sorridente, saí de lá, deixando Niall chamando meu nome.

Peguei  mais um champanhe com um garçom que encontrei no caminho e virei a taça de uma só vez.

- eu não sabia que Rebeka estava namorando –  escutei uma senhora falar com outra, alguns passos à minha frente.

- ah, não! Aquele não é o namorado dela, parece que são só amigos... – a outra disse – eu até o vi com uma outra garota, acho que a verdadeira namorada. Uma gracinha de menina...

- ah... – a primeira disse de uma forma que me fez imaginar se não estava com dó de mim, a verdadeira namorada, por causa daquela dança.

Vi de longe Rebeka puxando Liam pela mão para cumprimentar algumas pessoas e caminhei até eles.

- ei, eu estava te procurando! – sorri e puxei a outra mão de Liam, fazendo que Rebeka soltasse ele.

- eu já estava indo atrás de você também – disse com um sorriso sem graça pelo fato de todos terem parado e olhado para nós dois.

- parece que te achei primeiro – sorri e dei-lhe um beijinho – ah, desculpe, sua amiga estava te apresentado pra família dela? – disse olhando para Rebeka, e, ao voltar o olhar para ele, vi que me olhava de um jeito estranho – me desculpe, eu não queria atrapalhar – disse com um sorriso torto – mas será que você pode me emprestar ele rapidinho?

- claro – Rebeka quase cuspiu a palavra e Liam me puxou para longe.

- o que foi isso?

- isso o que? – fingi de desentendida e ele balançou a cabeça negativamente, desaprovando meu comportamento com se ele fosse o pai e eu a filha.

- você chegou toda mal educada lá, Sam!

- bom, não sou eu que estou pagando de namorada de um menino comprometido não é? – coloquei as mãos na cintura e ele me olhou confuso.

- mas do que é que você está falando? – balancei a cabeça negativamente não conseguindo acreditar na tamanha cegueira de Liam e saí andando – ei! Onde você vai? – perguntou segurando meu braço e me virei para ele.

- embora. Não estou mais a fim de ficar aqui... – dei de ombros.

- embora?

- é. vou ver se algum dos meninos me leva, ou eu chamo um taxi.

- eu te levo – me olhou como se essa opção fosse a mais obvia.

- não precisa, Liam. Você parece estar se divertindo bastante. Não quero estragar a sua noite – disse um pouco irônica e saí andando novamente.

Não tinha dado nem cinco passos quando ele segurou em meu braço de novo.

- você não vai estragar nada... – estreitou os olhos – eu... eu vou só pegar a chave que eu deixei na bolsa de Ellie e já volto – disse e saiu em direção ao bar enquanto eu caminhava lentamente até a porta.

Entramos no carro e ficamos os primeiro cinco minutos em silêncio; eu olhava pela janela, mas podia ver que ele desviava o olhar em minha direção algumas vezes.

- você está brava... – quebrou o silêncio.

- não estou brava – disse sem tirar os olhos das árvores que passavam ao lado de fora – estou chateada... – disse depois de um tempo.

- chateada porque?

- você realmente não percebe, não é, Liam? – olhei incrédula para ele – a Rebeka é louca por você!

- o que? – deu uma risadinha – a única louca aqui é você por pensar isso...

- e eu não sou a única que penso isso, só pra você saber!

- o Niall não conta, você sempre convence ele do que quer... – disse com um sorriso brincalhão.

- eu não estou brincando, ok? – disse virando meu corpo em sua direção e sentindo o cinto arranhar meu pescoço devido ao movimento brusco – eu fiz o maior papel de boba nessa festa deixando você dançar com ela!

- foi só uma dança, Sammy... – disse um pouco mais sério dessa vez.

- não, não foi! Eu escutei duas senhoras praticamente com dó de mim ao descobrirem que ela não era a sua verdadeira namorada!

- o que? – juntou as sobrancelhas.

- você não viu a dança, Liam. Não tem noção do quanto vocês dois pareciam um casal... e depois ela ainda sai puxando a sua mão para cumprimentar a família? Ah por favor, né! ... e o pior: você segue ela sem nem ligar, não é?

- Sam, você não acha que está exagerando um pouco?

- qual é, Liam! – disse um pouco mais alto dessa vez – não é possível que você nunca duvidou se ela queria realmente só a sua amizade!

- ela nunca me deu motivos pra isso... – disse começando a alterar um pouco a voz também.

- ah é mesmo? Pois ela me deu motivos pra duvidar! – aumentei mais a voz.

- e o que foi que ela disse? – pareceu um pouco preocupado.

- disse que eu devia ficar de olho em você, porque tinham muitas garotas que daria qualquer coisa pra estarem no meu lugar...

- Sam, isso não quer dizer que ela está...

- você não olhou nos olhos dela quando ela disse isso, Liam! – cortei-o e ele balançou a cabeça negativamente.

- eu não acredito que você está fazendo isso de novo...

- isso o que? – perguntei confusa.

- dando crise de ciúmes – falou um pouco mais nervoso – você sabe que eu odeio quando você faz isso, Samantha!

- Liam... – comecei mas ele pareceu nem escutar.

- nós já conversamos sobre isso muitas vezes – seu tom de voz subiu mais ainda – você prometeu que ia parar...

- nós não conversamos não, Liam!

- claro que con...  – ele parou e alterou seu olhar entre a estrada e meus olhos por algum tempo – é claro que não conversamos – soltou uma risada curta pelo nariz – e isso é tão típico de você...

- sabe o que me irrita? – disse em um tom mais seco e não esperei por sua resposta – o fato de que você se lembra do nosso relacionamento antigo e eu não, que você sabe todos os meus defeitos como namorada e eu ainda estou aprendendo os seus...

- eu não posso fazer nada pra mudar isso, Samantha... – disse seco olhando para a estrada

- eu não estou pedindo pra mudar. Estou pedindo para entender...

Ficamos em silêncio por alguns minutos.

- só tira essa ideia da cabeça, ok? – ele disse dando uma olhada em minha direção e eu balancei a cabeça negativamente.

- não dá. Não dá pra ver uma garota dar em cima de você e ficar quieta!

- Samantha, por favor... quantos anos você tem?

- ela mandou te perguntar... – falei de repente lembrando de suas palavras – ela mandou eu te perguntar e você iria me contar coisas que nem imagino... – juntei as sobrancelhas e olhei em as direção.

Ele pareceu hesitar por alguns segundos e então falou sem nem ao menos olhar meus olhos.

- ela disse isso é? – concordei com a cabeça.

- o que você está escondendo de mim, Liam? – disse em um tom de voz um pouco mais baixo, talvez pelo medo de ouvir a resposta. Demorei alguns segundos para voltar a falar – você não... você não beijou ela ou algo parecido não é? – disse com uma risadinha ao final, para ele ver que eu estava apenas brincando.

Vi sua mandíbula se contrair e sua mão apertar o volante. Perdi o ar e encarei-o incrédula.

- você não beijo ela, não é Liam? – perguntei aflita dessa vez.

- eu posso explicar... – disse depois de hesitar.

- explicar? – disse sentindo as lágrimas chegarem aos meus olhos – eu não acredito que você me traiu...

- eu não te traí – disse decidido.

- claro que traiu – escutei minha voz em quase um grito antes que eu pudesse segurar.

- Sam, deixa eu explicar, tá bom? – diminuiu a velocidade para poder olhar para mim mais vezes – eu estava bêbado...

- ah claro, a velha desculpa da bebida – disse carregando ironia em cada palavra – isso é jogo baixo, Liam, principalmente para você, que não pode beber.

- não é desculpa, Samantha! É a verdade. – respirou fundo e então começou a falar rápido e de uma maneira que me fez pensa que, mesmo que eu o interrompesse, não iria parar de falar – foi em um dia que tínhamos meio que brigado pelo telefone e eu estava mal, no bar com os meninos e reclamando da situação para eles. Eu não parava de falar e então Zayn empurrou uma garrafa em minha direção, e assim que eu comecei a beber, percebi que de certa forma aquilo parecia diminuir a minha dor.

Respirou fundo e então continuou.

- eu nem sei como, mas fomos parar em uma festa na casa de um cara da sala de Harry, e Rebeka estava lá. Vi ela rapidamente e depois de um tempo, e mais alguns copos de cerveja, eu subi para procurar um banheiro, mas acabei entrando em um quarto – deu uma pausa e me olhou, como que para conferir se eu estava acompanhando a história. Já estávamos perto de casa nesse ponto – eu fiquei deitado lá, decidindo entre ligar ou não para você, quando a porta se abriu e alguém me chamou. “Sammy?” eu perguntei achando realmente que era você e levantei da cama “eu queria mesmo falar com você” disse mas não tive resposta. “Samantha?” perguntei mais uma vez e então a voz respondeu, disse que sim, que era você; e então eu não tive dúvida, puxei-a pelo braço e comecei a beijá-la

Senti algumas lágrimas transbordarem de meus olhos já cheios.

- mas eu juro, juro que, assim que vi que não era você eu parei de beijar a Rebeka. E é por isso que eu estava brigado com ela, porque ela fingiu ser você, porque ela aproveitou do estado que eu estava...

Olhei pela janela segurando para não começar a chorar feito uma louca na frente dele e senti que ele me olhava.

- Sam... me perdoa, por favor!

- para o carro – foi tudo que eu consegui dizer.

- o que? – ele perguntou confuso

- eu disse pra parar o carro, Liam. Agora!

- Sammy, o que você está fazendo? – perguntou ao me ver sair do carro e desceu atrás de mim um segundo depois.

- me deixa sozinha, Liam!

- eu juro que não quis beijar ela, Sam. Eu juro! Você não confia em mim? – perguntou parando na minha frente.

- eu confiava, Liam. Não mais... – disse olhando em seus olhos.

- você tem de me perdoar, Sam! – disse em um tom de súplica, segurando meus dois braços. Seus olhos já pareciam estar se enchendo de lágrimas.

Balancei a cabeça negativamente, sem conseguir mais conter as lágrimas. Soltei-me dele e saí andando em direção à casa, que ficava a um quarteirão de onde estávamos.

- Sam! – escutei ele gritar, mas continuei andando.

Entrei em casa correndo e subi para o quarto de Harry, trancando a porta logo após entrar e rezando para que ele não demorasse a chegar, para que eu pudesse deitar em seu colo e chorar, sentindo ele afagar meus cabelos e escutando ele dizer que tudo ia ficar bem.

JUNHO 2011

- meu Deus, como está frio! – Sam reclamou sentando ao meu lado na escada em frente ao pequeno prédio.

- frio? Mas você está toda encapotada! – dei uma risada ao olhá-la: estava com o casaco mais grosso que eu já tinha visto, cachecol, toca, luvas... tudo o que você consegue imaginar. Sorriu em minha direção e soprou entre as mãos – ainda está com raiva de mim?

- claro que não, cachinhos – bagunçou meu cabelo e eu lhe dei uma cotovelada.

- me desculpe por dizer aquilo tudo – puxei-a para um abraço.

- não tem problema. Eu sei que você fica dividido pelo Liam ser um dos seus melhores amigos e eu sua irmã – disse soprando entre as mãos mais uma vez.

Eu realmente ficava. Dividido, quero dizer. Afinal, eu não sabia se defendia minha irmãzinha das ações de Liam, ou se a matava por machucar meu melhor amigo.

E era por isso que eu já tinha brigado e consolado os dois.

Um taxi bem conhecido parou logo em frente ao nosso prédio e Sam levantou.

- vai aonde, mocinha? – disse observando o sol se pôr no horizonte.

- na casa de Laura. Ela tem um encontro com o Lucas e pediu que eu fosse ajuda-la – sorriu voltada para mim.

- você pediu pro Rob te buscar lá? – disse imaginando nosso padrasto dentado já de pijama em frente à tv, alguns andares acima de nós.

- não precisa. Já combinei tudo com Greg – sorriu se voltando para o motorista do taxi, um velho amigo da família.

- não se preocupe, Harry, vou cuidar da sua irmã tão bem como quando eu servia de babá para vocês – disse colocando a cabeça para fora da janela e eu sorri.

- esse é o meu medo... – disse brincando e ele riu – você acha que volta rápido? – perguntei me virando para Samantha.

- não sei – disse pensativa – porque?

- é que vai passar Castle daqui a pouco, achei que você fosse querer descobrir quem realmente matou a garota da semana passada... – dei de ombros e ela sorriu, já dentro do carro.

- vou tentar voltar antes de começar. Mas se eu não conseguir, me espera e a gente vê na internet quando eu chegar... não quero ter que escutar você a semana toda me chantageando para fazer tudo o que você quer, em troca de não me contar quem é o assassino – sorriu e então acenou com a mão.

Observei o taxi partir em direção ao sol que se punha.