JUNHO 2011

Olhei no relógio mais uma vez e, ao ver que os ponteiros marcavam oito da noite, imaginei se Sam não teria ido junto com sua amiga no encontro, afinal, ela disse que iria rapidinho e voltava, e (pior) tinha me pedido para espera-la para ver Castle!

Não aguentando mais sua demora, sentei em frente ao computador e digitei no Google o episódio que queria, já pensando em uma desculpa para não tê-la esperado para assisti-lo.

Olhei distraidamente pela janela, esperando a bendita pagina carregar, quando vi reflexos de luzes vermelhas e azuis, típicas de carros policiais, na janela. Ignorei-as completamente, fazendo até mesmo uma piadinha mental da coincidência de eu estar justamente pesquisando por um seriado policial.

Estranhei as luzes continuarem piscando depois de alguns segundos arrastados, já que não tinha nenhum sinal na esquina ou coisa assim. Imaginei o que o vizinho teria feito dessa vez, já que o casal que morava no 102 sempre ameaçava chamar a polícia para ele, mas nunca fazia. Talvez dessa vez tenha sido sério.

A campainha tocou e eu me levantei, achando isso muita coincidência.

Cheguei ao topo da escada que levava à cobertura a tempo de ver minha mãe abrir a porta para dois policias.

– Senhora Styles? – um deles (alto, moreno e com os braços da mesma largura que minhas coxas) falou e eu desci a escada mais depressa.

– sim, sou eu – mamãe sorriu e olhou de um para o outro – no que posso ajudar vocês? – outro sorriso.

– é a sua filha, Senhora.

– ah – deixou escapar uma risadinha pelo nariz – tenho certeza que deve ser um engano. Já aconteceu uma vez – sorriu e eu me lembrei de quando pensaram que minha irmã era a garota que morava no apartamento antes de nós – Sam? – gritou se virando para a escada.

– ela saiu, mãe. Foi na casa de uma amiga – disse, agora tão perto da porta quanto minha mãe.

– como assim saiu? – disse com uma pontada de pânico na voz dessa vez e então olhou assustadas para os homens fardados à sua frente.

– é exatamente sobre isso que queremos falar, Senhora. – o outro policial, um pouco mais baxo que o outro, disse – a sua filha, ela... ela sofreu um acidente.

SAMANTHA’S P.O.V.

UM ANO E MEIO DEPOIS

Desci pelas escadas, já que o elevador estava estragado (mais uma vez!) e sorri para Alejandro, meu porteiro.

– holla, Samantha – disse com seu sotaque engraçado, sempre misturando inglês e espanhol e eu sorri.

– holla. Você pediu para eu descer...

– ah, sim! – disse parecendo se lembrar – só um minuto... – disse com o polegar para cima e saiu de trás de sua mesa, colocando a cabeça para fora da porta do prédio e fazendo sinal para alguém do lado de fora.

Um carteiro (sua roupa não deixava dúvidas sobre sua profissão) entrou e sorriu para mim, procurando alguma coisa em sua enorme sacola de cartas.

– Samantha Styles? – disse ao achar o bendito pacote, depois de alguns segundos.

– sim – sorri pegando o pacote que ele estendia.

– você pode assinar aqui, confirmando que você recebeu a encomenda? – colocou uma folha em cima da mesa de Alejandro.

– nossa, é uma encomenda importante assim? – disse surpresa e Alejandro me olhou como quem diz que sou importante.

– na verdade é porque ela está atrasada. Acabou indo para a esteira errada na hora de ser enviada e já passou pelo Japão, China, Mexico, Estados Unidos, Brasil e Argentina... – disse contando nos dedos – já viajou mais até que eu mesmo – disse rindo logo depois e eu apenas sorri e olhei para baixo, com vergonha de demonstrar que tinha achado sua piada sem graça.

– nossa se fosse alguma coisa de vida ou morte... já estaria muerta! – disse Alejandro enquanto eu entregava o papel de volta ao carteiro.

– justamente! E foi por isso que entramos em contato com quem a enviou assim que vimos que ela tinha extraviado. Mas ele disse que não tinha problema em demorar. Para falar a verdade, disse até mesmo que era até melhor se fosse assim. – deu de ombros – tenham um bom dia – tocou o chapéu e saiu.

– você está pensando o que estoy pensando? – Alejandro disse se apoiando em seus cotovelos e chegando seus olhos caramelos mais perto dos meus.

– talvez... – disse incerta e virei o pacote vendo o nome de Liam impresso na etiqueta. Respirei fundo e ele tomou o pacote de minhas mãos.

– talvez... talvez não devesse abrir. Já faz mucho tempo. E você está quase esquecendo ele...

– mas eu estou curiosa! – disse tentando pegar o pacote, que ele agora segurava em cima da cabeça, onde eu não alcançava.

– tem certeza? – disse depois de alguns segundos e eu concordei com a cabeça – promete que não vai llorar depois de abrir e ler o que ele mandou.

– prometo – levantei as mãos querendo mostrar que não estava fazendo figuinha e ele suspirou, me entregando o pacote – depois venho te contar! – disse um pouco mais alto enquanto subia as escadas.

Alejandro era alguns poucos anos mais velho que eu e tinha se tornado realmente um amigo desde que eu tinha me mudado para lá. E como tinha me visto chegar chorando um dia, e eu não aguentava mais não contar de Liam para ninguém, ele sabia de toda nossa história e era como um terapeuta para mim, fato pelo qual eu sempre dizia que ele devia seguir profissão.

Sentei-me à mesa da cozinha e respirei fundo, tomando coragem de abrir o pacote. Essa decisão veio mais rápida do que eu esperava. Talvez pelo desespero de saber alguma coisa sobre Liam, já que todos tinham parado de comentar sobre ele comigo. Talvez por preferir fazer isso enquanto eu podia escutar a água do chuveiro ligado, e saber que Luce não veria o que estava fazendo.

Pelo motivo que tenha sido, rasguei o pacote e tirei de lá um embrulho e um envelope.

O papel vermelho chamou a atenção de meus olhos e o abri primeiro, encontrando um livro e uma blusa.

Hesitei por alguns segundos antes de abrir a carta. Por mais que eu tivesse gostado dos presentes, não estava acreditando que ele tinha tentado me comprar me dando eles.

“Samantha,

Não estou tentando te comprar dando esses presentes, se é isso que você está pensando. É só que... bom, é o seu aniversário, e por mais que eu tenha prometido a mim e a você (naquele recado que deixei no seu celular, mas que você não deve nem ter ouvido, ao perceber que era meu) que me afastaria de você, não consegui deixar de te mandar algo para desejar um feliz aniversário. Simplesmente porque você merece, por estar fazendo seus desejados dezoito anos.

Escutei Harry dizendo que você estava um pouco triste da ultima vez que tinha ido te ver e foi por isso que assim que vi esse livro pensei em você. Espero que ele possa te ajudar a se sentir melhor. De algum modo, pelo menos.

Só espero que não esteja triste por minha culpa, Sammy Sam. Não que eu esteja me achando por pensar que você chore por minha causa (eu não me sinto orgulhoso por isso, e também sei que você já deve ter tocado sua vida), mas simplesmente porque você não merece isso. Não merece derramar uma lágrima sequer por mim. Talvez eu só não seja a pessoa certa e você tem mesmo que me esquecer.

Só queria dizer que sinto muito pelo o que aconteceu até hoje. Eu não passo um dia sequer sem me lembrar de você. E queria que as coisas funcionassem entre nós de novo, não como um casal nem nada disso, mas como amigos. Ou pelo menos que você se sentisse a vontade para vim visitar os meninos aqui em casa, ou que pare de desaparecer nos natais ou feriados que supostamente devemos passar juntos.

Nós podemos dar certo desse jeito não é? Já demos certo uma vez. Muito certo...

Bom, era só isso que eu queria dizer. Te desejar um feliz aniversário, e que você seja muito feliz, Sammy Samantha... pelo menos um de nós tem de ser...

Eu só espero que o endereço esteja certo, ninguém quis me falar, então tive que procurar nas coisas de Harry enquanto ele não estava em casa. Mas não se preocupe, não é como se eu fosse aparecer aí na sua casa de repente para te fazer uma surpresa ou alguma coisa assim hahaha.

Desculpe a carta estar rabiscada, mas é que eu só consegui escrevê-la depois de alguns copos de cerveja (que eu sei que não deveria estar tomando, por favor não me xingue como sempre faz) e acho que não conseguiria passa-la a limpo sem desistir de manda-la.

Droga, eu sinto tanto a sua falta!!!

Parabéns mais uma vez...

Liam.”

Deixei meu braço repousar sobre a mesa e fiquei absorvendo as palavras de Liam por um tempo. Escutei passos perto de mim e então Luce apareceu à minha frente, enrolada apenas em sua toalha.

– Sam! – estalou os dedos à minha frente e olhei para ela confusa – por Deus! Estou te chamando da porta do banheiro tem meia hora e você não me nota! O que foi que te deixou tão no mundo da lua assim, em? – disse com as mãos na cintura e eu soltei uma risadinha.

– não é nada... – dei de ombros juntando as coisas espalhadas em cima da mesa, em uma tentativa ridícula de escondê-las de minha prima.

– e esse “nada” tem um nome? – deu um sorriso torto.

– o que? Claro que não... isso – apontei para o embrulho em cima da mesa – foi só... engano – dei de ombros mais uma vez e ela arqueou as sobrancelhas.

– eu sei quando está mentindo, Samantha Styles! – disse e eu bufei, frustrada.

– tudo bem... são presentes atrasados de Liam – disse e contei resumidamente a história que o carteiro tinha me dito minutos atrás – logo quando eu tinha finalmente conseguido esquecer ele – deixei que minha cabeça tombasse sobre a mesa.

– esqueceu ele, aham – disse irônica enquanto mexia nos cabelos.

– o que quer dizer com isso? – levantei um pouco a cabeça da madeira gelada – eu esqueci sim!

– você sabia que fala quando dorme, Sam? – não esperou que eu respondesse. Colocou as mãos em cima do coração e fechou os olhos, dramatizando cada palavra – Liam, Liam, Liam... mimimi, me perdoa Liam...

– ei, calma aí! Eu é que tenho que perdoar ele! Esse sonho devia estar errado... – disse interrompendo sua performance e ela revirou os olhos.

– não importa o sonho, Sam, o que importa é que você não tirou ele da cabeça ainda... – saiu andando para o quarto.

Levantei-me e levei o que tínhamos usado naquela manhã para a pia, com a intenção de lavar o que tinha de ser lavado.

Suspirei e levantei meu olhar para ver o sol, que brilhava mais do que eu conseguia me lembrar ter visto alguma vez em Londres. E foi então que aconteceu...

LIAM’S P.OV.

Eu estava indo até o pequeno mercado que ficava a alguns quarteirões de casa, quando “Payphone” começou a tocar no rádio do carro.

Pela primeira vez associei a letra da música a algo que eu realmente não queria lembrar: Samantha. E foi assim que Adam Levine cantou o refrão, “If happy ever after did exist, I would still be holding you like this, All those fairy tales are full of shit, One more fucking love song I'll be sick”, que saí do carro batendo a porta, querendo que ele, sua música e todos perto de mim explodissem.

Tudo pelo simples fato de que eu não pensava nela há tanto tempo, e, de repente, algumas poucas palavras fazem com que tudo volte à minha memória.

Enfiei as mãos nos bolsos da frente de minha calça e caminhei decidido até o mercado, repetindo mentalmente tudo o que tinha que comprar para Niall.

Fiz o serviço o mais rápido que consegui, doido para voltar para casa, com o frio que estava fazendo, quando, a poucos passos do carro, a vi.

Talvez fosse minha mente pregando peças em mim mais uma vez. Isso já tinha acontecido até demais se é para ser sincero: eu sempre achava ter visto Samantha no meio da multidão, mas, assim que chegava mais perto, percebia não ser a garota que eu tanto esperava ver.

Caminhei com o olhar fixo na garota de cabelos cacheados e só parei ao chegar ao seu lado, percebendo ser quem pela qual eu me sentia confuso: sabia que queria vê-la, mas ao mesmo tempo tinha um certo medo de que isso acontecesse.

– Sam? - chamei e ela se virou para mim.

– Liam... - abriu um sorriso tímido e eu me perguntei se seus olhos não estariam mais verdes que da ultima vez que a vira, a mais ou menos um ano atrás, antes que fosse morar com uma prima em Londres.

– o que... O que está fazendo aqui? - perguntei surpreso, porém com um sorriso no rosto.

– eu.. Eu vou morar aqui... - disse sem graça mexendo nas malas que eu percebi pela primeira vez.

– ah... - cocei o pescoço também sem graça - mas você não estava trabalhando em Londres?

Os meninos contaram que Sammy não tinha nem ao menos tentado faculdade, tinha se mudado para a casa da prima e pretendia arrumar um trabalho antes de ingressar na vida de universitária, já que não tinha certeza de curso iria fazer. Não demorou muito e ela já era gerente de uma loja chique no centro cultural da cidade.

– é, mas parece que gritar com seu chefe não faz parte do trabalho - disse com uma risadinha e corou - mesmo quando você está certa e ele errado... - deu de ombros

– bem a sua cara fazer isso - sorri e apontei com a cabeça para seus cabelos - você está, hm...

– diferente? - soltou uma risadinha pelo nariz e tocou a ponta de seus cabelos, os quais mal tocavam seus ombros.

– eu ia dizer "bonita", mas diferente também serve... - coloquei as mãos nos bolsos da calça e observei suas bochechas ficarem ainda mais vermelhas.

– bom, foi culpa do Lou...

– ele disse a frase mágica? - sorri

– "duvido que você tenha coragem..."- fez uma imitação de Louis e eu ri.

Ficamos alguns segundos em um silencio desagradável, fitando um ao outro, até que pareci me tocar.

–espera, aonde você vai ficar? - perguntei juntando as sobrancelhas.

– os meninos não te contaram mesmo não é?- soltou o ar pesadamente e disse sem me olhar nos olhos - eu vou ficar na sua casa, Liam.

– ah... - segurei para não falar mil coisa que passaram na minha cabeça e ela desviou o olhar - bom - quebrei o silencio - eu estou indo para casa, quer que eu te dê uma carona ou você está esperando o Harry ou alguma coisa assim?

– se não fosse incomodar, acho que vou aceitar a sua carona, Harry acabou de ligar dizendo que tinha um imprevisto e eu já ia procurar um taxi - sorriu sem graça.

Peguei uma bolça que estava no chão e parecia pesada e comecei a andar em direção ao carro, sentindo Sammy logo atrás de mim, puxando sua mala de rodinhas.

O silêncio pairou assim que entramos no carro, e eu decidir ligar o radio para deixar o ambiente menos pesado (sabia que Sam não teria coragem de nem ao menos me olhar direito durante o trajeto, já que estava toda encolhida no banco).

Por uma obra do destino, Adele começou a tocar - e logo "Someone Like You"! - e eu fui tão apressado para trocar de estação, com medo de que aquela musica piorasse o ambiente, que me atrapalhei todo, e acabei apertando mil botões até achar um que mudasse de rádio, deixando Carly Rae invadir o carro.

Tentei ir o mais rápido que consegui e paramos o carro na garagem dez longos e desconfortáveis minutos depois.

Levei as coisas de Samantha para o quarto vazio no fim do corredor do andar de baixo, e perguntei se precisava de ajuda para desfazer as malas. Ela disse que não e me agradeceu (mais uma vez) por tê-la dado carona e se desculpou (mais ia vez) por eu não saber de nada.

Fechei a porta assim que saí do quarto e subi rapidamente a escada, pensando quem serio o primeiro que eu encontraria e como ele reagiria se eu pulasse em seu pescoço.

– hey, Liam, demorou no mercado... - Zayn disse pesando com Niall ao meu lado.

– é Que eu encontrei com uma velha amiga no caminho. Acho que vocês devem conhecê-la, é irmã de Harry...- disse dando de ombros e os dois pararam, me fitando por alguns segundos antes de começarem a falar juntos.

– olha, a gente ia te avisar, mas... - Nialler começou, mas eu o interrompi.

– mas o que? - disse um pouco alterado, mas abaixei a voz, com medo de que Sam escutasse - parece que tem sempre um "porém" com vocês quando se tatá de algum assunto um pouco mais serio!

– olha - Zayn começou - a gente ia te contar, de verdade, mas achamos que você iria pirar, mudar de casa, não deixar ela vir, sei lá...

– por favor, eu acho que já estou bem grandinho para tomar esse tipo de atitude

– Liam... - o loiro começou.

– eu tinha o direito de saber! - disse em um sussurro, mas com a voz forte.

– desculpa, a gente não sabia que você iria ficar tão bravo

– porque vocês sempre mentem pra mim? - perguntei baixo, quase como se não quisesse realmente perguntar - eu sou sempre o enganado do grupo, porque?

– porque a gente se preocupa com você - Harry disse aparecendo atrás de mim com Lou.

– você é o mais sensível, sei lá - Louis completou e eu soltei uma risada seca.

– me poupem! - disse e saí em direção ao meu quarto - acho que podem parar de mentir para mim de uma vez! - disse um pouco mais alto para que ouvissem.

O problema era que eu não sabia se ficava feliz ou não com a volta de Sammy, porque apesar de isso ser o que eu mais desejava (mesmo que só secretamente) desde que ela tinha ido embora sem nem se despedir na manhã seguinte que tínhamos brigado, a mais de um ano atrás, eu não sabia como me comportar perto dela, ou, pior, eu não sabia como ela queria que eu me comportasse.

Fiquei trancado em meu quarto até que a noite chegasse, quando minha fome começou a me impedir de ficar mais tempo lá dentro.

Ainda na escada, escutei risadas vindo da cozinha. Uma risada em especial: a de Sammy. A risada gostosa de Sam. Comecei a pensar que talvez o fato de ela ter voltado ser bom, afinal, ela não parecia mais estar com raiva de mim (tinha me tratado de uma maneira diferente desde que tinha terminado comigo, uma maneira melhor) e talvez isso seria mais uma chance que o destino estava me dando para ficar com ela.

Parei na porta da cozinha, e fitei-a rindo por um instante, me surpreendendo com sua aparência; parecia estar mais bonita a cada dia que a via. Deixei um sorriso bobo tomar conta de meu rosto, e já ia entrar na cozinha quando um garoto alto, loiro e risonho parou atrás de Sam, que se virou para ele, ainda rindo, e depositou um beijo em seus lábios.

Fiquei sem ação por alguns segundos, tentando entender a cena que acabara de se passar à minha frente, e já ia me virar para voltar para o quarto quando Niall pareceu me ver.

– hey, Liam, já ia bater na porta do seu quarto para ver se ainda estava vivo! - deu uma risadinha e eu um sorriso sem graça.

– eu estava dormindo - outro sorriso - acho que vou passar no Starbucks pra pegar um chocolate quente - já ia me virar para sair de novo.

– ah não, Liam - fui obrigado a me virar para ela, que sorria para mim - não acredito que vai fazer a desfeita de não comer o jantar que o duende preparou com tanto carinho. está uma delicia.

– eu não estou com muita fome, só estou com vontade de tomar um chocolate. E eu sei as habilidades de Niall na cozinha, sei que deve estar tudo realmente uma delícia - dei um sorriso falso em sua direção e olhei para o garoto que continuava colado nela - ah, Niall - virei para eles mais uma vez antes de sair - porque não tenta colocar um pouco daquele tempero da mentira? Eu sei que vocês e os rapazes adoram ele - sorri seco mais uma vez e saí, deixando atrás de mim, apenas um silencio desconfortável na cozinha.

SAMANTHA'S POV

– droga - resmunguei deixando minha cabeça repousar na mesa.

– acho que ele ficou um pouco nervoso com sua decisão de não contar sobre mim - Ryan disse baixinho.

– ele ficaria menos bravo se esses idiotas não tivessem escondido que eu estava vindo morar aqui! - levantei a cabeça e olhei para cada um na cozinha - de onde foi que tiraram essa ideia?!

– Do mesmo lugar que você tirou a de esconder seu namoro! - Harry disse cruzando os braços.

– mas isso não tem n... - já ia começar a discutir, mas Zayn me interrompeu

– não importa. O que importa é que há algumas horas atrás ele pediu que não mentíssemos mais para ele! - passou as mãos pelos cabelos.

– eu não ia mentir sobre isso! Só que não era pra ele descobrir dessa maneira! - senti as mãos de Ry em meus ombros.

– acho melhor eu ir embora antes de ele voltar, parece que todos vocês vão ter alguns assuntos para conversar - deu um beijinho em minha bochecha e eu me virei de frente para ele

– não precisa ir... - disse segurando sua blusa e ele apenas sorriu.

– preciso sim, e você sabe - me deu um beijinho e me puxou para levá-lo até a porta.

Assim que voltei para a cozinha todos me olhavam calados.

– o que foi?- perguntei sem paciência e eles se entreolharam.

– mas que feitiço que você jogou nesse gato dos olhos de piscina para ele deixar você sozinha conversando com seu ex?! - Eleanor perguntou e eu revirei os olhos

– ele confia em mim, só isso - dei de ombros

– e o que foi que você fez para ele confiar TANTO assim? Afinal, você vai morar debaixo do mesmo teto do cara... - Lou perguntou com um tom de brincadeira

– eu contei a verdade: disse que não sinto mais nada por Liam - dei de ombros.

– ah, sim... - Nialler se manifestou - e onde é que está a verdade nisso?

– meu Deus! Será que vocês podem me deixar em paz? - disse jogando os braços para cima e saí da cozinha.

Liam só chegou umas duas horas depois, e todos já estava nos quartos, se preparando para dormir.

– Liam... - chamei quando passou fingindo não me ver lendo no sofá - será que a gente pode conversar?

– você tem alguma outra mentira para me desmentir? - disse parando no pé da escada.

– o quê? Claro que não...

– então não, não podemos - disse seco e então subiu, me deixando com cara de tacho, sentada no sofá.