Daughter Of Evil escrita por Evellyn e Clarissa


Capítulo 5
Voltando a rotina


Notas iniciais do capítulo

Demorei pra postar outra vez, os estudos estão ficando corridos, terceiro ano é tenso. Mas vou tentando conciliar aos poucos. Ah! Muita gente tem me perguntado se a Bella participa dessa história e minha resposta é: ELA NÃO PARTICIPA DA HISTÓRIA. Porque a história passa em 1996, o que possivelmente, a Bella deveria ser criança e tal, ainda não estava em Forks nessa época. Tirando isso, espero que gostem do cap, boa leitura!



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A vassoura desfazia-se em pedaços no ar. O balaço avermelhado que havia a acertado cruzava o céu cortando as nuvens. Meu corpo ficou mole e a visão turva por um momento, o vento passava por entre os braços e pernas, fazia meu uniforme colar em minhas costas. Fazia frio e eu não demoraria a encontrar o chão duro.

Porém, tudo ficou muito escuro e eu não senti a dor do meu corpo encontrando-se com o chão duro. Na verdade, este chão em que eu me encontrava era muito mole. Eu não estava mais em Hogwarts, havia árvores por todos os lados e as folhas e galhos moviam-se freneticamente com o vento. Era outono, quase inverno, supus. Logo, reconheci a estradinha estreita na floresta, estava em Forks. Na minha casa.

Corri para fora do lugar e encontrei logo minha grande casa. Mas havia algo diferente, estava muito silencioso. Quer dizer, nós não éramos pessoas de fazer barulho, só que tinha um clima sinistro rondando aquela construção. Abri a porta principal e não encontrei ninguém. Nada no andar de cima. Restava a sala de estar e assim que cheguei deparei com algo nada agradável.

Minha família estava acorrentada em um canto do recinto. Tudo estava quebrado, móveis jogados para todos os lados, a parede suja, havia bagunça em todo lugar, como se uma espécie de luta estivesse acontecido ali. Eles não me olhavam, mas tinham expressões tristes e aflitas.

A frente deles estava duas pessoas. Uma mulher de cabelos castanhos ondulados com leves mechas douradas, e ao lado dela uma figura de longa capa preta.

- Filha, estávamos esperando você – uma voz rouca e masculina ressoou.

- Você nos fez esperar por tanto tempo Alyssa.

A mulher virou-se de frente para mim e reconheci minha mãe. Quando ainda era pequena, Carlisle me mostrou uma foto dela e nunca esqueci. Ali estava o mesmo rosto delineado, os olhos profundamente vermelhos e a silhueta perfeita. Mas aquele ser de capa preta permaneceu de costas. Ela sorriu para mim e olhei para minha família tão desgastada e as expressões emanavam sofrimento.

- CRUCIUS!

Uma luz vermelha emanou da varinha daquele homem e atingiu as pessoas mais importantes da minha vida. Seus corpos tremiam e a dor era visível em seus olhos dourados. Por mais que tentassem, alguns soltavam alguns gritos aterrorizantes. Tentei ir até eles, mas não conseguia.

- PARE POR FAVOR, PARE COM ISSO!

- Não! Você nos pertence Alyssa. É nossa filha.


Abri meus olhos e levantei rapidamente a fim de me livrar daquele pesadelo. Suspirei aliviada quando percebi que não estava naquela sala assustadora e terrível. Já era dia, pois o lugar estava profundamente iluminado graças às enormes janelas que preenchiam o local. O teto era alto, havia quadros pregados na parede, camas e cortinas de hospital.

- Ah até que enfim você acordou... – uma voz macia e grossa ecoou.

Olhei para o lado e encontrei um garoto ao meu lado. Estava sentado em uma cadeira e tinha a expressão e os olhos cansados, como se não estivesse dormido bem. Tinha cabelos castanhos escuros e olhos da mesma cor. Uma pele levemente alva e a boca avermelhada naturalmente. Era bonito, eu não podia negar.

- Você está bem? Sente-se melhor? – perguntou preocupado.

- Sim, me sinto bem. Meu corpo dói um pouco, mas é suportável. Quem é você?

- Sou Gregg Louis Digorry.

- E daí? Porque você está aqui? – perguntei um tanto impaciente.

- Fui eu que provoquei o acidente. Trombei com você antes de ser acertada pelo balaço.

Procurei lembrar-me dos instantes finais daquele jogo. Havia muito pouco na minha memória. Eu estava com a posse da goles e de repente algo me tirou do caminho e antes que eu pudesse raciocinar, minha vassoura foi quebrada por um balaço. A partir daí, não vi ou senti mais nada.

- O que aconteceu depois que minha vassoura quebrou?

- Você caiu de uma grande altura. Harry e Rony desceram para ajudá-la e em alguns segundos Dumbledore e outros professores a levaram para cá. Você está na enfermaria. Madame Ponfrey já cuidou de você, disse que é uma sorte não ter quebrado nada. Eu estou tão mal, não sei se você vai querer me perdoar, mas eu sinto muito. Não consegui dormir direito só imaginando na dor que te causei.

- Ei calma ai, não precisa de tanto... – respondi confusa.

- Claro que precisa. Espero que me perdoe, me desculpe mesmo. Não estou sendo exagerado, esse é meu jeito meio preocupado. Eu trouxe algumas flores para você, elas já estão no vaso, e bombons...

Olhei em seus olhos e não notei algum resquício de mentira ou cinismo. Era verdadeiro em tudo que dizia, devido seu olhar inocente, a expressão preocupada e carregada de ansiedade.

- Uau, está conquistando meu perdão direitinho – eu sorri fraco.

- Comprei uma coisa pra você – falou apontando para o lado da minha cama.

Era um embrulho prata e não foi difícil descobrir o que era.

- Uma vassoura? Comprou uma vassoura para mim?

- É. Disseram que é o modelo mais novo. Só que isso não é nada... Será que você me perdoaria?

- Ta Gregg. Não fica assim ok? Seu jeito não é meio preocupado, é totalmente. Está tudo bem, já passou, poderia ter acontecido com qualquer um. Foi um acidente, não culpo você.

Ele suspirou aliviado e repousou as costas no encosto da cadeira. Sorriu para mim e passou a mão pelo cabelo, deixando-o levemente bagunçado.

- Sou um pouquinho exagerado, desculpe – comentou sem graça.

- Tudo bem – dei um sorriso - Mas não posso aceitar essa vassoura, Gregg. Deve ter sido muito cara, não precisava de tanto.

- É totalmente preciso. Não se recusa presentes – disse sorrindo.

- Eu não sei... tá bom, vou ficar – retribui o sorriso.

Nisso Hermione chegou com uma cesta de comidas e guloseimas, seguida por Harry e Rony. Eles cumprimentaram Gregg e pararam ao pé da minha cama.

- E então, como você está Aly? – Harry perguntou – Oi Gregg.

- Oi gente – ele sorriu para os três.

- Estou bem Harry.

- Eu tenho que ir agora. Você se importa Alyssa? Estou um pouco cansado. Obrigado, por me desculpar.

- Tudo bem Gregg, pode ir claro. Vai dormir mais tranquilo agora – sorri – Eu que agradeço. Não esquece... Foi um acidente ta?

- Ok. Até mais Alyssa.

Ele deu um sorriso enorme, despediu de meus amigos e começou a sair. Antes de passar pela porta, parou e virou-se para mim:

- Ei, você tem algo para fazer sábado?

- Não, acho que não – respondi sem graça.

- Adoraria que fosse comigo até Hogsmeade. Pra conversarmos um pouco.

- Gregg, eu já te desculpei, não...

- Não é mais um presente. Eu só quero... Muito.

- Ta bom, eu irei – respondi sorrindo.

- Nos encontramos no pátio as nove ok?

- Nos veremos lá – acenei para ele e o vi sair.

- Huuuuuum... parece que ele trouxe rosas para ela – Hermione comentou sorrindo.

- Cara, ele te deu uma vassoura? – Rony falou ao ver o embrulho prata.

- Sim. Quer abrir pra mim? Meu corpo ainda dói um pouco.

- Mas é claro! Caraca... To achando que é... Uma Firebolt 2! É o mais novo modelo de vassouras – comentou Rony animado depois de desembrulhar.

- Fiquei tão preocupado. Tem certeza que está melhor? – Harry perguntou.

- Estou sim Harry. Agora me responda, nós ganhamos?

- Sim, eu peguei o pomo de ouro – respondeu sem graça.

- Ah Harry, que fantástico!

Rony chamou Harry para admirar a vassoura em um canto mais afastado, Hermione deixou a cesta em cima da mesa e veio para mais perto de mim.

- Vou aproveitar enquanto eles se divertem com a vassoura – comentou sorrindo – o que foi isso? Ele te chamou para sair!

- É, você viu? Eu acordei e o encontrei aqui. Pareceu tão preocupado, chegou a ser estranho.

- Mas coitado, eu fiquei com dó. Precisava ver o quão pálido ele estava quando nós a trazemos para enfermaria. Ele nem conseguiu dormir no seu dormitório.

- Onde ele dormiu então?

- Aqui. Ele falou que eu podia ir, que não ia conseguir dormir se não ficasse aqui com você.

- Você está falando sério Mione?

- Claro que estou! Eu não ia brincar com isso – comentou sorrindo – Ele é bonito.

Seu sorriso foi desaparecendo aos poucos e ela deu um suspiro de pesar. Sutilmente vi seu olhar se dirigir para onde Rony e Harry estavam e depois, ao notar que eu a observava, passou as mãos pelo cabelo e olhou para a cesta de doces.

- Ah quase me esqueci! Chegaram duas cartas para você – falou me entregando dois envelopes brancos - Eu trouxe alguns doces para você também, acho que está com fome não é?

- Não muito. Mione... Posso perguntar uma coisa? – perguntei deixando as cartas ao meu lado.

Os olhos castanhos dela estavam carregados de tristeza, porém seu sorriso queria demonstrar o contrário. Assentiu e deslizou os dedos devagar pelo aro da cesta, visivelmente nervosa.

- Você está bem?

- Estou! Estou ótima Aly... que pergunta – ela riu nervosamente.

- Desculpa, mas não parece.

- Estou bem Aly, fique tranquila. Agora descanse... Logo a Madame Ponfrey chega e vamos ver se você vai poder ir embora.

- Ei Aly, vamos ter que ir agora. Temos aula – Harry comentou triste – Larga a vassoura Rony!

- Tudo bem. Vou esperar a Madame Ponfrey aqui, podem ir. Obrigada.

- Estou tão feliz que você não tenha morrido Aly – Rony gemeu depois de levar um tapa de Hermione – É que foi muito alto... Ai Hermione!

- Cala a boca Rony. Até mais Aly.

- Tchau gente – dei uma risada.

- Você ta vendo Harry? Ela só fala comigo pra me bater! Ai Hermione, que saco.

Continuei rindo até a voz de Rony sumir. Não estava cansada, mas meu corpo ainda doía um pouco. Respirei fundo e pensei no que ele havia dito. Era certo que se eu fosse uma humana teria morrido e isso com certeza deixava muita gente curiosa com este repentino “milagre”. Espero que ninguém me pergunte.

A quem estou querendo enganar? Ninguém fala comigo, porque me perguntariam? Peguei os dois envelopes e vi o nome de minha família na parte de trás. Abri rapidamente e sorri ao ler a primeira carta, escrita por Esme.


Forks, 4 de setembro de 1996.

Olá Aly, como você está? Alice viu seu acidente e logo recebemos uma carta de Dumbledore nos informando que estava tudo bem. Fiquei extremamente preocupada, não só eu, mas todos aqui. Edward quis ir até aí para te salvar, mas Alice também viu que você sairia viva. Ainda assim foi difícil contê-lo, você conhece seu irmão...

Estamos tão felizes por estar gostando da escola. É muito bom que você tenha encontrado pessoas boas e feito amizades, Alice leu no livro, que você deixou aqui, que Grifinória é uma casa excelente! Queremos conhecer seus amigos, e por isso, se possível, os traga no próximo feriado. Torcemos muito por você, apesar do acidente, tenho certeza que você fez um ótimo jogo, pois você é muito boa em tudo o que faz.

Enquanto as pessoas te ignorarem, não fique triste com isso querida. Você é única e as pessoas estranham isso, ainda mais por você ser meio vampira! Porém nunca se esqueça que o importante não é sua beleza exterior, mas sim o que tem por dentro. Aly, você é maravilhosa, não se subestime e nem deixe com que os outros façam você acreditar no contrário. Pelo o que me lembro, foi você que com 3 anos, aprendeu a ler sozinha e depois aos 8 venceu Emmet em uma corrida.

Que bom que você está aprendendo feitiços querida, finalmente você vai poder controlar todo esse poder e usá-lo para o bem. Aproveite e preste muita atenção em suas aulas, tenho certeza que há muita coisa para aprender e que fará tudo com perfeição, assim como efetuou o feitiço em sua aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.

Nós também estamos com muita saudade de você e contamos os dias para que o feriado chegue e que venha nos visitar. Tudo está tranquilo, por isso não se preocupe conosco. Não se esqueça também, que a amamos muito Aly e que é nosso maior presente. Para sempre.

De uma vó coruja que te ama muito, em nome de toda a família, Esme Cullen.

Puxei devagar a cesta de Hermione para perto e peguei alguns feijões mágicos. Mastiguei rápido e os engoli tentando não sentir o gosto horrível. Notei que a outra carta era de Edward, e abri animada.


Olá Aly, está tudo bem? Estou extremamente preocupado com você, Alice viu seu acidente, mas me impediu de ir te salvar. Espero que esteja bem e que não tenha machucado muito. Além de preocupado, estou magoado, porque você não me mandou uma carta. E não responda dizendo que uma carta para a família vale. Prometeu que ia ME escrever. Infantilidade eu ficar te cobrando, sei disso. Por isso vou mudar de assunto.

Assim que você se foi nós fizemos a matrícula aqui na escola. Como sempre, é entediante. Tenha certeza que você não perdeu nada, Hogwarts é muito melhor. Exceto os professores, só conversamos entre nós. Sentamos em uma mesa reservada, longe dos outros humanos com seus pensamentos confusos e curiosos. Mas há um que me intriga. Quer dizer, me irrita. Ela se chama Cindy Lorren.

Ela é minha parceira de biologia e não é muito inteligente. Digo isso, pois ela tenta conversar comigo, mesmo todos os instintos humanos dela dizendo pra que ficasse longe de mim. Eu a trato com frieza porque o cheiro dela é tentador e não me sinto preparado. Mas ela tem pensamentos sobre nós dois juntos, saindo para um encontro, vendo um filme, eu dando rosas a ela. Certo dia pensou sobre nós morando em uma casa luxuosa, com cinco filhos e alguns cachorros. Em tão pouco tempo, há sentimentos tão fortes emanando dela. Cindy é bonita, muito. Mas, não devo chegar perto de uma humana, é errado.

Sobre a tal de Lilá, diga a ela que sou muito reservado e você sabe muito pouco sobre minha pessoa. Falando nisso, espero que esteja indo bem na escola. Esme me contou sobre seus novos amigos, queremos muito conhecê-los, já que são importantes para você. Aliás, não se entristeça com os que não querem sua amizade, eles não sabem o quanto estão perdendo. Valorize os que estão perto de você e esqueça a opinião das outras pessoas.

Espero uma carta sua na próxima vez e quero muito saber sobre coisas banais, sobre seu dia, o que você come, coisas assim. Não tenho muito que fazer depois que você se foi. Espero ansiosamente pelo dia que você vai voltar, peste. Não se esqueça da promessa, eu amo você.

Edward.

Sorri e encostei a carta sobre o peito. Minha família era tão especial, porque eu iria querer mais? Comecei a pensar no que iria responder para Edward, queria saber mais sobre a tal Cindy. Era a primeira garota que ele teve contato, além de nós. Devolvi as cartas na cesta e notei uma caixinha dourada escrita: SAPO DE CHOCOLATE. Achei engraçado e abri o objeto. Assim que o fiz um sapo marrom pulou em minha mão, depois no chão, e fugiu rapidamente. Dei um gritinho abafado e joguei a caixinha no chão.

- Outro artefato mágico... – revirei os olhos e deitei novamente.

Acordei depois de muitos sonhos confusos e atormentadores. A dor havia passado, mas me sentia mal. Meu estômago estava embrulhado e eu conseguia sentir os feijões mágicos em minha garganta. Virei para a mesinha que ficava do lado da minha cama, com uma bacia prateada e devolvi todo o conteúdo que restava em meu corpo. Por isso não passava de sangue. Estava certo que tinha comido algumas coisas aqui em Hogwarts, mas era muito pouco, nem sequer jantava ou tomava café da manhã. O cheiro de ovos e bacon me causava náuseas.

Logo, uma senhora baixinha de cabelos grisalhos cobertos por uma touca branca veio correndo até mim e segurou meu cabelo carinhosamente.

- Oh querida... beba um pouco de água – disse me estendendo um copo.

- Não, obrigada.

- Meu Deus, você está tão pálida. Pensei que a poção estava fazendo efeito, talvez tenha algo quebrado por dentro. Precisamos falar com Dumbledore – tagarelou nervosa – Vou providenciar mais remédio, fique tranquila.

Secou o suor da minha testa com um pano e saiu correndo da enfermaria. Em questão de minutos, a silhueta branca de Dumbledore apareceu na porta. Caminhou devagar até mim e parou ao lado da cama.

- Como está se sentindo?

- Cansada e faminta.

- Há quanto tempo você não se alimenta direito?

- Eu me alimento direito. Madame Ponfrey falou que talvez eu tenha quebrado algo por dentro. Deve ser isso. – tentei mentir.

- Sei quem você é Aly e do que se alimenta. Você não gosta de comida humana não é mesmo?

Vi que seus olhos claros não transmitiam alguma mentira. Por mais que parecesse loucura, resolvi não mentir mais, e agir normalmente. O que me fazia sentir melhor. Tirava um peso das minhas costas.

- Não. Mas descobri um feitiço, só que não tive tempo de usá-lo na cesta da Hermione. Onde está minha varinha?

- Aqui. Busquei em seu dormitório. Acho que está na hora do jantar.

Ele sorriu amavelmente e apontou a varinha fazendo surgir uma mesa pequena de jantar, mas com muita fartura. Peguei um bolinho e ressoei o nome do feitiço em minha cabeça e dei um suspiro quando notei o gosto de sangue dele. Este feitiço fazia a comida adquirir o sabor que você desejasse. Em alguns minutos havia terminado com tudo.

- Uau. Você gostaria de mais um pouco? – Dumbledore perguntou risonho.

- Não, obrigada. Deu por hoje – comentei rindo.

- Está bem melhor, direi a Madame Ponfrey que você melhorou. Ainda não é tarde, poderá voltar para o dormitório.

- Mesmo? Ah que ótimo. Esse clima de enfermaria me deixa cansada.

- Estou vendo. Fique tranquila, vai dar tudo certo.

- Até mais diretor Dumbledore.

Assim que ele se foi, enfeiticei a cesta de Hermione e devorei o resto dos doces. Ouvi alguns passos e encostei a cabeça no travesseiro, esperando ansiosa pela alta de Madame Ponfrey.

- Dumbledore me contou que você está melhor... Como está se sentindo querida? – perguntou amável.

- Estou bem melhor Madame Ponfrey. Foi um mal estar, mas passou.

Ela tocou a mão em minha testa e olhou em meus olhos. Sorriu e pegou uma peça de roupa para mim.

- A Srta. Granger trouxe para você enquanto dormia. Pode se vestir. Se houver algum problema volte aqui está bem?

- Pode deixar.

Sorri animada, peguei a peça de roupa da mão dela e corri para me vestir.


***


Seguimos, eu e Hermione, pelos corredores em direção a nossa primeira aula: História da Magia. Éramos apenas nós duas, pois os garotos não gostavam dessa aula, o que os fazia ter que aturar Adivinhação para completar a grade. Assim que chegamos, havia alguns alunos na sala, que pararam de conversar quando me viram. Começaram a cochichar e o assunto principal era o acidente.

- Não ligue para eles, vamos nos sentar ali – falou Hermione.

Escolhemos um lugar no canto da sala, na primeira fila e ficamos conversando enquanto o professor não chegava. De repente ele atravessou as paredes e entrou na sala. Cruzava as mesas e alunos, passando às vezes por dentro deles, era fantástico. Porém, ninguém se surpreendia. Devagar os estudantes foram se acomodando em seus lugares e o professor transparente parou em frente ao quadro negro.

- Hoje estudaremos sobre os bruxos das trevas.

Olhei espantada para ele. Bruxos das trevas?

- Que fantástico! Estava cansada dos assuntos sobre Rebelião dos Duendes... Quer dizer, eu adoro isso, mas toda aula é cansativo – Hermione cochichou – Esse é o Professor Binns.

No decorrer da aula, todos os alunos estavam vidrados no que a voz monótona e sem graça do professor contava. Ele não parecia muito animado ou excitado em contar histórias, fazia como se decorasse, porém a atenção era máxima. Aos poucos ele foi mudando de assunto e não demorou a que entrassem em torpor.

- Professor, gostaria de fazer uma pergunta – uma voz estridente soou no fim da sala.

Todos olharam espantados para ela, assim como o professor. Ele ressoou algo como “Sim?” e ela fez sua pergunta.

- Há uma aluna nessa sala que tem um pai que é bruxo das trevas. Mas ela não sabe quem são seus pais e coitada, tem algo pior que isso? Talvez o senhor, um grande sábio, poderia dizer algo sobre o paradeiro dela. Chama-se Alyssa Cullen.

Olhei para trás e vi olhos verdes malvados me encarando. Era perversa e tinha um olhar vingativo e um sorriso cínico.

- Não sei de quem está falando Srta Parkinson. Isso não é um assunto que faça parte da aula.

- Claro que é professor. O senhor não gostaria de saber quem são seus pais? Só estou tentando ajudá-la.

Senti vários olhares me encarando ao mesmo tempo. Perto de Parkinson alguém gritou “Bastarda!” e as risadas foram uníssonas.

- Professor, perdão, mas isso é ridículo. Você não pode falar das outras pessoas assim Pansy – Hermione falou.

- Cala a boca sangue ruim. Estou falando com o professor.

O professor velho e transparente virou seus olhos pequenos para mim. Sua primeira expressão foi de espanto e seguida de terror. Sua face contorceu-se em pequenas rugas e chegou a dar um passo para trás. Aquilo foi o estopim. O nó apertado que estava em minha garganta, começava a se soltar lentamente e sair pelos meus olhos. Peguei meus livros e saí correndo da sala perseguida pelas risadas e apelidos “Bastarda!” “Filha de Azkaban!”...

Corri sem pensar por muito tempo. Tropecei em obstáculos e trombei em algumas pessoas, parei apenas quando cheguei a uma parede. A raiva consumia todos os meus sentidos, a vingança jorrava em todos os meus pensamentos. O sorriso cínico, o olhar perverso, as risadas, me matavam por dentro. Em alguns segundos, apareceu uma porta e eu entrei por ela.

Notei que estava na sala precisa, porém era diferente da vez que tinha vindo com Harry. A luz era pouca e não tinha janelas. Em cima de uma mesa havia facas, frascos de venenos, caldeirões e alguns livros com feitiços e poções mortais ou para tortura. Assustei com o lugar e respirei fundo tentando extrair toda a raiva que sentia de Pansy Parkinson. Era errado. Não quero ser má, não vou fazer nada com ela. Encostei-me à mesa e notei o livro que estava embaixo da minha mão.

Feitiços Imperdoáveis: Existem três maldições imperdoáveis. Imperius faz com que a vítima siga fielmente as ordens do bruxo que lançou o feitiço. Avada Kedavra causa morte instantânea, sem deixar nenhum sinal. Cruciatus é a maldição da tortura. Causa dores psicológicas e físicas.

Cruciatus (CRUCIO). O feitiço do meu pesadelo que foi jogado contra minha família. Como posso ter sonhado com algo que nunca tinha visto antes? Deixei rapidamente aquele lugar, antes que o clima sinistro me influenciasse em alguma coisa. Andei a passos largos em direção ao Salão Comunal, tentando ignorar os olhares que eram dirigidos para mim. Valorize os que estão perto de você e esqueça a opinião das outras pessoas. Esqueça a opinião das outras pessoas. Mantive essa frase dita por Edward em minha cabeça durante todo o percurso e aos poucos consegui esquecer o desconforto.

Joguei meus livros em cima da grande mesa e sentei aliviada ao lado de Harry. Levantei a cabeça e notei que Lilá estava ao lado de Rony, com as mãos em seu ombro e sorrindo alegremente. Eles conversavam baixinho e às vezes tocavam os narizes, em um completo clima de fofura.

- Há quanto tempo fiquei na enfermaria? – perguntei preocupada.

- Dois dias. Mas foi o bastante – Harry deu uma risadinha – Depois do jogo, costumamos fazer uma pequena festa, quando ganhamos claro – ele sorriu – Quando todos ficaram sabendo que você estava bem, continuamos a festa, e todos elogiavam muito o Rony. Weasley é nosso rei! Só ouvia isso naquela sala. De repente Lilá o beijou. E agora eles estão assim – Harry apontou para o novo casal.

Naquele momento descobri o que tinha deixado Hermione tão triste. Lilá e Rony estavam namorando e isso devia doer muito. Quer dizer, não era novidade que os dois se gostavam, dava para ver no modo como se olhavam e se tratavam. Porém, nenhum dos dois percebia pelo o que parece.

- Eu não acredito. Eles não têm nada a ver! E cadê a Hermione?

- Já disse isso ao Rony, mas ele está tão cego. Ela está na biblioteca. Ela me contou o que aconteceu com você... Sinto muito. A Pansy é horrível.

- Tudo bem Harry. Não devo me preocupar com isso. Vou atrás da Hermione ok? Sei que ela não está bem.

- Pois é... Ela acordou triste hoje – Harry comentou tentando me esconder à verdade.

- Sei que ela gosta do Rony, Harry. Só eles que não percebem isso.

- Aly senta aqui – ele puxou minha mão – Olha, eu já pensei em dar um jeito nisso, mas não é uma boa. Talvez eles prefiram ficar assim, sendo amigos.

- Mas eles não estão sendo amigos agora Harry. Não quero juntar os dois. Só quero tentar ajudar a Mione, acredite, eu sei o que é isso. Quer dizer, mais ou menos.

- Ta bom. Ela ta precisando de um conforto mesmo. Te espero aqui, temos nossa aula hoje.

- Ok professor, a gente se vê – disse me levantando.

- Aly você ta ai! Que bom que você saiu da enfermaria – Rony disse me assustando.

- Ei Rony! Você me viu aqui! – dei uma risadinha – A gente se vê Ron.

- Mas ela já vai? Mal chegou cara – Rony disse para Harry.

- Cara, ela já estava aqui a um tempão. Você que não viu.

Sorri com a desatenção de Rony e segui em direção a biblioteca. Assim que cheguei, não precisei procurar muito. A silhueta de Hermione estava no fim da sala, encostada na prateleira, com um livro no colo. Tinha o olhar baixo e parecia não estar concentrada na leitura.

- Ei Mione... – falei baixo.

- Aly! Que bom que você está aqui. Fiquei tão preocupada com você, onde foi?

- Andei um pouco até esquecer a raiva – resolvi esconder o episódio da sala precisa – E você? Como está?

- Estou bem. Ofensas como a da Pansy não me afetam mais.

- Não falo só sobre a ofensa dela.

- Não há mais nada, além disso, Aly.

- Fiquei sabendo que o Rony está namorando a Lilá – disse sentando ao lado dela.

- É mesmo? Que louco não é? Quer dizer, tem tão pouco tempo – comentou nervosa.

- Pois é, dois dias... Mione posso perguntar uma coisa a você?

- Claro Aly.

- Está triste por causa desse namoro não é?

Ela passou a mão nos cabelos e deu um sorriso tristonho. Negou com a cabeça e repetiu a resposta:

- Não Aly... Nada a ver. Nem estou triste – falou encarando o chão.

- Olha Mione, sei que sou nova aqui e que por isso você pode não confiar muito em mim. Mas é tão evidente o que vocês sentem um pelo outro. Não percebe?

Ela deu um suspiro pesado e encostou a cabeça na prateleira.

- Não há nada vindo dele Aly. É unilateral, não percebe?

- Claro que não! Quer dizer, vocês dois não viram ainda que foram feitos um para o outro.

- Porque ele estaria com a Lilá se sentisse alguma coisa? Eu já tentei Aly. Pensei tantas vezes em contar para aquele idiota que eu gosto dele. Mas eu sempre desisti, porque é inútil. Não quero estragar nossa amizade, está tudo bem assim.

- Deixa eu te contar uma coisa. Uma vez eu gostei muito de um cara que era meu amigo. Na verdade ainda é. Eu gostava muito mesmo, era louca por ele. Mas tinha medo. Mione, eu tinha muito medo de que ele não quisesse mais olhar na minha cara quando eu contasse tudo. E aí eu escondi. Escondi tão bem que agora eu nem percebo. Você não precisa contar se não quiser e quem sabe seja até melhor. Mas não pode ficar assim. Sei que dói e como dói... Quer saber? Vou te ajudar a esquecer isso.

- Como Aly? Eles estão em todos os lugares. O Rony não passa um minuto sequer sem a companhia daquela garota.

- Vamos fazer outra coisa. Podemos tentar ir a outros lugares, há tantos que não conheci aqui em Hogwarts. Que tal Hogsmeade?

- Não vou atrapalhar seu encontro... Deixa pra lá Aly, eu vou ficar melhor. Se você só ficar do meu lado, tentando me distrair, já é o suficiente.

- Feito. Vou fazer isso então!

- Aly... Você esqueceu o amor pelo seu amigo?

- Esquecer não. Só guardei a sete chaves. Vamos esquecer isso ta? Temos aula agora né?

- Sim, Poções.

- Ok. Vai me contando o que aconteceu depois que saí.

- Espera... olha ali. É o Gregg – ela apontou para a mesa central.

- É mesmo. Olha que legal, vamos embora.

- Porque não vai falar com ele?

- Não é uma boa Mione, vamos – puxei-a pela mão tentando sair sem ser percebida.

- Alyssa?

A voz macia soou perto do meu ouvido. Ele havia levantado da mesa e vindo até meu encontro. Aquilo me fez arrepiar, droga.

- Gregg, oi!

- Que bom que você saiu da enfermaria. Eu iria até lá no almoço.

- Saí ontem à noite. Estou bem melhor.

- Fico muito feliz. Nosso encontro ainda está de pé?

- Ainda estou pensando se você me chamou mesmo pra ir a Hogsmeade.

- Sei que parece um sonho, mas você não estava delirando Aly – ele deu uma risada baixa.

- Convencido – fiz uma careta – Está de pé. Tenho aula agora...

- A gente se vê antes de sábado? – ele sorriu.

- Quem sabe... – dei um sorriso e saí com Hermione.


Gregg: http://i40.tinypic.com/3493qq0.jpg

Mãe da Alyssa: http://i42.tinypic.com/2cz2552.jpg



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Notas finais do capítulo

Sei que estou demorando a postar e por isso as pessoas somem e desistem da história. Mas por favor, não façam isso. Eu preciso desses comentários pra me incentivar, vou tentar escrever muito nesse fds e aí quem sabe até posto uns capítulos seguidos, mas colaborem comigo tá legal? Continuem comentando aí galerinha linda. Beijinhos.



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