Quantum escrita por bragirl2


Capítulo 14
Pedestal




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Capítulo 13 – Pedestal

EPOV

De novo ela me deixava sem palavras. O mais leve toque dos lábios na minha pele dava a impressão de que todas as terminações nervosas do meu corpo convergiam exatamente naquele minúsculo ponto em meu rosto.

Enquanto eu experimentava todas essas sensações, ela se afastava em direção ao carro.

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Caprichei na cara de paisagem enquanto me concentrava em não me deixar hipnotizar por aquele andar sinuoso. Tarefa difícil. Reparei que Felix não saiu do carro para abrir a porta dessa vez e ela sentou no banco do carona. Devia haver algum tipo de acordo entre eles. De fato chamaria muita atenção se, além do carro em si, todos percebessem que era um motorista com cara de mordomo londrino que vinha buscá-la no colégio.

Estava rindo sozinho da situação quando uma palma vinda de trás de mim fechou-se em meu ombro.

— Tá, agora você vai me dizer que tá pegando...

Não sei se a cara de debochado de Jasper mais me divertia ou enraivecia.

— Cala a boca, cara. – Falei, meneando a cabeça. Tá, era mais raiva mesmo.

— Ah, qual é? O que foi aquele beijinho no rosto? A gente voltou à quarta série, só pode!

Agora eu tive que rir. Mas não ia dar gostinho nenhum pra ele.

— Ei, não fala do que não sabe. – Alertei, enquanto entrávamos no prédio em direção à nossa sala.

— Edward, na boa... Nunca te vi tão sensível – ele enfatizou a última palavra, em escárnio.

Eu já estava pronto para mandá-lo para aquele lugar quando o telefone vibrou no meu bolso. Que conveniente. Aquele surfistinha descarado tinha sido salvo pelo gongo. Olhei o número no visor antes de atender.

— Oi, Emmett. – falei, tentando superar a irritação para que não transparecesse em minha voz.

— Mano, seguinte... O Dr. Banner vai receber você na quinta-feira, às três da tarde.

— Ótimo, vou estar lá, mas... – eu havia sentido um tom de preocupação na voz dele – algum problema, Emmett?

— Não, não. É só que, bem, devo dizer que ele é um tanto excêntrico. Na verdade é muito, mesmo para um cientista, quero dizer. Acho que se você não fosse um dos sócios ele não teria concordado com essa aulinha particular... – agora ele parecia se divertir com a ideia.

— Ah, tudo bem. Eu já ouvi alguns comentários, você sabe.

As histórias sobre o tal cientista já tinham virado anedotas entre os engenheiros do P&D da Cullen.

— Sei, sei. Já te falei, não espere sair com muitas respostas. Mas espero que ajude nos estudos – ele era sincero, como sempre.

— Eu também, mano – respondi. – No mais tudo bem com você, a Rose?

Algo me dizia que a preocupação na voz dele não dizia respeito só a mim.

— Claro, tudo ótimo. A semana vai ser corrida. E sábado de manhã já estaremos aí.

Conversamos um pouco mais, ele perguntou sobre o tempo, se estava muito frio e outras amenidades. Quando o sinal tocou, me despedi, desliguei o telefone e fui me sentar ao lado de Jasper. Não tinha esquecido as gracinhas dele, mas já estava bem mais calmo agora. Ele provavelmente não fazia por mal. Devia só estar curioso em saber qual era a minha em relação a Bella e jogava alguns verdes para colher informações. A estratégia não ia funcionar. E eu não precisava me irritar com as tentativas dele.

Decidi prestar atenção às aulas e até dei algumas risadas com as piadinhas do professor de história. As piadas dos professores, hilárias no começo do ano, já começavam a ficar repetitivas no final do primeiro semestre. Mas precisava admitir que ao menos eles se esforçavam.

Só quando saímos para o intervalo é que Jasper e eu quebramos o silêncio.

— Cara, não tem dúvida que você ficou pê da vida, então vou parar com a avacalhação. – Ele começou, enquanto andávamos para o hall principal, onde os alunos se agrupavam.

— Não, não, tá beleza. – Disfarcei, enquanto me recostava à mureta do corredor, ao lado dele.

— Só queria te dizer... Na boa, ela é só uma garota...

— Quê?

— É que você olha pra ela... Como se ela estivesse, sei lá, num pedestal dez metros acima.

Só franzi a testa em resposta. Não achei que fosse tão óbvio. E também não queria dar o braço a torcer a ele. Quando notou que eu não iria comentar, Jasper continuou.

— Se você está a fim dela, só chega nela e pronto!

Depois dessa eu não consegui me controlar.

— Ah, Jasper, qual é! Agora vai querer me ensinar como lidar com uma garota? – Ironizei. Eu não era nenhum expert, mas Jasper estava longe de ser um Don Juan. Nesse quesito, ficávamos em pé de igualdade.

Entendendo meu tom zombeteiro, foi a vez dele de parecer irritado.

— Posso ser um zero à esquerda, mas uma coisa aprendi. Essas meninas... – ele indicava, inclinando a cabeça em direção aos grupos de garotas que desfilavam pelo hall, os braços cruzados à frente do corpo – elas não estão nem aí para os caras que dão atenção a elas. Só se interessam por quem não dá a mínima. Se ligar no dia seguinte, amigo, já era! Vira joguete nas mãos delas.

O alerta parecia sincero. Extremamente pedante, machista e fora de contexto, mas sincero.

— O que você quer dizer? Que devo fazer joguinho com ela? Eu finjo que não gosto e ela finge que não entendeu... Isso sim soa como quarta série pra mim, cara.

A ideia de que ela era como aquelas garotas que – Jasper tinha certa razão – eu conhecia tão bem, já estava descartada na minha cabeça. Ela era algo mais. E ele não parecia, nem precisava, entender.

— Não estou dizendo nada. Só quero que você tenha o pé no chão. Estou falando porque sou seu amigo. Só isso.

A preocupação era honesta, o que derrubou minhas defesas.

— Beleza, cara. Valeu. Mas não precisa se preocupar comigo.

Se eu quebrar a cara, a culpa vai ser minha, e não vai ser por falta de aviso, completei em pensamento.

— Escuta, eu e o Eric vamos surfar sábado. Você devia vir junto. Sabe... re-la-xar? – Ele falou gesticulando exageradamente com os braços, como se já estivesse sobre a prancha, dando um sorriso de malandro.

— Eu topo sim. Aonde vocês vão?

— Vai depender de como estiver a maré, mas no Campeche tem dado altas ondas.

— Humpf. E eu vou chegar de haole no Campeche?

Fala sério... Aquela era a praia com os surfistas nativos mais hostis em relação aos de fora. Cortar uma onda daqueles caras era comprar briga, na certa. Às vezes bastava estar no mar. E eu era um surfista pouca prática.

— Não esquenta. O Eric mora lá e conhece a galera.

— Beleza.

O sinal tocou e voltamos para a sala para mais duas horas e meia de piadas superadas.

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Notas finais do capítulo

a/n: Haole é o surfista de fora da praia. Se for folgado e furar onda alheia, toma porrada da galera nativa. Surfe é só paz e amor, né? nã-hã. o_O
Se quiser me fazer sorrir e receber um teaser do próximo capítulo, é só dexar uma review/um comentário. Bom começo de semana e até quarta-feira!



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