Quantum escrita por bragirl2


Capítulo 13
Impressões


Notas iniciais do capítulo

a/n: Obrigada a todo mundo que tem adicionado Quantum no alerta (e até nos favoritos, vejam só...). Espero que gostem desse capítulo.
A Lu, que beta essa história, deixou um recado ao final.
Boa semana e até domingo que vem!



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Capítulo 12 – Impressões

Dirigi para casa distraído naquela noite, como já tinha estado durante toda a aula. Jasper ficou me perguntando o que eu tinha, o porquê da cara de viajão. Desconversei, inventei que estava cansado do fim de semana. Despedi-me dele assim que o sinal tocou e fui pegar o carro no estacionamento.

Enquanto pensava nela, em nossa conversa daquela tarde e ouvia as músicas no player, senti uma inspiração que há tempo não tinha. Uma vontade de tocar violão. Uma ideia para compor. Definitivamente, aquela garota tinha certo efeito sobre mim, algo que eu sequer conseguia identificar.

Ao mesmo tempo em que eu gostava desse efeito, uma parte da minha consciência vagava para a possibilidade de ela me rejeitar. Como eu ficaria? Não podia me permitir ficar chateado, não. Mas como evitar que isso acontecesse? Se eu a conhecia há pouco mais de 24 horas e só o que eu conseguia pensar era nela...

Parei o carro na frente da garagem e encarei a casa por alguns minutos. A iluminação instalada no jardim fazia a fachada parecer ainda maior, mais imponente. Toda a lateral de vidro fumê azulado refletia a luz, mas era possível ver algumas plantas do jardim de inverno, o verde das folhagens contrastando com o branco das paredes e do mármore da escada.

O design sinuoso em que a estrutura foi construída ainda era bastante futurista. No alto, o mirante todo de vidro em formato circular lembrava uma nave espacial de filmes de ficção científica. Quando meu pai bolou o projeto com o arquiteto, mais de dez anos atrás, essa casa devia ser um E.T. perto das outras mansões do condomínio – todas no mesmo estilo contemporâneo, como as casas de alto padrão em Miami.

Rindo dessa ideia, estacionei o carro na garagem e entrei pela porta dos fundos. Segui para a cozinha. Carmen estava sentada à mesa com uma caneca de chá entre as mãos e ficou de pé assim que me viu.

— Boa noite, Carmen. – cumprimentei, apertando-a com um braço só e me abaixando para dar um beijo estalado na bochecha dela.

— Hmm, boa noite, seu Edward. – ela respondeu, sem graça, como sempre ficava quando eu ou Max rompíamos a linha de formalidade que ela estabelecia entre nós. E isso era quase sempre.

Como sempre também, ri do constrangimento dela, que me deu um tapinha nas costas para que eu parasse.

— Você deve estar com fome. A menina já foi embora, mas deixou seu jantar pronto. – A menina era a outra empregada que trabalhava na casa. Só Carmen morava conosco, a outra vinha de manhã e saía no início da noite.

— Está meio tarde para jantar. Eu queria mesmo só um suco e um sanduíche... – falei, me recostando no balcão.

— Pode deixar que eu preparo para você. – ela se prontificou. – Se quiser subir, eu levo lá em cima. – disse se dirigindo até a geladeira.

— Valeu, Carmen. Você me deixa mal acostumado. – brinquei com ela, que deu um sorrisinho de leve, enquanto colocava os ingredientes do sanduíche sobre a bancada.

Eu sabia que ela gostava de tratar bem a mim e ao meu irmão. Ela era o que de mais próximo tínhamos de uma família. O rosto redondo, cheio de pequenos vincos e o corpo baixinho e rechonchudo davam a ela uma aparência ainda mais acalentadora. Às vezes eu ficava pensando porque ela nunca casou, nunca teve filhos. Na verdade eu sabia que era porque ela sempre foi muito dedicada, primeiro aos meus pais, depois a nós. E me sentia um pouco culpado, mas gostava de tê-la por perto.

Subi para o meu quarto e, assim que entrei e larguei meu material, peguei o violão e sentei na poltrona de canto. Toquei um acorde e parei. O instrumento estava há muito tempo encostado. Abri o afinador no aplicativo do celular e ajustei o som das notas. Estava dedilhando as cordas, achando o tom que havia em minha cabeça quando Carmen entrou com a bandeja com meu lanche. Ela deu um sorriso ao ver-me com o instrumento. Deixou o sanduíche e o suco sobre a escrivaninha, desejou boa noite e saiu.

Fui desenhando a melodia conforme ela aparecia na minha cabeça. Era de uma levada lenta, com uma batida que lembrava reggae, ainda assim romântica. Além da inspiração óbvia, eu também estava ouvindo muita surf music ultimamente. Só marquei as notas. Iria encaixar a letra depois. Já era tarde.

Comi o sanduíche e bebi metade do suco. Tomei um banho quente, bem relaxante, e deitei na cama. Meus últimos pensamentos do dia continuaram e se transformaram em sonho na medida em que a consciência escapava. Foi uma continuação de tudo que não saiu da minha cabeça desde o café daquela tarde. O som de uma voz melodiosa, um brilho de fios dourados, a luz de um sorriso branco e contagiante.

A manhã e a tarde do dia seguinte passaram incólumes. Acordei muito disposto depois de uma noite de sono bom. Com coragem, enfrentei o vento sul e o frio que fazia à beira-mar e dei uma corrida na praia. Estudei no restante do dia. Sabendo que iria ver física quântica com o cientista da Cullen, pude me concentrar nas outras matérias e coloquei em dia os exercícios da apostila. De vez em quando olhava no relógio para ter certeza de que não perderia a hora. Chegaria meia hora mais cedo no cursinho e, se desse sorte, ela tomaria outro café comigo.

Encostado no corrimão no alto da escada no prédio do colégio, eu focava minhas energias em uma única tarefa: fazer cara de paisagem. Não era fácil. Pelo ritmo descompassado do meu coração e pelo arfar de minha respiração, sabia que não estava sendo muito bem sucedido em dissimular a ansiedade. Lembrei-me de algumas técnicas do Kung Fu, mas era difícil abstrair quando eu tinha ficado muito tempo sem vê-la, aguardando aquele momento.

Tentei me concentrar mais ao ver que os alunos da tarde começavam a sair das salas. Era difícil distinguir as garotas – a mesma garota, clonada com a mesma expressão blasé, o mesmo cabelo loiro e liso e a mesma jaqueta de poliéster. Todos os casacos com o capuz caído nas costas, enfeitados com uma camada de pêlos falsos que só mudavam a cor; preto, cinza, branco. Que falta de criatividade.

Olhei em volta, tentando não parecer vidrado em procurar os estonteantes traços dela em cada rosto comum que se aproximava. Foi quando notei, do outro lado da rua, uma BMW preta estacionada junto à calçada, com o pisca-alerta ligado.

Não podia ver através dos vidros escuros, mas senti um par de olhos sobre mim. Pelo arrepio que me percorreu a espinha, não eram olhos simpáticos. Felix.

— Oi – soou a voz de cristal que eu esperava ouvir o dia inteiro. Foi o suficiente para bloquear os pensamentos nebulosos. Ela estava ainda mais radiante do que no dia anterior. Os cabelos soltos caíam sobre os ombros, o pescoço protegido por uma espécie de cachecol de tecido leve, um casaco de lã caramelo, que combinava com a cor dos olhos. Os braços cruzados à frente segurando os livros a poucos centímetros de distância de mim. Fiquei que nem bobo, fitando-a nos olhos e percebi que demorei a responder.

— Oi... – abri um sorriso em resposta ao dela. – Vejo que hoje você não vai me acompanhar no café. Seu carro já chegou. – acrescentei, desmanchando a expressão, sem conseguir disfarçar o tom triste.

Ela olhou para a calçada e ergueu as sobrancelhas.

— É... Seria complicado deixá-lo esperando, parado em local proibido – disse, com certa ironia, parecendo querer amenizar meu humor.

Nos olhamos intensamente em silêncio por longos segundos.

— Amanhã? – Consegui dizer, enfim.

Ela assentiu suavemente, os cantos dos lábios curvados em um leve sorriso. Então deu um giro rápido, logo descendo os degraus em passos tão delicados que mais parecia dançar.

Um pedaço de tecido dourado no chão chamou minha atenção. Juntei a leve seda que estava próxima aos meus pés e senti a suave fragrância impregnada nela. Um perfume cítrico e muito feminino tomou conta do meu olfato. O cheiro dela. Delicioso. Desconcertante.

— Bella! – chamei. Ela estava na extremidade da calçada, começando a atravessar a rua e virou-se prontamente – Seu cachecol...

Ela sorriu e voltou a subir a escada nos mesmos movimentos de bailarina.

— Obrigada! – disse, enquanto alcançava o tecido em minhas mãos e ficava na ponta dos pés para me dar um beijo no rosto. – Amanhã – acrescentou, me olhando profundamente, sem sorrir.

De novo ela me deixava sem palavras. O mais leve toque dos lábios na minha pele dava a impressão de que todas as terminações nervosas do meu corpo convergiam exatamente naquele minúsculo ponto em meu rosto.

Enquanto eu experimentava todas essas sensações, ela se afastava em direção ao carro.

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Notas finais do capítulo

Nota da beta: Gente, e aí? O que estão achando dessa fic? E esse Edward pagando o maior pau pra Bellinha loira? Sinceramente eu estou caindo de amores por esse Edward e estou bem interessada na física quântica. Querem deixar uma autora muito feliz e com mais vontade de escrever? É só clicar nas palavrinhas azuis aqui embaixo. Bjs, Lu.



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