Quantum escrita por bragirl2


Capítulo 10
Sorrisos


Notas iniciais do capítulo

a/n: Ao final desse capítulo há um recado da Lu, que gentilmente beta essa história. Obrigada por ler e até domingo que vem!



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Capítulo 9 – Sorrisos

– EPOV, sete meses antes -

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Eu pensava nela e no que Jasper tinha falado, deixava minha mente flutuar enquanto tentava manter o corpo presente no compromisso que tinha assumido com meu irmão. As horas iam rápidas. Passava do meio-dia quando interromperam a copa gradual, assim que terminaram as provas de obstáculos da categoria juvenil, que eu acompanhava fingindo súbito interesse por equitação.


Vi que ela ia saindo da pista. Pedi licença ao Emmett e apressei o passo em direção ao estábulo. Jasper me olhava incrédulo. Ignorei. Reunia coragem no trajeto, para trocar algumas palavras com ela, qualquer coisa capaz de matar a curiosidade que martelava. Não queria manter as expectativas altas. Só mesmo em sonho ela não seria mais uma garota mimada.


Ela percebeu que eu me aproximava – o único cara sem roupa de equitação indo para o estábulo, o esquisito que vestia jaqueta de couro na hípica – e fechou o cenho em uma expressão de dúvida. Eu abri um breve sorriso para dissipar a tensão. Dois. Ela desfez a pequena ruga entre as sobrancelhas, mas o rosto ainda transparecia desconfiança.


— Oi. Você é Bella Swan, não é? – pensei em começar elogiando o belo animal que ela conduzia, mas não quis que parecesse que estava prestes a passar a cantada do cachorrinho, para acabar pedindo "o telefone do cavalo dela". Piegas...


— Sim... – ela respondeu com o pé atrás. Quando me aproximei mais, ela arrematou – E você é Edward Cullen...


Tentei disfarçar a surpresa, mas minha boca ficou entreaberta por tempo demais enquanto organizava as ideias. Então, acho que no final não deu muito certo.


– Você me conhece? – sem querer, a ênfase da pergunta saiu com um toque de arrogância.


— É... Na verdade, meu pai conhece seu irmão, de eventos da federação industrial. Fomos apresentados em um jantar beneficente ou coisa assim. Vi você com ele ali na tenda e imaginei que fosse Edward, o caçula de quem ele falou pra gente naquela noite.


— Memória boa. – Deixei escapar, tentando fazer um elogio. Quando ela enrubesceu e baixou os olhos ficou claro que eu tinha pisado em falso. — Er... Que belo animal... – Disparei para afastar o constrangimento. Será que era para ser assim tão difícil?


Toda a situação era nova pra mim, não estava acostumado a puxar papo com as garotas. Era algo que acontecia naturalmente nas rodas de amigos. Em geral resultava em uma ficada de uma noite, sem prejuízos para nenhum dos lados. Mas igualmente sem grandes ganhos. No caso de agora eu ao menos tinha a meu favor (ou seria contra mim?) o fato de ela parecer tão tímida quanto eu.


— Arqueiro é um brasileiro de hipismo. – Ela comentou e eu ergui a sobrancelha, ao ver que em meu curtíssimo conhecimento eu havia ao menos acertado a raça – Ele é muito corajoso e determinado. – Ela continuou, agora virada para o cavalo, um brilho no lindo rosto. – Apesar de dócil, também é bastante enérgico, tem... a personalidade forte. Observa só os olhos dele. Parece saber que é dele que a gente está falando! – ela riu de forma descontraída de novo e eu nem fiz questão de segurar o sorriso que a alegria dela fez despontar em meu rosto. Três.


— Vocês parecem ter uma ligação especial... – especulei. Ela definitivamente não era como as garotas que estavam aqui só para passar o tempo ou dar à mãe um assunto para contar vantagem durante as rodas de chá com as amigas.


— A gente está junto desde que ele nasceu. A mãe dele pertence a minha família também. Quando ela ficou prenha, pedi a meu pai que desse a mim o filhote. – Tá certo, pensei, um pouco mimada, então... Mas quem não mimaria essa garota? Não posso culpar o velho... – Arqueiro ainda é muito jovem, por isso um pouco temperamental.


— Faz tempo que treina equitação?


— Desde os 12 anos.


— E você tem...


— 18.


— Eu também – falei em voz baixa com forçada despreocupação. Aproximei-me mais do cavalo. – Posso? – perguntei, erguendo a mão para tocar o dorso de Arqueiro. Ela assentiu. Eu alisava a pelagem com os dedos e ele pareceu não se incomodar.


Enquanto isso, não pude deixar de notar que ela me olhava. Com a proximidade dela, era difícil disfarçar o conforto que aquele contato produzia em mim. Queria ficar ainda mais perto, mas seria invasão da minha parte. Ela pareceu perceber o que eu pensava e desviou o olhar.


Quando ela se voltou para o cavalo, foi minha vez de observá-la. Era pelo menos vinte centímetros mais baixa que eu. Pela visão periférica, percebi o corpo mignon e bem definido. As curvas eram valorizadas pelo uniforme. Um blazer preto apertado e calças brancas por dentro das botas que iam até o joelho. Um capacete cobria os cabelos cor de mel, que brilhavam sob o sol. Os olhos dela eram castanhos claros. E eu já estava sorrindo de novo. Cinco.


— O que foi? – ela quis saber.


— Na verdade não sei. – temia parecer bobo, mas não saberia explicar. Relaxei quando ela riu também. Senti que a simpatia era mútua. Até com o silêncio entre nós dava muita vontade de ficar ali. Só. Ela transmitia uma energia boa. Talvez fosse isso.


— Escuta, vou levar o Arqueiro pra dentro, para tratá-lo. Ele se esforçou bastante hoje para que eu conseguisse bons pontos no ranking... – Ela deu tapinhas de leve no pescoço do cavalo.


— Ok... eu posso... esperar? – As palavras não saíram direito.


— Um, é, claro. – Ela respondeu num leve gaguejar. Perguntei-me se era porque ela estava me achando tão estranho quanto eu me achava nesse momento. Dei um sorriso para tapear a insegurança e ela entrou, conduzindo Arqueiro, saindo de vista. Seis.


Enquanto a olhava caminhar, os pensamentos fervilhavam em minha cabeça sobre o que diria quando ela voltasse, ouvi uma risadinha se aproximando.


— E aí... Já tá pegando? – era Jasper, vindo na minha direção e apontando a entrada do estábulo com a cabeça, um sorriso debochado no rosto.


— Nada a ver.


— Calma, cara, não está mais aqui quem falou...


— Beleza... – eu não podia ficar bravo com ele, que não sabia de nada.


— Cara, o Eric me ligou, disse que no Santinho dá pra cair. Meio força-barra, mas tô pensando seriamente em encarar. Tá a fim?


— Pô, cara... Por mais que eu esteja com vontade de pegar uma onda, não vai rolar. Tenho mesmo que ir pra casa daqui a pouco, estudar física...


— Meu, só você mesmo! Um domingão desses, vai se enfurnar em casa?


— Não dá mais pra postergar... Se passar mais tempo, a matéria vai acumular com as outras e adeus ITA.


— É, quem mandou querer fazer uma faculdade tão disputada... Você devia fazer como eu... Vou ficar aqui, tentar Engenharia de Aquicultura na UFSC... Se passar, surfo de manhã e estudo à tarde. – disse ele com a voz arrastada, forçando um jeitão de surfista.


— Tá certo... Falou, cara. Bom surfe. A gente se vê amanhã no cursinho.


Uns quinze minutos depois que Jasper saiu, fui em direção ao estacionamento para esperar por ela. Avisei a Emmett que estava indo. Os árabes já tinham ido embora e ele se encaminhava com Rose, também para o estacionamento. Disse tchau para eles e me encostei à moto enquanto eles entravam juntos no carro. Mais uma vez pensei em como tinham sorte.


Olhei de novo em direção à hípica e meu coração disparou. Ela vinha ao longe, na minha direção. Não estava mais com aqueles trajes de antes. Usava um vestido colorido, de tecido leve que seguia até os joelhos, com um casaco branco fininho que cobria os braços e ombros. O cabelo solto voava ao vento, agora molhado e mais escuro. Ficava ainda mais bonito, em contraste com a pele clarinha. Ela era uma rajada de ar fresco em meus sentidos.


Aproximei-me e peguei a pequena mala de mão que ela carregava.


— Não precisa... – ela disse. Ignorei e peguei mesmo assim.


— Quase não reconheço você, sem as roupas de montaria... – brinquei. Ela riu da mesma forma descontraída de antes. Percebi que meu prazer em vê-la sorrir era ainda maior quando era por minha causa.


— É com certeza mais confortável.


Sorri para ela em resposta. Sete.


— Escuta, será que eu... – fiz uma breve pausa para encontrar a coragem – poderia te ligar algum dia desses, para... não sei... sairmos juntos, quem sabe...


Ela olhou para mim e assentiu, balançando a cabeça suavemente.


— Nesse caso, vou precisar ter seu telefone... – continuei.


— Imagino que sim. Você pode anotar?


Alcancei meu celular no bolso da calça e comecei a digitar os números que ela ditava: "9-1-3". E ela parou aí, contraindo os ombros. Percebi que o motivo da interrupção deveria estar bem atrás de mim. Quando me virei, um homem engravatado se aproximava.


— Senhorita Swan, sua mãe ligou avisando que ela e seu pai a esperam para o almoço.


— Obrigada, Felix. Já estou indo. – ela respondeu. – Pode me esperar no carro? Chego lá em um minuto.


— Sim, senhorita. O senhor, com licença... – disse ele, pegando da minha mão a mala de Bella e saindo em direção ao carro.


Quando ele deu as costas, ela sorriu timidamente.


— Desculpa, o Felix não tem intenção de ser rude. É só o jeito dele... formal demais. – ela disse enquanto andávamos lentamente em direção ao automóvel estacionado.


— Ele é tipo o que, seu segurança? – Eu compreenderia se uma garota como ela precisasse andar por aí com proteção.


— Não, não é nada disso. Ele é empregado do meu pai. Está na família desde muito antes de eu nascer. Dirige o carro pra minha mãe, coordena as assistentes da casa, essas coisas.


— Uma espécie de mordomo, então. – Concluí.


— É, por aí. Bem, ele está lá me esperando e eu preciso ir. Foi muito bom te conhecer, Edward Cullen. – E ela então ficou na ponta dos pés e me deu um rápido beijo no rosto. O suficiente para que a concentração me faltasse por alguns segundos.


— Er... tchau. – Foi só o que consegui dizer.


Bella olhava para Felix, balançando a cabeça em negativa quando ele abriu a porta de trás do carro pra ela. Deu um sorriso maroto e se dirigiu à porta do carona, abrindo-a ela mesma e sentando no banco. O mordomo ficou parado feito bobo com a mão na maçaneta da porta de trás. Uma princesa que não aceita ser tratada como tal.


Só quando eles partiram percebi que estava com o celular na mão, com apenas três números digitados.


Droga.


Bem, pelo menos sabia que ela morava no mesmo bairro que eu. De um jeito ou de outro, a gente ia se ver de novo.

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Notas finais do capítulo

Nota da beta: Gente esse casal é apaixonante. Quero agradecer também a Bragirl a honra de poder betar essa estória. Obrigada! E para não perder o costume, por favor cliquem nas palavrinhas azuis aí em baixo e deixem seus comentários, que ficaremos muito felizes. Lu.



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