" Enzo ? " pensei. Mas... como ? Por mais estranho que possa parecer, só por ter lido o nome dele naquele papel me senti um tanto aliviada.

Me aproximei um pouco mais da máquina de escrever e sem saber muito o que fazer falei:

- Enzo ? Você... esta aqui ? - aquilo soou meio estranho, ainda mais a palavra "esta".

Mais uma vez a máquina de escrever escreveu mais alguma coisa.

Sim, Lilitih. Eu estou aqui, por favor, não vá embora.

Meu coração acelerou. Como aquilo poderia estar acontecendo ? Me sentei em frente a maquina de escrever, quando esta começou a digitar seu texto.

Lilitih, sei que você deve estar confusa, e triste comigo. Mas ouça, ou leia... Eu queria ter te contado isso antes, como você acha que me senti escondendo isso de você ?

Pode acreditar, eu fiquei péssimo. Mas o que eu ia dizer, afinal ? Lilitih, você tem que entender que eu amo você, nunca me apaixonei por ninguém enquanto estive vivo e...

- Vivo ? Enzo, por favor, me explique isso melhor... - eu queria começar a chorar feito um bebe, mas me segurei.

Lilitih, como você sabe, esta igreja foi incendiada, e felizmente no dia em que isto aconteceu, eu estava aqui dentro...

- Felizmente ? Como assim "felizmente" ?

Meu amor, entenda, até uns dias atrás eu me perguntava porque isto aconteceu comigo ? Mas depois que conheci você eu pude entender tudo. Se eu não tivesse morrido no dia do incêndio nunca teria te encontrado, lembra quando te falei sobre Destino ?

Não respondi, e ele prosseguiu escrevendo.

Era por isso Lilitih. Eu juro que queria te contar de alguma forma, mais não achei nenhum jeito que não fosse te... assustar... Eu espero que você me perdoe.

- Por que aceitou ir a minha casa então ?

Porque era o que você queria, e achei que esse era o único jeito de fazer você ver o que eu sou.

- Você esta morto ? - aquelas palavras pareciam ter sido para mim mesma.

Sim.

O que eu podia fazer agora ? Eu amava uma pessoa que estava morta, que sumia, que só eu podia ver, que vivia dentro de uma igreja destruída.

E pela primeira vez em anos, eu queria a morte mais do que qualquer outra coisa.