Os dias se seguiram assim, pequenas lembranças e grandes confusões na mente; parecia que minha vida havia se tornado uma montanha russa de emoções, mas apesar disso consegui me aproximar de Harry e da minha família, minha mãe parecia estranhamente maternal, a rainha ao contrário era totalmente profissional, apresentava sentimentos apenas quando era obrigada, por assim dizer, dos gêmeos só Dark tinha amadurecido, Clara continuava a mesma como mostrara a lembrança de dias atrás, passei a reconhecer novos rostos e lugares onde atualmente frequentava, conheci minha vida nova, mas ainda tinha o sentimento de vazio no peito, Creio que tudo esteja confuso em sua mente, foi a frase que disseram quando expliquei o ocorrido, não imaginavam o quanto era confuso, mas eu simplesmente não conseguia entender, não conseguia lembrar.

– Como se sente? – questionou alguém me assustando.

– Bem, eu acho. – respondi observando-o se aproximar.

– Ainda com medo de mim?

– Talvez. – disse analisando Dorian Cales – Há algo em você que me faz temer.

– Talvez por ter te machucado de alguma forma. – confessou.

– Que forma?

– Você não se lembra mesmo não é? – questionou olhando nos meus olhos – Não, não se lembra.

– Do que deveria me lembrar? – questionei vendo-o esconder a cabeça entre as mãos.

– De nós.

– Existiu algum “nós”?

– Existiu Eva, por mais incrível que pareça o plebeu se apaixonou pela princesa, algo tão clichê não acha? – comentou ainda sem me olhar, ele parecia cansado – Nós acabamos nos envolvendo, não teve como evitar, apesar de tentar de tudo pra não acontecer, seu jeito abusado, sorriso sincero, às vezes tentador, me conquistou. – riu pensativo finalmente virando-se pra mim – Eu me apaixonei por você, pela garota tentadora e imatura que era três anos atrás e agora por essa mulher forte e batalhadora que se tornou, fiz tantas besteiras ao longo desses anos, tentando inutilmente negar esse sentimento, acabei machucando você tantas vezes, me envolvi com outra pra tentar te esquecer, negligenciei o que sentia, fiz de tudo pra não acontecer, disse coisas que não devia, estilhacei você, seu coração, e foi talvez, por esse motivo você não lembrar-se mais de mim, mas eu nunca te esqueceria.

– Fui um tolo tentando negar meus sentimentos, praticamente todos notaram o que havia entre nós dois, os olhares e brigas, mesmo sendo por coisas tolas, talvez até pra provocação, nenhum dos dois se dava por vencido, até que você finalmente se abriu, se deixou amar e ser amada, mas ainda havia aquele receio da minha parte, um simples empregado se apaixonar por uma princesa, mesmo você sendo totalmente o contrário da realeza.

– Cheguei a ser questionado pela Rainha se havia algo entre nós, foi engraçado ver ela se espantar quando disse que não tínhamos nada, já que meu medo era maior do que meu sentimento; foi então que tudo aconteceu, o ataque em Los Angeles e o medo extremo de te perder, foi aquilo que me fez lutar por você, mas ainda tinha o príncipe, o maldito príncipe. – reclamou demonstrando ciúmes – Ele não serve pra você, não sou eu, e nunca será.

– Por que não?

– Porque você não acredita em conto de fadas, sempre foi á garota que prefere a realidade à ficção, teve uma vez que disse a seguinte frase, O amor não se descreve com frases ou livros, mas sim com um toque, um olhar.

– Eu vejo Eva em seus olhos que não apresentam aquele amor para com o príncipe, o nosso amor.

– E o que eles apresentam agora?

– Dúvidas, inseguranças e medo. – afirmou tocando meu rosto.

Foi inevitável não fechar os olhos, aquele toque era diferente, era de alguma forma… Especial. Não percebi sua aproximação até sentir seus lábios nos meus, macios e quentes, novamente especial, suspirei contra sua boca sentindo-o aprofundar ainda mais o beijo, ele estava certo, eu sentia algo, algo que não conseguia explicar, descrever, raciocinar. Afastei-me quando finalmente me faltou ar.

– Minha vida não é um conto de fadas, pra você me beijar e eu lembrar. – afirmei levantando.

– Eva. – chamou também de pé – Eu te amo.

– Por quê?

– Porque você é a mulher da minha vida. – disse parando a minha frente novamente.

– Eu lamento muito. – sussurrei me afastando – Não importa se você foi importante pra mim no passado, eu não me lembro de você ser meu grande amor, se fosse não sumiria da minha memória, pra mim você não é ninguém.

– Você ainda vai lembrar e voltar a me amar. – afirmou entregando-me algo.

– Se você destruiu meu coração, como posso voltar a amar você? – questionei.

– Porque amor perdoa tudo, e agora eu vou lutar por você.

– Tente, não há sentimentos que me liguem a você. – aproximei meu rosto do seu lentamente – Pra mim você não é ninguém.

– É o que vamos ver. – rugiu dando as costas ele saiu.

Assim que saiu avaliei o que tinha na mão, a pequena caixinha chamou minha atenção, aquilo seria um anel? Abri lentamente, era impossível acreditar que esse homem iria pedir minha mão, por sorte não era um anel e sim um medalhão, parecia algo feito especialmente pra mim, um dourado enferrujado, bronze pelo que parecia ser, traçado com fios em ouro, um emaranhado deles, como se todos se ligassem em um só, foi assim que vi a coroa trabalhada na frente, mais detalhadamente percebi os pequenos diamantes ali, algo tão lindo que até me comovi, dentro as imagens não mentiam o que nós sentíamos, duas fotos ao qual podia entender o que ele dizia, eu o amei, realmente o amei, Dorian Cales foi o homem pelo qual me apaixonei.