Não escutei o que Harry e Clara diziam, apenas aquele zumbido me deixava sem atenção, tentei controlar minha mente, respirando e espirando controlando a dor, quando me dei conta que estava deitada novamente, com alguém tocando minha testa tirando meu cabelo do caminho.

-        Harry. – chamei de olhos fechados.

-        Estou aqui amor. – disse de longe, quem estava tocando-me então?

-        Cales? – questionei sem duvida.

-        Princesa. – afirmou o que já desconfiava – Acalme-se.

-        Não me toque, Clara fará isso. – afirmei ainda de olhos fechados.

-        Enfermeira qualificada, futura neurologista – sussurrou Clara agora próxima – Desculpe Eva, isso foi culpa minha.

-        Sim foi sua culpa, sempre é sua culpa, dos três você foi à única que não cresceu. – suspirei sentindo Dorian ainda me tocar.

-        Eva. – gemeu em desgosto – Desculpe!

-        Não se preocupe, estou acostumada com isso, sei o que esta sentindo, mas você não pode fugir desse sentimento, esta amando o príncipe, por isso esta tentando se apegar a Dark novamente, pra não se envolver de verdade com Jullian.

-        Como você...?

-        Intuição. – sorri inteiramente – Você o amou desde o inicio, pude ver isso em teus olhos, amor à primeira vista, quem diria que tu irias se apaixonar Clara.

-        Eu não sei o que sinto. – confessou mais baixo.

-        Claro que sabe. – suspirei – Você sente como se a pessoa fosse a sua vida, como se o mundo fosse somente aquela pessoa pra ti, no momento que ela sorri você sabe que é o mais lindo sorriso do universo, quando seus lábios tocam nos seus é tão perfeito que você sente que é a mulher mais amada do mundo, suas mãos soam quando ele chega perto, e quando ele diz pela primeira vez “Eu Te Amo”, você sabe que ele é o homem da sua vida.

Escondi minhas lagrimas quando senti outra pontada na minha cabeça, dessa vez o curativo estava pronto e abrindo meus olhos à primeira coisa que vi, foram os seus olhos negros como a noite, Dorian sabia que eu estava falando dele, e isso só fez doer ainda mais meu coração, precisava esquecer você então.

-        Então digo sim. – sorriu Clara tirando-me do devaneio.

-        Sim para que?

-        Para nós namorarmos oficialmente. – diz ela pra meu alivio.

-        Faço gosto dessa relação. – confirmo sorrindo também.

-        Então Jullian fez algo que até agora não tive coragem. – afirma Harry fazendo-me olhá-lo especulativa.

-        O que seria?

-        Pedir sua mão, a sua avó e mãe. – sorriu meu príncipe deixando-me estática – Em namoro primeiramente.

-        Por Deus! Precisa deixar-me tão nervosa. – reclamei rindo – Não há necessidade de pedir nada, já tens minha mão em namoro há algum tempo.

-        Mas como um bom e educado príncipe, é meu dever e obrigação fazer o pedido formal a vossa família. – disse sério com brilho no olhar – Caso aceite obviamente.

-        Quem não aceitaria? – sorri pra ele, quando se aproximou para beijar-me sussurrei – Sim.

-        O que esta acontecendo aqui? – perguntou mamãe disparando pela porta.

-        Wow Droga! – suspiro escondendo meu rosto no pescoço de Harry – Mãe eu posso explicar.

-        Nada disso, todos vocês, fora daqui! – disse séria apontando para a morena e os dois homens – Você. Fica!

-        Mãe. – começo sentindo que lá vem briga por ai, ela não discutiu comigo na clinica, mas agora eu não fugiria.

-        Nada de “Mãe”. – falou fechando a porta na cara dos três – Agora o assunto é comigo.

Sei o que esta por vir, aconteceu à mesma coisa depois que acordei do atentado em Los Angeles, dois dias depois de levar um tiro minha mãe entrou no quarto do hospital completamente seria do mesmo jeito que ela fez quando descobriu que eu não era mais virgem e praticamente obrigou a John para contar o fato para a família dele e a minha, foi a maior vergonha que passei em toda minha vida, principalmente pelo fato de papai saber e ele mesmo ficar aborrecido pelo fato de acontecer tão cedo, pra ele, já que eu já tinha dezessete anos. Agora ela estava aqui prestes a me dar o sermão do século, apenas fiquei quieta esperando minha sentença de morte.

-        Você matou dois homens.

-        Minha lista ta aumentando. – disse friamente – Até agora são quantos? Quatro? Três?

-        Você tirou mais vidas – afirmou da mesma forma que eu, fria.

-        Nada mais justo, daqueles que queria me matar. – retruquei dessa vez eu não iria ficar quieta – A senhora desejaria minha morte? Deixaria que eles me matassem?

-        Em que ponto você se tornou tão fria? – lamentou balançando a cabeça.

-        No momento que vi a morte com os olhos senhora Cláudia, na hora que vi a vida de Clara e Sarah em perigo, não deixaria que fizessem a mesma coisa que fizeram com meu pai, não deixaria que eles nos matassem.

-        Seu pai não...

-        Não minta pra mim, sei perfeitamente o que aconteceu com papai. – afirmei sentando-me ereta – Sei que o mataram, sei o porquê de o matarem, e agora estão tentando matar a mim pelo mesmo motivo, poder. Eu não vou morrer por causa dessa merda de reino.

-        Esse é o reino do seu pai.

-        Acha que não penso nisso todo dia? Que a vida dele acabou por causa disso? Que tudo que esta acontecendo com nós é por causa disso? Eu queria ter uma vida normal, ter uma família, filhos!

-        Você não tem uma vida normal Eva, nunca teve, e nunca vai ter. Você é uma princesa, a princesa de Gales, futura rainha deste reino.

-        Não me diga. – ironizei prestes a brigar realmente com ela – Estou tentando ser a princesa que todos querem, mas eu não sirvo pra isso, nunca servi pra ser a garota modelo, a Barbie perfeita!

-        Você só devia ter sido criada de uma forma diferente, seu pai te criou...

-        Com amor, ele foi o único que me deu amor, a senhora nunca deu a mínima pra mim, agora quer ser uma mãe zelosa. Ouça bem o que vou dizer Condessa Claudia. Vou matar quem quer que queira machucar minha família ou meus amigos, vou destruir quem quer que seja pra proteger vocês, e mesmo não merecendo e querendo este reino, eu vou honrar o que meu pai deixou pra mim, nem que eu tenha que desistir da minha felicidade.

Virei para o lado esperando que ela entenda meu sinal para partir, e quando a porta bate anunciando sua partida desabei no colchão respirando profundamente, a Eva jovem e inconsequente deu-se o fim no momento que ela morreu naquele ataque, seus ultimos vestígios foram destruídos quando Dorian Gales acabou com meu coração.