Deitaram-me na cama do meu quarto, quando voltamos para o castelo, todos os empregados desesperados pra me ajudar de alguma forma, recusando-me a ser tratada como princesa, o que era irônico da minha parte, já que era mesmo uma princesa. Fechei meus olhos, esquecendo a dor, focando-me nos fatos, uma semana se passou desde que percebi alguém me observando e não sendo Noel, podia concluir que mais alguém queria seguir meus passos, mas mesmo precavida ao estremo, com a arma no carro e o punhal na bolsa, não fora capaz de proteger a Sarah nessa situação, o que era espantoso da minha parte, afinal fora ela que me protegera e salvara esta manha.

-        Eva. – chamou alguém ao longe.

-        Olá príncipe. – sorri pra Harry parado ao meu lado na cama.

-        Você esta bem? – perguntou sentando-se ali.

-        Deite-se comigo. – sussurrei começando a sentir o efeito do remédio em mim – Faça-me companhia.

-        Sedativos? – questionou deitando ao meu lado quando me aconcheguei a ele.

-        Muitos. – confessei mostrando minha mão – Pra passar a dor.

-        Quem foi o monstro que fez isso contigo?

-        Não existe mais, esta morto. – comentei tocando sua roupa – Há serviço?

-        Sim, estava sobrevoando a cidade quando avisaram sobre ti. – disse Harry tocando minhas mãos na sua farda militar.

-        É bom voar? – questionei observando vagamente suas medalhas de honra.

-        Estar na aeronáutica sempre foi meu sonho, gostei de voar sempre. – sorriu feito criança.

-        Pilotar caças e aviões deveria ser o sonho de todo príncipe. – sorri colocando a cabeça em seu peito enquanto ele me abraçava junto a ti – Te gosto tanto.

-        Eu a amo Eva. – afirmou contra meus cabelos.

-        Eu sei. – sussurrei sonolenta – Meu eterno príncipe encantado.

-        Seu príncipe encantado. – ele disse ao longe, muito distante...

-        Meu conto de fadas... – disse antes de adormecer.

Não sabia quanto tempo fique neste estado de estupor, meu corpo estava desligado de tudo, só estava ciente que estava nos braços de Harry, naquele aconchego delicioso, e nesse momento de reflexão pensei no que Sarah disse talvez eu estivesse apaixonada por Harry sim, por seu jeito de príncipe encantado, esse que me encantou.

-        Eles não são perfeitos juntos? – perguntou alguém ao longe.

-        São. – respondeu outra voz, quando me aconcheguei mais a Harry.

A inconsciência havia me consumido novamente, onde somente Harry era minha realidade, meu sonho de um conto de fadas encantado, uma verdadeira Vida de Princesa que era minha historia.

Acordei com uma leve dor de cabeça, fazendo-me gemer e apertar Harry sem querer, mas senti um riso fácil fazendo-me abrir os olhos, não havia visto onde o apertara, mas quando observei minha mão correi tremendamente, tinha o apertado na cintura, muito perto de onde não devia, afastei-me rapidamente para não cometer uma besteira, tocando minha testa ao invés disso, estava latejando lentamente, como uma picada de abelha que teimava em doer, aquela dor incomoda que não nos deixa se concentrar em algo.

-        Esta tudo bem princesa? – questionou ainda sorrindo.

-        Sim, meu caro príncipe. – disse olhando agora pra ele – Trocaste de roupa?

-        Passaste a manha toda repousando, esta prestes a escurecer, os antibióticos a fizeram dormir praticamente o dia todo, deu tempo de ir a minha casa e trocar minhas vestes. – comentou de forma cortês.

-        Pare de formalidades, nós já estamos juntos há praticamente seis meses, e tu gostas de falar formalmente comigo. – contestei encarando-o brava.

-        Eva, você esta falando desta mesma forma comigo neste momento. – sorriu achando graça.

-        Ó céus! Estou virando minha avó! – gritei rindo também.

Sorrindo ele se aproximou tomando o maior cuidado ficando de joelhos na cama, puxando-me para seus braços, tocando nossos lábios delicadamente, seus dedos apertaram levemente minha nuca no momento que ele me trouxe ainda mais para seus braços, o beijo doce ficou intenso e minhas mãos circularam seu pescoço quando sorri contra seus lábios, afastando-me para tomar ar, quando seus lábios passaram para meu pescoço, beijando e acariciando.

-        Eu te amo. – sussurrou conta minha pele, causando-me arrepios.

-        Também acho que te amo. – sussurrei contra seu pescoço o abraçando – Também acho que te amo.

-        Ó que lindo! – gritou alguém nos assustando.

-        Clara. – disse constrangida, escondendo meu rosto em Harry, que me puxou novamente pra ti.

-        Olá senhorita Clara. – cumprimentou o príncipe rindo.

-        Ó por favor! Só Clara. – reclamou sentando-se na ponta da cama descontraída – Maninha preciso falar com você.

-        Importa-se? – perguntei quando Harry começava a se levantar, fazendo-me puxá-lo de novo.

-        Não, é bom saber a opinião de um homem, agora que não posso mais contar com Dark. – sussurrou desviando o olhar.

-        Daniel esta com Sarah agora, mas não significa que não sejamos irmãos novamente, somos companheiros, tu sabes disso. – afirmei deitando nos braços de Harry conforme ele se acomodava novamente.

-        Eu sei, mesmo assim... É difícil ver ele com outra, ainda mais agora que vão ter um filho.  – confessou deprimida – Tentei tanto ter um bebê.

-        Não era assim que você teria Dark, sabe que ele te amou sempre, e que esta paixão que sente por ele é mais como uma obcessão adolescente que passou dos limites quando você percebeu que brincar com os sentimentos dos outros era mais produtivo do que se envolver verdadeiramente em um relacionamento. – disse decidida.

-        Não é isso...

-        É isso sim, você sempre quis um capacho pra ti, e Dark sempre foi um escravo aos seus pés, mas você não o queria como namorado, só pra uma transa de vez em quando, apreciando o quanto ele era bom de cama. – critiquei suas antigas palavras.

-        Eva! – chamou Harry criticando-me pelas coisas que dizia.

-        Não Harry, ela tem que escutar. – afirmei sentando-me com um pouco de dor de cabeça novamente – Você usou a ele, fez o que eu tanto temia, me diga Clara, quantas vezes amou um homem, fez amor, não só sexo?

-        Só com... Daniel. – sussurrou constrangida.

-        Ai está, foi ele seu primeiro homem, foi ele que te fez mulher, seu primeiro beijo, primeiro amor, aquele que fez amor.

-        Não é o mesmo caso que o seu? – retrucou agora brava.

-        Com John foi diferente, eu sempre o amei, desde o começo, não o usei, ele foi meu primeiro amor, aquele que entreguei meu coração e alma, não ousei jogar com ele, brincar com seus sentimentos, apenas deixei meu coração me levar, não usei ninguém.

-        A não ser D...

-        Não. – interrompi – Quando me apaixono eu entrego minha alma, não importa pra quem seja eu nunca o uso.

-        Eva. – chamou Harry novamente.

-        O que? – perguntei virando-me pra ele.

-        Você esta sangrando!

Droga! Toquei minha testa e senti algo quente manchar meus dedos, olhando-os notei o sangue vermelho encharcar minha mão, conforme tentava limpar aquele ferimento, mas fora em vão, estava ficando pior, minha respiração acelerada, coração pulsando alto, e um leve zumbido em minha mente, alertando-me que não estava bem.