Sentei na minha cama vendo um vídeo que há anos eu não via mais, liguei o tablet respirando profundamente, era um vídeo ao qual eu pedia perdão pra ele cantandoEternal Flame, em um palco do bar aonde sempre íamos, minhas antigas amigas estavam presentes, e a única coisa que pensei pra fazê-lo voltar a mim foi isso.

Não senti quando as lagrimas caíram, só conseguia ver a gravação que Dark tinha feito naquele dia, o vídeo mostrava a mim cantando encarando John tão profundamente, declarando meu amor pra ele, quando terminei o refrão ele subiu ao palco me beijando, ele havia me perdoado.

Gritei alto jogando o tablet longe, porque ele me deixou?! Por quê? Eu o amava tanto, tanto... Chorei gritando de raiva, jogando tudo que tinha pela frente, escutei passos subindo as escadas apressados, mas não me dei ao trabalho de me importar, eu estava com raiva, com dor, com medo, e principalmente com saudades, John foi tudo pra mim, tudo, e agora ele não estava aqui na hora mais difícil, ele não estava aqui.

-        Princesa. – chamou alguém quando cai no chão segurando um porta-retratos com nossa foto.

-        Sai daqui! – gritei pra quem quer que seja não conseguia pensar, raciocinar.

-        Eva! – disse agora outra voz.

-        SAI! – gritei de novo agora com mais força – SAI DAQUI!

Escutei alguns passos indo, mais não conseguia escutar direito por causa dos meus choros e soluços, eu não queria ver ninguém, queria morrer pra estar com ele, queria sumir pra não passar tudo que estou passando, a imagem de John vinha em minha cabeça cada vez que fechava os olhos, eu não conseguia parar de pensar nele, não conseguia.

-        Filha. – disse minha mãe me abraçando.

-        Não! Sai! – disse em meio ao choro – Me deixa sozinha!

-        Filha. – repetiu me apertando junto a ti.

-        Por que mãe? Por que ele se foi? – chorei deixando-a me abraçar – Por que John fez isso comigo mãe! Eu o amava, eu o amo! Como ele foi morrer mãe! Como!

-        Deus quis assim. – afirmou me deixando furiosa.

-        Como Deus quis assim! Ele tirou o homem que amo! ELE TIROU O AMOR DA MINHA VIDA! – gritei saindo de seus braços ficando de pé – DEUS É UM EGOISTA POR ME TIRAR OS DOIS HOMENS DA MINHA VIDA! ELE NÃO PODIA LEVAR JOHN DE MIM!

-        Filha... – chorou ela junto comigo – Seu pai também se foi por vontade de Deus.

-        Eu não aceito! NÃO ACEITO! Eu devia ter morrido com John naquele acidente! – chorei descontroladamente – EU DEVIA TER MORRIDO NO LUGAR DELE!

-        Querida...

-        Não chega! Sai daqui! SAI DAQUI! – gritei mandando-a sair – ME DEIXA SOZINHA!

-        Filha...

-        AGORA!

Só sei que ela se foi, me deixando ali aos prantos chorando por um amor que não vai mais vir, que não vai mais existir. Não sei quanto tempo fiquei ali, só adormeci quando as lagrimas secaram em meus olhos, apesar de ainda derramá-las eu dormi chorando por falta do meu amor.

Acordei em um lugar macio, confortável, senti alguém tocando meus cabelos e abri os olhos lentamente, Dark estava ao meu lado da cama, junto com ele Clara, ambos me olhavam com dor, aquela mesma compaixão que tiveram quando souberam da noticia da morte de John, nesse momento não me importei com piedade nem com compaixão, só abracei a ele chorando novamente, Clara tocou meus cabelos me abraçando também, nós três juntos sofrendo por algo que não pode mais voltar.

-        Sinto tanta dor. – sussurrei entre lagrimas – Tanta dor... Sinto como se meu coração fosse se despedaçar... Que tudo não tem sentido... Que a única coisa que quero é voltar no tempo... E ter eles de volta. Ter John de volta.

No andar de baixo, Claudia e Charlotte escutavam o choro doloroso e Eva, Dorian e Ackel estavam ali sérios e comportados também sentindo a tristeza da princesa, na noite anterior quando ela gritara fora Dorian a correr para seu quarto chamando seu nome, mas ela estava transtornada, parecia estar sem noção da realidade, apenas sentia dor, ele ficou ali em um canto no quarto escutando dona Claudia abraçar a filha, ouvindo Eva chorar e implorar para o antigo namorado falecido, seu peito doeu por vê-la sofrer, por vê-la sofrer por outro amor. Seus pensamentos foram interrompidos pelas perguntas da Rainha Charlotte.

-        Por que ela esta assim? – questionou perguntando para Claudia.

-        Hoje, exatamente hoje faz quatorze anos que Eva e John se conheceram, quando ela tinha cinco anos eles se conheceram em um parque, desde então amaram um ao outro – confessou Claudia respirando profundamente – Todos os anos nesse mesmo dia eles se encontravam no mesmo lugar, sentavam na mesma arvore e sorriam lembrando-se do dia em que se conheceram, desde a morte de John, Eva vai ao cemitério e deita sobre o tumulo dele contando a mesma historia desse encontro, como se ele a escutasse.

-        Esse é o primeiro ano dela longe? – questionou Charlotte pensativa.

-        Sim, ela nunca ficou tão longe dele assim, mesmo depois de sua morte Eva nunca abandonou Los Angeles antes.

-        Acha que seria melhor levá-la para lá? – perguntou Ackel ciente da conversa.

-        Não será bom, minha filha ficara pior se foi para lá. – suspirou pensativa – Clara e Dark são os únicos em quem ela confia nesse momento, eles sempre ficaram junto quando esse dia chega, não podemos fazer nada para acalmá-la. Minha filha sofre e não posso fazer nada pra curar a sua dor.

Dorian viu Clara descer as escadas com olhar cansado e vermelho de choro, cabisbaixa a morena sentou-se em uma poltrona colocando a cabeça entre as mãos, parecia que havia chorado com Eva desde ontem, mas sabia ele que a garota fora uma grande amiga do antigo John. Uma pontada de ciúmes o atingiu, quisera ele ter o amor dessa garota como o loiro teve, ela ainda amava o namorado de infância e isso o fez sofrer por vê-la sofrer.

Dark desceu logo em seguida o olhar cansado e melancólico afirmou que ele também sofria com Eva, por Eva, parando em frente à Rainha e a mãe da princesa, suspirou pegando a mão da senhora Claudia, ela repentinamente o abraçou, sabendo que os únicos que poderiam ficar e entender a filha eram os gêmeos que Eva os considera desde pequena.

-        Ela adormeceu, mas não ficara bem por esta noite. – afirmou cansado – Passarei a noite aqui com ela, Sarah entendera. Temo que ela fique em depressão novamente e tente o suicídio como fez quando descobriu, por isso é mais fácil alguém ficar a vigiando caso isso aconteça.

-        A princesa já tentou se matar? – perguntou Ackel tirando as palavras da boca de Dorian.

-        Logo após o enterro de John, Eva não queria mais viver sem ele e sem o pai, ela havia tomado uma série de remédios e cortado os pulsos em sinal de suicídio, ela não se lembra daquilo, parecia não ser ela. – sussurrou Dark abaixando a cabeça – Ela ficou muito abalada com as duas perdas e entrou em estado de choque por dois meses, depois disso ela voltou-se para a fase revoltada.

-        Como ela não sabe que tentou se matar? – perguntou Ackel novamente.

-        Quando você perde uma pessoa que ama perdidamente, quando essa pessoa é a sua vida, que você vive para amá-lo e respeitá-lo, estando ao seu lado sempre... – disse Claudia com lagrimas nos olhos – Quando você vê a pessoa que você mais ama na vida se for, você quer ir com ela, desejando estar junto nem que seja juntos na morte.

Todos se calaram, a dor da senhora Claudia era idêntica à filha, ela também perdera o amor de sua vida, e o sofrimento dessa perda fez com que essa família se separasse cada vez mais, não sabiam ao certo porque disso acontecer com eles, mas como Eva mesmo disse, Deus quisera ser injusto com essas mulheres tirando o verdadeiro amor delas.