Jogos Vorazes - Parte Dois escrita por Katniss e Peeta


Capítulo 20
A entrevista


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, fiz esse capítulo bem rapidinho, acho que consigo postar mais um amanhã.



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- Haymitch, já disse, eu preciso ligar para ele. – falo jogando um prato de porcelana na parede do meu quarto, que se estraçalha em um milhão de pedacinhos.

                - Você sabe que não pode, Gabriela! – grita ele já enfurecido.

                Coloco as mãos no rosto, meus braços estavam cheios de cortes, minhas mãos pingando sangue. Isso era tudo o que eu vinha fazendo, mas quando passava dos limites, dois pacificadores chegavam e injetavam líquidos nas minhas veias, me fazendo desmaiar.

                - Pare com isso, olhe pra você, eu não a reconheço mais! O que está acontecendo? Posso saber? Veja seu rosto, está com olheiras profundas, você está pálida, seus cabelos estão frisados, você anda cortando os braços e suas mãos estão em retalhos. Acha que uma vitoriosa faz isso? Você passou por coisas piores, garota. – grita Haymitch segurando meus ombros.

                Olho meu reflexo no espelho e vejo como estou, eu nunca estive pior, minha aparência na arena havia sido muito melhor que essa. Meus cabelos estavam ondulando, meus olhos estavam pesados, os braços estavam cheios de cicatrizes, e minhas mãos estavam em vermelho-vivo. A maquiagem da outra noite estava em borrões pretos, as lágrimas trazendo todo o preto que fora pintado em meus olhos para o queixo. Meus lábios rachados e as bochechas descarnadas.

                Então eu olho ao redor, pratos quebrados por todos os lados, o sangue de minhas mãos e braços pinando de alguns, minha cama cheia toda desarrumada e a banheira com a leve coloração do vermelho que saia de minhas mãos. Uma foto minha antes de entrar na arena estava pendurada de um lado do espelho. A menina que tinha tudo e nem imaginava, que tornou a sua vida um inferno por quem amava.

                Com esse pensamento eu comecei a chorar, chorar muito, as lágrimas salgadas caindo sobre os meus joelhos, os borrões negros do lápis saindo com elas. Haymitch mantém a postura rígida.

                - Pense. No que você se tornou? Você é forte, sempre foi. O que está acontecendo agora, garota? – pede ele e vejo uma lágrima brotando de seu olho, coisa que eu nunca esperava enxergar. – Meus pais e minha namorada foram mortos porque usei um campo de força como arma para vencer o Massacre, mas você, nada aconteceu com você e está desse jeito, acha que isso vai ajudar? Despedaçar pratos na parede, fazer o sangue jorrar de você como se isso fosse levar seus problemas? Você tem que agir, não ficar ali como está. O que está acontecendo, Gabriela? O que está acontecendo? – termina ele gritando e deixando algumas lágrimas caírem.

                Fico em silêncio apenas soluçando e vendo minhas lágrimas caírem, então faço o que jamais imaginei que iria acontecer, abraço Haymitch, soluçando no seu ombro e deixando as lágrimas negras da maquiagem caírem sobre a sua camisa. Conto como tirei os rastreadores, como apenas o meu distrito tinha um tributo, como beijei Will, em como na sessão particular com os Idealizadores dos Jogos eu apenas sentei em um banquinho e os encarei nos olhos um por um, até meu tempo acabar e mesmo assim ter tirado um 12 novamente, contei tudo.

                - Vamos lá, tome um banho, vamos dar um jeito nesses braços e em suas mãos, você vai brilhar hoje à noite. – chega Peter falando.

                Não deixo de sorrir quando o vejo e a equipe de preparação. Vou para o banheiro e tiro a água ensanguentada da banheira, fico vegetando alguns minutos depois saio de lá com um sorriso, meus cabelos estavam secos e sedosos, meu rosto limpo e os lábios hidratados. Meg colocou unhas postiças por cima das minhas quebradas, depois as pintou de cor coral. Cart corta meus cabelos que estavam indo até a cintura até um pouco a cima do ombro e faz uma franja que esconde toda minha testa, me colocam em um robe e sou dispensada até à noite.

                Minhas mãos e braços estão cheios de cicatrizes, mas Peter prometer fazer algo para esconder isso.

                Com nada mais que o robe e um chinelo macio, vou para a sala de jantar, onde tomo um farto café sozinha, Effie estava agendando horários e Haymitch não apareceu.

                Então vou para o telhado, a brisa acariciando minha pele, o cheiro das flores dando uma agradável sensação de primavera.

                Encosto-me  em um canto e fecho os olhos, aproveitando o pouco tempo que me resta aqui. Os abro novamente e já são três horas da tarde. Eu havia dormido o que eu não fazia há tempos.

                Me levanto do chão e vou para o meu quarto, onde todos estavam me esperando. Peter estava sorrindo com Meg e Cart.

                Meu vestido era deslumbrante como sempre. Dessa vez ele era curto e tinha um decote quadrado, começava em um negro profundo, depois passava para vermelho, laranja, amarelo, até chegar ao branco chamuscado, parecendo realmente inspirado no fogo. Os sapatos eram pretos e meu cabelo foi escovado até ficar completamente liso e Cart fez um rabo no alto da cabeça, deixando apenas a franja solta, não posso negar que estava maravilhosa.

                Meg prende meu broche a cima do coração e estou pronta para a entrevista.

                - Eu estou incrível, obrigada. – falo e os abraço.

                - É o nosso trabalho. Veja como está fabulosa. – diz Meg encostando o queixo no ombro de Cart, e depois de um beijo descubro que são namorados.

                - Tentei te deixar mais... sexy com o comprimento do vestido. – diz Peter rindo e rio com ele.

                Em seguida, eles passam uma sombra negra nos meus olhos, lápis e rímel, então em frente ao espelho, eu não acreditava no que fizeram comigo, eu estava maravilhosa comparada à manhã anterior.

                - Aja com atitude e confiante nas respostas, mas não deixe de ser divertida, apenas não finja ser a garotinha que entrou aqui ano passado. – fala Haymitch entrando no quarto.

                Ele, Cart e Peter estavam com um terno preto e gravata bordô, já Meg e Effie estavam em vestidos bordôs e sapatos pretos, estavam lindos.

                Vamos para o corredor que dá para a sala de entrevistas e a grande porta logo se abre, ergo o queixo e coloco um sorriso triunfante nos lábios, sigo sozinha para o minha poltrona, e mais uma vez me pergunto por que apenas meu distrito tinha apenas eu como tributo.

                Vejo os tributos serem entrevistados, os do um, Will e sua companheira, os do três e assim por diante, até chegar a minha vez. Caminho confiante e sorrindo até o palco, onde Caesar me cumprimenta e sorri.

                - Gabriela, bom vê-la novamente, foi péssimo não estar aqui quando voltou. – diz ele e por um minuto fico absorvendo o que disse, então entendo que foi Eduardo quem estava aqui quando saí da arena. – Maravilhosa como sempre, pode dar uma voltinha?

                Dou risada e faço dou uma voltinha.

                - E como anda a vida? Soube que está namorando. – fala Caesar sorrindo.

                - Ótima. – tento demonstrar confiança. – É, estou sim. – falo sorrindo.

                - E como anda Dylan? – continua ele.

                - Está ótimo. Em casa. Me esperando. – falo firme.

                - Com certeza. – então uma foto minha na primeira entrevista aparece em um telão e uma de agora aparece ao lado, me fazendo perceber o quanto mudei.

                Eu sorrio e Caesar volta a me questionar.

                - Posso saber qual foi a coisa fantástica que fez para tirar uma nota doze? Uma nota doze novamente. – pede ele.

                - Na verdade, nada demais. – falo rindo e vejo os Idealizadores dos Jogos arquearem as sobrancelhas.

                - E sempre nos matando de curiosidade. – fala ele e a multidão ri. – Qual foi o primeiro pensamento que lhe veio a cabeça quando falaram que você ou seu namorado teriam que retornar? – pede ele e percebo a dor em seus olhos ao fazer a pergunta, então noto que ele estava lendo as perguntas em um papel. Snow. Logo olho para ele e percebo o sorriso triunfante em seus lábios.

                Mas eu não iria deixar assim, deixar ele se divertir com a minha dor.

                - Vitória. – digo firme com um sorriso triunfante.

                - Acho que o público não entendeu o que quis dizer. – fala Caesar confuso.

                - Sabe, eu vou falar isso pra vocês, eu tive vários problemas psicológicos depois de perder o bebê, eu não sabia mais quem eu era, eu não conseguia me encontrar sem Dylan ao meu lado. – ergo as mangas do vestido e mostro as mãos e os braços. – Mas hoje de manhã, algumas pessoas me ajudaram, me mostraram o monstro que eu havia virado. Então eu simplesmente me encontrei, no meio de uma banheira cheia de sangue, de cacos de porcelana pelo meu quarto, pelo sangue que saia de minhas mãos e pela dor que martelava no meu peito. – o sino toca, mas Caesar faz um sinal para que eu prossiga, todos se calam e me ouvem. – Eu vi que eu tinha que ser forte. Ninguém me mandaria para cá sozinha, ou seja, sem outro companheiro como nos outros distritos se eu não fosse forte, eu percebi que eu sempre fui, eu tive essas descaídas, mas isso foi tudo, ninguém tenta derrubar um fraco, as pessoas querem derrubar os fortes, querem com que eles caiam e permaneçam no chão, mas eu não sou assim, eu caí, me machuquei, mas me levantei mais forte do que antes, e isso responde a sua pergunta, vitória. Meu pensamento ao sair da primeira arena era uma vida feliz e perfeita ao lado de quem eu amava, mas me diga, Caesar, qual tributo que saiu da arena vive perfeitamente bem? Diga-me qual tributo que os pesadelos não o perseguem à noite? O fato é, o nome disso não é Jogos Vorazes? O próprio nome já é um pesadelo, e se são jogos, com algo você tem que pagar. Nesses, você paga com seus sonhos que poderiam se realizar no futuro, mas eu percebi que existem jogos muito piores do que esse. – finalizo com um sorriso e os olhos úmidos.

                Toda a plateia se levanta, seguida por todos os tributos, estilistas, equipes, mentores, e começam a bater palmas e gritar meu nome. Apenas vejo Snow sentado me olhando como se eu tivesse ganho uma guerra da qual ele era do lado oposto.

                Caesar não consegue falar nada, vejo os nós na sua garganta, então tudo se finaliza.


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Notas finais do capítulo

xoxo



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