Jogos Vorazes - Parte Dois escrita por Katniss e Peeta


Capítulo 19
Minha vida prova de fato ser uma arena


Notas iniciais do capítulo

amo vocês, espero que gostem, não me matem, por favor.



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Acordo mais tarde ou entro dia? No meu quarto, Haymitch sentado em uma poltrona de couro ao lado, bebericando de uma garrafa de vinho, mas parecia estar sóbrio.

- O que... o que aconteceu? – peço esfregando os olhos.

- Você desmaiou. – diz ele me olhando.

- Mas... eu vi sangue. – falo nervosa.

- Não aconteceu nada com você. – fala Haymitch.

- Mas e com o... – digo sem conseguir terminar.

- Você vai superar. Você sempre supera. – fala ele e dá alguns tapinhas no meu braço.

Vou chorando para baixo do chuveiro, mas por outro lado um pouco aliviada. A criança não iria morrer com uma lança espetada em sua cabeça, uma faca ou venenos. Deixo as lágrimas se misturarem à água.

Nem fico na banheira, apenas tomo uma chuveirada e saio do banheiro já seca por causa daqueles jatos de ar que eu recém havia acabado de descobrir.

Pergunto-me como está Dylan e minha família, estou com uma dor imensa no peito só de pensar no quanto eu posso os estar fazendo sofrer, estou com saudades. Queria que Dylan estivesse aqui para me reconfortar, mas ele não está, eu provavelmente nunca mais o verei. Mesmo assim eu decidi lutar e tentar vencer, dessa vez eu vou matar, matar pra valer. Eles provavelmente fariam o mesmo quando me vissem, não é hora em pensar em como sou uma peça nos jogos de Snow, porque eu já fui na primeira arena, deixei de ser tirando o rastreador, mas vou ser outra quando entrar nessa arena, com esse rastreador. Penso se os distritos ganhariam uma rebelião contra a Capital, se todos trabalhassem juntos...

Afasto esses pensamentos de mim mesma e coloco uma roupa para o treino, já bordada com o número doze nas costas e nas mangas. Visto a calça branca, as botas macias e coloco uma jaqueta por cima, eu estava com muito frio a ponto de meus dentes tremerem.

Vou até a sala de jantar e Effie me acompanha para o subsolo no treinamento, somos as últimas a chegar, ela me dá um beijo na testa e volta pelo elevador. Todos os tributos me olham com raiva, alguns poucos sorriem para mim, outros viram a cara, alguns tinham cerca de vinte a trinta anos, outros como o tributo masculino do distrito dois têm minha idade. Eu me lembro dele, ele ganhou com treze anos. Escondeu-se e esperou todos se matarem, apenas tinham restado ele e uma garota do sete, que morreu ao comer uma maçã envenenada. Seu nome era Will, ele era loiro e alto, seus cabelos levemente ondulados lhe caiam na testa e ele era forte, bem forte, seus braços comprovavam o que digo, mas nada melhor que Dylan, nem esses braços iam me fazer apaga-lo da memória.

Ele sorri rapidamente para mim e uma garota de uns dezenove anos dá uma cotovelada nas suas costelas e fala baixinho para ele que não sou uma carreirista, mas não baixo o suficiente para não chegar aos meus ouvidos. Esse ano eu vou ser uma carreirista, vou matar como se fosse uma, mesmo que tenha que ser sem nenhum aliado.

Aí que percebo, apenas o meu distrito só possuía um tributo.

Ele rosna alguma coisa para ela e sorri novamente, retribuo com um pequeno sorriso e volto a prestar a atenção em Átala.

Ela lê a mesma coisa idiota que ninguém quer saber como em todos os anos e nos libera para treinar. Todos já viram minha habilidade com as facas então fui direto treinar isso, fazia meses que eu não pegava uma na mão.

O treinador sorri e me dá uma faca, primeiro jogo de perto, acertando o alvo e decapitando um boneco, depois vou o mais longe que minha mira pode funcionar e atiro, indo diretamente para a espera vermelha no peito de um pequeno pássaro de plástico, então quando estou prestes a jogar as facas de novo, sinto um toque suave no meu braço, me viro subitamente e coloco a faca no pescoço da pessoa, sem cortar, é claro, mas fiquei mais assustada após sair da arena.

- Ah, desculpa, eu não queria fazer isso. – falo desencostando a faca do pescoço de Will.

- Sem problemas. – ele ri – Sei como é voltar vivo de um pesadelo.

Balanço a cabeça assentindo e espero que ele continue a falar. Will fica em silêncio por uns cinco minutos depois ri e começa a falar.

- Eu tinha pensado se... quer ser minha aliada na arena. – diz ele.

- Sua amiga não gostou da ideia. – falo e visualizo sua cara com uma carranca junto com os tributos do distrito quatro.

- Ela não vai se aliar comigo, ela preferiu os do quatro. – ele fala rindo e dá de ombros.

- Tudo bem, aliados. – aperto as mãos dele e arremesso outra faca de mais longe, acertando novamente o peito do pássaro de plástico e afastando o pensamento de que apenas eu estava lá.

- Posso tentar? – fala ele agarrando uma faca.

- Claro. – falo.

Ele arremessa e corta fora a cabeça do pássaro.

- Ótimo. – ouço o treinador dizer.

- Ótimo. – concordo e ele ri.

Despedimo-nos e vou para a sessão de arco e flecha, queria me lembrar de Dylan, tento umas vinte vezes, até conseguir arremessar uma flecha no alvo, tento mais algumas até pegar o jeito e vou tentar arremessar lanças. O que eu sou péssima, mas consegui arrancar a cabeça de um boneco, a sessão de agilidade foi a mais fácil fora às facas, pular, se esgueirar, eu não tinha vindo aqui na última vez. O sino toca e somos dispensados.

Vou para a sala de jantar e tomo um café, já estava mais animada que ontem.

- Conseguiu algum aliado? – pede Haymitch comendo um pedaço de carne.

- Sim. – digo e tomo um copo de vinho branco.

- Quem? – insiste ele me olhando esquisito por causa do vinho.

- O garoto do distrito dois. – falo dando de ombros.

- Carreirista? Se está com ele, está com a garota do seu distrito, com os tributos do distrito um e os do quatro. Eles sempre se juntam. – fala Haymitch me olhando ainda mais.

- A garota do distrito dele vai se aliar com os outros, ele estava sozinho, eu acho, me convidou para ser sua aliada. – digo levantando a cabeça para ele.

- Ótimo. Se está com um carreirista, vai ter que agir como uma, então, você... – fala ele e eu mesmo completo a frase.

- Então eu vou ser uma carreirista. – digo não me importando.

Todos ficam em silêncio.

- Gabriela, ele não irá deixar os Carreiristas para lutar ao seu lado. – diz Effie, tentando ser simpática.

- Já chega ok? – levanto, jogo o copo de vinho no chão e bato o punho na mesa. – Eu me viro. Não quero vocês me controlando. Eu sei o que estou fazendo. – grito com raiva e então que vejo todos os tributos entrando na sala de jantar, isso ia ser em conjunto? Todos me olham de olhos arregalados. – Não os quero controlando minhas decisões nem meus passos como esses que fizeram as pessoas ansiarem por sangue lá fora, nesses jogos sem valor. – grito e passo pelo meio de todos os tributos indo para o meu quarto.

Vejo Will me seguir e acelero o passo até o meu quarto, mas quando chego no elevador ele me alcança.

- Ei, o que foi aquilo? – pede ele segurando meu braço.

- Não foi... não foi nada. – digo suspirando.

- Tudo bem, não foi nada. – diz ele e eu sento no chão.

Em silêncio ele se senta ao meu lado e não fala nada. Então eu começo a contar tudo o que eles falaram. De como eles duvidavam de mim.

Will segura minhas mãos.

- Eu prometo que não vou me aliar a eles. Eu prometo. – fala ele. – Só tenho você como aliada.

- Não tem problema, se alie com quem quiser. Só estou cansada de pessoas me controlando. – digo.

- Eu te admiro. – diz ele e eu o olho esperando que continue. – Assisti você na arena. Do início ao fim. Tudo o que fez por aquele garoto. Como arriscou sua vida por ele. Eu com certeza gostaria de fazer igual, mas não consigo. Eu tenho medo de morrer. Eu morreria por alguém. Por alguém que eu amasse. Mas que tivesse a completa certeza disso e se eu tivesse certeza que a outra pessoa me amasse também. Você arriscou sua vida desde que se voluntariou, mesmo não sabendo o que ele sentia e o que você mesma sentia. Eu te admiro por isso. Você é forte, como eu nunca consegui ser. Veja você, está aqui, forte, mesmo que a sua criança... – ele interrompe sua fala e percebe que não quero tocar no assunto.

- Você não imagina quantas vezes eu pensei em desistir de tudo. Dylan tem sido a única coisa que me impede de parar de viver. Mas ele não está aqui agora. – digo.

- Eu estou. Eu prometo que vou cuidar de você como ele faria. – fala Will e eu fecho os olhos e deito a cabeça no seu ombro.

- Você é única pessoa daqui que me entende. – falo ainda de olhos fechados.

- Já senti o que sente agora. – ele acaricia o meu rosto.

- Por favor, não me deixa sozinha, eu não sei se eu posso aguentar mais alguma coisa. – falo e começo a chorar.

- Calma, eu não vou deixa-la sozinha, eu prometo. – diz Will.

Eu estava sentindo falta de carinhos, eu estava sozinha no meio desses frios, então ele aparece. Eu não resisti a isso, ele foi tão legal comigo quando todos me chamaram de fraca. Então aconteceu, eu pressionei calmamente meus lábios contra os dele. Mas eu não pensava nele como Will, eu pensava como Dylan. Rapidamente ele corresponde, colocando as mãos nos meus cabelos. Eu não devia ter feito isso. Mas eu sentia falta daqueles beijos e carinhos que Dylan fazia em mim, das palavras doces e verdadeiras que ele me falava. Mas mesmo assim eu não devia tê-lo beijado.

Coloquei as mãos no seu peito e me afastei.

- Eu não devia ter feito isso. – falo suspirando e me encolhendo em um canto da porta.

- Sei que está com saudades dele. – diz Will e se levanta.

Não falo nada, apenas me levanto quando ele me estende a mão.

- Vamos almoçar. – fala ele.

Me levanto e vou atrás dele, me amaldiçoando, por ter feito tudo errado. Novamente.



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Notas finais do capítulo

xoxoxoxoxo



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