Coloque um sorriso em seu rosto, finja estar feliz. Pareça agradável, como se a situação a deixasse extremamente satisfeita. Force seus olhos a encontrar os dele, apenas para que tudo seja aceito mais facilmente. Apenas seja a atriz que todos esperamos que você seja, e tudo ficara bem.

Coluna reta, ombros para trás, sorriso acolhedor em posição e sentimentos perfeitamente encobertos por paredes grossas de ferro, presas a sete cadeados de aço e com chaves de ouro que não podem ser copiadas.

Eles desceram as escadas com perfeita compostura, como se nada estivesse errado e do mesmo jeito que se apresentavam todas às vezes para Lucius. Encontraram seu chefe no meio da escada, ele tinha o semblante calmo e sereno, com um sorriso caloroso nos lábios.

Nenhum dos jovens engoliu aquele sorriso, que para eles só era muito cínico e nada verdadeiro. Mesmo assim eles engoliram, já que era isso ou jogar o plano todo no lixo.

Leah deu seu sorriso mais amistoso e apertou a mão de Lucius quando ele cumprimentou todos os jovens ali um por um.

- Sean, adorei a ideia de fazer uma festa apenas para organização por aqui. – Lucius disse, olhando todo o lugar. – Apesar de que eu teria deixado os nerds no escritório...

- Não acho que eles tenham que ser privados de um pouco de diversão, somente por serem inteligentes e gostarem de tecnologia e computação. – disse o moreno serenamente.

Lucius não respondeu, apenas olhou o filho de forma brusca e depois jogou seus olhos pela pista de dança, onde milhares de corpos se mexiam de forma compulsiva. Ele localizou suas duas assistentes e as chamou com um aceno da mão, virando-se logo depois de vê-las andar rapidamente pela pista para chegar até ele.

- Bom, se me derem licença, vou ver como o cassino de vocês é. – disse Lucius.

Os jovens apenas concordaram, eles não podiam fazer mais do que isso. Deram então passagem para o homem, que subiu acompanhado de perto pelas duas mulheres e foi se sentar em uma das mesas de pôquer. Com as duas lindas assistentes jogando charmes para cima dele, insinuando de um jeito falso e quase desesperado. Como se a vida das duas dependesse daquilo.

Sean teve um misto de emoções, dividindo-se entre a vontade de ir até o andar de cima e dar um soco em seu pai ou vomitar bem ali onde estava. Leah percebeu a mudança de humor do namorado, e segurou sua mão, puxando-o para a pista de dança.

- Já esta na hora de você esquecer essa história, relaxar um pouco e aproveitar sua própria festa. – disse Leah, enquanto o puxava consigo para o meio da pista. – Afinal quantas vezes você dançou em seu próprio clube?

O moreno não respondeu, só sorriu e fixou seus olhos nos dela, deixando-se ser levado até o centro da pista. Logo suas mãos já estavam na cintura dela, enquanto as mãos delicadas de sua garota circundavam seus ombros e nuca.

Eles dançavam sensualmente, com a atenção somente nos passos um do outro. Nada mais parecia existir ao redor deles alem das luzes hipnotizantes e da música alta.

Ryan e Megan não ficaram muito atrás, e foram para a pista de dança também. O ruivo girou a namorada em seus braços, e passou a maior parte da dança colado a ela, que parecia não se importar com a pouca variedade de movimentos tendo o corpo dele tão perto do seu.

- Não acredito que ele deu ordens a elas de se insinuar assim com tanta falsidade. Elas parecem mulheres de aluguel. – disse Megan no ouvido do namorado.

- Não devia se importar com isso agora, Meg. – disse Ryan carinhosamente.

- Como não, Ryan? – ela perguntou, parecendo chocada.

O ruivo respirou fundo, e sussurrou apenas um “precisamos conversar” puxou ela para a saída de emergência e a parou no beco atrás do The Night.

Megan olhou para o namorado com duvidas nos olhos escuros, o que só deixou Ryan mais nervoso com o assunto. Ele sabia que era uma conversa delicada, era uma coisa que ela não gostava de se falar com muita frequência.

- Megan, Sean e eu andamos conversando e estamos preocupados com você. – começou Ryan da forma mais carinhosa que encontrou. – Achamos que você não vai conseguir atirar em seu pai quando o momento chegar.

A morena parou por alguns instantes, pensando em uma resposta adequada para aquela situação.

- É claro que não vou conseguir matá-lo, Ryan, porque apesar de tudo o que ele fez, ele ainda é meu pai. – Megan disse. – Uma das pessoas que me deu a vida, ele errou muito e tirou muitas vidas e com certeza eu não teria coragem de tirar a vida dele...

- Esta concordando com o que eu disse? – Ryan perguntou, aproveitando a pausa que ela fez.

- De certa forma eu estou. – ela respondeu hesitante. – Por que você quis tocar nesse assunto?

- Porque estávamos realmente preocupados com você, que algo acontecesse e que no momento as coisas não saíssem como o planejado. – o ruivo disse. – Então pensamos em te deixar fora dessa, sabe ficar com Leah no apartamento, ou algo do tipo.

A expressão de Megan mudou e seu rosto ficou obscurecido de repente.

- Então vocês tem medo que eu de um chilique no meio da missão e acabe com tudo? E com base nisso vocês querem me deixar longe da ação e ficar com todo o trabalho sujo apenas para vocês? – Megan perguntou incrédula.

- Estamos apenas querendo te proteger. – disse Ryan.

- Me proteger do que?! De receber uma bala perdida no local ou de passar vergonha na frente de vocês?! – a morena gritou, irritada.

- De se machucar de novo! – o ruivo disse no mesmo tom, calando a namorada. – Você já viu um de seus pais morrendo, só não queríamos te dar mais sofrimento e evitar que o visse morrendo. Não será um trabalho divertido para nós se você quer saber. Sean também não esta bem com tudo isso, mas ele não admite, porque as razões dele são movidas ao ódio e a raiva. Só queríamos protegê-la.

Megan ouviu tudo calada, não querendo argumentar antes de saber sobre as possíveis explicações do namorado. No final, ela não teve contra o que reclamar ou brigar. Ele estava certo, e seus motivos eram apenas para o bem dela.

A morena sorriu com os olhos extremamente brilhantes. Ela se aproximou de Ryan, segurando suas mãos e cravando o olhar em seu rosto.

- Você esta certo em querer me proteger, e eu agradeço a preocupação dos dois. – Megan começou. – Mas eu simplesmente não posso concordar com isso.

- Por quê? – o ruivo perguntou simplesmente.

- Porque apesar dele ser meu pai, e de eu ainda não conseguir acreditar que ele tenha feito todas essas barbaridades, eu não posso apenas deixar que meu amor por ele atrapalhe meu trabalho. Fui criada para isso, sem amor ou compaixão na hora do serviço. É só ir lá e fazer com que ele pague por todo o sofrimento que ele me causou, por todas as lágrimas e todo o sangue que já derramei e tenho que confessar que nenhum dos dois foram pouco. Eu posso gostar dele, e respeitá-lo, mas não é nesse trabalho que deixarei minhas emoções atrapalharem.