Aki No Ame (DESCONTINUADA) escrita por SilenceMaker


Capítulo 40
Andróide


Notas iniciais do capítulo

Waah, finalmente a inspiração voltou e consegui acabar o capítulo!! o/
Estou com medo de desapontar vocês, mas espero que gostem! ^^
Acho que deve estar meio confuso, mas espero que dê para entender >.
PS- Eu revisei, mas posso ter deixado passar alguns erros XD



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“Não sinto nenhuma intenção assassina vindo dela”, pensou Hayato. “Mas então por que estou com… medo? Será que é porque nem Yuurei conseguiu detectá-la?”

O albino interrompeu seus próprios pensamentos quando a moça estranha veio para cima de si. Qualquer um que olhasse veria borrões indistintos movendo-se pela casa, mas eles não.

Hayato girou em um pé para desviar-se da katana que desvia, escorregando da manga dela. Quando ele terminou a volta e colocou o pé na frente para atacar, a espada saiu da roupa e ficou no ar por uma fração de segundo, até que a jovem segurou-a firmemente e desceu a lâmina novamente em direção à cabeça dele.

Vendo o veloz ataque, Hayato não teve opção a não ser recuar. Foi tão por pouco que alguns de seus fios chegaram a ser cortados pela afiadíssima lâmina. Assim que se pôs fora do alcance da espada, olhou em volta para procurar Akita. Demorou um pouco a perceber que o mesmo estava escondido atrás de um caixote, tremendo, tremendo muito.

Os orbes ouro estavam arregalados de puro terror, as mãos segurando a cabeça e cerrando os dentes para que não gritasse.

Ele não estava vendo a sala e sim um outro lugar. Seus olhos embaçados fitavam o chão com desespero. Sua visão era cegada por flashs de um local estranho, algo semelhante a um laboratório. As curtas e rápidas visões eram turvas, como se… como se estivesse imerso em água.

Por algum motivo que não conhecia, aquele lugar lhe preenchia de medo. Não sabia onde era e o porquê de se lembrar de algo assim, que nem sabia que tinha vivenciado. Estava apenas recuado contra seu próprio consciente. Por aquela pessoa que lhe despertava o medo, a moça misteriosa. Pessoa...



– - -



Não fazia nem dez minutos que a batalha começara, mas…

Aiko estava escondido em algum lugar, invisível. Yuurei o dissera para que saísse do centro da sala. E falando nele, o guarda-costas desaparecera novamente, como vento. Daichi acabara de ser apunhalado nas costelas em um ataque surpresa recente. Hayato já mancava, a perna esquerda ensanguentada mal aguentando o próprio peso. Não era possível que uma única pessoa tivesse lhes causado tanto dano em tão pouco tempo!

Ah, sim, Akita estava imóvel no mesmo lugar de antes. Tentara se levantar, mas seu corpo não obedecia. O simples som mecânico que a moça emitia lhe congelava. Já descobrira tudo. Queria avisar os outros, mas palavra alguma saía de sua garganta.

“Os movimentos dela… parecem estranhos”, pensou Hayato. Mesmo com a perna ferida, conseguia esquivar-se bem dos ataques da moça.

Dando um salto por cima da moça e usando o teto para se impulsionar mais rapidamente até o chão, o albino puxou uma de suas facas no meio do caminho e a lançou. A moça demorou para se virar, embora o tivesse visto pulando. A lâmina passou raspando por sua bochecha direita.

É esperado que se abra um corte e comece a sangrar, mas…

Um tinido soou, como se fosse lâmina contra lâmina.

Aquilo não era nada bom.

— Daichi, tome cuidado! — a voz do albino ecoou alta.

Apenas essas palavras bastaram.

Foi enquanto bloqueava uma outra chuva de punhais, que o ruivo entendeu o que o outro quis dizer.

— UM ROBÔ?! — gritou, perdendo a paciência. — SÓ PODE ESTAR BRINCANDO! NÃO TEM COMO MATAR UM ROBÔ! AINDA MAIS QUE NEM HÁ VIDA PARA SE TIRAR!

— Matar não — Aiko falou de repente, interrompendo, sua voz saindo de um cantinho despercebido do cômodo. — Desativá-la seria o correto.

— Certo, e como vamos desativá-la?! — Os dois rapazes, Hayato e Daichi, tentavam manter uma conversa com o Tsugumi enquanto tinham que se concentrar em desviar-se das armas da suposta moça.

— Cortando sua fonte de energia, claro. Robôs são feitos com base em humanos, então quer dizer que sua placa de memória fica na cabeça, no lugar onde deveria ficar o cérebro, e a fonte de energia fica no lugar onde deveria estar o coração. Em outras palavras: acerte-a no peito, na base do pulmão esquerdo. Da mesma forma que faria com uma pessoa comum.

— No lugar do coração, entendi — disse Daichi, tentando lembrar-se onde ficavam os pulmões.

Hayato agiu mais rápido.

Pegou a espada caída no chão, meio desacostumado com uma arma tão pesada. Ainda assim veloz, ele deu impulso, segurando o punho da mesma com ambas as mãos. Ia acertar com exatidão o ponto do coração da andróide. Mas…

Os olhos safira se arregalaram.

A espada de fato atravessou o corpo de metal dela, mas… Ela continuou funcionando, encarando-o com seus olhos artificiais sem emoções. Como…? Tenho certeza de que o coração fica exatamente aqui! Por que…

Foi só então que viu que não havia acertado no lugar onde tinha mirado. De alguma forma, no intervalo de tempo mínimo, praticamente sem tempo de reação positivo, a andróide moveu-se um pouco para o lado, forçando a lâmina a fincar-se no local errado. Sendo um robô, não precisa de ar, então não tem pulmões.

Daichi também ficou muito, muito surpreso.

A moça empurrou a espada pelo próprio corpo com sua mão de aço, aparentemente humana. Como Hayato estava paralisado de choque, nem pensou em soltar o punho. Metade do corpo dela foi arrebentado com um som arrepiante, duro e seco, fazendo aparecer todo o interior daquela região. Incontáveis fios estouraram com uma faísca, mas que pareceram não fazer absolutamente nada na robô. O coração mecânico era agora visível, mas tão emaranhado nos fios que parecia ser impossível atingí-lo. Ele pulsava brilhante dentro do metal…

A voz computadorizada da moça soou:

— Dano: zero. — Como um lembrete para si mesma.

Antes que ela levantasse uma lança gigante, com o intuito de acertar Hayato, fios finíssimos surgiram do meio do nada. Estes enrolaram-se silenciosamente, porém rapidamente, no cabo da arma. Antes que se enrolassem nos braços da andróide, ela recuou alguns passos, saindo de perto — no exato momento em que o sólido cabo de metal da lança era partido em diversos pedaços, como um bolo sendo cortado.

— Tch — disse Daichi, recolhendo os fios com um puxão de dedos.

Nesse momento em que a robô se afastou, Hayato achou a brecha para tentar se aproximar do ruivo e tentar a transformação. Não que esse fosse o único plano para derrubá-la, mas era o melhor. Todos os outros incluíam dor, órgãos danificados e pelo menos uma morte.

Quando o albino estava a menos de cinco centímetros do outro, sua marca no ombro já formigando de antecipação, algo desceu voando em seu campo de visão, chamando a atenção de ambos. Demoraram um momento para perceberem o que era o objeto. “Um… braço?”, pensou Daichi, amaldiçoando mil vezes o criador daquele andróide — ainda mais quando o membro mecânico, por si só, tentou pular no pescoço de algum dos dois.

Por isso, Hayato e Daichi foram forçados a se esquivarem do braço mutante, que se movia descoordenadamente tentando agarrar alguma coisa viva.

Depois de mais de vinte tentativas de se aproximarem — todas frustradas —, estavam começando a cansar, a respiração ficando meio descompassada. Era como se a andróide tivesse olhos na nuca também (o que não era assim tão improvável), pois agia rapidamente quando ataques chegavam por trás.

As coisas estavam ritmadas, indo não muito bem — mas não assim tão mal —, até que Daichi cometeu um erro terrível.

Sua paciência sendo muito pouca, estava ficando irritado com aquela batalha tão longa. Enrolou as linhas no braço com um movimento, para que tivessem mais força ao serem lançadas. Em uma velocidade incrível para qualquer um que olhasse, avançou em direção à robô. Porém, esses movimentos deixaram uma abertura na guarda, inevitavelmente: o lado onde havia sido apunhalado antes.

O braço horripilante desaparecera em algum lugar, após cumprir sua missão.

Imediatamente, a moça desviou-se do caminho do ruivo e, com um gesto veloz, usou uma espada curta para ferí-lo novamente. Cravou-a certeiramente no mesmo machucado que havia feito anteriormente, aprofundando-o cada vez mais.

Os orbes cítricos se arregalaram ao sentir a dor aguda na caixa torácica, ainda mais porque a lâmina atravessava pelo outro lado do seu corpo. Com todo aquele dano, o corpo do ruivo começou a reagir. Sua garganta ardeu e, quando percebeu, estava tossindo sangue.

Com muito tempo de atraso, tentou atingir a andróide em um bobo gesto de reflexo. Ela saltou para longe com extrema facilidade.

— DAICHI! — gritou Hayato do outro lado da sala.

O albino bloqueou uma lâmina que era lançada na sua direção.

— TIRE ESSA ESPADA AGORA OU SEUS PULMÕES SERÃO CORTADOS NO MEIO!

Atirou uma faca na cabeça da robô e escapou da linha de ataque.

— Aiko, assim que ele fizer isso, feche a ferida! — disse, não tão alto quanto antes. — Não queremos que ninguém aqui morra de hemorragia, não é?

O Tsugumi demorou alguns segundos para entender a ordem, já que ficara surpreso ao ouvir seu nome tão de repente. Mas assim que Daichi segurou o punho da espada, saiu sem pensar duas vezes de seu seguro cantinho. No caminho, usou sua misteriosa névoa cinzenta para pegar o miraculoso frasquinho de líquido carmesim.

O ruivo deixou escapar um grito de dor pelos lábios macios ao arrancar a espada, o sangue da mesma cor de seus fios espirrando ao chão. Aiko não levou tempo algum para tirar a tampa e chegar ao lado do mais novo.

— Beba isso — falou. — Não é a melhor coisa para primeiros socorros, de maneira alguma, mas é o melhor jeito de fechar a ferida.

Hesitante, trêmulo, Daichi abriu a boca e deixou o líquido pingar neutro na boca, necessitando de algum esforço para engolí-lo. Seus machucados, tanto internos quanto externos, queimaram por alguns momentos, até pararem de transbordar sangue.

— Não sou médico, mas vou te mandar ficar sentado ali junto com Akita — disse Aiko, ignorando a atmosfera pesada de luta em volta. — Isso pode fechar seus cortes, mas se ficar pulando e esperneando vão abrir novamente.

O Tsugumi abriu a boca para falar mais, porém…

— CUIDADO!

A voz de Daichi, alta, lhe interompeu.

O ruivo, como se não tivesse escutado o aviso anterior do outro, tirou novamente seus fios da manga. Com eles e um movimento — que o permitiu ficar ao lado de Aiko —, fez uma espécie de teia de aranha. Só então que Aiko viu que a andróide conseguira distrair Hayato e ir na direção deles, com uma arma de fogo em mãos. Disparara cinco vezes — cujas balas ficaram presas nas linhas de Daichi.

Esse movimento brusco fez este paralisar de dor, levando a mão ao ferimento recém fechado.

Aiko estranhou um pouco essa vulnerabilidade.

— Deixe-me ver isso — disse, afastando o braço do mais novo e fitando o local onde a blusa estava rasgada. Acrescentou, com sarcasmo: — Que ótimo, a espada estava envenenada. Substância desconhecida que aos poucos vai aumentando os danos internos. Grande problema nós arranjamos aqui.

Ele sentou-se em um caixote, quase calmo.

— Hayato, pode segurá-la mais alguns minutos? — exclamou, para que o albino pudesse ouví-lo em meio a tanto barulho.

— Acho que sim! — o outro respondeu, obviamente ocupado.

“Não sei fazer antídotos que nem os do onii-sama, mas isso deve restringir o veneno por algum tempo”, pensou Aiko. Pegou do bolso uma espécie de bala colorida, colocando-a sem cerimônias na boca do ruivo.

— Quê…? — começou Daichi, surpreso. A voz meio estranha por conta da bala na boca.

— Infantil, não é? Mas não se preocupe e engula de uma vez. Isso, sem mastigar nem nada. Deve resolver por enquanto. Onii-sama me ensinou a fazer quando eu era mais novo, bem simples. Agradeça por ontem ter me dado uma súbita vontade de fazer algumas.

— Do que está falando?

Ignorando-o, Aiko pôs-se de pé.

— Estou indo ajudá-lo! — disse para Hayato, vários metros longe.

Antes que pudesse de fato fazer algo, sentiu um calafrio subir-lhe pela espinha, instintivamente virando-se para trás. Foi com um espamo de terror que viu um um braço se arrastando pelo chão em sua direção. Anteriormente, não vira o mesmo tentando desordenadamente atacar os dois amigos.

— Se for ajudar, venha logo! — falou o albino meio urgente. — Já está muito difícil lidar com ela, mesmo ela estando sem um braço!

Então ela manteu-o escondido para que pudesse me ocupar mais tarde.

— É porque ele está aqui — respondeu Aiko. — Desculpe, mas vou demorar um pouco.

Um grunhido de desaprovação de Hayato pôde ser ouvido, mas o mesmo compreendeu.

— Onde diabos está o seu guarda-costas? — Daichi perguntou, meio frustrado.

— Fazendo algo que pedi — falou o outro.

— E por que não pediu para que ficasse aqui?

— É algo importante. Ele está ocupado no andar de cima.

Não muito interessado em explicar, Aiko pegou um dos milhares de punhais jogados no chão. Antes que o ruivo perguntasse algo mais, o Tsugumi usou a arma para desviar um objeto cortante — como sempre, lançado em sua direção.

Daichi ia sair do caminho do mais velho, mas tropeçou logo no primeiro passo, caindo de joelhos no chão.

— O que foi agora? — Aiko perguntou ao ouvir o baque, mas parou quando viu o ruivo encolhido no chão, tremendo. Preocupado, continuou: — O que houve?

— Está… queimando… — sussurrou Daichi num fio de voz. — Meu sangue está virando fogo… Está doendo…

O Tsugumi arregalou os olhos. Não pode ser! O veneno já dissolveu o antídoto? E a ferida abriu novamente! E mais, essa sensação que ele está tendo… Não me diga que ele está sofrendo combustão espontânea?!

— YUUREI! — gritou Aiko, no mesmo momento em que desviava-se da andróide.

Sem absolutamente nenhum ruído de passos ou necessidade de um segundo chamado, o guarda-costas desceu as escadas de madeira. Assim que seu rosto surgiu, Aiko continuou:

— Não importa que estava fazendo o que eu lhe disse antes, esqueça! Vá agora cuidar de Daichi!

Yuurei, notando a urgência na voz dele, apareceu em um piscar de olhos ao lado do rapaz caído. Ajoelhou-se e sacudiu a própria comprida franja clara de cima dos belos orbes violeta, fazendo-os ficarem visíveis. Da mesma forma que fizera com Aiko no telhado do hospital, pousou a mão na nuca do ruivo.

A pele de Daichi formigou ao sentir a temperatura fervente do maior.

Como antes, o brilho das íris “transferiu-se” para a ponta dos dedos brancos. Porém, dessa vez, Yuurei afastou-os lentamente do pescoço do outro. A luz se separou do guarda-costas e flutuou acima do mesmo. Dava-se para ver, vagamente, dentro dessas esferas cintilantes uma espécie de sombra indistinguível. Era… até bonito de se ver.

— Conseguiu? — indagou Aiko apreensivo, assim que “pregou” o arrepiando braço mecânico na parede.

— Apenas a substância alcólica — a voz naturalmente sexy de Yuurei respondeu. — As células continuam sendo danificadas.

— Pelo menos é algo que pode ser recuperado depois, obrigado.

Álcool? Mas é claro! A temperatura interna de Daichi, por causa do poder, literalmente, de fogo que tem quando se transforma, é muito alta. Então, obviamente, se entra em contato com algo inflamável desse jeito, vai incendiar. Mas isso nunca acontece porque o álcool sempre é evaporado pelo calor. Algo desse teor alcólico feito só para ele…

Uma espécie de choque percorreu o cérebro do Tsugumi quando o mesmo ligou os pontos. Será que…

A atenção do guarda-costas foi chamada por algo acima do ombro de Aiko, o que fez o mesmo virar-se para ver o que era. Arregalou os olhos de horror.

É difícil descrever o que exatamente acontecia, mas do braço desconjuntado surgia o ombro, dali vinha o tronco e as roupas acompanhavam a evolução. Um corpo se formava do único membro, antes sozinho.

Como… um pesadelo.

Aqueles em que você não sabe o que fazer, em que você não tem escolha a não ser morrer.

A única diferença é que eles não acordariam daquele pesadelo.





• • •





Aiko havia acabado de ser jogado contra a parede, manchando-a com o próprio sangue. Seu rosto estava inteiro cortado, o lábio sangrando, os braços fracos e as pernas dormentes. Mas isso não arrancou dele um único som de dor. Ele não sentia dor.

Yuurei parecia meio frustrado, ali, a distância, apenas observando.


— Não posso chegar perto — disse o guarda-costas, assim que tentou ajudar o Tsugumi.

— Quê?! — falou Aiko sem acreditar. — Um… selo repelente? — Só então que ele viu no chão um círculo com símbolos estranhos cravado na madeira. — Quando ela fez isso? E… como ela sabia que… que você é…

Ele não pôde terminar a frase, tendo que dar um jeito no ataque que era feito contra si.


“Três vezes mais forte e rápida do que a outra”, pensou Aiko, ainda caído. “Isso não é bom.”

Sem dar bola para os ferimentos, levantou-se normalmente, porém meio trêmulo. O cabelo anil estava jogado em cima do rosto, também manchado em vermelho, cobrindo um grande corte na testa.

Como se não tivesse nenhum machucado, Aiko disparou na direção da robô.

Hayato também estava tendo problemas. Mesmo sendo ele e tendo tanta estamina, já estava se cansando. E sua adversária, sendo uma andróide, não apresentava nenhum sinal de cansaço. Os ataques do albino não estavam com a mesma precisão de antes, sempre errando o centro de sua cabeça.

Daichi estava imóvel, agonizando com a própria dor de ter seus órgãos destruídos pouco a pouco. Nem se quisesse poderia ajudar, e acredite: ele não queria.

Akita já tentara se levantar inúmeras vezes de seu cantinho escondido, mas, sempre que via a andróide, empalidecia cada vez mais e suas pernas paravam de se mover, forçando-o a sentar-se de volta. Essa impossibilidade de fazer algo era reforçada por mais flashs confusos do mesmo laboratório e a mesma sensação de estar imerso em água voltava.

Aiko acabara de ser derrubado de novo, manchando o chão de sangue. Dessa vez fora porque se desviara de uma lança e perdeu o equilíbrio, fazendo as pernas bambas fraquejarem.

Mais uma vez sem alterar a expressão, apoiou-se em uma poltrona velha para levantar-se, mas…

Seu braço não conseguia fazer força para se levantar, não importava o quanto insistisse nisso. Seu tronco mal se sustentava sem o auxílio da parede. “Cheguei ao meu limite?”, pensou Aiko descrente.

Yuurei tentou novamente entrar na barreira feita um tempinho antes, mas só conseguiu ser repelido novamente pelo escudo invisível. Agora visivelmente incomodado, estendeu a mão e tocou a barreira mais uma vez, pressionando-a, em vão.

Aiko, trêmulo, percorreu o olhar pela sala para verificar como estavam todos. Não ficou nada feliz ao verificar o quão péssimas eram as condições.

Hayato já estava tão cansado que estava encurralado, com uma lâmina no ombro e outra ameaçando cortar sua garganta. Os outros três estavam da mesma maneira de antes: impossibilitados. Yuurei até tentara socorrer o albino uma vez, mas percebeu outro círculo com símbolos em volta dele. Mais uma vez, não conseguiu se aproximar.

Um som de desesperança escapou da boca do Tsugumi, a medida que a andróide se aproximava de si, muito rapidamente. Aiko fechou os olhos com força, preparado para sentir a lâmina gelada adentrando sua cabeça e tudo esvaecer como num sonho.

Mas não contava com um estrondo.

Não contava que uma cabeça mecânica voasse e que a outra andróide simplesmente desativasse.

Uma parede literalmente explodiu do meio do nada. Uma rosa alva voou em meio ao pó e acertou exatamente na cabeça da robô que segurava Hayato. Os espinhos da flor, imediatamente, se espandiram mais rápido que um piscar de olhos, como se sempre tivessem sido daquele tamanho. Estes, como se fossem facas, atravessaram o crânio mecânico com muita facilidade.

Com o banco de memória destruído, a andróide não teve escolha senão desativar o fornecedor de energia e parar de funcionar. A outra, inexplicavelmente, também desativou-se na mesma hora, caindo no piso com um som metálico.

— Ora, o que estão fazendo aqui? — uma voz de clarinete soou pelo cômodo, tão calma e serena quanto a chuva. — Pensei que havia entendido que era para me encontrar no jardim do cemitério da vila, Aiko.

Aiko, ao ouvir tal timbre, automaticamente esticou os braços para deixar o tronco mais ereto e enxergar direito. Seu rosto expressava um misto de alegria e surpresa, talvez confusão.

A poeira abaixou e eles puderam ver quem era. Um rapaz em seus plenos vinte e cinco anos estava parado ali. Era indiscutivelmente bonito, o corpo esguio coberto de roupas negras. Os cabelos azul-marinhos eram lisos até o pescoço, os olhos cinzentos familiares ilegíveis.

— Onii-sama… — sussurrou Aiko, um sorriso fraco iluminando o rosto angelical.

Yuurei fez uma mesura respeitosa ao ver o irmão mais velho de Aiko.

Claro que os orbes eram familiares! Riki — o nome do onii-sama — e Aiko tinham os mesmos olhos! Inegável, afinal, irmãos costumam ser parecidos.

Riki assentiu para o guarda-costas do otouto e chegou ao mesmo, agachando-se e afagando sua cabeça.

— Confundiu-se? — disse carinhosamente. — Ou esqueceu?

— Os dois — admitiu Aiko envergonhado. — Ouvi boatos e acabei vindo para cá. Na verdade pensei que se eu viesse para cá ia ter pistas de qual cidade ficava o cemitério, então…

Parou quando sentiu uma pressão em sua cabeça, percebendo logo depois que era um beijo do irmão mais velho.

— Sem problemas, isso acontece.

Riki levantou-se, dizendo com surpreentente boa vontade:

— Hora de cuidar de vocês um pouco, estão bem maltratados… Vamos começar com o mais grave. Yuurei, faça-me um favor e carregue Daichi lá para fora para tomar um ar. Depois leve Hayato, sim? Eu cuido de Aiko e Akita.

Hayato, que estava meio consciente, perguntou-se de que maneira Riki sabia seus nomes se Aiko não contara nada para ele nos últimos meses…


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Notas finais do capítulo

Acho que dúvidas serão respondidas no próximo capítulo, mas não hesitem em colocá-las no review, caso tenham alguma. Talvez eu possa respondê-las ^-^
Muito obrigada por lerem! OBRIGADA!!
A nova recomendação me deixou toda alegre para escrever o próximo capítulo (as duas, na verdade XD), tanto que acabei de começá-lo já rsrsrsrs



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