Aki No Ame (DESCONTINUADA) escrita por SilenceMaker


Capítulo 29
Sequestro


Notas iniciais do capítulo

Ah, simplesmente NÃO sirvo para fazer capítulos grandes. Até que tentei, mas ficou ruim e tive que reestruturar tudo de novo. Desculpem a demora. E desculpem também erros ortográficos que porventura apareçam.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/183842/chapter/29

Passado o choque inicial, o tal Yuurei se recuperou imediatamente, fechando a porta do banheiro e se voltando para os rapazes.

— Você que preparou essa, hum… obra de arte? — perguntou Aiko, indicando o cadáver na parede com um aceno de cabeça.

— É, mas não esperava que fosse você quem o encontrasse — Yuurei respondeu, com uma voz impassível e… como descrever? Talvez… naturalmente sexy?

— Estava aguardando alguém?

Yuurei não respondeu dessa vez, apenas desviando o rosto e fechando por completo a questão.

— Tá tudo ótimo, o papo aqui tá bom, mas é melhor irmos — disse Daichi quebrando aquele silêncio incômodo e com certa pressa. — Quem quer que seja que esse carinha estivesse esperando, provavelmente vai chegar em breve. Francamente, quero voltar para aquela droga de hotel e dormir, e se vocês não quiserem, azar, porque vão do mesmo jeito.

Em um sinal de concordância, Akita e Hayato se encaminharam para a porta do quarto aberta. O pequenino empurrou-a para escancará-la mais, porém, nesse momento, ouviu-se às suas costas:

— Quê? Yuurei não vai junto?

Daichi e Hayato constataram que o som não havia saído da boca de nenhum dos dois, e muito menos de Akita, então se viraram para trás um pouco surpresos. Aiko estava segurando a manga da blusa de Yuurei, como se estivesse o impedindo de fugir.

— Hã? — disse Daichi, confuso, expressando em voz alta a reação dos outros dois.

— Deixe-o vir junto! — falou Aiko. Virou-se para o rapaz ao seu lado antes de continuar: — Yuurei! Venha também!

O mais alto demorou a responder, mas era óbvio que não era porque era lerdo, mas sim porque avaliava se havia real necessidade de responder.

— Posso? — disse por fim com o tom de voz padrão uniforme, que parecia nunca se alterar uma única nota.

“Ele pensou tanto para falar só isso?”, pensou Daichi, sem saber se ria ou se chorava da situação.

— Claro — disse Hayato quando percebeu que estavam dependendo de sua resposta. Sua última frase foi ouvida infimamente, mas com um significado claro para a pessoa a quem era dirigida: — Desde que não dê uma de mim, não há nenhum problema.

Daichi também entendeu de imediato, soltando uma risadinha pelo canto da boca, enquanto Aiko exclamava:

— Hayato! Não seja rude!

E Akita não entendeu nada. Nem eu.

O albino deu um sorriso, convidando todos a sair da casa. Yuurei andava atrás de todos enquanto passavam pelo corredor, cerca de dois metros distante. Não dava para saber se seus olhos olhavam para frente ou se encaravam o chão, era meio… estranho. Será que havia algo errado com seus olhos?

Cruzaram a porta da frente com calma, porém alertas. Qualquer sonzinho mínimo de vento lhes chamava a atenção.

— Parece que não vamos poder descansar muito cedo… — comentou o ruivo insatisfeito.

Mal terminou a frase e a casa atrás deles pegou fogo repentinamente, como se entrasse em combustão espontânea. Não levou nem um segundo e cada centímetro da ex-residência de Sengoku, o mágico de truques ridiculamente fracos, estava sendo tomado por chamas cada vez mais fortes. O próprio charlatão tinha as roupas se incendiando, sendo lambidas pelo fogaréu que se alastrava por qualquer coisa que pudesse se incendiar. Por sorte, em volta da casa não havia simples grama, e sim metros e mais metros de pedra bruta. O fogo não se espalharia.

— Ah, vem mais gente querendo morrer — murmurou de novo Daichi, com um suspiro. — Fazer o quê…

Não foi surpresa quando do meio do nada, como se tivesse se formado da grama aos seus pés, alguém desconhecido saltou com uma agilidade de gato para o primeiro que alcançou: Aiko. Antes que sequer tocasse nele, sentiu seu braço sendo segurado com uma força esmagadora, como se a própria gravidade tivesse virado gelo e estivesse esmigalhando seus ossos do antebraço. Foi com essa mesma pressão que foi jogado no chão, de cabeça, e seu pescoço deu um “crec” perfeitamente audível ao se chocar contra a grama.

Yuurei tinha o cadáver da pessoa que tentara atacar Aiko aos seus pés, mas passou a ignorá-lo como se fosse apenas atmosfera. O próprio Tsugumi não estava surpreso, e sim tinha um leve sorrisinho no rosto.

— Vou dar um pulinho ali e já volto — avisou.

Sem dizer mais nada, como se fosse passear pela manhã no parque, virou as costas e se encaminhou para uma floresta que tinha ali ao lado, sem pressa nenhuma.

Ali por perto, Daichi ignorou completamente a “fuga” de Aiko, porque estava mais ocupado tentando não se machucar. Akita meramente desviava dos ataques, sem muita força de vontade para revidar. Hayato fazia o trabalho eficiente de sempre, com suas facas afiadíssimas que pareciam infinitas.




~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~




— Estou tão cansaado! — Daichi falou alto, enquanto andavam para a floresta. A campina que deixavam atrás estava coalhada de corpos.

— Me diga, por que estamos entrando no mato? — indagou Akita, que seguia o caminho entre Aiko e Hayato. Da mesma maneira de antes, Yuurei seguia-os de longe.

— Porque Tsugumi-san entrou aqui — respondeu o ruivo. — Pelo que pude entender, deve estar aprontando algo. E pode estar nos esperando.

Pode? Então não tem certeza?

— Claro que não, são apenas hipóteses. Estou seguindo a mais provável. Fale mais baixo aqui, tá? Ecoa por todos os lados e pode ter mais gente espreitando.

Eles adentraram mais ainda na floresta. As árvores que viam à frente pareciam exatamente iguais às que acabaram de passar por, como se andassem em uma esteira rolante. Isso não deixava Akita nem um pouco feliz. Odiava sentir-se em uma redoma de vidro.

— Ah, finalmente chegaram — disse Aiko quando ouviu o som dos passos dos companheiros. Estava de costas em uma clareira próxima, com uma massa grande no chão a seus pés. — Achei a pessoa que comandava tudo, foi fácil. Ele falava alto em uma espécie de comunicador. — Ele mostrou um objeto semelhante a um walkie-talkie, porém com uma variedade maior de botões.

— E por que ainda o mantém aqui? — perguntou Hayato curioso. — Não seria mais prático simplesmente apagar sua memória? Se esqueceria até mesmo de como pensar, talvez.

Aiko levantou um celular antigo, daqueles tijolões inquebráveis e tela de pixels pretos apenas, onde havia uma lista confusa de nomes estranhos e palavras que nem pareciam nomes, mas no meio tinha um nome que haviam acabado de ver.

— De novo esse Gen — disse ele, indicando com o dedo para especificar melhor. — Não duvido nada que ele saiba algo sobre isso, talvez resolva os problemas de agora.

— Me solte! — exclamou a pessoa no chão.

— Não.

— Vou morder minha língua! Solte-me!

Aiko abaixou-se até ficar no mesmo nível do homem, sorrindo. Por algum motivo, causou arrepios em Akita.

— Aconselho-o a não fazer isso, vai ser chato perder uma fonte de informações — falou ele.

Dito isso, endireitou-se.

— O que está fazendo? — sussurrou-lhe Daichi. — Podemos achar alguém mais valioso.

— Dando-lhe um motivo para se matar — murmurou Aiko de volta. — Não pretendo fazer ninguém daqui sujar as mãos com alguém tão pequeno.

Dito e feito. No segundo seguinte o homem ao chão mordeu com toda a força a língua, quase dando a impressão de que ia decepá-la, e deu um grito prolongado. Não queria beneficiar o inimigo, por assim dizer. Akita nunca soube exatamente como alguém morre mordendo a língua, porque foram embora tranquilamente antes de isso acontecer. Só constatou que ele tinha ido para a fita quando a floresta voltou ao silêncio completo.

— O que faremos? — perguntou Akita. — Vamos continuar em Ignis?

— Claro! — disse Aiko alegremente, pulando por cima do tronco de uma árvore caída, provavelmente derrubada por um raio. — Nem aproveitamos a cidade, não é? Além disso, estadia grátis em um hotel bom daqueles não é algo que se consegue todo dia! Ah, Yuurei, se quiser, pode ficar conosco! O quarto é grande!

— Não precisa — respondeu Yuurei. — Tenho coisas a fazer de noite.

— Ah, então tá. Tome cuidado.

Eles andaram por todo o caminho novamente até o hotel, conversando sobre assuntos que sequer tinham interesse. Porém, era possível até mesmo esquecer que Yuurei estava ali de tão quieto que se mantinha, ficando fora da vista de todos. Daichi contava piadas divertidíssimas, as quais não consigo nem repetir sem cair na gargalhada. Vermelhinho de tanto rir, Akita foi o primeiro a notar que estavam na frente do hotel.

Como já estava anoitecendo, decidiram que iriam virar a cidade de ponta-cabeça no dia seguinte. Ao invés de entrar no saguão junto com eles, Yuurei simplesmente se despediu, virou as costas e foi embora. A impressão que Akita teve ao vê-lo virar o quarteirão ante a luz do pôr do sol, foi que sua imagem bruxuleara um pouco, quase chegando a desaparecer por menos de um segundo. O pequeno apertou os olhos depois daquilo, surpreso, sentindo ecoar em sua cabeça que estava vendo tudo torto.

Subiram ao quarto, animados. O primeiro a ir tomar banho foi Aiko, já que Daichi e Akita queriam jogar cartas e Hayato tinha que ficar olhando se nenhum deles ia trapacear. Dizendo para que o albino ficasse de olho nas mangas compridas do ruivo, Aiko entrou no banheiro.

Era até que grande, com uma banheira espaçosa de um lado, um chuveiro do outro, e tudo mais que um banheiro precisa. Na janela havia uma cortina bordada.

Aiko foi até o armário da pia e tirou uma toalha de lá, indo até a banheira e abrindo a torneira de água gelada, esperando-a encher. Deixou as roupas em um cesto ao canto e entrou. Não sentiu arrepios quando o líquido frio tocou-lhe a pele, quase como se não o sentisse.

Respirou fundo e afundou até o nariz na água congelante, mirando a outra borda da banheira. Depois de poucos minutos ali, levantou a mão da água, apenas para vê-la tremer. “E como sempre eu não sei quando está frio…”, pensou Aiko com um suspiro.

Depois disso, foi como se escolhesse o momento certo para sair do banheiro (após ouvir alguns gritos de Akita). Com pijamas limpos e secando os cabelos azuis com uma toalha, Aiko entrou de volta no quarto bem no momento em que Hayato corria de volta para seu pequeno, que se encontrava encolhido ao pé de uma das camas, escondendo o rosto nas cobertas. O albino tinha dado uma bela surra no ruivo, que se encontrava no chão, aparentemente morto, mas tinha as mãos apertadas na cabeça. Provavelmente levara um soco.

— De novo? — disse Aiko, sentando-se na poltrona ao lado. — Por que não o deixa em paz?

— Tente entender um pouco meu ponto de vista — falou Daichi. — Estou sem paciência.

Como se pontinhos fossem se ligando em sua cabeça, Aiko se manteu em silêncio por uns momentos. Até que tudo se encaixou, da mesma maneira e na mesma velocidade que TETRIS no nível iniciante.

— Aah, tá! — exclamou.

— Finalmente — resmungou o ruivo. — Para um gênio, demorou para entender.

— Desculpe, é que ainda estou surpreso por Yuurei ter aparecido. Parece que meu cérebro está mais lerdo.

— Falando nele, estive pensando, Yuurei é algum de seus irmãos?

— Ih, nem. É meu guarda-costas.

Antes que Daichi perguntasse sobre isso, a voz de Hayato cortou-o em uma conversa paralela.

— Akita, se quiser ir entrando no banho pode ir. Tanto no chuveiro quanto na banheira, a direita é de água fria, a sua direita, e a outra é quente.

— Ah, tá bom — disse o pequenino, indicando que entendera. — Então já volto. — E entrou no banheiro, trancando a porta.

Depois que Hayato sentou-se na cama que usaria e começou a brincar de acender e apagar o abajur foi que o ruivo lembrou-se do que estava pensando em fazer, o trajeto inteiro até o hotel.

— Vou à recepção ligar para Mikato — avisou, pondo-se de pé. — Meu celular está sem créditos e ele não atende chamadas à cobrar. Ele vai ficar feliz ao saber que Sengoku foi morto e pulverizado.

Dito isso, saiu do quarto.

Nesse momento, deu-se para ouvir do banheiro o barulho da porta do box abrindo e fechando e da água batendo no chão, como se fosse chuva. Enquanto só haviam Hayato e Aiko no quarto, nenhum deles pronunciou uma única palavra, como se fossem completos estranhos em um elevador. Aiko chegou a abrir a boca algumas vezes para dizer algo, mas logo fechou-a em definitivo, deitando-se no tapete e colocando a toalha úmida em cima dos olhos fechados.

Não demorou muito e a porta se abriu com um estalo, espalhando vapor perfumado do banho quente por todo o batente. Hayato adiantou-s para secar os cabelos de Akita. Aiko sorriu ao ver a demonstração de afeto tão sutil, mas também tão carinhosa, demonstrada pelos dois. Faltava talvez um empurrãozinho para que ficassem juntos. E ele sabia que o tal “empurrãozinho” estava sendo dado, aos poucos.

A outra porta do quarto se abriu bruscamente e com estrondo, sobressaltando-os. O rosto de Daichi estava ligeiramente vermelho, como se tivesse subido correndo de escada os sete andares por causa da demora do elevador.

— Isso é ruim, muito ruim! — exclamou o ruivo, fechando a porta atrás de si e adentrando mais. — Um garotinho, que era da sala de Akita naquela escola de Terrae, foi sequestrado e está em problemas!

— Como é? — perguntou Hayato. — Explique direito.

— Pelo que Mikato descobriu e me contou, é um garoto que ele e Akita encontraram antes do karaokê, que lhes entregou o convite.

— Oliver! — disse Akita em voz alta, de olhos arregalados.

— Isso, sei lá. Pelo que entendi, ele foi envolvido de repente em uma briga de gente que nunca viu antes e foi colocado como prêmio. Aí a equipe que ganhou a briga levou ele embora e ligou para cá enquanto estávamos fora, deixaram recado. Quase exigiram que fôssemos para lá.

— Essa não — murmurou Aiko.

— O quê? O quê? — perguntou Akita, completamente perdido na conversa. — Não entendi.

— Se ligaram justo para nós — explicou Hayato com toda a paciência do mundo — é porque sabem sobre a transformação de corpo. Ou seja, pode ser uma organização que apenas conseguiu um refém que conhecemos. Simplificando: esse tal de Oliver está em perigo.

Akita se levantou de um pulo.

— Então vamos logo! — falou em voz alta, alarmado. — É minha culpa se ele se machucar! Vamos!

— Acalme-se, precisamos achar uma forma de entrar no lugar antes — disse Daichi. Do bolso, tirou um papel que desdobrou no chão. — Eles nos deram um mapa detalhado do lugar, a explicação de como chegar lá, mas parecem querer que não entremos.

— Como assim? — disse Aiko.

— “Cuidado com os guardas”. Foi o que disseram.

Aiko observava o mapa com atenção.

— Existem várias entradas por todos os lados — comentou, fazendo um círculo amplo no papel, englobando todas elas. — Aposto que todas elas estão guardadas. Poderíamos tentar uma distração por um lado e entrar pelo outro, mas duvido que vá funcionar. Tem os dutos de ventilação… não, não vai funcionar.

— O que…? — começou Akita, mas foi interrompido por Hayato, que pousou o dedo indicador sobre os lábios para pedir silêncio.

O assassinozinho treinado observava o papel concentrado, os olhos cinzentos semicerrados procurando vizualizar uma falha na estrutura. De repente, sem modificar a expressão, apontou um espaço sem nada no mapa.

— O que tem aqui? — disse.

— Provavelmente um espaço sem nada, talvez um pátio — sugeriu Hayato. — Quer que nós entremos por cima?

— Não. — A expressão de Aiko não mudava. — Tenho uma outra ideia… e acho que vou precisar chamar Yuurei também.



——————————————————————



Após cerca de vinte minutos enrolando no quarto com o mapa e discutindo o modo com que entrariam, colocaram roupas confortáveis e maleáveis (na verdade, as primeiras que encontraram). Logo desceram ao saguão e saíram do hotel, já viram Yuurei os esperando, recostado à parede. Como ele soubera que era para estar lá, isso é um mistério. Aiko não havia o chamado nem nada.

— Um centro universitário longe do centro, o único que encontrar — disse Aiko.

Depois de uns segundos, Yuurei disse:

— Dez minutos. — E não pronunciou mais nenhuma palavra.

Virou-se para trás, deu dois passos e, sem explicação nenhuma, simplesmente desapareceu. Nessa hora fiquei perplexo. Não, ele não se movera em alta velocidade para outro local. Sumiu mesmo. Não fui o único a ficar surpreso.

— Como…? — Daichi tentou perguntar.

— Mais tarde te digo tudo, quando tiver oportunidade — disse Aiko.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É isso. Assim que possível coloco mais um. Até mais!!! *-*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aki No Ame (DESCONTINUADA)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.