Aki No Ame (DESCONTINUADA) escrita por SilenceMaker


Capítulo 30
Ginásio


Notas iniciais do capítulo

Olhem, TENTEI MESMO fazer um capítulo grande, mas ficaria ruim se colocasse tudo no mesmo. Sem falar que hoje estou sem muita inspiração... Enfim, espero que não esteja ruim e desculpem-me por quaisquer erros ortográficos. Sei que deve estar confuso ou corrido, mas por favor entenda: ESTOU CORRENDO COM PROVAS!! GOMEN!! T-T



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Eles andavam por ruas cada vez mais desertas, onde cada vez via-se menos carros estacionados e mais cortinas fechadas. Era frustrante pensar em um local tão… abandonado. Mas Akita sentia-se bem com isso, era muito mais tranquilo que outros lugares. Era estranho imaginar um lugar em Ignis que não fosse esotérico ou místico, talvez mítico. Não, aquele lugar era incomumente normal.

— É aquele prédio? — perguntou Akita, apontando ao longe uma espécie de campus. — Nossa, que grande!

Era definitivamente enorme. Ocupava o espaço equivalente a um quarteirão inteiro, de paredes altas e com placas largas as cobrindo.

— É esse sim — disse Daichi. — Yuurei já está lá?

— Deve estar nos esperando — respondeu Aiko. — Venham por aqui.

Guiou os companheiros por entre árvores repolhudas, escondendo-se enquanto andava nos ramos baixos.

— Entrem logo ali — sussurrou apontando uma entrada ao lado, imperceptível se não indicada.

Um a um, entraram. Aiko foi o último, tomando o cuidado de não ser visto. Não demoraram a emergir do outro lado, em um buraco no chão. Para a surpresa de Akita, estavam quase na frente do campus. Ficou ainda mais surpreso quando viu apenas dois guardas ali. Aquela era a entrada principal!

Não tiveram de esperar mais de dez segundos na frente do buraco. Um som alto, como um tiro, ecoou por todo o ar noturno. Vinha do pátio no centro do campus.

— Eu não disse que viriam pelo telhado? — disse um dos guardas em tom de superioridade.

— Cale a boca e vamos logo! — apressou o outro.

Os dois entraram no edifício correndo, deixando a entrada desprotegida. Por pura distração e afobação, acabaram esquecendo a porta aberta.

— Nosso sinal — murmurou Daichi.

Eles saíram de trás da parede e entraram tranquilamente, da mesma forma que se entra em um restaurante ao qual você está acostumado.

Afinal, o plano era justamente irem pela porta da frente.

— Provavelmente esperam que apareçamos com algum plano engenhoso — dizia Aiko. — Talvez soltar gás tóxico, algo do tipo. Então faremos o contrário: vamos pela porta da frente!

— Se fizermos barulho vão nos detectar — lembrou-lhe Daichi.

— Não vamos fazer barulho. Yuurei vai.

— Uma isca? — perguntou Hayato. — Vai colocar seu próprio guarda-costas em perigo por algo assim?

— Hã? — falou Akita. — Como assim guarda-costas?

— Ah, você não ouviu Aiko falando agora há pouco? Bem, precisa de uma explicação?

— Claro que não! Consigo entender algo assim por conta própria!

— Tá, que seja! — exclamou Aiko. — Guarda-costas ou não, ele vai ajudar! E, não, ele não vai se machucar. Yuurei é muito forte!

Confiando nas palavras dele, os outros concordaram com o plano mais básico e simples de todos: distração de um lado, entrar pelo outro. Fácil assim.

A parte da frente de dentro também era atrativa. Um lugar largo que se estendia por corredores cheios de armários de metal, com portas verdes e trancas de senhar. Portas das salas de aula, com vidros distorcidos fingindo ser janelas, estavam distribuídas uniformemente pelas paredes. A única fonte de luz natural, durante o dia, era a porta da frente, de vidro transparente.

A aparência inofensiva não os enganava.

Sentiam um cheiro de sangue por tudo.

Sinal de que havia acontecido uma chacina ali, em algum momento.

Tiveram de sair quase correndo dali da frente. Ficavam assustadoramente vulneráveis em volta da porta ou em qualquer local dos corredores do andar inferior. Poderia vir gente de todos os lados! Hayato ia muito na frente, verificando o caminho antes dos outros passarem.

Akita andava quase colado nas costas de Daichi, senão ia se perder naquele campus, com toda certeza. Não passou de uma fração de segundo, sentiu as pernas pararem de andar, junto com um choque elétrico por toda a coluna. Não deu tempo nem de pensar em pronunciar a dificuldade em mover as pernas aos outros dois e sentiu-se sendo bruscamente e silenciosamente puxado pelo colarinho da blusa.

Daichi notou imediatamente, sentindo os dedos do pequeno deixarem de segurar as costas de sua roupa. Virou-se automaticamente.

— Akita?

Aiko parou de andar também quando ouviu a voz do ruivo, espantando-se ao não enxergar o pequenino em lugar nenhum. Ergueu os olhos para o corredor. Haviam três portas: a logo na frente deles, lado direito; a de trás, mesmo lado porém muito longe; e a do outro lado, esquerdo, logo ali perto.

— Tsc, baixei a minha guarda — resmungou Daichi.

            Ele e Aiko procuraram nas salas mais próximas, encontrando, para desespero deles, apenas classes vazias. Continuaram pelo corredor na esperança de encontrá-lo logo. Mal sabiam que, a única sala que não olharam, a que estava mais afastada, era a certa.

Logo na boca da porta fechada, Akita estava sendo seguro bem firme pelos braços fortes de uma mulher, que lhe prendia a cintura e tapava-lhe a boca. O pequeno tremia um pouco e seus olhos estavam arregalados.

— Shh — sussurrou a moça. — Fique quietinho, cordeirinho negro…

Simultaneamente, desde antes dos quatro entrarem no edifício, Yuurei já agia. De alguma forma, apareceu misteriosamente no pátio do campus, como se tivesse atravessado as paredes até ali. Com as mãos nos bolsos, olhou em volta, foi até um vaso de plantas e quebrou-o com um chute. O som propagou-se pelos corredores como praga. Em instantes, o guarda mais perto chegou, apontando uma arma para Yuurei, mirando e atirando.

O som da bala atraiu todos os guardas ali, já que era o sinal combinado anteriormente para caso vissem algum dos invasores. Inexplicavelmente, o tiro atravessara a garganta de Yuurei, sem atingí-lo, e acertara a parede atrás. E assim se seguiu, até todos os guardas terem chegado e disparado fracassadamente, e aberto uma expressão pasma. Não era possível que tivessem errado todos os tiros!

Antes que decidissem jogar as armas para o alto e partirem para o ataque direto, Yuurei murmurou:

— Então é a minha vez?

Com um aceno de cabeça, afastou completamente a franja de um dos olhos, enquanto o outro transparecia apenas um pouco. Os orbes eram lindos, de um encantador tom violeta, meio lilás. Mas eles transmitiam perigo e frieza, a despeito da cor rara das íris.

— Não imitem fantasmas e voltem depois de mortos — disse. — Odeio repetições.

Terminada a frase, seus olhos faiscaram perceptivelmente, como se exalassem uma luz fantasmagórica. O brilho refletiu-se nos olhos dos guardas espantados.

Hayato voltava de sua inspeção dos andares superiores, foi de encontro aos companheiros. Estranhou, obviamente, quando viu faltar alguém.

— Onde está Akita? — perguntou imediatamente. Ao ver que não obteve resposta de Aiko e Daichi, que evitavam a todo custo encarar o albino, adivinhou. — Não me digam que o perderam de vista?

— Qual seria a sua reação se isso supostamente fosse verdade? — disse Daichi.

— Não tente me enrolar. Ah, francamente… Acho que sei onde ele está.

— Sério?

— E espero que eu esteja errado.

Aquela era a última frase que queriam ouvir.

— Está querendo dizer o ginásio? — disse Aiko, temeroso.

— Por que o ginásio? — quis saber Daichi.

— É lá geralmente onde os professores reúnem os alunos caso queiram passar recados, não é? É o senso comum que um assassino ou alguém do gênero vá até lá em um horário desses e mate todo mundo. E como sendo um local já imaculado, é bom para ser usado para mais retalhação.

— Ah! Está querendo dizer que quem quer que seja, planeja matar o Akita lá? — Daichi só se deu conta da gravidade de suas palavras depois de ditas.

— Agora o lerdo aqui é você.

— Quieto.

Os três partiram correndo pelo corredor, passando com muita pressa por tudo. Ignoraram até mesmo o pátio, onde Aiko viu de relance a silhueta de Yuurei. Deu um sorrisinho. Rápido como sempre, pensou. Mas não chamou-o nem nada, continuou em frente.

— A porta deve estar trancada… — ia dizendo Hayato enquanto se aproximavam do ginásio. Se interrompeu quando, de repente, a porta foi destrancada por dentro e se abriu.

Yuurei empurrava as pesadas portas com indiferença.

— Ali nos fundos — disse apenas.

— Como você entrou? — perguntou Daichi, tão surpreso quanto o albino. — Se estava trancado, não tem como você entrar! E ainda estava lá atrás de nós! Como chegou antes?

— Não me importo, mas aquele garotinho está com problemas. Quer mesmo ficar discutindo comigo?

Diante da fala de Yuurei, Daichi foi forçado a engolir a curiosidade e guardar a teimosia por um tempo. Entraram no ginásio, enquanto o guarda-costas de Aiko ficava na porta, em claro ato de não querer se envolver.

O único a notar a tempo algo indo em sua direção foi Hayato. Com o canto dos olhos percebeu algo fino como uma flecha indo logo para sua cabeça. Bem a tempo, puxou uma faca da manga e desviou-a. Lançou-a logo em seguida para interceptar outra flecha que voava para si.

— Merda — deixou escapar um palavrão antes de se afastar dos outros dois, deixando mais flechas baterem inúteis no chão.

Para sua grande surpresa e espanto — não só dele —, o chão se abriu no instante em que pisou, como um alçapão. Soltou uma exclamação alta antes de cair no buraco fundo e a portinhola fechar-se novamente.

— Ótimo! — exclamou Daichi sarcástico. — Era só o que faltava! Hayato foi embora também! Espero que aquele albino estúpido volte a tempo.

— Quieto — mandou Aiko, puxando um pouco uma mecha ruiva quando o outro abriu a boca para falar mais.

Daichi parou de reclamar, fazendo o silêncio reinar absoluto pelas quadras. Ou quase… Um barulhinho mínimo pôde ser ouvido pelos dois que, esquecidos de Yuurei dizendo “nos fundos”, correram para a parte de trás do ginásio, perto da sala onde se guardavam os materiais esportivos. O primeiro que alcançou o local do ruído foi Daichi. Este arregalou os olhos ao ver o que era.

Akita estava no chão com os pulsos para trás, amarrado na corda que pendia do teto, para escaladas. Do canto de sua boca escorria um filete de sangue, seu ombro também sangrava como se tivesse levado uma facada. O rosto tinha um corte bem na testa, deixando uma linha grossa vermelha escorrer entre os olhos, os quais estavam semicerrados e pareciam forçar-se a se manterem abertos.

— Ah, Deus! — exclamou Aiko, adiantando-se e soltando a corda dos pulsos do menor. — Está doendo muito?

— H-Ha… — Akita tentava falar algo, mas só saíam sons sem nexo de sua garganta. — Haya…

— Hayato?

— Ele… ah, droga. — As palavras fugiam-lhe. Segurou com as mãozinhas fracas na blusa branca de Aiko. Tomando ar, soltou de uma vez o máximo que pôde falar. — Está atrás dele!

— Quem?

— O…

Antes que terminasse a frase, um estampido muito alto soou repentinamente. Como se algo lhe atingisse pelas costas, Akita arregalou os olhos e caiu para a frente, não se movendo mais. Levara um tiro certeiro nas costas.

— É tão chato quando os outros fazem a revelação no meu lugar — disse uma voz horrivelmente familiar ao longe.

Daichi torceu do fundo do coração para estar ouvindo errado, sentindo o estômago pesar. Levantou o olhar buscando outra pessoa ali, mas não precisou procurar muito. Estava logo à frente.

Era… Ai, Jesus Cristo! Demorei tanto para acreditar… O Visconde Khan, ali, com uma arma na mão foi muito choque até para mim.

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— O que… — Daichi tentava formar uma frase, chocado até a alma.

— Hn — disse Theo, com o tom de voz completamente da alegre e simpática. Era de puro desprezo. Muito diferente da de normalmente. Ou será que aquele era o “normalmente”…? — Vai ficar aí parado? Jura? Pensei que fosse mais… ativo, Isao-san.

— Ô, agonia, como escapou assim tão rápido da minha vista? Tá certo que lá embaixo era escuro, mas não sou assim tão cego!

— Raiden! — O visconde virou-se para a direção da nova voz no ginásio. — Achou a saída então?

Hayato havia chegado naquele momento, com o cabelo jogado no rosto. Virara tanto de um lado para o outro embaixo do ginásio que os fios acabaram assim.

Hayato se surpreendeu de verdade com o buraco inesperado no chão. Antes que pudesse tocar o chão, as portas superiores se fecharam, anulando quaisquer possibilidades de fuga rápida. Pousou tão leve quanto uma pena, encontrando-se no mais escuro breu. Não havia nem uma única réstia de luz ali. Suspirando, voltou o rosto para todos os lados, procurando sentir algo diferente.

Estava quase se convencendo de que não havia mais ninguém ali, quando sentiu um calor distante parado mais adiante. Com um espasmo, o cheiro de uma colônia terrivelmente conhecida lhe chegou ao nariz. Arregalando os olhos safira na escuridão, firmou o pé no chão e disse:

— Visconde? — Bingo! — Já te ocorreu que não posso ver meu antigo anfitrião? Saia daí.

Sem resposta.

Enquanto esperava a familiar voz de tantos anos responder-lhe, não sentiu um ataque voando-lhe na face até o último momento, desviando-se apenas para não ver algo fincado em sua bochecha. Um corte feito por algo afiado abriu-se na face.

O albino estreitou os olhos, ao contrário de antes, aguçando mais os sentidos. Dessa vez sentiu os inúmeros objetos lançados contra si, desviando-se de todos. Notou também que havia muita coisa em volta de si: estantes, coisas espalhadas pelo chão, bolas de esportes por todos os lados… Também evitou tropeçar neles ou bater de cara nas estantes.

— Você é tão escorregadio! — a voz de Theo finalmente se pronunciou na penumbra. — Parece até sabão!

Dessa vez foi Hayato que manteve silêncio, esforçando-se para estender a audição pela sala, tentando detectar qualquer som de porta abrindo ou coisa do gênero.

— Eu até brincaria mais com você sabe… em memória da nossa amizade e tudo mais. — O visconde Khan tinha a voz no mais profundo tédio arrastado. — Mas tem gente lá em cima me esperando, entende?

Foi só então que Hayato realmente sentiu um choque tilintar em sua cabeça. Não fora por causa da visível traição de seu antigo amigo ou pela estranha armadilha no chão do ginásio, e sim pela última frase dita pelo visconde.

Não notou quando suas pernas começaram a se mover, correndo pelo local embaixo das quadras, nem quando saiu pela porta entreaberta. Theo acabara de sair por ela. Também não soube o modo com que subiu uma escada de metal em espiral até a base das arquibancadas, ou como encontrou os companheiros olhando para o visconde chocados. Não pôde dizer que sentiu horror ao ver Akita coberto de sangue e imóvel, mas… mas teve vontade de arrancar os olhos do visconde. Ah, isso teve.

            E é nesses momentos que eu me pergunto: por que raios sou tão azarado?


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Notas finais do capítulo

Onegai, não esqueça um reviewzinho mínimo. Nem que seja um smile, ok? Preciso saber se estão gostando, afinal, são minhas preciosas leitoras!
Obrigada por ler até aqui! Mesmo, estou agradecida do fundo do coração!! Até o próximo capítulo!! Tentarei colocá-lo no fim de semana ou segunda-feira, sim? Como sempre, talvez atrase.



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