Aki No Ame (DESCONTINUADA) escrita por SilenceMaker


Capítulo 2
Surpresa desagradável


Notas iniciais do capítulo

Bom, espero francamente que esteja ao menos apresentável. Não tenho mais nada a dizer. Boa leitura!!



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Um silêncio se seguiu por uns momentos após a apresentação de Hayato. Apenas se ouvia a brisa leve e as pétalas finas e delicadas caindo na grama aveludada.

Passada a surpresa inicial, Akita estreitou os olhos, retomando o ar duro. O pequeno marcou rápido a página e fechou o livro com um estalo, levantando-se em seguida e, sem dizer palavra, saiu a passos firmes.

— Qual o problema dele? — disse Hayato para si mesmo, com um ar cético.

Akita andava para fora do lugar que mais gostava, onde sabia que talvez não pudesse mais passar o tempo ali tranquilamente agora que mais alguém o descobrira. Ele achara Hayato simpático, mas pensou: "Se ele pensa que vou ser enganado por esse tipo de truque de novo, é melhor que se enforque amanhã mesmo."

O garoto virou à direita, ao invés de ir em frente para retornar ao pátio principal, entrando em uma portinhola escondida atrás de uma tela de mosquitos. Akita afastou a tela e entrou, saindo segundos depois com a própria mochila. Logo que o fez, cobriu novamente a portinhola.

Akita olhou em volta, verificando se ninguém descobrira seu esconderijo, e foi ao pátio principal, pendurando a mochila preta no ombro. O intervalo tinha terminado fazia alguns minutos e era essa a deixa que Akita esperava. Ele passou pelo arco, em direção à enfermaria, sem notar o par de olhos azulados e brilhantes que o observavam da sombra da parede. Depois de piscarem uma vez, desapareceram.

— Com licença — falou Akita entrando devagar na enfermaria.

Kenichi estava sentado em sua cadeira estofada, dobrando a autorização de um estudante. Ele tinha os cabelos castanhos e olhos de mesma cor. Seu rosto era bonito e bondoso.

— Ah, Akita, demorou a chegar hoje — disse Kenichi abrindo um sorriso. — Aconteceu alguma coisa?

— É, mais ou menos.

— Quer me contar?

— Nada de mais. É que alguém — Akita tomou o cuidado de fingir que não sabia o nome — descobriu o lugar onde passo o recreio, então deu um pouco de trabalho me livrar dele.

— Hum... um garoto, foi? — Kenichi falava sem pressa. — Ele disse algo que te incomodou?

— Acho que sim, mas prefiro não comentar sobre isso.

Como sempre, Kenichi sorriu e lhe disse:

— Se não quer dizer, não vou obrigá-lo. Agora, quer começar com o quê hoje?

— Matemática, tem prova amanhã.

O enfermeiro tirou da gaveta uma pasta amarela.

— Então abra seu livro na página doze — instruiu Kenichi, tirando da pasta um maço de papéis.

Já que Akita não ia às aulas, Kenichi gostava de ser seu professor particular. A primeira prova do semestre seria de matemática, então, obviamente, Akita resolvera revisar.

— Trouxe a tarefa de ontem?

— Claro que trouxe, mas a encontrei rasgada no lixo. Posso entregar amanhã?

— Pode sim.

E a aula de Kenichi, o enfermeiro inteligente que ensinava melhor que quase todos os professores da escola, prosseguiu até o fim do turno de aulas.


Akita sau da enfermaria quando deu meio-dia e quinze, tendo a certeza de que ia gabaritar a prova do dia seguinte. Quando passava pela frente da sala dos professores, um deles o chamou.

— Sim, senhora Annie? — disse Akita educadamente, se virando para a professora. Ele a respeitava muito, por ser a única que o ajudava na sala de aula. Mas tinha apenas uma aula por semana com ela. Annie era a professora de artes.

— Poderia ir buscar minha pasta na sala de aula do segundo ano? — pediu ela.

— Qual deles?

— 2-D.

— A senhora deu aula lá hoje?

— Não exatamente. É que tive de substituir o professor de ciências, então...

— Tudo bem, posso ir.

— Ela tem uma etiqueta com o meu nome, ok? Muito obrigada. Eu mesma iria buscar se não tivesse algo importante a fazer.

Annie agradeceu mais uma vez e entrou na sala dos professores. Akita deu dois passos quando se lembrou de que não fazia ideia de onde ficava as salas do segundo ano. Aquela escola era grande demais para se lembrar de onde ficava algo além da enfermaria, do banheiro e do pátio nos fundos.

Ele sabia que não ia adiantar de nada perguntar aos zeladores, já que esses o ignoravam completamente. Aos outros professores também não, já que faziam a mesma coisa. Para os estudantes nem pensar, apanharia se o fizesse. O único remédio era procurar sozinho.

Akita entrou por corredores, abriu portas, desceu escadas, se perdeu, descobriu as salas do primeiro e terceiro ano... mas nada de 2-D. Havia passado duas horas desde que começara. Já estava cansado e precisava almoçar, mas não queria desapontar Annie.

Estava perdendo a vontade, quando uma ideia lhe aflorou na mente.

— Vou perguntar àqueles três! — disse Akita animado, descendo correndo as escadas.

"Aqueles três" eram os únicos amigos que ele tinha. Os quatro haviam se conhecido na segunda série.

Akita ia para o ginásio, onde sabia que eles estariam. Os três sempre ficavam lá até dar 17h, então iam para casa. Akita entrou quietinho pela porta de vidro, olhando em volta. Não demorou a achá-los. Um deles era um garoto baixo e magricelo, com os cabelos cheios de gel. O outro era alto e usava a camisa de basquete de um time famoso no lugar da blusa do uniforme. A última era uma garota, de cabelos loiros e curtos. Eles estavam sentados ao canto, conversando animados e rindo alto.

O pequeno se aproximou discretamente, para não chamar a atenção.

— Paul — chamou ele baixinho, puxando a barra da blusa do mais alto.

Paul olhou e ficou muito surpreso.

— Akita! Você finalmente apareceu!

— Estávamos nos perguntando quando conversaríamos com você novamente — disse a garota, chamada Mary. — Ah, Akita! Fico feliz que esteja bem!

— Aconteceu algo? — perguntou o baixinho, de nome Alex.

— Não, está tudo bem — respondeu Akita. — É que eu queria perguntar se vocês sabem onde ficam as salas do segundo ano.

— Putz, cara — disse Paul coçando a cabeça. — Eu não sei não. Alex?

— Também não. Nunca fui para lá. Mary?

— Desculpe Akita, também não sei.

Perante o olhar culpado dos três, Akita apenas pôde dizer:

— Não tem problema, obrigado. Até mais então.

Com um aceno, ele saiu com pressa do ginásio. Akita não notou as risadinhas dos estudantes que estavam nas aulas complementares, e ouviram tudo.

Akita rondou mais um pouco a escola, e mais uma hora se passou. Com isso ele já estava cansado e irritadiço. Quando passava pela terceira vez pelo refeitório, viu seus amigos comprando lanche. Decidiu-se por ir falar com eles.

— Oi de novo! — cumprimentou Mary alegremente, quando viu o pequeno chegando.

— Vocês realmente não sabem onde fica?

— Não mesmo, sinto muito, de verdade.

— Mas para que você quer saber? — disse Alex.

— É que a professora Annie me pediu...

— Não precisa dizer mais nada — interrompeu Paul, com uma risadinha. — Ela estava na turma 2-D, certo? Todas as classes do segundo ano foram para as salas da sexta série hoje, já que as salas deles estão em reforma e as sextas séries foram para um passeio.

Akita arqueou a sobrancelha enquanto era conduzido até a sala que a 2-D usara naquela manhã.

— É bem aqui — disse Mary apontando. — Bom, tecnicamente falando, não mentimos quando lhe respondemos que não sabemos onde ficam as salas do segundo ano, mas...

Ela se interrompeu quando se virou e viu Akita de cabeça baixa, cobrindo os olhos com a franja. Ele tinha a visão embaçada pelas lágrimas que ameaçavam sair.

— Então é assim? — falou com a voz embargada. — Então até mesmo meus amigos fazem esse tipo de coisa?

— Mas o que... — começou Mary, sem entender.

— Se divertiram me assistindo rondar a escola inteira feito barata tonta?

Alex e Paul empalideceram.

— Pois é — continuou Akita, abandonando completamente o ar caloroso que mantinha para os três até então. — Isso confirma minha teoria de que não posso confiar em ninguém.

Akita abriu a porta e entrou na sala indicada. Realmente, no quadro negro ainda tinha a matéria do segundo ano, e com a letra da professora Annie. Ele abriu a gaveta da mesa do professor, mas quando viu a pasta, seu rosto apenas expressou entendimento.

Na etiqueta estava escrito: Shinichi Fieldhouse. Nada de Annie, ou o sobrenome dela (Starwood).

— Parece que a professora gostou de conspirar com vocês — disse Akita em voz alta. — Ela até roubou a pasta de outro professor.

Alex ficou ainda mais pálido. Akita saiu da sala batendo a porta e se voltou para os três amigos, que estavam chocados.

— Acreditem, vocês não são os primeiros a me apunhalarem pelas costas — falou ele friamente. Seus olhos estavam preenchidos de raiva e uma parcela de mágoa.

Dito isso, Akita saiu escada acima, levando a pasta roubada consigo.

Mary parecia à beira de lágrimas. Muitos avisaram qual seria a reação de Akita, mas eles não levaram a sério. A brincadeira, que deveria ter sido divertida, terminou horrivelmente. Os três pensaram que, sendo o Akita, tudo seria perdoado em nome da longa amizade deles e as coisas terminariam perfeitamente bem.

— Será que... erramos ao concordar com a professora? — disse ela, tapando a boca com a mão.

Ninguém lhe respondeu.

Akita foi até a sala dos professores, abrindo a porta bruscamente e jogando a pasta com uma mira perfeita na frente de Annie, dizendo em alto e bom som, para todos dali ouvirem:

— Acho melhor você devolver logo a pasta do professor Shinichi. Creio que ele já tenha dado falta.

E saiu pisando duro da sala.

Ele sabia que os amigos não estavam com um olhar culpado, mas com um olhar culposo.


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Notas finais do capítulo

Por enquanto é isso. Espero que acompanhe a história, viu? Vou colocar um novo capítulo em breve! Kissuuuss!! ♥.♥



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