Aki No Ame (DESCONTINUADA) escrita por SilenceMaker


Capítulo 3
Problemas demais para suportar


Notas iniciais do capítulo

Ah, demorei um pouco para colocar esse capítulo, né? Mas, bom, aqui está. Se ficar ruim, não critique de forma rude, apenas pare de ler e me diga com educação, senão eu deleto seu review. Boa leitura! :D



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Inevitavelmente todos da escola acabaram sabendo do ocorrido com Akita, e daí por diante seu tempo na escola se transformou em um verdadeiro inferno. Ele não passava mais o tempo de aula nos corredores, e sim em um esconderijo que achara no vestiário que ninguém ia. Na verdade não era um esconderijo bem dito, mas funcionava como um.

Akita criara um ponto cego nas câmeras de segurança, e se ele se mantesse quieto ninguém o descobriria. Era bem útil, afinal. Até o momento ele tinha certeza absoluta de que nem mesmo Hayato sabia do lugar, então poderia ficar lá o tempo que quisesse.

Apesar de tudo, até isso tem suas desvantagens. A zeladora, como sempre, era a única que se lembrava de lá, então Akita tinha que sair por um tempo para que ela pudesse limpar o lugar. Não que ela gostasse de importunar ele, muito pelo contrário. A zeladora, de nome Moty, gostava muito de Akita. Mas o garoto sabia que até mesmo ela ia acabar com problemas caso conversasse muito com ele.

Na verdade havia mais um problema. Depois daquela brincadeira, Akita simplesmente não sabia mais no quê e em quem acreditar. Acho que a palavra certa seria medo. Medo de se machucar novamente.

Às vezes Akita pensava em apenas não ir mais para a escola e ponto. Mas aí lembrava-se do que o pessoal do orfanato teria de ouvir caso sequer aparecesse entrando no colégio. Mesmo que não falasse com ninguém, ou fosse rude com qualquer um, ou apesar do tratamento que recebia, a última coisa que queria era incomodar.

Bom, naquele dia Akita estava com um humor particularmente depressivo. Por algum motivo, após acordar ele não gostou dos raios cálidos e bonitos que entravam em seu quarto, nem das cortinas, nem da própria cara ao olhar no espelho. Tudo lhe incomodou profundamente, mas nem ele próprio sabia o motivo disso.

Desde que ninguém o incomodasse não fazia diferença alguma.

Mas na hora do intervalo tudo deu errado.

Akita estava sentado ao canto com seu humor depressivo do dia, não tinha energia para levantar e dar uma volta enquanto Moty limpava o vestiário. Mas por fim convenceu-se, a muito custo, a sair do banco. Era hora do intervalo, mas Akita tinha mais que dois esconderijos. Iria ao que ficava perto do telhado. Mas ele não notou que tinha saído mais tarde que o habitual, e por isso que deu problema.

Ele andava devagar e com as mãos nos bolsos até seu outro esconderijo. Mas Akita não contava com os encrenqueiros do colégio. Eram cinco no total, todos fortes e riquinhos, mimados e idiotas. Ou Akita tinha o maior azar do mundo ou o universo inteiro conspirava contra ele, porque as chances de ele ser visto naquele momento eram praticamente nulas. E por isso, um dos cinco encrenqueiros, o único loiro da gangue, avistou o pequeno se encaminhando sem pressa até o corredor que ninguém ia.

Ah, princesa! — exclamou o mais alto, aparentemente o líder. Ninguém sabia seu nome, talvez porque fosse muito feio, então todos o chamavam apenas de K.

Akita pensou em fingir não ouvir, mas parou e virou-se.

— Agora sabemos onde você fica nos turnos de aula... — continuou K.

Não houve resposta, então K disse:

— Parece que você esqueceu de como falar. Será que lembra de como gritar?

Akita, embora soubesse claramente o que aquilo queria dizer, não esboçou reação ou se moveu. Esperou pacientemente que K se aproximasse e segurasse a gola de sua blusa, levantando-o alguns centímetros do chão. Ele não ia dar uma de covarde, só para entregar de bandeja aos idiotas mais razões para importuná-lo.

Menos de cinco minutos depois, risadas grosseiras dos cinco ecoavam pelo corredor vazio. K ainda segurava Akita pela colarinho da blusa, e o mesmo estava simplesmente acabado. Hematomas grandes por todo o corpo sangravam um pouco, o líquido avermelhado escorria lentamente pela extensão de seu braço, às vezes pingando no chão. Do canto de sua boca escorria um filete de sangue. Não dava para saber se estava consciente ou não, o cabelo estava cobrindo os olhos.

— Sabe, apesar de tudo, eu tive uma ideia — comentou K de repente. — Levaremos você, pequenino, para um lugar bem legal. Mas espero que saiba o que acontece quando um rostinho como o seu fica em meio a um bando de pervertidos. — K deu uma risadinha baixa, acompanhado de seus asseclas. — Mas não se preocupe, vamos drogá-lo, assim não vai sentir absolutamente nada.

Mal ele acabou a frase, e de repente o grandalhão ao seu lado tombou sem motivo aparente. Atordoado e atônito, K olhou em volta procurando a fonte do desmaio repentino. Quando do meio do nada outro perdeu a consciência, e outro. Os últimos que sobraram foram o loiro e K. O loiro, querendo salvar a própria pele, saiu correndo aos tropeços, estava quase saindo do corredor, mas foi como se desse um escorregão em uma pedrinha e caísse de cara no chão. A diferença foi que ele não se levantou.

Agora K estava simplesmente apavorado, nem chegou a pensar em sair correndo e logo caiu para trás como um saco de batatas, soltando Akita. Uma figura de cabelos compridos e prateados saiu correndo em uma velocidade impressionante e anormal da dobra do corredor, amparando Akita antes do mesmo cair, e ambos sumiram.

É preciso voltar um pouco no tempo para saber o que houve ali.

Antes mesmo de Akita deixar o vestiário, Hayato tinha sido expulso de sala por estar dormindo. Na verdade não foi só por isso, mas ele acidentalmente acabou chamando a professora de velha enquanto dormia. Ele caminhava para a detenção com passos lentos, como se quisesse dormir novamente. O sol gostoso que invadia o corredor apenas lhe dava mais e mais sono.

Tudo estava silencioso, até que de repente surgiu um gritinho agudo e alguém pulou em cima de Hayato. Sem sequer se dar conta disso, o mesmo desviou-se com certo tédio. Só notando o que tinha feito quando a pessoa no chão disse:

— Ai, não precisava ter feito isso, sabe...

Era uma garota da oitava série também. Ela tinha os cabelos repicados e escuros. Hayato não a reconheceu de lugar algum, mas ainda assim falou:

— Opa, me desculpe. Você está bem? — Enquanto ajudava-a a levantar-se.

A garota corou muito, mas aceitou a ajuda de Hayato.

— M-meu nome é Yasuka! — disse ela ao levantar-se, esquecendo completamente de dizer o sobrenome. — Prazer em conhecê-lo!

Por algum motivo Hayato não notou o nervosismo na voz dela, e respondeu com um sorriso cintilante:

— Ah, muito prazer, Yasuka-san!

Yasuka não aguentou mais depois disso. Com um suspiro apaixonado, desmaiou praticamente em cima de Hayato, que se assustou.

— Yasuka-san! Yasuka-san!

Mas ela não acordou, então Hayato teve que a levar até a enfermaria, onde Kenichi os recebeu, também meio chocado pelo modo que o garoto contou o acontecido. Por fim, riu e disse:

— Acho que a senhorita Seiji vai querer te ver quando acordar.

Hayato não entendeu o sentido daquela frase, então Kenichi riu novamente e disse para se apressar, senão se meteria em encrenca caso não fosse logo para a detenção.

Não demorou muito e a notícia de que o bolsista de meio de ano, Hayato, tinha ido para a detenção se espalhou como o vento. O mesmo não fazia ideia de qual parte dessa novidade era emocionante, mas em menos de dez minutos a sala de detenção já estava infestada de garotas histéricas. Hayato nem percebeu, porque dormia feito uma pedra lá no canto ("Que expressão fofa ele tem enquanto dorme!", exclamou uma das garotas). Ou talvez ele estivesse só fingindo que dormia para não ter de falar com ninguém. Mas isso eu nunca descobri.

Quando seu tempo lá acabou, ele escapuliu sorrateiramente da sala, de modo que ninguém o viu ou ouviu indo embora. De qualquer modo, ele ia tentar ver se achava Akita de novo. Ia tirar aquele ar desolado e isolado dele a qualquer custo. De repente animado, Hayato se pôs a procurar pela escola inteira. Tudo ia muito bem, até que ouviu risadas graves e irritantes ecoando por tudo. Espantado, Hayato se aproximou silenciosamente do local que as risadas se originavam.

Foi com um espasmo de horror que ele bateu o olho em uma pequena pessoa, os cabelos negros bagunçados e em cima do rosto, a roupa manchada de vermelho. Ele sentiu o sangue subir à cabeça, e logo foi tomado pela impulsividade. Bom, agora não sei se você vai achar isso estranho como eu achei na hora, mas Hayato sumiu com um borrão, e um dos grandalhões tombou. Logo ele se encontrava do lado de fora da janela aberta, escondendo-se habilmente.

Da mesma forma de antes, sumiu novamente e uma brisa quase imperceptível passou entre outros dois grandalhões, ambos caíram. O loiro saiu em disparada querendo fugir. Hayato esperou um pouco, então deu um impulso no chão sumindo novamente. Nessa hora eu percebi que ele não sumia, mas sim se movia em alta velocidade de um lado para o outro

Nem tive tempo de me surpreender e logo Hayato segurou Akita e os dois sumiram.



Dor. É tudo o que eu sinto no momento. Meus ombros dóem, minha cabeça dói, meu corpo inteiro dói. Não sei direito como ou o que aconteceu, só lembro de um delicioso cheiro adocicado, passando ligeiro. E por uns momentos o senti próximo a mim, como se me carregasse. Depois senti a dor se esvair, mas também senti o cheiro ir embora. Sei que depois de recobrar a consciência, senti novamente aquele cheiro, e ao abrir os olhos eu vi um lindo rosto emoldurado por longos fios da mesma cor da luz da lua, e dois preocupados olhos azuis. Preocupados? Não, é mentira!

Hayato estava sentado ao lado de uma cama da enfermaria, e nela estava Akita, com faixas e curativos. O alívio que ele sentiu ao ver o pequeno acordar foi indescritível. Hayato se debruçou, espiando ansioso o rosto de Akita. A reação foi completamente esperada. Akita arregalou os olhos e deu um pulo para trás, encolhendo-se contra a parede e escondendo o rosto. Hayato suspirou e disse:

— Nem tenho como culpá-lo. Acho que se estivesse no seu lugar faria a mesma coisa.

Akita não respondeu. Só então que Hayato notou que o mesmo tremia um pouco. Devia ter sido mesmo um grande choque para aquele corpo pequeno e frágil.

— Olhe, não vou pedir que acredite em mim, porque sei que não fará isso só porque eu pedi — continuou Hayato em um tom gentil. — Mas apenas me ouça: não vou lhe fazer mal, simplesmente porque não tenho razões para tal.

Assim como Hayato esperou, não houve nenhuma resposta além do silêncio. Então resolveu dizer algo que o tranquilizasse.

— Kenichi volta daqui a pouco. Ele saiu por alguns minutos.

O alívio foi completamente transparente no rosto de Akita. A pontada que Hayato sentiu no coração foi inevitável.

— Apenas vou esperar ele chegar — concluiu Hayato por fim, sem deixar de ver a reação do outro.

Akita não ligou. Deitou-se novamente e em poucos segundos já estava dormindo novamente.

— Pois é — disse Hayato, como se falasse com o adormecido Akita —, parece que terei de cuidar mais de você, é isso?


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Notas finais do capítulo

Acho que ficou assim. Agradeço por ler até aqui, e daqui a alguns dias pretendo colocar um novo capítulo. Kissus!! ♥.♥



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