Aki No Ame (DESCONTINUADA) escrita por SilenceMaker


Capítulo 15
Cidade Caeli, e... um convite?


Notas iniciais do capítulo

Como uma admirável e fofa leitora apontou anteriormente, muitas coisas ficaram confusas no último capítulo. Mas agora vou esclarecer todas as dúvidas, espero.



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No meio de um sonho particularmente bizarro, que envolvia um sol feito de ouro e um cavalo alado com patas de sapo, Akita sentiu tudo se distanciar, como nevoeiro, e ouviu passáros cantando alegremente perto da janela. Aos poucos foi se lembrando. Da cidade estranha, das coisas estranhas que aconteceram... e se lembrou de que não estava entendendo nada.

Só então que percebeu que estava confortável demais. O sofá não era macio daquele jeito, ou era? Tentou se mover, procurando o encosto, mas não encontrou, o que achou foi uma blusa abarrotada de pijama. Quase levando um susto, Akita abriu os olhos, com a intenção de ver o que era. Mas o que enxergou à frente foram duas mangas de pijama, pertencentes à blusa que encontrara antes. E o que sentiu a seguir foi um cheirinho adocicado maravilhoso.

Dessa vez levando um susto genuíno, virou lentamente a cabeça, torcendo para não ser o que imaginava. Sim, era. Viu um rosto encantadoramente adormecido, emoldurado por cabelos prateados. Soltando uma exclamação perfeitamente audível, deu um pulo, afastando-se até cair da cama.

Hayato obviamente acordou com isso, perguntando preguiçosamente:

— O que foi? Aconteceu algo?

— Tem certeza que devo responder? — Akita disse, cauteloso, sem levantar-se.

O albino não disse nada, apenas coçou o olho e se sentou, pensando se sairia da cama imediatamente.

— Agora temos tempo para uma explicação, creio — disse Hayato, se espreguiçando. — Quer ouvir ou prefere ficar sem saber?

— Acha mesmo que prefiro continuar ignorante em um lugar estranho? — disse Akita, quase incrédulo, sentando-se na cama novamente. — Está louco?

— Certo, então tenha paciência, porque vai demorar um pouco...

Bom, vou contar eu então o que Hayato disse a seguir, só para economizar falas e tirar as perguntas de Akita do meio, que foram muitas.

Aquela porta pela qual passaram antes, não era nada como um dispositivo de teletransporte que levava a uma outra dimensão. Era apenas o que parecia: uma simples porta. Sim, não tem muita besteira de mágica e misticidade. Apenas uma porta. Agora você se pergunta: como pode uma porta ser daquele jeito? Já chego nessa parte.

O motivo de ser apenas uma porta, é não era um local completamente separado da realidade. A cidade em que estavam, cujo nome era Caeli que significa Ar em latim não se deslocava de um lugar para outro alternativo do mundo normal. Muito pelo contrário: ela nunca saiu dali. Melhor dizendo, é mais fácil entender quando damos um exemplo:

Imagine que você mora em uma grande casa, de vários andares. Ela tem muitos cômodos, e no andar do meio tem uma parede no lugar onde deveria ter uma porta. Você rodeia o lugar, tentando achar uma entrada, e só encontra paredes. Aí se dá conta de que esse lugar fechado pega quase o andar inteiro. É a mesma coisa. O cômodo fechado é o local atrás da porta em que Hayato e Akita estavam no momento. Mas a diferença é que ninguém sabe que ele está lá. Claro, alguns sentem, mas ninguém — a não ser os que vieram de lá, obviamente — têm consciência disso.

Após feita a comparação, acho que ficou mais compreensível. Evidente que é menor que o planeta, já que fica dentro dele, assim como os outros lugares comuns. Agora você pode se perguntar: "E como ninguém encontra? Por quê?" É que o lugar é envolto por uma quantidade absurda de aura, simplesmente absurda. Daria para esconder metade das estrelas do sistema solar de uma só vez, inclusive o sol. Por isso a porta também é escondida, para impedir que todos entrem. E apenas os que têm uma aura própria forte que podem abrí-la.

Mas o motivo de apenas aquela parte estar disfarçada é simples: há coisas lá que não existem no mundo normal. Por exemplo, lá há pessoas como mercenários (assim como Hayato), magos, psíquicos, e outros. Além de muitas outras coisas que você vai identificar no decorrer da história. Tudo isso requere uma quantidade grande de aura para ser ocultada.

Agora acho bom dizer outra coisa: não há apenas uma cidade lá. São seis. E, assim como essa, Caeli, elas têm os nomes básicos dos quatro elementos, também em latim. As duas últimas é outro caso, já digo. Meio clichê, mas é isso.

Caeli é uma cidade do estilo vitoriano, certo? Mas como existiam pessoas lá com vestimentas comuns, você deve ter estranhado. Vou explicar agora: é que apenas Caeli é antiga. Terrae (quer dizer, obviamente, terra, em latim), que é a cidade vizinha, não é mais assim. É mais atual, provavelmente igual à cidade que você vive.

Aqua, que significa água, fica logo depois. Essa é uma cidade de luxo, cheia de hotéis sete estrelas e atrações caríssimas. Essa é mais para passeios e visitas e poucas pessoas moram lá.

A outra é Ignis, o último dos elementos, fogo. Essa é mais mística, cheia de pessoas incríveis e poderosas, além de ser o local onde a maioria das organizações negras se instala. Claro, sempre há charlatões sem noção, mas isso tem em todo lugar.

Outra é Immolare, que significa "sacrifício". Essa, como o próprio nome explicita, é a mais sangrenta e selvagem. Onde a única regra é a sobrevivência, e onde a traição e a carnificina reinam absolutas. Lá só vivem os que querem provar a própria coragem, ou os mais estúpidos, ou os que simplesmente não têm escolha.

Essas cinco formam um pentagrama.

A última é chamada de Finis, que quer dizer "o final". Por quê? É que ninguém que entra lá consegue voltar. Ela é envolta por uma névoa densa, que impossibilita ver qualquer coisa da cidade. Na verdade muitos questionam sobre ser mesmo uma cidade. Alguns cogitam sobre ser uma floresta ou coisa do tipo, com animais ferozes e pragas infinitas. Finis fica no centro de todas, como se fosse o núcleo. Quase todos chamavam a cidade de inferno, embora não saibam realmente como é.

E, evidentemente, as pessoas podem ir livremente de uma cidade a outra, sem interferência. Embora em Caeli normalmente as pessoas usem roupas vitorianas.

Além disso, o tempo lá era diferente. Quer dizer, se eles saíram do hospital no finzinho de março, lá em Caeli e nas outras cidades era dia quinze de fevereiro ainda. O motivo de ser assim, ah, isso ninguém sabia.

Basicamente é isso. Dúvidas esclarecidas? Caso haja alguma, provavelmente será explicada mais tarde.

— Esqueci algo? — disse Hayato.

— Acho que não — respondeu Akita. — Entendi tudo.

— Que bom. Agora vamos ver um visconde que mora aqui em Caeli, conheci-o em uma confeitaria alguns anos atrás. Acho que ontem eu disse "conde", não é? Desculpe, me enganei.

— Por quê vamos vê-lo?

— Vai entender quando chegarmos lá. Ontem, quando cheguei na pousada, dei dinheiro à recepcionista para ela comprar algo para irmos vê-lo, melhor vestir algo apropriado. Sei que um visconde não é tão influente quanto um conde, mas é o suficiente para o que preciso. E mais, o conheço melhor do que conheço os outros condes.

— Hã?

Mas Hayato não estava mais escutando, entrou no banheiro anunciando que tomaria um rápido banho e fechou a porta. Cerca de meia hora depois, a simpática recepcionista bateu a porta com as roupas em mãos, e recebeu uma generosa gorjeta pelo esforço.

As roupas consistiam de uma calça preta a de Akita sendo um pouquinho mais comprida —, uma blusa branca de fecho, com a gola um pouco alta e um casaco da mesma cor da calça e mais comprido atrás. Além dos sapatos, mas isso é uma coisa que não necessita muitas detalhações.

Depois de trocados, saíram do quarto e se despediram da recepcionista, que retribuiu com um aceno e um suspiro. Saíram para a rua, enquanto Hayato pensava em como chegar na casa do visconde. Andaram apenas alguns metros para longe da pousada, quando uma voz enérgica os chamou:

— Com licença, cavalheiro.

Hayato assumiu que falava consigo, parando e se virando. Sim, era com ele. O mesmo jovem da noite anterior estava ali, girando o chapéu de cetim nas mãos, nervoso.

— Sim? — falou o albino, estranhando a repentina proximação.

— Ah, vejo que os senhores devem estar ocupados — disse o jovem, notando imediatamente que Akita era um garoto e se contendo um pouco.

— Não muito. Enfim, precisa de algo?

O jovem tirou do bolso interno do casaco um envelope sem um único amassão, branco.

— Vai ter uma festa, na próxima semana, na residência do marquês Mountbatten, e ele ficaria muito agradecido se pudessem comparecer.

— Conheço ele? — perguntou Hayato com curiosidade, apanhando o envelope que lhe era estendido.

— Hum, na verdade não sei, senhor — desculpou-se o jovem. — Só me foi pedido para passar o convite. Talvez o conheça indiretamente ou algo assim.

— Talvez... — Hayato estava pensativo, tentando pescar na memória alguém com o sobrenome Mountbatten.

Depois de alguns momentos de silêncio, o jovem disse:

— Bom, se pudessem ir o marquês ficaria feliz. Com licença. — E saiu.

Akita esperou um pouco o jovem se afastar antes de falar:

— Conhece esse tal marquês?

— Não — respondeu Hayato por fim, guardando o envelope no bolso do casaco. — Descobrimos mais tarde. Primeiro... — Hayato parou de falar repentinamente, fixando o olhar em um homem do outro lado da rua, de cabelos loiros lisos e olhos de amêndoa.

Segurando no braço de Akita, correu moderadamente até o homem, dizendo quando já estava perto:

— Visconde Khan!

O homem, acompanhado de uma serviçal baixinha, virou-se. Seu rosto se iluminou em um sorriso ao ver Hayato.

— Raiden! — exclamou ele se aproximando alguns passos, como cortesia. — Finalmente o encontrei novamente! Como vai?

— Muitíssimo bem, obrigado — respondeu o albino, com uma nota inconfundível de respeitável solenidade na voz. — E o senhor?

— Ah, não me chame de senhor, por favor. Faz-me sentir velho. Mas vou bem também. Quem é o adorável cavalheiro?

— Meu amigo. — Hayato puxou Akita à frente, com a intenção de apresentá-lo. — Conheci-o há pouco tempo. Estávamos indo vê-lo, visconde.

— Qual seu nome, garoto?

Akita não respondeu de imediato, meio assustado com a calorosa recepção do visconde, e muito desconfiado. Mas disse em voz impassível:

— Hideki Akita.

— Sim, sim — disse o visconde Khan, com um sorriso amigável. — Muito prazer, Hideki. Disseram que estavam à minha procura? Estava indo à confeitaria. É um assunto particular?

— É sim — respondeu Hayato, baixando imperceptivelmente a voz. — Sabe o motivo.

Não era uma pergunta. O visconde Khan ficou meio surpreso por uns instantes, mas logo retomou a expressão costumeira.

— Então vamos comprar um doce antes de retornarmos, certo? Conversaremos em minha residência — disse ele. — Bethany, poderia esperar na carruagem, por gentileza? Não vamos demorar.

A seviçal assentiu respeitosamente e, com uma leve reverência para o visconde Khan, voltou à carruagem um pouco ao longe.


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Notas finais do capítulo

Acho que é isso. Me perdoem pelos nomes das cidades, não sou boa com isso. Espero que tenha esclarecido todas as dúvidas! Mas caso ainda haja alguma, pode colocar no review que com certeza vou responder, ok? Kissuss!!!



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