O Diário Do Bebê Potter escrita por LarissaPotter


Capítulo 4
Detenção a três




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Demorou ainda alguns minutos até que Lílian se desvencilhasse do marido e voltasse a escrever:

O dia dos namorados caiu na sexta feira de nossa detenção. A profª MacGonnagall mandou que fôssemos para sua sala, para ajudá-la a organizar o material dado para as aulas práticas de cada ano.

O mais incrível é que Tiago continuou a não me dirigir a palavra e eu também não cedi, mal olhei pra ele aquela noite.

– Mas você viu que eu estava triste – ele disse, num muxoxo, apenas observando Lílian massagear a barriga devagar. Dez minutos.

– Percebi você com uma cara de cachorro molhado de fazer dó – ela respondeu, suspirando fundo, mas sorrindo de modo que ele achou gracioso –Agora me deixe continuar.

Snape já estava nos esperando, junto com nossa professora. Ela foi muito objetiva em nos passar as tarefas, como sempre.

E agora, você vai achar incrível como as situações podem parecer coincidências ou apenas algo rotineiro, Harry. Espero que você, para seu bem, não pegue nenhuma detenção, mas se pegar, vai observar que os professores sempre têm algo a fazer fora das salas e mesmo MacGonnagall, que é tão rígida, não foi exceção.

E se não fosse pela presença impertinente e incômoda de Snape, eu teria agarrado a sua mãe assim que a MacGonnagall tivesse dado as costas, e nossa reconciliação teria sido muito melhor.

Isso é coisa que se escreva para seu filho?

Eu só disse a verdade.

Lílian lançou um novo olhar de censura para o marido, que retribuiu jogando um beijo, como se fosse um adolescente. Ela sentiu uma nova contração que não conseguiu disfarçar. Tiago olhou no relógio. Oito minutos.

– Lily... você completou nove meses faz quatro dias e está sentindo contrações com poucos intervalos... Tem certeza?...

– Eu já disse a você: vou saber quando chegar a hora.

Tentou tranqüilizá-lo em vão, porque por mais que demonstrasse que tinha tudo sob controle, Tiago não parecia nem um pouco convencido. Fingindo não dar atenção às preocupações do marido, voltou a escrever.

Como eu disse, a professora saiu da sala, deixando nós três sozinhos. Eu evitava prestar atenção a Tiago, que, por sua vez, se dividia em tentar chamar a minha atenção e de alguma forma tirar Snape do caminho.

A recíproca é verdadeira, obrigado por perguntar. Eu queria falar com você a sós! Sem nenhuma "napa" nos atrapalhando.

Pois eu vi apenas vocês dois se perturbando e xingando baixinho mutuamente, enquanto, de vez em quando, você olhava pra mim com a cara mais pidona do mundo. Por isso eu decidi deixar os dois grandalhões infantilóides se matarem e me concentrar inteiramente na minha tarefa.

Desta vez serei eu que vou fingir que não li isso...

Ótimo, quer dizer que posso prosseguir. Continuando, Harry, de vez em quando eu ouvia a troca de "elogios" entre seu pai e Snape, até que ouvi como se fosse um baque surdo e tudo ficou em silêncio.

Eu fiquei curiosa, é claro, mas resisti e não me virei para saber o que tinha acontecido.

Eu lancei um feitiço silencioso no Snape, foi o que aconteceu. Pena que não previ o que viria a seguir. Devia ter estuporado aquele sacana.

Se for pensar bem... Realmente você devia ter feito isso mesmo... Poucos segundos depois do silêncio, Harry, seu pai se aproximou de mim.

Lily...

O que é? – eu perguntei, sem me virar.

Será que pode olhar pra mim pelo menos por um minuto? Tenho uma surpresa pra você.

Quando eu olhei, fiquei apavorada! E agora, relembrando o que aconteceu, seu pai também ficou com medo.

Com medo, não. Apreensivo, é diferente. O problema foi você ter me acusado até o último segundo.

Os seus precedentes eram muito suspeitos... Além do mais, me virei e me deparei com vários vasos de mandrágoras e com Snape conjurando um abafador de ouvido silenciosamente. Não corríamos risco de vida, porque eram bebês, mas poderíamos ficar desacordados por semanas.

Snape parecia satisfeito com a nossa reação, porque ele sorria de forma maléfica. Eu quase dei um grito de susto, mas seu pai tapou minha boca com uma das mãos.

Havia outra forma de fazer você não gritar, mas com o ranhoso ali e prevendo sua reação, achei melhor só tapar a boca com a mão mesmo. E aquelas mandrágoras foram idéia do ranhoso, eu havia feito algo muito diferente. Não pensei que ele soubesse conjurar feitiços em silêncio.

Você acertou, se tivesse escolhido a "outra forma" de me fazer calar, teria sido muito pior, Tiago... Bem, Harry, seu pai tirou a varinha das vestes e quando estava prestes a desfazer o feitiço de Snape, a Profª Minerva apareceu.

A reação dela foi de terror, ela chegou a cobrir a boca com uma das mãos para evitar seu próprio grito. Mas ela foi rápida, pois num instante pegou sua varinha e logo as mandrágoras se transformaram nos objetos que eram.

Ela lançou um olhar inquisidor para Tiago, o único que estava com a varinha em punho. Snape, por outro lado, já não usava o abafador de ouvido, creio eu que o havia escondido.

Sr Potter! Pensei que tinha dito que não era permitido o uso de varinhas, principalmente para transformar todos os materiais em mandrágoras! Poderiam ficar desacordados por semanas! O que estava pensando?

Não fui eu, professora! Quero dizer, eu transformei os materiais, mas não foi em mandrágoras. Isso só pode ser coisa do Snape!

Snape gesticulou, apontando para a boca e depois para Tiago. A professora Minerva desfez o feitiço dele também e se dirigiu a Tiago, entendendo tudo errado.

Parece, Sr. Potter, que o senhor pretendia que o sr Snape ficasse desacordado por algum tempo para que pudesse conversar com a srta Evans sozinho... Assim, além de ter lançado um feitiço silenciador, ainda exagerou, transformando todos os objetos em mandrágoras!

Infelizmente, tudo apontava para a culpa de Tiago e não adiantou seus argumentos de defesa. Eu mesma fiquei sem acreditar que ele fosse inocente.

Tiago observava que Lily sentia mais contrações.

– Lily... não quer dar uma pausa na narrativa? Você sabe...

– Não – ela disse, decidida – Estou bem. E falta pouco agora.

Ele suspirou resignado e tentando não pensar na possibilidade de Harry nascer ali.

Por causa do incidente, a professora dispensou a mim e ao Snape da detenção mais cedo, sendo que Tiago demorou muito para voltar.

Como você sabe que eu demorei?

Ah, tentei prestar atenção, mas acabei dormindo e então deduzi que você demorou.

Hm... quer dizer que, mesmo com raiva, você fazia questão de prestar atenção em mim...

Se isso faz bem para o seu ego, sim, eu admito. Me processe por isso.

Naquela noite, quando cheguei ao salão comunal, ainda havia alguns estudantes fora da cama, dentre eles estavam os amigos de seu pai.

Por que o Pontas não veio com você, Evans? – Sirius ainda me chamava de Evans e estava visivelmente aborrecido.

Porque o "Pontas" aprontou de novo, pra variar – eu respondi, caminhando direto para a escada do dormitório feminino, estava irritada também. Como ele ficou no meu pé, eu contei resumidamente o episódio das mandrágoras, o que o aborreceu ainda mais.

O Tiago nunca transformaria os objetos em mandrágoras! Talvez se Snape estivesse sozinho, mas não com você e ele na mesma sala... O que importa é que ele não o fez, com certeza ele tinha feito uma surpresa pra você e o seboso estragou.

Não quis mais escutar o Sirius e continuei o caminho para o dormitório, até que Remo se manifestou.

É verdade, Lílian. O Tiago disse que queria preparar uma surpresa pra você e posso apostar que não incluía mandrágoras. Para que ele ia querer que todos ficassem desacordados?

E o Snape estava lá, mesmo sob um feitiço silenciador não é possível transformar objetos ou lançar feitiços. Você sabe disso.

O que eles falaram tinha uma certa lógica. Aliás, tinha muita lógica, eles conseguiram me deixar na dúvida. Como ainda estava furiosa, deixei a raiva falar mais alto e bati a porta do dormitório com toda a força quando entrei.

Demorei a conseguir dormir. Fiquei pensando se a culpa era mesmo de Tiago e se eu não estava sendo muito dura com ele.

Consciência pesada? Você nunca me contou esse detalhe...

Só pra você não ficar mais metido do que já é. Quer continuar a partir daqui?

Não, continua você, depois eu conto a minha versão melhorada. Está chegando à melhor parte, finalmente.

Harry, você sabe como seu pai é cheio de idéias. Durante aquela noite, só consegui dormir depois que todas as minhas colegas de quarto chegaram. Uma delas, se não me engano, era a Dafne Walker...

Eu acho que era a Michele Stone.

Que seja, uma das duas. Quando ela entrou, eu percebi que precisou fazer um esforço fora do comum para fechar a porta e, quando o fez, a porta se fechou abruptamente.

Lily... O Harry vai saber o que é abruptamente?...

Vai saber assim que eu ensinar a ele, Tiago...

Não se preocupa, Harry. Sua mãe tem mania de palavras difíceis, mas logo você se acostuma.

Tiago! Eu não tenho... Droga, você está me fazendo perder tempo... Enfim, Harry, quando eu acordei, a maioria das minhas amigas já havia saído e não sabia por quê... Foi quando eu ouvi Nicole Smithers praticamente pular da cama.

Ai! Que foi isso? – ela ficou olhando para os seus lençóis, massageando suas costelas.

O que houve, Nicole? – eu perguntei, me sentando.

Acordei com um choque. Parece até que tem alguma aranha aqui picando a gente... AI! – ela se levantou com um pulo, olhando para sua cama, procurando algum indício da tal "aranha" – É melhor você sair daí Lily, ou pode ser a próxima – e foi para o banheiro, olhando ainda apreensiva para sua própria cama.

Como já estava acordada, me levantei e olhei debaixo da minha cama, constatando que não havia nada. Quando eu olho para a cama da Nicole, que era defronte à minha, vejo ninguém menos que Tiago Potter – seu pai, Harry – sorrindo abobadamente e com uma cara de quem acaba de acordar.

Agora eu explico. Eu sabia que a sua mãe havia se recolhido e que provavelmente fosse hibernar de novo no dormitório como ela sempre faz quando brigamos... Então decidi vestir a minha capa da invisibilidade – sim, eu tenho uma! – e pegar a minha vassoura, porque por um motivo muito antiquado os garotos não podem subir para o dormitório feminino.

Então, quando a Michele Stone estava subindo, eu a segui voando de vassoura e como não tinha ninguém no salão comunal, só os meus amigos, ninguém desconfiou. Forcei a porta a permanecer aberta e me escondi debaixo da cama da Nicole, que era a mais magra depois da sua mãe, e tive que dormir lá. Fiquei com uma baita dor nas costas, mas valeu a pena.

Quando acordei, fiquei cutucando uma a uma as amigas da sua mãe, para que elas saíssem logo. Queria falar sozinho com ela e a melhor chance que tive foi essa.

Pois é, eu acordei com o alvoroço das minhas amigas e, quando vejo, dou de cara com seu pai.

Tiago! Como... Ah, céus, por que eu ainda pergunto... O que você está fazendo aí?

O que mais? Estava assustando suas amigas para falar com você a sós. Fiquei com medo que acordasse antes delas e por isso as apressei um pouco – ele disse num risinho que me irritou um pouco.

Então foi você? Tiago, não pode entrar no dormitório feminino, seja lá como você...

Detalhes, detalhes... – ele deu de ombros – E para manter a nossa privacidade – disse, apontando a varinha para a porta do banheiro e para a porta que dava para o salão comunal, lacrando-as – Pronto, podemos conversar agora.

Eu fiquei abismada com tamanha ousadia dele! Em todos os anos de Hogwarts, nunca o vi fazer algo igual.

– Mas você não pode negar que gostou – Tiago já não estava sentado, segurava o que parecia ser uma pequena maleta e colocava na cama.

– Gostei, mas confesso que na hora fiquei até assustada – Lílian respirava com certa dificuldade. Tiago se aproximou.

– Vamos agora? Eu sei que você está tendo contrações de cinco em cinco minutos, senão menos. Se essa bolsa estourar...

– Ainda posso escrever o final... Falta tão pouco – e olhou para o marido, suplicante – Por favor...

O modo como ela o olhou fez efeito e ele a beijou com doçura.

– Tudo bem, querida... Mas, por favor...

Tiago me explicou como entrou na sala, tal qual como explicou pra você, Harry, mas isso não fez com que eu ficasse menos furiosa. Afinal, eu estava lá de camisola, falando com um garoto no dormitório feminino!

Eu disse que você podia trocar de roupa que eu não me importava...

É claro que não, engraçadinho... E estamos com um pouco de pressa aqui, podemos continuar, por favor? Como eu ia escrevendo, Harry, Tiago lacrou todas as portas e quando ia pegar a minha varinha para desfazer o feitiço, ela não estava na minha mesa de cabeceira.

Sabe, Lily... – ele começou, sem se importar com a minha busca – Eu planejava entrar aqui há muito tempo, mas sempre desistia. Só que ontem eu decidi arriscar, porque afinal era um caso de emergência e...

Quando eu conseguir encontrar minha varinha – eu o interrompi – e sair daqui, Potter, você vai se arrepender de ter nascido. Já não bastou ontem? A profa Minerva não vai ficar nada contente em ter que tirar mais pontos da Grifinória, mas...

Como eu previ todas as suas reações, eu peguei a sua varinha antes de você acordar – o cara de pau do seu pai disse, sorrindo satisfeito consigo mesmo.

Eu só lembro que me virei devagar para encarar Tiago. Eu tive vontade de esmurrá-lo, mas também achei engraçada a determinação dele. Sentei na cama, encarando-o.

Tudo bem, Tiago. Vamos conversar, então.

Ele se sentou ao meu lado, estava nervoso, parecia brincar com a varinha. Aquele gesto estava me irritando e acho que ele percebeu, porque logo parou e a colocou no bolso.

Esqueça esses detalhes, Lílian... Se estamos com pressa...

Tudo bem, tudo bem... Dessa vez você tem razão. Ele se sentou ao meu lado e, por incrível que pareça, ficou sério.

Olha Lily... Eu sei que tenho um péssimo gosto pra presentes e que não devia nunca ter seguido os conselhos do Sirius...

Pára de meter o Sirius nessa história, ele não tem nada a ver com a gente. – isso fez com que ele ficasse sem graça – Você devia pelo menos uma vez na vida assumir os seus erros.

Ele suspirou antes de continuar.

Tudo bem, eu admito. Admito que achei você linda quando brigamos pela primeira vez, no 4º ano, e que passei a gostar de você desde então. Confesso que sempre me irritava quando você me dava foras e me vingava em "alguém". Confesso que desde o sexto ano eu me meto em confusões porque adoro ver você me dando bronca e não ligo a mínima para a pontuação da Grifinória, porque sempre acho que vai valer a pena levar bronca sua. Confesso que me senti no céu quando finalmente você aceitou sair comigo há alguns meses e confesso que não suporto quando brigamos, mas o que eu não suporto mesmo é ficar longe de você por muito tempo.

Ele falou isso tão rápido que eu não saberia dizer se Tiago ao menos parou para respirar.

Eu falei muito rápido, mas sua memória é incrível. Como consegue lembrar de tudo isso, ainda mais no estado em que se encontra? Ah, esquece! Lily, continua e anda logo, por favor.

Obrigada, querido... Agora, espero que você não pense que tem uma mãe sem coração, Harry, mas tudo o que seu pai me falou aquele dia não tinha me convencido até aquele momento.

Então tudo o que você fazia era porque gostava de me ver com raiva?... – eu perguntei, um pouco confusa – Afinal, você gosta de mim quando estou feliz ou furiosa, Potter?

Não foi isso que eu disse... – ele estava visivelmente atrapalhado com as palavras.

Não estava não! Só não protesto mais em meu favor devido às atuais circunstâncias.

Sabe, Harry, seu pai está com pressa porque acha que você vai nascer a qualquer momento...

E vai mesmo! Então, vamos logo com isso, por favor!

Tudo bem, tudo bem... Harry, um dia você vai passar por isso e espero que não seja tão bobo quanto seu pai. Mas concordo que é melhor terminar logo com isso, aliás, estou quase acabando. Como escrevi agora a pouco, seu pai estava se atrapalhando com as palavras, mas, mesmo assim, quando ele quer consegue ser um doce.

Lílian, eu disse que acho você linda quando está com raiva, mas nada disso se compara a quando você está feliz, sorrindo. – eu ainda acho que esse texto foi decorado, mas seu pai jura que não.

Hei! Eu falei de coração! Não foi nada ensaiado, eu nem mesmo sabia o que falava.

Sei... Ele ainda continuou seu discurso meloso, ou melhor, "romântico".

Não queria que você ficasse brava com o pelúcio, eu só queria que você risse de tudo aquilo, porque eu tinha outras surpresas melhores durante a semana. Eu queria fazer algo especial pra você e acabei estragando tudo. Ontem não foi diferente, eu havia transformado os objetos em algo que eu achei que você fosse adorar.

Em que? – perguntei, um pouco emburrada. Ele sorriu feliz, como se fosse uma criança de 7 anos e por um momento eu me arrependi de ter perguntado.

Feche os olhos. – ele pediu. Eu fiquei desconfiada e um pouco amedrontada. Sabe-se lá o que ele ia aprontar?

Mas, enfim, obedeci. Relutante, mas obedeci. Até porque não resisti ao olhar pidão de criança de 3 anos que ele lançou.

Não foi um olhar assim!... Tudo bem, foi... Bom, eu me certifiquei de que sua mãe estava realmente sem conseguir enxergar nada e conjurei a surpresa que tinha planejado na noite anterior e que foi estragada pelo Snape.

Pode abrir agora! – eu não conseguia deixar de sorrir, tinha esperança que sua mãe fosse gostar.

Sim, e quando abri os olhos me vi cercada por vários lírios. Não digo apenas um ramalhete aqui e ali, estou dizendo mesmo com o quarto inteiro recheado de lírios. Cada vaso, cada gaveta, até mesmo nos pares de sapatos de algumas meninas que estavam ali tinha lírios. Nas frestas das portas dos armários, na janela. Realmente em todo lugar. Me levantei, chocada com o que via.

Eu descobri que sua flor preferida era o lírio, por causa do seu nome... Queria ter lhe dado isso antes e ontem era uma boa oportunidade de pedir desculpas, mas...

Eu interrompi o seu pai de falar e... bem... nós nos reconciliamos.

Ela quer dizer que me interrompeu calando a minha boca com um beijo de tirar o fôlego. E Lílian, não venha interromper, porque estamos com pressa, sim? Além do mais, é verdade. Foi um daqueles beijos cinematográficos que só se vê em cinema trouxa, filho. Um dia, quem sabe, você possa levar sua namorada para ver.

O seu pai quis dizer que foi um beijo... caloroso, que só é dado quando duas pessoas se gostam.

Isso, um beijo na boca, de namorados. Um super beijo. Um dia você vai entender – e gostar!

Tiago, isso não é... Ah, deixa pra lá.

Isso, deixa pra lá. O único problema depois do beijo foi que a Nicole interrompeu o momento, porque eu me esqueci de que havia trancado a porta do banheiro e que ela estava lá. Sorte que eu consegui escapar pela janela, com a vassoura e minha capa. Lílian e eu nunca mais brigamos, pelo menos não houve nada que pudesse afetar nossa relação.

Sim, é verdade. Desde então passamos a brigar menos, até que terminamos Hogwarts e nos casamos... hm... Harry, sobre nosso casamento fica para uma outra história, porque agora mamãe e papai têm que sair... E, provavelmente, voltaremos com você em nossos braços.

ISSO! FINALMENTE! Quero dizer, até logo, filho. Te amamos.

– Pronto! Acabou, não acabou? – Tiago perguntou nervoso.

– Sim, sim. – Lílian se levantou com dificuldade, mas parecia muito calma e serena, apesar da dor que sentia – E vamos, definitivamente está na hora.

– Por Deus, Lily! – Tiago segurava uma pequena bagagem, exasperado – Eu sei que essa nossa história é bonita, a serenata, os lírios e tudo mais... Mas por que tinha que ser logo hoje?

– Ora, Tiago – disse simplesmente – Quando uma mulher sabe que está prestes para dar a luz, ela tem que ocupar a mente de alguma forma para amenizar a dor.

– Então você sabia que teríamos que ir à maternidade hoje de qualquer modo e não me contou? – ele tinha uma cara emburrada, como se tivesse sido enganado e, ao mesmo tempo, estivesse dando uma bronca em uma criança.

– Bem... sim – ela ria como se tivesse feito uma travessura – Não contei antes porque sabia que você ficaria nervoso e atrapalhado... Mas confesse que gostou da história.

– Gostei, acho que é a minha preferida. E vai ser a do Harry também. – ele parou diante da porta aberta. – Mas tinha que ter jogado um balde de água fria em mim?

– Ah, o que você queria que eu fizesse? – ela deu de ombros, divertida e já caminhando para onde ele aguardava – Que eu deixasse todas aquelas garotas babando por você e seus amigos?

– Quer dizer que tudo aquilo foi por ciúme? – ele riu, feliz. Apontou a varinha para o diário.

Harry! Você não imagina o que eu descobri...

– Tiago! – Lily censurou o marido e apontou para a barriga – Podemos ir agora, por favor?

– Ah, eu só estava... – ele olhou sem jeito do diário para a varinha e da varinha para a esposa – colocando a data. Você esqueceu.

Apontando a varinha de novo para o diário, a data se formou pouco antes de fecharem a porta, fechando também o diário.

Depois te conto, filho. Até breve.

31 de julho de 1980.


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