Querido Harry,

Faz quase um ano que você nasceu e eu e sua mãe já recheamos as páginas desse diário com várias histórias suas, como quando você conheceu seu padrinho e jogou sua papinha nele... Disso eu tenho certeza de que ele nunca vai esquecer... Ou de suas primeiras palavras. Devo dizer que perdi a aposta para sua mãe, você disse primeiro "mama", ao invés de "papa", o que me rendeu dias lavando os pratos.

O que eu espero é que você não esqueça mesmo de que nós o amamos e que nunca deixaríamos que nada de mal acontecesse a você. Amo sua mãe mais do que posso dizer, assim como eu te amo, meu filho.

Desde que você nasceu, nossa vida se iluminou de tal forma que acho que não poderíamos ser mais felizes, apesar do tempo obscuro em que estamos vivendo atualmente.

Um dia você saberá de tudo, mas o que eu quero que você saiba desde já é que sejam lá quais forem suas escolhas, o que tiver de fazer ou o que tiver feito, me orgulho muito de você. Sempre.

Decidi escrever hoje apenas para dizer isso. E haja o que houver, não tenha medo. Eu sei que você será um garoto muito corajoso e especial, não só pra mim ou sua mãe. Um dia, Harry... Um dia você entenderá o porquê tudo isso, assim como um grande amigo nosso, Alvo Dumbledore, nos explicou hoje.

Ah, e peça para que ele devolva a minha capa da invisibilidade. Deixei com ele, e ele esqueceu de me devolver... Além do mais, sei que um dia ela lhe será útil.

Te amarei sempre, filho.

Seu pai orgulhoso,

Tiago Potter.

Querido Harry,

Tudo o que eu posso acrescentar a esse texto que seu pai escreveu é que eu o amo muito e saiba que faremos de tudo para que você tenha uma vida feliz.

Espero que, se um dia você não nos encontre mais, entenda que alguns sacrifícios que fazemos não são simplesmente sacrifícios. São privilégios que damos àqueles que amamos. E que nós, como pais amorosos que somos, temos o privilégio de fazer por você.

Não se esqueça que sempre estaremos com você, ao seu lado, mesmo que não seja fisicamente, mesmo que um dia você se sinta sozinho.

Saiba que nunca vamos desampará-lo.

Você é um jovenzinho abençoado.

Te amo pra sempre.

Sua mãe,

Lílian E. Potter.

– Isso soou tão estranho – disse ela tristemente, fechando o diário – Como se fosse uma despedida.

– Não é. – Tiago colocou a mão sobre seus ombros de forma carinhosa, observando o filho que dormia – É apenas... um lembrete do que falaremos para ele. Muito provavelmente ele vai olhar esse diário um dia e pensar "nossa, eles não se cansam de falar isso? Que chatice!". Mas um dia ele vai entender que isso é mania de pais.

– Algo que só os pais entenderiam, não é? – ela retribuiu ao gesto dele, acariciando uma de suas mãos e se levantou para abraçá-lo e abafar o choro.

Tiago suspirou resignado. Tudo o que Dumbledore contou no que seria uma visita feliz, tornara-se sombrio. Isso explicava o fato de terem enfrentado Voldemort três vezes. Teriam que tomar providências drásticas, mas não permitiriam que nada acontecesse ao seu bebê.

Lílian se afastou e sorria para seu marido, como se seus pensamentos tivessem sido transferidos através do abraço. Era uma promessa que faziam em silêncio para seu filho.

Tiago conjurou um lírio e o entregou para Lílian, que, por sua vez, o depositou no berço do bebê, que dormia tranqüilamente. Ficaram ainda observando o bebê por um tempo, tentando pensar em tudo, menos no futuro.

Tiago a puxou novamente e os dois se beijaram como naquele mesmo dia em que haviam se reconciliado. Ainda como naquele mesmo dia, foram interrompidos, mas desta vez não havia ninguém trancado no banheiro. Apenas um bebê que acordara com fome.

Tiraram par ou ímpar para ver quem iria cuidar dele. Tiago perdeu, mas não reclamou. Não é difícil saber por quê.

FIM.