Estava esperando Thalia voltar para o quarto, mas pelo jeito ela ainda ia demorar... Peguei a minha toalha,uma roupa qualquer e fui tomar banho.

Nao a ouvi chegar, so soube que ela estava no quarto quando ouvi suas batidas e gritos desesperados.

– Nico, eu quero tomar banho, sera que da pra sair? – ela batia freneticamente na porta – Morreu ai dentro? Sai logo desse chuveiro!

– To saindo!

– Finalmente. Pensei que tinha caido pelo ralo.

Destranquei a porta e sai do banheiro colocando a camisa. Pude notar o olhar dela e sorri malicioso.

– Seu... seu idiota – ela disse quando reparou meu sorriso e revirou os olhos. Depois disso, pegou suas coisas e se trancou no banheiro.

Quinze minutos se passaram e Thalia ainda estava no banho. A campainha do quarto tocou, o que eu achei realmente estranho. Abri a porta meio desconfiado.

– Este e’ o quarto de Thalia Grace?

– Ahn.. e’ sim.

– Ela pediu para entregarmos isto aqui. – o cara me entregou um caixa com pratos, talheres, copos, panelas... qual era a intençao da Grace agora? Me acertar com as panelas enquanto eu dormia? Ou atirar os pratos em mim?

Eu estava tao entretido com os meus pensamentos que nem vi ela saindo do banho... ou eu sou muito surdo ou essa garota e’ muito discreta! Ela estava penteando seus cabelos pretos e lindos e brilhantes... porra Nico, o que foi isso? Que coisa mais gay.

– Vejo que a minha encomenda chegou...

– Pra que tudo isso? Ta pretendendo me matar e’?

– Nao seria uma ma ideia... mas nao. Como sobrou muita comida do que a gente comprou para o almoço, resolvi pedir alguns utensilios para fazer uma janta.

– Serio mesmo?

– O que?

– Voce cozinha? E eu nao vou morrer com uma intoxicaçao alimentar depois? – ela revirou os olhos.

– se nao quiser comer nao come. Vou fazer de qualquer jeito.

Fui dar uma olhada no que teriamos para o jantar, afinal, ja eram quase nove horas, e eu estava com fome.

Dentro da bacia havia arroz, ovos, oleo e sal, junto com varias outras coisas.

Ai voces se perguntam, porque eles levaram esse tipo de comida para um pequenique? E eu respondo. Coisa de Nico. Ele simplesmente nao tem paciencia pra fazer compras e pega tudo que ve pela frente. Como eu tive essa ideia da janta no mercado mesmo, deixei o retardado pegar o que quisesse.

E dai eu me pergunto, como esses ovos nao quebraram? E eu nao sei responder, nao mesmo.

– Ei. Nico. Ovo frito com arroz pode ser? E o que da pra fazer com o que temos aqui...

– Ahn... pode sim. Vai fazer agora ja?

– Nao sei... se nao estiver com fome agora, posso esperar um pouco.

– Ta bom entao. Faz mais tarde.

Me sentei do lado dele no sofa e começamos a falar como sobre as pessoas do programa eram ridiculas.

– Ei. Thalia... – eu me virei para ele e ele estava com o violao em maos.

– Aiii, de novo?

– Sim senhorita. Voce gosta de cantar, nao entendo porque nao gosta de fazer isso comigo.

– Como sabe que eu gosto?

– Voce e’ a vocalista de uma banda. E’ obvio que gosta de cantar.

– Eu posso cantar porque sou obrigada pelo meu irmao mais novo.

– Mas voce cantou por livre e espontanea vontade na volta pra ca, e nem tinha melodia nenhuma.

– Ai voce me pegou. So canto se me deixar tocar tambem.

– Ok. So dessa vez. – ele me entregou o violao depois que eu aleguei que estava com preguiça de buscar o meu.

Peguei o violao e comecei a tocar Paradise – Coldplay (http://www.youtube.com/watch?v=1G4isv_Fylg&ob=av3e )

Depois de terminar de cantar olhei para frente e ele estava me encarando e sorrindo. Nao pude deixar de sorrir de volta.

– Satisfeito? – perguntei desviando o olhar.

– Demais. Adoro ouvir voce cantando... – eu me senti corando e ele riu. – Vai fazer a janta?

– Vou... queria fazer algo mais elaborado, mas acho que vai ter que ser ovo frito com arroz mesmo...

– Algum dia desses nos compramos as coisas e voce cozinha algo elaborado pra mim. – ele sorriu.

– Ta achando que eu sou sua empregada?

– Ei. Nao ta mais aqui quem falou.

Fui ate ao projeto de cozinha e ele foi atras.

– Nico, nao cabe nos dois aqui dentro, vai ver tv, seila.

– Onde a gente vai comer?

– Nao sei. No sofa, ou na sacada (sim o quarto tambem tinha uma sacadinha).

– A sacada e muito pequena. A gente come no sofa mesmo... tem alguma coisa para tomar?

– Me esqueci completamente. Tem como voce descer e ver se tem como alguem nos conseguir algo para tomar? Seila, ve se o restaurante do hotel ta aberto, te vira. Ou tenta aquela maquina de refrigerante velha que tem na recepçao...

– Ahn.. ta bom, eu ja volto aqui.

Nos tinhamos jantado no sofa, conversamos como pessoas normais. Falamos sobre o seriado que passava na tv, sobre bandas, so nao falamos sobre nos mesmos.

Peguei a minha camisola e fui pro banheiro trocar de roupa e escovar os dentes. Nico estava me esperando sentado na cama para usar o banheiro.

Quando ele saiu eu ja estava devidamente deitada em minha cama e vi ele indo ate o sofa. Ele desligou a luz e eu liguei o abajur.

– Boa noite Nico. – suspirei.

– Boa noite Thalia. – Eu desliguei o abajur e virei para o lado.

Mas nao consegui dormir. Nao sei quanto tempo tinha se passado mas eu nao consegui pregar o olho um minuto sequer.

– Ei. Nico? – nao houve resposta – Nico, ta acordado?

– Ahn... to.

– Serio?

– Nao Thalia. Eu falo dormindo.

– Nao precisa ser grosso.

– Desculpa.

– Ahn... er... eu sei que esse sofa nao e confortavel...

– realmente nao e’.

– Entao, eu sei disso... se voce por um acaso assim... quiser dormir aqui na cama... nao tem problema.

– O que?

– Voce entendeu Nico. Se quiser dormir aqui vem, antes que eu mude de ideia. – Liguei o abajur e ele estava sem camisa. E eu me perdi. FOCO THALIA.

– Ta... obrigado, eu acho. Nao vai tentar me matar enquanto eu durmo ne? – Revirei os olhos.

– Nao por falta de vontade... mas fica tranquilo. - Ele se sentou na cama, arrumou o travesseiroe se deitou.

– Nao vai querer o edredon?

– Voce nao se importa se... – ele apontou pro edredon.

– Nao, pode pegar. – ele pegou a ponta e se cobriu. Eu estava na cama com o Nico sem camisa e estavamos dividindo o mesmo cobertor!!

– Voce dorme sempre sem camisa?

– Ahn... sim, mas se quiser eu visto alguma coisa... tudo para nao voltar para o sofa!

– Ah.. nao precisa. – me virei de costas para ele. – Boa noite. – Desliguei o abajur e finalmente consegui dormir.

Thalia ja estava no decimo sono, mas eu nao conseguia dormir de jeito nenhum. Em algum momento da noite, ela se virou para mim.

Ela dormia como um anjo. Suas expressoes eram tranquilas e talvez ate felizes.

Nao conseguia me controlar. Eu precisava toca-la. Precisava sentir ser cheiro. Precisava abraça-la, beija-la.

Quando vi ja estava a centimetros da sua boca. Ela ainda dormia. Podia sentir sua respiraçao quente se misturando com a minha.

Com muito cuidado rocei nossos labios. Esperei ela acordar gritando comigo e me mandando longe, mas nao houve alteraçao nenhuma em seu sono. Entao finalmente selei nossos labios. Com muita leveza e muito cuidado. E nao me pergunte como, ela nao acordou.

Quando olhei para seu rosto, pude ver um pequeno sorriso se formar em seus labios. Achei que ela tivesse acordado, mas logo ela se aninhou para mais perto de mim.

Com isso, me coloquei mais perto dela. Que por sua vez se aninhou no meu peito nu. Ela era fria. Suas maos eram geladas e seu cabelo fazia cocegas no meu nariz. Mas estava perfeito. Nunca me sentira tao bem.

Fiquei alguns minutos admirando-a e adormeci com a mao em sua cintura.