14:00

Eles ja haviam chego. Nada da Thalia. Nao podia acreditar que eu tinha sido tao burro ao ponto de achar que ela realmente viria.

Me sentei em uma pedra que havia em frente a casa enquanto Lizzie e Jake me olhavam confusos.

Foi quando eu vi aqueles cabelos pretos e os olhos azuis virando a esquina. Ela estava ali. Ela viera. E eu estava feliz e sorrindo feito um babaca. Foda-se.

Ela sorria e ao mesmo tempo tinha uma aparencia confusa.

– Ahn... oi Nico. – ela disse quando chegou perto e olhou para os outros dois que estavam comigo. – Oi – ela sorriu e eles sorriram de volta.

– Trouxe o violao? Porque?

– Nao sei. Ja que estou aqui pensei em tocar um pouco... ou depois ir direto para os fundos do hotel tocar, nao sei ainda. – ela deu de ombros.

– Creio que nao sera preciso. – ela ergueu uma sobrancelha. – Thalia, esses sao Jake e Lizzie. Jake toca bateria, e Lizzie baixo. Apesar de nao serem as nossas bandas... o que voce acha de dar uma ensaiadinha? – o rosto dela se iluminou.

– Serio? – ela sorria abertamente.

– Sim. E podemos ficar ate a hora que quisermos, a nao ser que apareça outra pessoa, por enquanto, ninguem mais quis ensaiar aqui. – dei de ombros.

Ele era demais. De verdade. Ninguem tem noçao do quanto eu sentia falta de cantar. Quer dizer, cantar de verdade, com uma banda e um microfone. Em NY eu vivia ensaiando porque tinha um estudio na minha rua, entao eu so parava la dentro. Nao via a hora de segurar o microfone de novo. Nao seria a mesma coisa, claro, mas ja era um começo. Dali a uma semana, eu estaria ensaiando com o meu irmao, minha amiga e o tapado do Luke de novo. Sorri ao pensar nessa possibilidade

– Ei. Nico. Minhas amigas me ligaram. Elas e o resto da minha banda adiaram a viagem e vao vir uma semana antes. – eu sorria e ele tentou dar um sorriso forçado, que pareceu mais uma careta.

– Quer dizer que so tenho mais uma semana contigo? – eu corei e comecei a andar para dentro da casa. Ele me seguiu.

– Claro que nao. A gente vai continuar se vendo, so acho que nao vou continuar no hotel.

– Porque?

– Porque nos estavamos pensando em alugar uma casa que a minha amiga viu aqui, e’ enorme, e tem varios quartos, da tranquilo para ficar umas 20 pessoas la. E meu irmao com certeza teria um ataque se eu continuasse “morando” com um cara que eu acabei de conhecer.

– Ele nao sabe? – ele soltou uma risadinha abafada.

– Nao. E so vai descobrir quando chegar aqui. Ele pode ser bem ciumento quando quer.

– Aham, sei. – Nico pegou a chave com o senhor que acenou com a cabeça para mim e recebeu um sorriso em troca. Ele pegou a chave e continuamos caminhando ate o pequeno estudio. Lizzie e Jake logo atras de nos.

Nao entendia o porque de ele estar fazendo isso.

Nao entendia o porque de eu estar fazendo isso. Mas foda-se. So quero ouvir ela cantar, de verdade agora.

Chegamos no “estudio” e eu vi os olhos dela brilharem com o microfone.

Cada um se posicionou e foi arrumar os instrumentos. Jake estava aliviado pela bateria ja estar montada, eu e Lizzie estavamos afinando a guitarra e o baixo e Thalia parecia uma criança olhando para o microfone.

– Ta bom, o que querem tocar? – perguntei.

– Cada um escolhe uma musica... pode ser? – Lizzie sugeriu.

– Por mim tudo bem... Jake?

– Beleza. Quem começa?

– Eu. – falei – Times like These, Foo Fighters (http://www.youtube.com/watch?v=rhzmNRtIp8k&ob=av2e)

Eu estava do lado direito da Thalia, Lizzie do lado esquerdo e Jake atras.

Depois de umas tres tentativas pegamos o tom certo da Thalia e finalmente começamos a tocar.

Ela estava radiante, o que me fez sorrir. Arg, pode ir parando Di Angelo, daqui a tres semanas voces nunca mais vao se ver, ai fudeu tudo. Nada de se apegar a garota agora.

Eu tocava automaticamente, nao estava prestando atençao no que estava fazendo. So’ conseguia olhar para ela, cantando de olhos fechados, com um sorriso enorme no rosto.

So me dei conta que estava agindo como um idiota quando a musica acabou.

– Ah, voces nao fazem ideia do quanto senti falta disso. – acordei dos meus pensamentos rapidamente.

– Falta do que? – perguntei, como se tivesse prestado atençao em tudo que ela havia falado.

– De cantar. Quer dizer, cantar de verdade. – sorri.

– Entendo...

– E ai, voces namoram a quanto tempo? – Jake perguntou e Lizzie mandou um olhar reprovador pra ele. Vi que Thalia corou e mordeu o labio.

– A-a gente nao namora. Na verdade nos conhecemos a pouco tempo. – ela falou.

– Serio mesmo? Podia jurar que voces eram namorados.

– Mas nao somos. – respondi rapidamente – vamos voltar a tocar?

– Quem escolhe agora?

– Eu – Lizzie falou.

– Manda ai.

– Back to Black, Amy. ( http://www.youtube.com/watch?v=TJAfLE39ZZ8&ob=av3e )

– Alguem tras uma vodka? So pra encarnar a personagem bem e tal... – todo mundo riu e ela pegou o microfone. – Ta, ja que vou ter que cantar sobria mesmo, começa ai.

Ela estava me provocando. Essa garota nao tem amor a vida. Ela estava sendo extremamente sexy. E eu tinha um sorrisinho maroto em meus labios.

Ficamos la ate as oito da noite. Tocamos um repertorio bem grande, e depois saimos para jantar. Descobrimos varias coisas sobre Lizzie e Jake, eles sao bem legais, namoram a um ano e meio e a banda deles tem mais tres pessoas.

Confesso que provoquei o Nico em varias musicas. Mas nao foi de proposito... so’ um pouco.

Nos despedimos dos nossos novos amigos na porta da pizzaria e seguimos a pe’ ate’ o hotel. Ficamos em um silencio meio constrangedor ate que ele quebrou o silencio.

– Entao... qual foi a sua intençao com aquela dancinha la’?

– Que dancinha? – me fiz de desentendida, sabia muito bem qual dancinha era.

– Back to Black... a Amy Winehouse nao era sexy sabia? – eu ri alto.

– Gostou Di Angelo?

– Tem como nao gostar Lia?

– Nao sei... me diga voce. – dei um passo mais longo e parei na frente dele, pela primeira vez, encarando os olhos negros.

– Com certeza nao. – ele se aproximou de mim e colocou as maos na minha cintura. Eu ri e errei ao desviar o olhar para os labios dele. Estavam extremamente convidativos. Nos aproximamos sem eu perceber. Eu podia sentir sua respiraçao fazendo cosquinha em meu rosto. Estavamos a centimetros de distancia quando dei por mim e me afastei. Nao foi facil.

– Ahn... vamos logo. – eu estava vermelha... talvez ja estivesse roxa, mas nao tinha certeza.

Ficamos mais um tempo em silencio. Incrivel como esse hotel parecia longe.

– Ahn... sabe Thalia, eu queria te perguntar...

– Voce consegue manter um silencio ne’?

– Nao mesmo. Odeio silencios. – eu ri e ele sorriu.

– O que queria me perguntar? – eu estava nervosa, confesso.

– Sabe... quando voce me disse que seus amigos vem semana que vem, e voces vao morar em uma casa enorme... eu pensei, tipo, se nao teria como eu e meus amigso ficarmos la tambem... a gente racha o aluguel em mais quatro pessoas, vai ficar mais barato.

Era uma otima ideia, so de pensar nele morando comigo por mais um tempo... nao, isso nao podia estar acontecendo. Eu nao podia estar me apaixonando por ele. Tudo de novo nao.

– Eu nao sei... mas posso ligar pra todo mundo amanha e te dar uma resposta. Liga para so teus amigos e pergunta o que eles acham, e dai me avisa que eu ligo para os meus.

– Ta bom... Assim, voce tem amigas mulheres que vao vir ne? Isso vai pesar muito na decisao deles, com certeza. – Eu ri.

– Tenho quatro. Mas uma delas e’ do meu irmao, so’ nao sabe ainda. O resto ta livre, mas nao pense que vai ser facil. Elas sao bem complicadinhas.

– Tipo voce?

– Talvez nao tanto... mas elas sao terriveis.

– Eles adoram um desafio.

Fomos conversando ate que finalmente chegamos no hotel.

– Vou tomar um banho. – ele falou e ia entrando no banheiro.

– Nao esta esquecendo de nada?

– Quer um beijinho? Porque eu ja vou voltar, prometo que nao demoro.

– Arg, cala a boca Di Angelo. To falando da roupa, nao quero te ver de toalha de novo.

– Quer sim.

– Nao quero nao, agora pega alguma coisa logo e vai toamr esse maldito banho. – ele riu, pegou uma roupa qualquer no armario e foi pro banheiro.

Me deitei no sofazinho e fiquei analisando o teto. Espero que esses amigos do Nico sejam gatos, porque dai eu poderia finalmente desencalhar minhas amigas. Se bem que um deus como o Nico, so podia ter amigos igualmente deuses.

Fiquei pensando em como eles seriam ate que ele abriu a porta do banheiro e saiu de la apenas com uma calça de moleton e secando os cabelos com uma toalha.

Tentei nao olhar muito para ele e fui direto para o banheiro. Isso ai. DIRETO. O que significa que eu nao tinha levado roupa nenhuma, nao foi de proposito, claro, mas eu so percebi isso quando terminei de me secar e fui procurar minhas roupas que nao estavam ali.

Otimo. Eu brigava com ele por sair so de toalha no quarto e agora quem estava saindo era eu. Realmente otimo. Respirei fundo, destranquei a porta e girei a maçaneta.

– Ora, ora, veja so’ quem esqueceu da roupa agora.

– Arg. Fica quieto. Voce esta me deixando louca.

– Louca de que Thaliazinha? – ele falou com a voz rouca.

– Arg. Pervertido. – peguei meu pijama e minhas roupas intimas e voltei para o banheiro.

Me vesti, sai de la e me joguei na cama.

– Eu to podre. Serio, quero dormir agora.

– Ja?

– Aham, to morrendo de sono.

– Ta bom entao.

Ele entrou em baixo das cobertas e eu me juntei a ele. Desliguei as luzes e me virei de costas para ele.

– Boa noite Nico.

– Boa noite Lia.

Depois de alguns minutos senti algo me abraçando forte por tras. Eu estava deitada de conchinha com ele. Nao acredito. Isso seria no minimo inadimissivel, mas nao para mim.

– Nico? – “O que voce pensa que esta fazendo?” Completei mentalmente minha pergunta.

– O que? – ele respondeu com o rosto no meu pescoço, podia sentir sua respiraçao quente. Ele deu um beijo no meu pescoço que me fez arrepiar.

– Nada.