Quando eu abri as duas grandes portas do salão todos os rostos viraram em minha direção, pude ver o olhar de meus primos, Harry e Hermione no meu novo uniforme. Escutei diversos comentários do tipo: “A Weasley foi para a Sonserina?”. Ignorei todos e caminhei entre as 2 longas mesas e entreguei o chapéu para a professora Minerva. Ela pareceu já saber do “plano” de Dumbledore porque me olhou como se tivesse pena e sorriu para mim.

– Você pode se juntar aos seus colegas de casa. – ela falou para mim apontando para a mesa da Sonserina, eu fiz uma careta e caminhei até a mesa, onde Malfoy me encarava nem um pouco feliz, aparentemente agora ele descobriu que eu sou uma Weasley, os traidores de sangue. Sentei um pouco afastada dos outros e pude perceber que todos falavam de mim. Irritei-me e levantei da mesa caminhando até a mesa da Grifinória, sentei ao lado de Gina e todos me olharam estranho. Não era comum os amigos sentarem juntos? Eu vi muitas pessoas da Lufa-lufa e Corvinal sentados na mesa da Grifinória, porem assim que a “Weasley Sonserina” sentou-se na mesa todos me olharam estranho, como se me mandassem ir embora dali. Olhei para meus primos como se pedisse ajuda, mas todos me ignoraram.

– Porque estão me tratando assim? – não pude conter a pergunta.

– Sai pra lá Sonserina. – falou Rony.

– Posso ter ido para outra casa, mas continuo sendo a mesma. – Falei com a mesma voz arrogante que ele havia usado comigo.

– Para mim não. Não se considere mais minha prima nem minha amiga. – Ele falou grosso e pude ver todos olhando assustados para ele, porém ninguém o repreendeu ou falou algo confortador para mim. Pude sentir as lágrimas subindo aos meus olhos, mas eu engoli o choro, não daria essa satisfação a eles. Levantei da mesa da Grifinória ignorando os olhares mais uma vez e sentei novamente na mesa Sonserina. Pude sentir alguém da mesa me fitando intensamente, olhei para o lado e meu olhar cruzou com um par de olhos cinzentos e frios. Voltei então o olhar para minhas unhas e fiquei assim até a Prof.ª Minerva entrar para realizar a seleção das casas. Quando terminaram as seleções, Dumbledore fez seu discurso e então o banquete surgiu na nossa frente. Eu não estava com fome, então apenas esperei os outros comerem e os segui até o dormitório. Quando cheguei lá eu não sabia onde era meu quarto, então uma menina de cabelos pretos e olhos castanhos caminhou até mim:

– Você é Sierra Weasley certo?

– Sim. – falei e esperei ela falar algo.

– Meu nome é Cass Timms, monitora da Sonserina. – ela falou sorrindo e estendeu a mão, eu a cumprimentei. Ela havia sido a primeira pessoa da minha casa a ser simpática comigo. – Dumbledore pediu para eu te mostrar seu dormitório. Siga-me. – ela falou e eu sorri aliviada enquanto a seguia através de uma escada. Entramos então em um pequeno quarto com apenas uma cama.

– Hm, é ótimo. – falei analisando o quarto. – mas os dormitórios normalmente não são divididos?

– É que o dormitório das meninas da sua idade já está cheio, e acho que você não ia gostar de ficar com as mais novas. – ela falou e eu fiz uma careta, não que a diferença de idade fosse tanta, mas eu me irritava com a mentalidade infantil delas.

– Ok, obrigada então. – Falei sorrindo e ela já caminhava em direção a porta.

– Bom vou deixar você arrumar suas coisas. Nos vemos por ai.

Quando ela saiu eu caminhei até meu malão, que alguém havia deixado sobre minha cama, e com um aceno de minha varinha comecei a arrumar minhas coisas. Quando tudo já estava arrumado fui até meu banheiro e tomei um banho. Coloquei meu pijama e fui dormir, ainda me sentia mal por causa da briga com Rony, mas tentei não pensar nisso e logo adormeci.

Acordei extremamente cedo no dia seguinte e rapidamente coloquei meu uniforme, que agora é verde, preto e prata. Passei uma fina camada de lápis de olho e rímel desci para o salão comunal. Algumas pessoas já estavam acordadas e conversavam baixo em alguns dos sofás verdes do salão. Eles estavam me ignorando e por alguma razão eu gostava disso. Saí então para os altos corredores de Hogwarts até o salão principal. Analisava cada detalhe do castelo, as enormes pedras gastas sobre meus pés, as pinturas que me cumprimentavam à medida que eu passa ao lado delas, as armaduras, estava tão distraída que me assustei com a velocidade que eu cheguei até o grande salão. As portas estavam abertas e eu pude notar que pouquíssimas pessoas estavam acordadas. Andei até a mesa da Sonserina, onde algumas meninas do primeiro ano fofocavam, e me sentei o mais longe possível delas. Servi minha taça com um pouco de suco de abobora e comi metade de uma maçã. No momento em que Rony e Harry adentraram o salão eu engoli todo meu suco de uma só vez e saí porta afora sem ao menos lançar um olhar a eles.

Voltei até o salão comunal da Sonserina, que se encontrava vazio, e copiei meus horários que estavam fixados na parede. Subi então até o meu pequeno dormitório e arrumei meus materiais de acordo com as aulas que eu teria no dia. Fiquei escutando música até a hora da minha primeira aula. Corri até minha primeira aula, que era de poções. O professor parecia nunca ter lavado os cabelos pretos na vida. Como minha aula era junto com a Grifinória pude perceber o quanto implicante Snape era com eles. Como eu estava na Sonserina ele pareceu gostar de mim, chegou até a elogiar minha poção. Depois tive aula de transfiguração, feitiços, Runas antigas e adivinhação. Todas as aulas eram quase iguais as de minha outra escola. Menos adivinhação a professora, Sibila Trelawney, previu a morte de quase todos os alunos da sala. Quando o horário do almoço finalmente chegou, eu entrei no meio dos Sonserinos e cheguei ao grande salão sem ser notada. Sentei afastada dos outros, como sempre, e pude notar o olhar de Rony, Gina, Dumbledore e Malfoy em mim. Eu engoli rapidamente alguns pedaços de cenoura e tomate e um pouco de suco e fui a primeira a levantar. Sai do salão em passos largos e voltei para a torre da Sonserina. Comecei a fazer um trabalho de Runas antigas, sim no primeiro dia, para esperar dar o horário das aulas do período da tarde. Quando o salão comunal começou a se encher novamente eu não conseguia me concentrar então abandonei meu pergaminho na mesa e comecei a observar a floresta proibida pela grande janela do meu lado. Passei alguns minutos assim até que constei que minhas aulas logo começariam de novo. Peguei meus materiais e saí do salão para minha próxima aula. Tive somente mais três aulas: defesa contra as artes das trevas, herbologia e história da magia. Quando voltei ao meu dormitório eu estava cansada, porém me obriguei a terminar meu dever de Runas antigas. Estava quase terminando quando Snape entrou no salão comunal e falou:

– Srta. Sierra, o diretor gostaria de vê-la. – Ele falou naquela voz de tédio e eu me levantei e o segui até a gárgula de pedra.

– “Feijãozinho de abobora.” – sibilou Snape e a passagem abriu, ele subiu as escadas e eu o segui, ainda estranhando as senhas da sala do diretor. Quando encaramos as grandes portas de orvalho Snape bateu nas mesmas e a voz de Dumbledore vindo do outro lado nos mandou entrar.

– Boa noite diretor. – falei educadamente.

– Boa noite Srta. Weasley. – falou Dumbledore me analisando por detrás dos oclinhos meia lua.

– O senhor mandou me chamar? – perguntei enquanto via Snape caminhar até o outro canto da sala, fazendo com que sua capa preta balançasse.

– Sim. Lembra de sua missão Srta. Sierra? – Ele perguntou ainda me analisando.

– Sim senhor. – respondi e me calei esperando sua resposta.

– Bom, durante esse ano você terá que vigiar Draco Malfoy. – ele falou e eu pude sentir meus olhos se arregalando.

– Draco Malfoy diretor? – perguntei, provavelmente parecendo um retardada.

– Sim, apenas vigie ele e cuide para ele não fazer besteiras. – Ele falou e eu não sabia o que responder.

– Tudo bem então, senhor diretor. – Falei e me levantei. – Posso ir agora? – Perguntei e ele acenou com a cabeça. Saí pelas grandes portas ainda estática por causa da minha missão. Vigiar Draco Malfoy? Porque justo esse fuinha?