Peguei a cera que o Bill me emprestou e esquentei no microondas, demorou uns dois minutos. Retirei a cera e levei para o banheiro do meu quarto.

- Isso não deve ser tão dificil. - falei mexendo na cera, com um palito, em cima do balcão do banheiro.

Levantei o braço e passei, só que aquele negócio estava muito quente. Eu fiquei sem reação e sai correndo para a sala, com um braço só levantado.

- SOCORRO, ESSE BAGULHO TÁ PELANDO! - berrei correndo pela sala.

- Zoe você não esfriou antes de passar? - Bill perguntou levantando do sofá.

- Eu não! - falei abanando a suvaqueira.

- Estava escrito na caixinha. - Bill disse me sacudindo.

- BILL TÁ QUEIMANDO ESSA BAGAÇA! - falei pulando e fazendo diversas caretas.

- O QUÊ A GENTE FAZ? - Bill perguntou com as mãos na cabeça e encarando o Ge e o Tom, sentados no sofá.

- A GENTE? VOCÊ QUEM DEU A CERA PARA ELA! - Tom berrou desesperado e empurrando o irmão.

- Pede pro Gustav ajudar! Espera ai, o Gustav não tem hormônios. - Ge disse e começou a rir que nem uma foca.

- ISSO É HORA PRA BRINCADEIRA? SEU PALHAÇO! - falei revoltada, após ter dado um tapa na fusa dele.

- Zoe deita no sofá, eu vou tirar a cera. - Bill disse mais calmo.

- Vai doer? - falei deitando no sofá.

- Não vai doer nada. - Tom disse socando minha cabeça para eu deitar.

Deitei e tentei relaxar, o rinoceronte do Tom e o palhaço do Georg ficaram que nem dois urubus em cima de mim e o Bill contou até três para arrancar meu couro fora, quero dizer tirar a cera.

- AAA PORRA, CARALHO, VAI PRA CASA DO CHAPÉU! - gritei quando o Bill tirou meu suvaco fora. - VOCÊ ME MATOU, EU PRECISO DE UM MÉDICO!

- Eu tinha que tirar aquilo. - Bill disse me olhando com uma cara de santinho. Vou mostrar o santinho pra esse panaca.

- TÁ SANGRANDO! - Tom gritou com a mão na boca e pulando.

- SANGUE?! EM MIM? - foram minhas ultimas palavras antes de desmaiar.

Sabe eu não posso ver sangue, sangue não é legal. Eu tenho sérios traumas, além daquele caso da minha menarca, tem o caso em que eu pisei no caquinho de vidro.

Zoe Evans andava pela rua com seu irmão Ryan e comiam um sorvete. O irmão de Zoe é um banzo e deixou o sorvete dele cair no chão, Ryan ficou muito triste e tentou roubar o sorvete da pequena Zoe. Ele conseguiu roubar o sorvetinho e saiu correndo, Zoe correu atrás daquele gay que estava correndo com as mãos para cima e gargalhando. Zoe corria atrás dele, só que o chinelo amarelo dela dobrou, ela tropeçou e antes de cair conseguiu pisar no caquinho de vidro.

Zoe ficou desesperada ao ver o tanto de sangue em sua frente e saiu gritando e correndo, mancando na verdade, até ser atropelada por um velho de 90 anos e seu carro vermelho. A garota ficou em coma e quebrou braços e os dois pés, essa é a história de vida dessa pobre menina.

Tá eu não fiquei em coma, apenas quebrei o braço, mas mesmo assim foi um grande trauma.

- AAAHH ZOE MORREU, ELA MORREU E EU COMI A ULTIMA FATIA DA MORTADELA DELA! - uma voz berrava e soluçava no fundo.

- AAAHH ZOE MORREU, ELA MORREU E EU ARRANQUEI O SUVACO DELA! - outra voz berrava e soluçava.

- AAAHH ZOE MORREU, ELA MORREU E NEM DEU TEMPO DE EU JOGAR ELA DA SACADA! - outra voz berrava e soluçava.

- CALEM ESSAS BOCAS, SEU IDIOTAS!

- Eu retiro o que eu disse sobre o Gustav, ele tem hormônios galera.

- Não desenvolvidos! - esses são o Georg e o Tom rindo.

- AAAAAHHH MEU SUVACO! - gritei e levantei com as mãos para frente.

- AAAAAAAHHHH ZUMBI! - Tom e Georg gritaram e sairam correndo.

- Até que em fim Zoe, você está ai desmaiada a mais de meia hora. - Gustav disse bufando.

- O quê eu fiz pra você me tratar assim Gustav? O quê aconteceu com você?

- Como se você não soubesse. - ele disse bufando e revirando os olhos. - Você só tem essa carinha de fofa, mas de fofa não tem nada.

- Onde você vai? - Bill perguntou vendo Gustav pegando as chaves do carro na mesa de canto.

- Você não é minha mãe, então fica na tua. - Gustav respondeu dando as costas e saindo.

- O quê deu nele? - Bill perguntou de boca aberta.

- Vou saber, ele que se exploda. - falei respirando fundo. - Bill eu tenho um encontro e tó sem suvaco, o que eu vou fazer?

- A gente passa maquiagem!

- Não vai piorar a situação? Isso aqui tá tudo queimado.

- Que isso, vai nada. - Bill disse fazendo um gesto suspeito com a mão. - Agora vem, que eu vou te ajudar.

- Tó indo, calma. Vou ficar de vez sem braço. - falei tentando me soltar do Bill, que me puxava.

Eu e o Bill escolhemos uma roupa e deixamos separada em cima da cama, vimos acessórios, a maquiagem e estava tudo perfeito. Calma, porque na vida de Zoe Evans nada é perfeito.

- Zoe tem um pequeno detalhe!

- O quê foi dessa vez? - perguntei me virando para ele, que estava sentado na ponta da cama.

- A gente depilou uma axila só, falta a outra. - Bill respondeu segurando o riso.

- Você amputou um suvaco meu e tá querendo o outro também?

- A culpa não é minha se você não se depila.

- Não precisava humilhar. - falei de cabeça baixa e me preparando para a morte.