Worlds Crash II escrita por The_Stark


Capítulo 2
A Garota que Não Tinha Amigos


Notas iniciais do capítulo

Bom, aqui vão as notas sobre essa história que eu fiquei devendo no Prólogo. Primeiro: eu não sei quantos capítulos vão ter, mas provavelmente serão menos que no Worlds Crash I... Na fic passada, eu acredito que a média de palavras por capítulo estava por volta de 4.000, nessa fic, não sei se o mesmo acontecerá - pode ser mais, ou menos. É isso que me lembro, por hora. Agora, o capitulo... Espero que gostem!



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O dia em Nova Iorque não estava nada bonito.

Uma chuva caía fortemente, o vento parecia capaz de derrubar prédios, e a previsão do tempo anunciava que a tendência era piorar. Era de se esperar que, com esse tempo, não tivessem muitas pessoas visitando a Estátua da Liberdade. Ledo engano. A estátua da liberdade estava sempre lotada. Da hora de abertura até o fechamento.

Os turistas que visitavam Nova Iorque não podiam perder tempo. Visitavam tudo que podiam, independente do tempo. Assim, a Estátua da Liberdade estava cheia até mesmo naquele dia em específico. As pessoas simplesmente colocavam uma capa descartável e iam aproveitar a vista do maravilhoso monumento.

– Ótimo! – falou Rony vendo o quão cheio a ilha, na qual a estátua fica, estava – Como vamos encontrá-la no meio dessa multidão?

– Bom – Gina tentou animá-lo – Não pode ser tão difícil assim, só temos que procurar por uma turma do orfanato...

– Ainda não engulo essa – contou Nico – O que diabos as crianças de um orfanato estão fazendo na Estátua da Liberdade?

– Está dizendo que elas não merecem visitar esse lugar? – perguntou Annabeth – Elas não são dignas de um pouco de cultura?

– São... Mas elas tinham que adquirir essa cultura num dia chuvoso?!

Annabeth deu de ombros, nem ela tinha uma resposta para isso. O vento soprava fortemente. A missão deles era simples, encontrar uma garota semideusa. Não sabiam nada sobre ela, exceto que vivia num orfanato. Mas estavam confiantes de que iam encontrá-la. Algo aconteceria e a revelaria para os Oito. Quando se tratava de semideuses, algo sempre contecia.

No momento, eles passavam por uma pequena lanchonete que havia sido construída na ilha, próxima a estátua, para que as pessoas pudessem comer enquanto apreciavam a vista. Nessa lanchonete havia uma TV.

– Ei, olhem ali – pediu Harry, apontando para a lanchonete.

Várias pessoas estavam concentradas em frente a TV, ouvindo algum tipo de notícia. O dono do estabelecimento parecia aumentar o volume, para que todos escutassem. Os Oito entraram para saber do que se tratava.


"Estima-se que a Tsunami tenha se formado em algum lugar do Pacífico, próximo a Ilha da Páscoa, às 13:42 – dizia a repórter na televisão – e desde então, dirigiu-se rapidamente ao Japão, atingindo a costa japonesa cerca de quatro horas depois. Várias pessoas estão desaparecidas desde então, não se sabe ainda o que o governo japonês fará sobre isso..."


Os Oito saíram da lanchonete.

– Mas que triste! – exclamou Gina.

– Concordo, mas não temos tempo para isso – notou Rony – A semideusa deve estar em algum lugar por aqui... Mas, onde?

Percy suspirou.

– Saber o nome dela seria de grande ajuda agora... – admitiu ele.

– É, mas pense pelo lado posi... – Harry parou sua frase na metade, eles sentiram um súbito tremor.

Ficaram em silêncio por dois segundos. Os mortais também deviam ter sentido, pois olhavam um para a cara do outro se perguntando "o que aconteceu?".

– O que foi is... – tentou Nico, mas outro tremor abalou a ilha.

– Um terremoto? – sugeriu Hermione.

– Eu duvido muito – disse Thalia, já sacando sua espada.

Ela sabia que quando se tratava de semideuses, nunca era o que parecia ser. Quase sempre era algum monstro causando o terror, numa cidade alheia. Ela esperou um segundo, e então soube que estava certa.

A água na borda da ilha pareceu explodir e uma cabeça presa a um longo pescoço saiu lá de dentro. Ele soltou um rosnado terrível. É difícil dizer o que os trouxas viram, mas deve ter sido assustador, pois todos encararam por um segundo e depois saíram gritando com toda a força de seus pulmões.

– Oh, céus, mais essa agora!

Percy destampou Contracorrente, enquanto todos os bruxos sacavam suas varinhas e os semideuses suas espadas.

Diffindo! – gritou Hermione.

O feitiço voou e acertou o enorme pescoço do monstro, rasgando-o. A cabeça caiu na água e afundou, enquanto o pescoço apenas ficou balançando sem rumo.

– Só isso? – perguntou Hermione incrédula. Fora fácil demais...

– Hermione... – disse Annabeth – Eu não sei por que, mas acho que você acabou de cortar a cabeça de uma hidra.

– Uma o quê?

– Um monstro que quando tem sua cabeça cortada, nascem duas no lugar.

As suspeitas de Annabeth foram confirmadas quando o pescoço se ergueu e, um segundo depois, brotaram duas enormes cabeças no monstro.

– Ótimo... – disse Hermione, enquanto todos os trouxas terminavam de fugir da ilha.

Uma das cabeças pareceu notar a presença dos Oito. Ela virou-se para eles, rosnou e desceu sobre eles. Nico deu um salto para trás e com um simples golpe, separou a cabeça de seu pescoço. No lugar, apareceram duas cabeças.

Uma dessas duas recém formadas, por sinal, avançou contra Percy, que com um giro a decepou. Em seu lugar, nasceram mais duas cabeças.

– Querem parar de cortar essas cabeças?! – explodiu Gina – Petrificus Totalus!

Desnecessário dizer que um feitiço como esse nunca funcionaria contra um monstro daquele tamanho. A hidra talvez tenha sentido cócegas. Talvez... O monstro soltou outro rosnado e atacou, dessa vez com três cabeças ao mesmo tempo.

Depulso! – gritou Harry, jogando a cabeça que tinha atacado-o para longe.

Thalia foi mais prática, brandiu sua espada como se fosse um enorme taco de baseball e quando a cabeça chegou perto, rebateu-a fortemente, de volta para o mar.

– Se fosse um jogo – admitiu ela -, seria um Home Run, com certeza...

– O Home Run está voltando! – gritou Rony ao ver que a cabeça que Thalia rebatera já se recuperara e estava retornando para atacá-la.

– Droga... – sussurrou Thalia, pondo-se em posição de combate novamente. Quando o monstro chegou perto dessa vez, ela não teve escolha, desferiu um golpe no pescoço, decepando a cabeça. Mais duas cabeças nasceram no lugar.

– Como se mata um monstro desse?! – gritou Harry no meio da tempestade, para quem soubesse a resposta.

– Herácles cortava as cabeças e depois as queimava. Nas lendas, deu certo... – explicou Annabeth.

Diffindo! – gritou Harry, tentando seguir o plano de Annabeth. Quando a cabeça caiu no chão ao seu lado e antes que outras nascessem, ele gritou – Incendio!

A cabeça decepada queimou, mas ainda assim, duas outras nasceram no pescoço.

– Não deu certo...

– Pelos Deuses, quantas cabeças ela tem agora?

– Muitas! – gritou Nico.

AHHHHH! – gritou uma voz desconhecida – Socorro!

– Vocês ouviram isso? – perguntou Percy.

Harry acenou com a cabeça.

– De onde veio?

– De lá – respondeu Thalia apontando para um lado.

– Deve ser algum trouxa perdido – sugeriu Gina – É melhor irmos salvá-lo.

– E quem vai nos salvar? – perguntou Rony.

– Harry – perguntou Annabeth -, você, Gina e Nico podem ir ver de onde veio o grito?

Os três assentiram e saíram correndo na direção de onde o grito viera. Uma cabeça tentou impedi-los, mas terminou decepada.

– E como é que nos vamos cuidar de você? – perguntou Percy para a Hidra, enquanto fazia o que ele supunha ser uma cara feia.


Os três responsáveis por encontrar o emissor do grito seguiram em linha reta primeiro. Em seguida, fizeram uma curva na lanchonete.

– Alguém aí? – gritou Nico.

Socorro! – gritou a voz novamente.

– Veio dali! – gritou Nico e começou a correr naquela direção.


A garota ainda não havia visto seus salvadores, mas ouviu-os. Isso acalmou-a um pouco, saber que tinha alguém vindo salvá-la. Mas, só um pouco também. A tempestade, a água revolta, e aquele monstro de várias cabeças ainda a assustava bastante.

Ela estava com seus colegas do orfanato quando o terremoto aconteceu. Em seguida, a água explodiu e o monstro apareceu. Ela não estava entendendo nada. Todos fugiram. Ela queria ir junto, mas quando começou a correr, torceu seu tornozelo e agora não conseguia mais andar.

Socorro! – gritou ela mais uma vez.

A água ao seu redor pareceu escutar o seu grito. Uma onda atingiu-a em cheio, fazendo com ela fosse jogada contra uma parede.

Ajuda! – ela conseguiu gritar quando a onda a atingiu, engolindo muita água.

Ela estava estatelada no chão quando outra onda veio. A garota fechou os olhos e preparou-se para o impacto da água, mas a colisão nunca aconteceu. Quando ela abriu os olhos, a onda estava parada na sua frente.

– O quê? – ela sussurrou amedrontada – O que é tudo isso?

Dois olhos azuis como o céu surgiram dentro da água. Primeiro, a garota achou que era sua imaginação lhe pregando peças, depois se convenceu de que os olhos eram reais. Uma voz ecoou na mente da garota.

Acalme-se – a voz lhe dizia. Era doce e suave, reconfortante – Seus salvadores chegarão aqui em segundos. Escute-me, você deve ir com eles... Eles irão salvá-la... É importante que você permaneça viva...

– Quem é você? Como está na onda?

Não ouve resposta, a onda que estava paralisada no ar, regrediu e retornou ao mar. A chuva ainda desabava fortemente.

– Monstro! – ela gritou apontando para a Hidra – socorro.

– Ali! – ela ouviu alguém gritar.

Dois garotos e uma garota apareceram de trás da lanchonete. O que gritara possuía cabelos e olhos negros. Também estava vestindo preto. Era magro, mas podia-se ver pelo volume da camisa que ele ocultava alguns músculos. A garota era ruiva e vestia um vestido colorido. Ou pelo menos foi o que a órfã pensou ter visto, ela estava cansada e sua visão estava ficando turva... O outro garoto tinha olhos verdes... Foi tudo o que viu, antes de desmaiar.


– Annabeth! – Percy ainda tentava encontrar uma maneira de deter a Hidra – Não tem outro jeito de matar esse monstro não?

– A lenda dizia que era com fogo! Agora não sei!

– Percy – sugeriu Hermione –, e se você furar o coração dele?

– O coração? – o garoto tentou localizar o coração. Para seu espanto, somente os pescoços e as cabeças estavam fora da água, o corpo estava imerso – Isso pode funcionar?

– Me parece uma boa idéia... - admitiu Thalia.

– É a nossa única idéia... – notou Annabeth.

– Certo – falou Percy – Tentem me dar cobertura, eu vou mergulhar então...

O garoto segurou Contracorrente com toda a força, olhou para a Hidra, olhou para o mar. Correu em direção a borda da ilha e pulou.

A água estava fria e revoltosa. Até mesmo para Percy estava difícil controlá-la, o máximo que ele conseguiu fazer, foi concentrar-se em não ficar molhado. Ok, pensou ele, o coração. Estava escuro lá embaixo de forma que estava difícil enxergar. Mas ele conseguiu distinguir uma forma enorme lá embaixo e imaginou ser o corpo da hidra.

Ele nadou naquela direção, mas percebeu – tarde demais – que estava mais próximo do que imaginava. Levou uma patada nas costas. Uma garra cortou-o superficialmente, mas foi o suficiente para sair sangue. Ele se perguntou se havia tubarões por aquelas águas...

A patada também o desconcentrou, ele terminou mais molhado do que já estava na chuva. Ele terminou ensopado, por assim dizer. Sentiu o gosto de sal e poluição, tudo junto. Forçou-se a se focar na missão. Encontrar o coração...

Infelizmente estava difícil ver qualquer coisa ali debaixo, ele basicamente brandia contracorrente, sem saber onde estava acertando. Pai, pensou ele, você bem que podia me dar uma ajudinha aqui... Se Poseidon sabia que Percy estava ali – e não sabia – ele não ajudou.

No meio daquela bagunça, o garoto forçou-se a ficar calmo. Ele era filho de Poseidon, o mar era seu local de combate preferido... Ele já até sentia seu ferimento nas costas cicatrizando. Ele apenas precisava ficar calmo...

Quando o fez, percebeu que não precisava de olhos para enxergar debaixo d'água, ele era capaz de sentir a localização das coisas. Sentiu um cardume de peixes, fugindo daquela confusão, alguns metros abaixo e, o mais importante, sentiu a hidra. Sem ver, ele era capaz de dizer onde o corpo do monstro estava.

Ele concentrou-se, estendeu Contracorrente e jogou-a, usando a força da água para empurrar a espada, contra o monstro. Soube que sua arma acertara o coração do bicho, não sabia como, mas sabia que tinha acertado.

Agora ele só tinha que sair dali, logo Contracorrente voltaria para o seu bolso. Ele nadou até a borda da ilha, e saiu. Encontrou Annabeth, Thalia, Hermione e Rony encarando a Hidra embasbacados.

Percy ergueu a cabeça e viu que o monstro se contorcia de dor, uma a uma, as cabeças foram se desfazendo – virando pó – até que por fim o próprio monstro sumiu. Nessa hora, eles viram Harry, Gina e Nico retornando, em passos rápidos, com uma garota nos braços.

– Encontramos ela – disse Harry.

– E achamos que ela deve ser a dita semideusa – falou Gina.

– E o que a faz pensar isso?

– Ela falou "monstro" e apontou para a Hidra. Se não fosse uma semideusa, a Névoa a faria ver outra coisa, não é assim que funciona?

Todos concordaram. Se a menina vira mesmo a Hidra, então era uma semideusa com certeza.

– Certo – disse Harry estendendo a mão – Vamos dar logo o fora dessa tempestade.

Todos deram as mãos e foram sugados pela aparatação.


– Argh! – disse Percy caindo no chão do Acampamento Meio-Sangue – Sério mesmo, por que a gente nunca usa os malditos pégasus?!

– Aparatar é mais rápido... – disse Hermione, de pé.

– Aparatar dói na alma – retrucou Percy levantando-se.

Long Island não ficava muito longe de Nova Iorque, é verdade. O tempo lá não estava muito melhor que o da cidade grande, mas pelo menos não estava chovendo... Apenas ventava violentamente.

Nico segurou a garota desmaiada em seus braços.

– É melhor a levarmos para a Casa Grande, não é?

Todos concordaram e para lá foram. Vários bruxos e campistas lançaram olhares curiosos para o pequeno grupo. Primeiro de tudo, estavam todos ensopados, sendo que nem sequer chovia, segundo carregavam uma criança desmaiadas nos braços. Aquela não era uma cena que se via todos os dias...

– Quíron! – gritou Percy ao entrar na Casa Grande – Você está aí?

O centauro apareceu no corredor, e foi seguido por Dumbledore, que apareceu com um radiante sorriso um segundo depois.

– Oh, céus, vocês todos estão molhados!

– Não tem problema – disse Dumbledore conjurando algumas roupas secas para eles e fazendo-as levitar até todos – Deixem a garota conosco, vão se secar e se vestir...

– Depois voltem – acrescentou Quíron – Queremos ouvir sobre como transcorreu a primeira missão de Bruxos e Semideuses...

Todos assentiram. Nico entregou a garota para Quíron que levou até a enfermaria. Depois, pegaram as roupas e foram para os banheiros mais próximos.


– Como foi a missão? – perguntou Quíron a todos, quando eles já haviam voltados, devidamente secos e devidamente vestidos.

– Transcorreu tudo sem maiores problemas – começou Thalia.

– Sem maiores problemas? – Gina estava incrédula – Você quer dizer que sermos atacados por um monstro que cria duas cabeças quando uma é cortada é um probleminha?!

– Ah, é normal – disse Thalia.

– A Hidra atacou vocês, foi? – perguntou Quíron levemente curioso.

– E como é que você fala isso com toda essa calma?! – Gina explodiu. Será que todos estavam loucos?!

– Gina, acalme-se – disse Percy – Você ainda é nova nesse lance de missões, mas essas coisas acontecem com mais freqüência do que gostaríamos...

A garota ficou olhando para o nada, perguntando a si mesma em que tipo de mundo louco ela havia se metido. Atacada por uma Hidra... Normal...? Não, ela não via a lógica por detrás disso.

– Ainda assim, é estranho – disse Quíron – o mar não é o território para uma hidra... Talvez um pântano, quem sabe... Mas o mar? Nunca ouvi falar...

Ele deu de ombros, aquilo não significava nada para ele. Os Oito terminaram o relatório da missão, enquanto Quíron e Dumbledore ouviam silenciosamente.

– Certo – disse Quíron por fim – Missão cumprida! Agora, de volta ao treino...

– Treino? – perguntou Rony – Mas acabamos de voltar de uma missão!

– E voltaram na hora da aula – notou Dumbledore – Vamos lá, treino...

Todos suspiraram. Às vezes, achavam que juntar os dois mundos foi uma péssima idéia.

– Creio que você, Rony, e você, Nico, tem aula de esgrima – notou Dumbledore – Estou certo?

– Esgrima? Ah, cara... – Rony suspirou. Ele era péssimo nesse lance de esgrima. Ele era péssimo na maior parte das coisas que necessitavam de um esforço físico na verdade. Mas ele era particularmente ruim na esgrima. E aula com o Nico, ainda por cima, era humilhante. Você punha uma espada na mão de Nico e o garoto parecia encarnar no samurai. Atacava e defendia como se fosse a coisa mais fácil do mundo...

– Vamos, vamos... Vocês tem aulas, circulando... – disse Quíron.

E todos os Oito saíram da enfermaria.


Bom,verdade seja dita, havia um motivo para o qual Dumbledore e Quíron estarem tão apressados em remover os Oito do aposento. Eles queriam conversar com a garota, e era melhor que eles não estivessem presentes. Eles não eram capaz de dizer o que, mas tinha algo de muito estranho naquela menina, algo que eles nunca sentiram antes...

Os olhos dela abriram lentamente, quase como se tivesse um grande peso sobre suas pálpebras. Ela piscou duas vezes até conseguir dar foco a imagem que via em sua frente.

– Quem são vocês? – perguntou ela com uma voz fraca, perscrutando com olhos o como do no qual se encontrava – Onde estou?

– Bem-Vinda – disse Quíron sorrindo – Você se encontra no Acampamento Meio-Sangue, eu me chamo Quíron e este senhor aqui ao meu lado se chama Dumbledore.

A garota acenou, para indicar que compreendia, embora não tivesse a menor idéia do que vinha a ser um Acampamento Meio-Sangue. Ela era um pouco pequena para idade. Tinha um rosto miúdo. Tudo nela a fazia parecer pequena e fraca. Seus cabelos eram negros como a noite e caiam pelas suas costas, lisos. Dumbledore então sentou-se na beirada da cama da garota.

– Como se chama? – perguntou com uma voz doce.

– Mellany – disse ela – Me chamo Mellany.

– Então, Mellany – continuou o diretor – creio que você vivia em um orfanato, estou correto?

A garota acenou novamente, perguntando-se como ele sabia tudo aquilo.

– Bom, seus responsáveis, seus amigos, seus...

– Eu não tenho amigos – cortou a garota.

Os dois anciões encararam-na.

– Não tem amigos? – perguntou Quíron.

Ela concordou.

– Nem mesmo um? Por que?

Ela deu de ombros.

– Não sei – disse numa voz embargada, como se estivesse triste com o fato – Acho que ninguém nunca quis ser meu amigo...

– Quantos anos você tem? – perguntou Quíron.

– Cinco.

O centauro se perguntou quantas crianças de cinco anos existiam na Terra que poderiam afirmar que não tinham nem ao menos um amigo. Dumbledore sorriu para a garota.

– Bom, Mellany, você não tinha amigos. Agora, eu e Quíron somos seus amigos...

Quíron também sorriu e a garota pareceu brilhar com um sorriso em seu rosto.

– Sério mesmo?

– Sim. Qualquer coisa que você precisar, basta falar conosco.

– Obrigada! – disse ela, feliz por ter amigos agora.

– Mellany... – continuou Quíron. Ele não queria estragar a felicidade da garota, mas tinha outro assunto sobre o qual deveriam falar. Um assunto delicado – Você já ouviu falar na mitologia grega?

A garota concordou.

– No orfanato, de vez em quando, a tia Jess contava algumas histórias para nós, ela dizia que eram da mitologia grega...

Quíron assentiu.

– Então...

E ele contou toda a história dos gregos para ela. Ela não interrompeu nem sequer uma vez e ouviu tudo, prestando bastante atenção. Ela pareceu encarar tudo com bastante facilidade. Talvez, por ser criança, ela ainda não tivesse uma idéia de mundo formada e sólida. Para ela, tudo poderia ser real. Assim, ela encarou tudo com extrema naturalidade.

– Entendo... – foi tudo o que disse por fim.

– Agora, Mellany, descanse – falou o centauro – Você passou por maus bocados hoje. Durma um pouco.

Ela não precisou de um segundo pedido, em dois segundos, estava "desmaiada" em sua cama. Quíron e Dumbledore saíram silenciosamente da enfermaria.

– É cuiroso, Dumbledore... – disse Quíron – Você também sentiu?

– Sim. Há algo nela, mas não sou capaz de dizer o que é...

– Exatamente...

E, se os dois soubessem o que esse "algo" era – e toda a confusão que ainda seria causada por causa disso – eles talvez tivessem pedido demissão de seus empregos naquele mesmo dia.

Uma força muito poderosa estava se erguendo enquanto conversavam com Mellany. Ninguém sabia disso ainda, mas esse encontro e tudo isso pelo que os Oito passaram foi apenas o começo...



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Notas finais do capítulo

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