Worlds Crash II escrita por The_Stark


Capítulo 3
O Furacão


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo! Acho que não tenho muito o que falar aqui... Espero que gostem!



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O tempo em Nova Iorque e Long Island podia ser apocalíptico, mas isso não impedia que, no Olimpo, os Deuses desfrutassem de um belo dia ensolarado. Isso é, os deuses menores desfrutassem do dia, visto que os doze deuses do Olimpo estavam sempre ocupados demais para desfrutar qualquer coisa.

No momento, somente Zeus, Hera e Atena estavam na sala de Conselho. Os outros provavelmente estariam culpando de problemas particulares em outro lugar.

- Zeus, fique calmo... – pediu Atena – Deve haver uma boa explicação...

- Boa não! – explodiu Zeus – Tem que ter uma explicação ótima, do contrário ele vai estar encrencado! Onde está ele, por falar nisso?

- Disse que estaria aqui em alguns minutos, segundo ele, os seres marinhos estão se comportando estranho nos últimos dias.

- Como assim estranhos? O quão estranho um peixe pode agir?

- Acho que ele se referiu aos seres marinhos místicos...Céus, pensou Atena, será que tenho que dar tudo mastigado para Zeus?

- Hm, isso é problema dele, ele é encarregado do oceano. Ele que faça esses peixes místicos sossegarem! Não vou admitir isso como desculpa pro que ele fez.

Nesse momento, Poseidon abriu as portas do Conselho bruscamente. Ele não parecia estar nada contente. Vestia uma bermuda branca, uma camisa azul e uma sandália havaianas, como de costume. Seu rosto é que parecia não estar como de costume...

- Quem é o responsável por isso?! – explodiu o Deus dos mares.

- Certo – começou Hera – Em minha defesa, eu estava com muita fome...

- O quê? – Poseidon parecia confuso.

Agora Hera também ficou confusa.

- Você não estava falando... – ela foi aos poucos percebendo que confessara algo que não devia confessar – da comida... Ah, deixe pra lá – Atena parecia ser a única que estava verdadeiramente se divertindo com aquela confusão – Responsável pelo quê?

- Pelo tsunami na costa japonesa! – disse Poseindon.

- É sobre isso que queria falar com você, Poseindo – esclareceu Zeus – Sente-se e me explique: no que estava pensando?! Sabe o número de vidas perdidas naquela única onda?! É bom que tenha uma explicação muito boa...

- Eu não tenho explicação – disse Poseidon e uma veia cresceu na testa de Zeus – Eu não tenho explicação porque não fui eu...

- Do que está falando?! É lógico que foi você, é o Deus dos Mares! Se não foi você, quem poderia ter sido? A fada madrinha?

Agora a veia cresceu na testa de Poseindon.

- Estou dizendo que não fui eu. As coisas na água ficaram estranhas nos últimos dias. Eu não tenho certeza, mas tenho a impressão de que meus inimigos estão se erguendo.

- Seus inimigos? Francamente, não aceitarem isso como desculpa. Você fez deles seus inimigos, agora desfaça! Não desconte isso no povo japonês!

- NÃO FUI EU! – Poseidon explodiu – E, caso você não se lembre, alguns de meus inimigos também são seus inimigos. O titã Oceano ainda está aprisionado no meu território, caso não se lembre... Duvido que queira vê-lo em liberdade...

Zeus ergueu-se de sua cadeira. Ansioso por saber que um de seus mais antigos inimigos estava se libertando.

- Oceano está se erguendo? – ele parecia confuso – Dê um jeito nisso!

Poseidon acenou com os braços pedindo calma.

- Oceano está bem preso, da forma que você o deixou. Só estou dizendo que, se um de meus inimigos quiserem se vingar do Olimpo, ele pode libertar Oceano...

- Você deve impedir isso! É sua função, eu confiei Oceano a você!

- E eu estou tentando... – admitiu Poseidon com a mandíbula cerrada – Mas, como já falei, o mar está estranho... Ele parece não responder somente a mim.

- Absurdo!

- Acalme-se, Zeus – pediu Atena – Se Poseidon diz isso, talvez seja algo sério... Como assim o mar não parece responder a você?

- A tsunami, por exemplo, não foi planejada por mim.

- Então quem foi? – perguntou Hera petulante.

- Não sei. Estava cuidando de uma revolta de sereias, quando voltei para meu palácio, vi o que tinha ocorrido. Não senti nem mesmo uma perturbação na água.

- Está me dizendo – começou Hera sarcástica – que toneladas de água se deslocam por milhares de metros, tomando a forma de uma onda gigante, atinge a costa de um país, rouba milhões de vidas e você não sentiu nem mesmo um tremorzinho? Que tipo de Deus é você?!

Poseidon estava claramente irritado de estar ali.

- Existe alguma possibilidade de Oceano ser responsável por isso? – perguntou Zeus, ainda focado em seu antigo inimigo.

- Eu já considerei isso. Quando soube do tsunami, fui até o local onde Oceano está preso. Ele ainda está bem preso lá, posso lhe garantir isso. Como seus poderes são muito grandes, talvez mesmo preso, ele consiga criar umas marolinhas, mas uma onda com aquele poder destrutivo... Duvido muito... Não, deve ser outra coisa...

Todos os quatro Deuses se calaram, e ficaram pensativos. Hera ainda culpava Poseidon por tudo, ele era o Deus do Mar, era sua função impedir coisas como essa. Zeus ainda culpava Oceano. Não tinha motivo nenhum para jogar a culpa em cima de seu velho inimigo, mas ainda assim, fazia-o sentir-se melhor. Poseidon estava confuso demais para criar um pensamento coerente. De forma que Atena era a única Deusa que pensava verdadeiramente sobre o problema.

- Essa revolta das sereias que você mencionou... – começou ela – não poderia ser uma distração? Enquanto você se distraia com elas, vários outros seres marinhos uniam suas forças para criar a onda?

Poseidon parou para pensar.

- Sim – admitiu por fim – Mas, nesse caso, eu teria sentido o poder de vários seres marinhos sendo unidos e teria sentido a onda. Além disso, por que as sereias fariam uma coisa dessas? E por que alguém atacaria o Japão? Não consigo ver a lógica por de trás disso...

Atena voltou a pensar, Poseidon tinha razão. O silêncio voltou a pairar sobre a sala.

- Existe algo acontecendo aqui... – disse Zeus com um tom sombrio – Algo que não conheço. E eu não gosto nada de surpresas...



Percy treinava esgrima com Connor, Rony e Nico.

Desde a morte de Travis, durante a Grande Guerra, três meses atrás, Connor tinha ficado muito triste. Assim, todos tentavam mantê-lo por perto e fazê-lo participar da maior quantidade de atividades possíveis. Se ele mantivesse sua cabeça focada em outra coisa, não poderia pensar em Travis.

No momento, Percy lutava Connor, e Rony com Nico. Bom, aquilo quase podia ser chamado de uma luta. Rony não era exatamente um "guerreiro", no sentido mais amplo da palavra. Na verdade, enquanto Nico tentava lutar com ele, tudo que o bruxo era capaz de fazer era se saracotear para os lados – desviando de um golpe – e, de vez em quando, brandir sua espada de madeira desajeitadamente contra a espada de Nico. No mais, era engraçado. Percy e Connor olhavam para lá sempre que podiam, durante sua própria luta, apenas para dar boas risadas.

- Vamos lá, Rony – disse Nico erguendo sua espada e descendo-a sobre Rony. O garoto desviou para a esquerda – Pare de se esquivar! Onde está sua técnica? Já lutei com garotinhas que foram mais corajosas que você está sendo!

- Eu sou um bruxo! Não guerreiro!

- No momento, você tem que lutar! – esclareceu Nico. No fundo, ele se divertia com toda aquela situação.

Rony tentou brandir sua espada contra o semideus. Mas o golpe saiu torto e lento, de forma que não foi problemas para Nico defender-se. Nico aplicou um contra-ataque, do qual Rony não se defendeu, mas esquivou-se.

- Lute! – exclamou Nico já ficando irritado com tudo aquilo.

- Você quer que eu lute?! Certo!

Rony desviou-se de outro golpe de Nico e, enquanto esse recuperava-se do ataque, deu um salto para frente. O pé de Rony se fincou entre as pernas de Nico. O som produzido foi oco. O filho de Hades soltou um "ah" abafado, antes de cair de joelhos.

- Imagino que as garotinhas com quem você lutou não pensaram nisso – disse Rony rindo – É uma técnica fácil, não precisa de treinamento e te traz a vitória muitas vezes.

Percy e Connor pararam a própria luta para dar risada também. Não riam de Nico, mas a cena em si era hilária. O garoto sempre se achou um bom espadachim e foi derrotado por alguém que nem sequer sabia empunhar uma espada.

- Não... tem... graça... – conseguiu verbalizar o filho de Hades.

- Você deveria ver daqui de cima – esclareceu Connor – É hilário!

E os três gargalharam ainda mais. Nico agora estava deitado no chão, tentando se recompor.

- Percy! – gritou Annabeth, aproximando-se do campo.

- Annabeth! – os olhos do filho de Poseidon brilharam, ele correu até ela.

Nesse momento, a garota visualizou Nico rolando de dor no chão, enquanto Rony e Connor riam.

- Nem vou perguntar... – disse ela, revirando os olhos – Quer andar?

- É claro – disse Percy, enquanto a garota segurava-se em seus braços.

Deixaram o treinamento para trás e começaram a caminhar pela floresta. O dia não estava lindo, mas também não estava feio. O sol brilhava fracamente, através de algumas nuvens e havia um vento forte e constante, mas nada com o que se preocupar.

Eles caminharam em silêncio por alguns minutos, até que Annabeth resolveu falar.

- O que achou de Mellany? – perguntou ela.

- A garota de cinco anos? – Percy não via sentido naquilo – Normal, para um semideusa de cinco anos, eu imagino... Por que pergunta?

- Não sei – ela balançou a cabeça pensativa – Não consigo de livrar da sensação de que há algo de errado... A forma como Dumbledore e Quíron nos tiraram de perto dela na enfermaria ontem foi estranha. O que será que aqueles dois queriam conversar com ela?

Percy deu de ombros, não sabia e não tinha pensado no assunto desde ontem. Na verdade, eles dois eram os diretores do Acampamento e de Hogwarts, eles podiam expulsar quem quisessem, do lugar que quisessem, não é?

- Não sei... – admitiu o garoto – Mas não considerei nada estranho...

- Ah, talvez eu esteja ficando louca – admitiu Annabeth – Eu apenas tenho essa sensação estranha...

Percy sabia que dificilmente seria assim. Quando um semideus tinha uma sensação estranha – ainda mais quando esse semideus era alguém como Annabeth – quase nunca era um sinal de loucura. Na maior parte das vezes, era porque algo realmente estava estranho. Percy pensou melhor sobre o que sabia sobre ela.

Encontraram-na ontem, na Estátua da Liberdade. Era órfã. Era uma semideusa, filha de um Deus que ainda não se revelara. Tinha cinco anos e não parecia ser uma das pessoas mais sociáveis do mundo. Grandes coisas, ele também não o era. Não encontrou nada de anormal na ficha de Mellany.

A garota fora conduzida por Quíron para o chalé de Hermes, pela manhã. Como não sabiam de quem ela era filha, ela ficaria lá até que seu pai – ou mãe – a admitissem. Connor havia comentado a garota com ele, Nico e Rony, no campo de treinamento mais cedo. Disse que ela nem parecia existir. Chegara lá, não trocara meia dúzia de palavras com ninguém e ficou lendo um livro que Quíron lhe emprestara em cima da cama. Bem calma, foram as palavras que Connor usara para descrevê-la.

O que Annabeth podia ter sentido de diferente?

- Então... – Annabeth parou em frente a uma arvore, soltou os braços de Percy e ficou de frente para ele. Ela colocou a mão em um dos bolsos e tirou um pequeno embrulho de lá de dentro.

Percy olhou para o presente sem entender nada. Qual era a data comemorativa? Ele pensou, bom, certamente não era seu aniversário, ele lembraria se fosse. Não era aniversário de Annabeth, pois não faria sentido ela lhe dar um presente. Então o quê? Os olhos deles se encheram de medo ao ter uma idéia do que seria... Oh, céus, por favor, não... Não me deixem ter esquecido de nosso aniversário de três meses de namoro...

- Feliz três meses de namoro! – exclamou Annabeth, estendendo o presente para o garoto.

Deuses, se podem me ouvir, me ajudem! O que eu faço?! Não tenho presente nenhum!

- Obrigado – disse ele, sem graça, estendendo a mão para pegar o embrulho.

- Não é muito, mas achei que você poderia gostar... – admitiu ela.

Ele desembrulhou o presente calmamente, esperando que um meteoro caísse na Terra e impedisse-o de contar que havia se esquecido da data. Como pude ser tão estúpido? Quando terminou de desembrulhar, viu que era um pequeno emblema. Era um pequeno circulo de metal, com um tridente – o símbolo de seu pai – no centro.

- Obrigado – disse ele novamente.

- Não é tudo, aperte o tridente... – pediu ela.

Ele fez como era pedido e, surpreendido, assistiu ao circulo de metal crescer e criar prolongamentos. Em menos de um segundo, o pequeno circulo havia se transformado em um escudo. No centro, estava o desenho do tridente.

- Bom, você já tinha uma espada mágica, então pensei em um escudo mágico. Os filhos de Hefesto, aliados com os bruxos, podem fazer maravilhas, acredite... Ele pode ser facilmente carregado para qualquer lugar, mas não volta para o seu bolso caso o perca. Nenhum bruxo conhecia um feitiço assim, imagino que isso na sua espada somente os Deuses saibam fazer...

Ela sorria alegremente. Percy acrescentou uma ultima parte ao seu pensamento anterior: como pude ser tão estúpido com uma garota tão legal?

- Annabeth... – começou ele.

- Sim...?

Percy olhou para o rostinho dela e não conseguiu dizer a verdade.

- Eu não sabia que iríamos trocar presentes agora, eu deixei o seu no meu chalé. Na hora do jantar eu lhe dou ele, ok?

- Tudo bem – disse ela sorrindo – Na verdade, eu não estava esperando nada. Mas que bom que você se lembrou! – ela beijou-o.

Oh, céus, ela não esperava nada... Por que não contei a verdade? Ele suspirou. Estava encrencado. Na verdade, ele achou que quando enfrentou Cronos, três meses atrás, não estava tão encrencando quanto agora.

O que é que eu vou fazer?!


O dia, para a tristeza de Percy, passou voando. Quando viu, já era hora do jantar.

O tempo apenas piorou. Agora as nuvens haviam se apropriado do céu e não pareciam dispostas a se retirarem, sem que antes causassem uma grande tempestade. O vento que antes já era forte apenas ganhou força. As copas das árvores balançavam de tempos em tempos, com suas folhas farfalhando e constantemente lembrando aos campistas que elas ainda existiam.

Percy passou boa parte de sua tarde pensando no que daria a Annabeth. Pensou em dar um livro, mas onde diabos arrumaria isso agora? Se tivesse pensado nisso antes, poderia sair do Acampamento e visitar uma livraria, mas agora? E, além disso, um livro não era capaz de expressar o quanto ele gostava de Annabeth e, no momento, ele queria algo que gritasse isso. Nenhum presente parecia a altura de sua namorada... Ele decidiu-se por fim que abriria o jogo com ela. Fizera mal em mentir, mas agora estava disposto a redimir-se de seu erro. Conversaria com ela e lhe explicaria toda a situação. Apenas esperava que ela compreendesse e deixasse-o viver para ver o dia de amanhã... Estremeceu só de pensar nisso.

Fez sua oferenda a Poseidon e sentou-se em sua mesa sozinho, como de costume. Os bruxos, por mais que realizassem atividades durante o dia no Acampamento, sempre retornavam para Hogwarts para o almoçar, jantar e dormir. Da mesma forma, os campistas que por ventura estivessem em Hogwarts, na hora do almoço, janta ou à noite, retornavam para o Acampamento.

Percy dirigiu um olhar bem discreto para a mesa de Hermes. Lá encontrou-a. Mellany. A garota ainda parecia-lhe bastante normal. Não conversava com ninguém na mesa, naturalmente, mas mexia em sua comida sem empenho e, por vezes, levava o garfo a boca e inferia um pouco de alimento.

Definitivamente, não parecia que, de repente, criaria tentáculos ou algo do tipo e atacaria o Acampamento. Não, apenas parecia... Normal... Ele olhou para as outras mesas, viu Nico – que assim como ele, comia sozinho -, viu Connor e viu Annabeth. Thalia não estava presente, quando voltara da Estátua da Liberdade ontem, Artemis a chamou para uma missão de Caçadora.

Ele suspirou. Quando o jantar acabou, não teve como evitar o inevitável. Ele levantou-se e caminhou até Annabeth. A garota sorria radiante.

- Oi... – disse Percy sem graça.

- Olá! – ela parecia animada.

- Annabeth, escute... – ele estava prestes a falar a verdade, quando Quíron os interrompeu. O centauro se pôs de pé e bateu com seu garfo em sua taça, criando um som estridente e chamando a atenção de todos.

- Atenção, atenção... – pediu ele – Não sei quantos de vocês se informaram sobre as notícias hoje, mas creio que ao menos alguns de vocês deve ter visto que há um furacão indo em direção à Nova Iorque. Mas, para nossa tristeza, o noticiário afirmou que há a possibilidade desse furacão atingir Long Island também. Assim sendo, gostaria que todos vocês ficassem em alerta. Ao menor sinal de furacão, irei avisá-los... Por hora, é melhor que todos durmam cedo hoje, não sabemos o que está por vir...

Quando se calou, todos os campistas levantaram-se de suas mesas e começaram a dirigir-se para seus chalés.

- Annabeth... –tentou Percy novamente.

- Percy, Annabeth – interrompeu Quíron – Não vejo vocês se mexendo para o chalé... Vamos, vamos, não sabemos se o furacão virá, não podemos desperdiçar uma boa noite de sono e repor a energia. Para cama, os dois!

Percy suspirou. Annabeth riu.

- Não tem problema... – disse a garota – Amanhã, você me dá o presente.

Beijou ele na bochecha rapidamente e saiu correndo para juntar-se as filhas de Atena. Percy ficou estático, não conseguia acreditar que havia escapado dessa. Sim, ainda teria que enfrentar a situação pela manhã, mas estava contente de qualquer maneira. Sorriu consigo mesmo e dirigiu-se para o chalé de Poseidon, para dormir.

Um furacão? Quem diria? Até que pensando bem, fazia sentido... Quando estivera em Nova Iorque ontem, para resgatar Mellany, o tempo estava anunciando um fim de mundo – e a Hidra apenas ajudou nessa previsão. Mas um furacão? Percy nunca seria capaz de adivinhar isso. Deu de ombros.

Quíron ficou parado em sua mesa até que todos os campistas tivessem saído. Não gostava nada daquela situação. Um furacão? No que Zeus estaria pensando? Existia um motivo simples para que o Acampamento nunca tivesse enfrentado um furacão, Zeus os protegia desse tipo de coisa. Mas, então por quê tinha uma tempestade se dirigindo a Long Island? Quíron franziu o cenho, não conseguiu pensar em motivo nenhum para isso.



Uma mesa de madeira.

Era isso que Percy foi capaz de ver, em toda aquela escuridão. A vela em cima da mesa iluminava um pouco, é verdade, mas ainda assim, estava bem escuro. Ele via a mesa, sem detalhe algum e com cortes de faca em alguns pontos. Ouvia sussurros. Não era capaz de dizer o que dizia, mas alguém estava sussurrando. Era uma voz, calma, contínua, baixa.

Ele notou que em cima da mesa havia uma pequena taça. Estranho, pensou ele, como não notei isso antes? Ele poderia ter continuado se perguntando, quando um movimento em sua visão periférica chamou sua atenção.

Ele olhou para baixo, apenas para ver uma imensa cobra rastejando ao redor da mesa. Ela era grande, grossa, e tinha um tom levemente esverdeado. Se notou a presença de Percy, não demonstrou. A voz ao fundo começou a aumentar seu tom de voz e sua velocidade.

A cobra pareceu responder a isso, parou e levantou-se sobre seu próprio corpo, encarando Percy. A voz pareceu gritar alguma coisa. A cobra soltou um som gutural e saltou sobre o garoto.

Percy acordou em sua cama, suando. Pelos Deuses, o que foi esse sonho agora? Ele não teve tempo para pensar no assunto, ouviu batidas violentas em sua porta. Ele correu até lá para abri-la, apenas para encontrar um Connor com o rosto cheio de pavor.

- O furacão... – disse ele pegando fôlego, parecia estar cansado de tanto correr – Está chegando... Temos que ir embora...

- O quê? Mas, como? E Zeus? – ele nunca havia se preocupado de verdade com o alerta de Quíron.

Connor deu de ombros e saiu correndo para avisar aos outros chalés a mesma coisa. Percy fechou a porta com uma batida e rapidamente tentou se arrumar. Abriu seu armário e pegou a primeira coisa que viu em sua frente: uma camisa branca, sem mangas. Ele vestiu-a e colocou uma calça jeans e saiu correndo de seu chalé.

Não sabia quanto tempo tinham até a chegada do furacão, visto que Connor não tinha lhe dito isso. Mas, a julgar pela cara do garoto, devia ser pouco. Ele não tinha tempo para se arrumar devidamente. Entretanto, ao estar do lado de fora de seu chalé, arrependeu-se instantaneamente da camisa que tinha posto.

Era um tornado, é claro. Ventava. Muito. Estava um frio de rachar lá fora, e ele com uma camisa sem mangas. Viu que os outros campistas tinham tido um pensamento mais rápido que ele, e a maioria vestia casacos. Não teria tempo para voltar e trocar de roupa, teria que agüentar o frio.

- Vamos! – gritava Quíron no centro do Acampamento – O tornado está sobre nossas cabeças! Para Hogwarts! Todos para Hogwarts! Usem as lareiras!

Percy entendeu o recado. Olhou ao redor para ver se encontrava algum amigo, mas não viu ninguém. Talvez, já tivessem atravessado. Ele respirou fundo, torceria por isso. Correu em direção as árvores e encontrou as lareiras.

Várias pessoas as usavam, mas como eram rápidas, não havia tempo de se formar uma fila. Ele olhou ao redor, procurando, Annabeth, Nico ou Connor, mas não viu nenhum deles. Respirou fundo e entrou na lareira.

Para Hogwarts, pensou enquanto jogava o pó de flu no chão. Foi consumido por chamas verdes e tudo ficou escuro.

Algumas horas depois, um tornado dizimou o Acampamento Meio-Sangue.


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Notas finais do capítulo

Então.... Se você está lendo, comente! Se você gostou do capítulo, comente! Se não gosto, o que precisa ser melhorado? Comente, comente, comente!