A Bruxa De Liveway. escrita por belle_epoque


Capítulo 14
Capítulo 14 - Olhe para mim e me diga a verdade!


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, andei deprimida essa semana.
Mas encontrei um bom motivo para ficar feliz... Quantas leitoras novas *.* E quantas leitoras que se deram ao trabalho de mandar review... Me deixou muito feliz.
...
Agradeço aos reviews de:
> miss yuuki
> Lucy1997
> Nathalia S
> Stefany_Zanoni
> Lili (Emanuelle)
> LuLerman
> MirianRamos - bem vinda ^ ^
> FranHyuga - bem vinda ^ ~
> Arroiz Doce - bem vinda ^ ^
> Lilith
> isissalvatore - bem vinda ^ ^
...
Agradeço também a quem, desde já, recomendou a fic:
-> B_M_P_C
-> Thalia
...
Obrigada a todo mundo.
Beijos,
EUQOPÉ-ELLE3



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Capítulo 14 - Olhe para mim e me diga a verdade!

Roman quis entrar na minha casa, para ficar comigo até o meu pai chegar, mas pedi para que ele não o fizesse. Eu precisava conversar a sós com o meu pai. Eu tinha o pressentimento de que essa conversa tinha um peso de mudar a minha vida.

Ele chegou um pouco depois de eu tomar meu banho. Eu estava com uma camiseta cinza, com um ombro caído e com uma calça jeans preta. As luzes ainda estavam apagadas quando ele entrou na sala, eu não quis ligá-las.

Ele acendeu as luzes e deu um pulo quando me viu deitada no sofá.

- Oh, Isabelle... – murmurou aliviado. – O que aconteceu com a sua “mudança”? – perguntou visivelmente decepcionado.

- Eu passei mal – respondi nem reconhecendo a fragilidade em minha voz.

- Oh, Isabelle... – ele murmurou, agora, preocupado largando as sacolas em algum lugar e vindo até mim no sofá. Levou a mão à minha cabeça. – Você está sem febre, mas acho melhor agendar uma consulta... Podemos deixar a conversa para depois...

Ele se levantou para pegar o telefone, mas segurei a sua mão.

- Não, não podemos deixar essa conversa para depois – eu disse séria. – Eu preciso dessa conversa.

Meu pai se assustou com o meu tom de voz.

- Então você primeiro – concedeu.

Eu me levantei do sofá para olhar quase do mesmo nível que ele.

- Quero saber da minha família materna – pedi.

- Ah, Isabelle... Eu já te falei quem eram eles... – ele respondeu incomodado, dando-me as costas e indo para a cozinha.

Eu o segui, temendo da verdade que ele escondia.

- Não. Você não falou. Você disse apenas que a minha família materna eram loucos que falavam uma língua estranha e que minha mãe os achava perigosos para meu desenvolvimento. Mas eu quero saber: o que eles eram? Por que a minha mãe tinha medo deles? Por que o senhor não gosta deles? E tenho avô e avó? – Então, hesitei e disse: - Eu tenho uma tia?

Ele arrumava as coisas na prateleira enquanto eu indagava para as suas costas.

- Pai... não me ignore de novo! – eu pedi batendo na mesa para atrair a sua atenção. – Estou aqui... Então não me ignore! Só se vire para mim e me olhe! Olhe para mim e me diga a verdade!

Só depois de ter dito isso, foi que eu percebi que eu deveria ter dito isso bem antes. Quando eu ainda era aquela criança ignorada por ele. Aquela que ele não suportava olhar sem sentir seu coração doer por ser a cópia exata de sua falecida mulher.

Vi pelo movimento de suas costas que ele respirou fundo antes de se virar. Seus olhos eram tristes e pesarosos. Lá estava a triste verdade que eu queria que ele verbalizasse.

- Você merece a verdade – ele suspirou.

- Que verdade? – indaguei com receio.

Ele abriu os lábios, mas pensou melhor. Pediu para que eu esperasse e sumiu, regressando instantes depois com uma coisa grande e retangular envolto em papel na cor bege. Vi, pelo seu olhar, que aquilo era algo importante para ele.

- Sente-se – pediu se sentando em uma cadeira na parte da sala de jantar.

Eu me sentei.

Ele escolheu bem as palavras enquanto os seus dedos mexiam-se incontroláveis.

- Isabelle, vai parecer loucura para você... mas, a sua família por parte de mãe, era formada por... Bem, bruxos.

Lágrimas brotaram de meus olhos de forma ardente.

Era verdade! Era verdade!

E isso não era alegria. Era desespero.

- Sua mãe, Jane Marie, não tinha vergonha de sua origem. Pelo contrário, ela via a magia como uma dádiva. Algo que apenas poucos poderiam ter. No entanto, por ela ser o que ela era, Marie era constantemente perseguida por caçadores de bruxas. Eles ainda existem. Então, quando nos casamos, para “despistá-los” ela adotou o meu sobrenome.

- Caçadores de bruxas? – perguntei confusa.

- Sim. Na verdade, eles não caçam apenas bruxas, mas sim qualquer criatura que se coloque em seus caminhos. Entenda Isabelle, quanto menos você souber, vai ser melhor para si mesma – ele sussurrou para mim.

- Mas eu não posso ficar no escuro, pai – eu disse inclinando-me sobre a mesa. – Eu quero saber de tudo, porque, assim, eu saberei como me proteger.

Ele suspirou dolorosamente.

- Sua mãe não morreu porque tinha uma saúde fraca. Eu menti. Na verdade, por ela ser uma bruxa, Marie tinha uma saúde incrível. Dificilmente ficava gripada. Como ela te teve por parto normal, ela foi liberada do hospital praticamente no mesmo dia e já com você no colo. Porém... eles nos encontraram em casa em Oklahoma. Ela percebeu. Pediu para que eu cuidasse de você enquanto nos protegia... Porém... eles a pegaram e a executaram.

Fiquei uns minutos sentindo meus olhos derramarem lágrimas que eu não sentia.

Eu estava entorpecida.

O soluço rompeu meu tórax dolorosamente e Henry Malback puxou-me para os seus braços. Eu não sei o que doía mais: saber que minha mãe havia sido morta por Caçadores De Bruxas, saber que eu sou uma bruxa ou que eu havia matado – mesmo que não intencionalmente – muitas pessoas.

- Continue – eu pedi limpando as minhas lágrimas.

Ele suspirou e continuou.

- Depois que sua mãe morreu assassinada por eles, sua família materna brigaram por sua guarda. Eles queriam que você fosse criada no mundo da magia, com eles, no entanto, nem eu e nem Marie o queríamos. Esse mundo é perigoso demais para você, Isabelle. Veja o que aconteceu à sua mãe. Eu recusei claro, mas eles não ficaram felizes com isso. Disseram que eu estava roubando a “herdeira” da família Franklin... Mas um dia se conformaram.

- Então eu tenho avós e avôs? – eu perguntei.

- Não. Eles já morreram, também foram extintos pelos caçadores. O único membro vivo de sua família materna é sua tia. É a única que realmente compreendeu os meus motivos para querer te proteger. O nome dela é...

- Alice Christina Franklin? – perguntei.

Ele não pareceu surpreso.

- É – respondeu.

- E você sabia que eu estou trabalhando para ela... – comentei.

- Isabelle... Nós não nos mudamos para cá porque eu estava com saudades da minha cidade natal ou somente porque você precisava de um recomeço depois de tudo o que aconteceu – ele respondeu com um suspiro, não olhando para mim. – Também não foi coincidência eu te induzir a trabalhar no Cemitério Montecristo.

Ele respirou fundo e abaixou a cabeça como se sentisse culpado.

- Quando David morreu e te vi naquele estado deplorável de culpa... Eu percebi que, talvez, fosse melhor para você ter alguém que te ajudasse a lidar com tudo isso. Eu pensei em falar com Alice, mas antes que eu o fizesse, ela ligou antes. Parecia que ela havia previsto que eu precisava falar com ela... Então, chegamos a conclusão, que seria melhor para você, conhecer esse mundo que eu te neguei. Mesmo que fosse perigoso, você tinha o direito de saber.

Era verdade, também, que Alice era minha tia. E eu a havia maltratado. Havia chamado-a de louca e praguejado por não ter manicômio em Liveway. Eu havia simplesmente ridicularizado o que ela, eu e minha mãe éramos...

Eu realmente era uma má garota. Uma má sobrinha.

Eu respirei fundo.

- O que significa Guardião Sombrio? – perguntei sem rodeios. - O senhor sabe o que é isso?

- Sua mãe não me explicou muito bem o que era. No dia em que foi morta, e ela ouviu os caçadores se aproximando, ela lançou essa... magia em você. Disse que era algo que lhe protegeria de qualquer um que lhe machucasse...

Então realmente era isso. Alice realmente estava falando de mim para Roman e Alexander realmente andou bisbilhotando por minha vida.

- Você sabia que é isso o que está matando todo mundo que me faz mal? – eu perguntei com a voz dura.

Ele olhou para mim como se estivesse se declarando culpado.

- Eu suspeitei – ele respondeu. – Por isso eu te dizia para não se sentir culpada e não dar atenção a essa... Coisa.

Eu abaixei o olhar.

- E o que é isso? – perguntei batendo no embrulho.

O olhar dele caiu em cima do mesmo e sua mão – que eu sempre considerei bonita – deslizou gentilmente sobre a embalagem lisa. Um sorriso terno surgiu em seus lábios e ele mostrou esse sorriso para mim. Deslizando-o em minha direção.

- Isso é um presente da sua mãe para você – ele respondeu. – Ela mandou que eu te desse aos seus doze anos... mas eu não tive coragem. Significa muito para mim.

Eu olhei para ele e meu pai fez sinal para que eu abrisse.

Eu não tive coragem de rasgar o embrulho, por isso eu o abri gentilmente.

Para a minha surpresa, era um livro. De capa grossa e de couro, com pedras azuis cravadas e na frente havia um desenho de uma rosa feita com pedras vermelhas, onde uma plaquinha no meio encontrava-se vazia. Olhei para o meu pai procurando uma resposta para o que era aquilo.

- Sua mãe disse que é o que as bruxas chamam de O Livro das Sombras. É o caderno que toda a bruxa deve ter quando é iniciada... Este foi o primeiro e único livro de sua mãe. Aqui ela anotava todas as magias e encantamentos que ela praticava. Não que ela tenha feito muitos depois que se casou comigo. Ela não quis me assustar.

Abri as páginas, mas elas estavam em branco.

Olhei para ele interrogativamente.

- Ela me contou que somente outra bruxa é capaz de ler o conteúdo... É para impedir que os caçadores descubram as magias que elas praticavam – ele respondeu.

- Mas eu não sou uma bruxa? – perguntei confusa.

- Não completa – ele respondeu. – Precisa ser iniciada oficialmente, mas você realmente tem uma parcela de magia dentro de você... Se você abraçá-la, vai aparecer alguma coisa aí.

O abracei e sorri para o meu pai, mesmo que lágrimas de emoção escorressem por meu rosto. Ele me abraçou novamente e eu tentei enxugar as lágrimas.

- E o que você tinha para me dizer? – eu perguntei.

- Acho melhor isso ficar para depois Belle – ele respondeu acariciando meus cabelos.

- Não, conte agora que eu já sofri choques de emoções demais para uma semana – eu pedi. – Que seja tudo de uma vez só, por favor.

- Tudo bem. Eu estou namorando Meredith à sério – ele disse de uma só vez e se encolheu, provavelmente esperando alguma reprimenda.

Tudo o que eu não esperava era que eu começasse a rir como se ele houvesse dito a piada mais engraçada do mundo. Eu não sabia se era por sua reação, encolhido esperando a minha pior reação do dia, ou se era o choque – disseram-me que o choque era capaz de causar oscilações de humor. Só sei que eu ri muito.

- Espero que isso signifique que está tudo bem – ele comentou cruzando os braços, levemente irritado, e fazendo um beicinho.

- Está sim pai. Eu gosto da Mery. Só vai devagar que eu não quero ter outras surpresinhas enquanto eu andar pela a minha casa – eu pedi alisando o livro de capa dura de minha mãe.

Ele sorriu e me abraçou.

- Já que estamos tendo uma dessas nossas raras conversas... Quero que você me conte o que está acontecendo entre você e Roman – ele pediu apoiando o queixo no punho.

Eu o fitei até onde o meu rubor me permitiu. Depois virei o rosto.

- Eu não sei – respondi sinceramente, e Henry fez uma expressão pensativa. – Sabe... Como explicar? Hm... Eu gosto do Roman. Sinto-me bem quando ele me consola e, por um lado, fico feliz por saber que ainda tem alguém que dirija o olhar para mim depois da morte de David, e, nesses momentos, eu o quero mais perto de mim o possível. Eu também gosto de conversar com ele... Porém, há momentos, em que ele me beija e eu fico constrangida. E em momentos como esses... Eu o quero o mais longe dele possível. – relatei. – Eu não me compreendo.

- Nem eu te compreendo – ele respondeu.

Eu ri negando com a cabeça. É. Se eu mesma não me compreendia, porque ele tinha que me entender? Mas, sua resposta seguida foi a mesma que a minha consciência veio me dizendo faz tempo:

- Você não ama esse garoto, Isabelle. Você gosta dele apenas como amigo. Você gosta da companhia dele e do seu companheirismo, mas você não gosta dele como namorado. É o que me parece – ele respondeu. - E eu pensei ter te ensinado à não brincar com os sentimentos das pessoas.

Então ele deu um beijo na minha testa e pegou uma sacola que sobrou em cima da mesa e puxou para nós. Tinha vários pacotes de chocolate Pocky ele abriu um e dividimos. Como era do nosso costume fazer.

- O problema... – eu continuei falando de Roman. – É que ele me faz bem. Ele me faz sentir... Bem, eu não sei direito. Ele faz com que eu me sinta mais desejada, talvez.

- Olha Isabelle. Você está cometendo o mesmo erro mais de uma vez – ele comentou com a boca torta, enquanto do outro lado pendia um pedaço do chocolate esguio que cobria um palito feito de biscoito. – Recorda-se de David? Foi quase a mesma coisa, e veja no que deu...

- David é diferente. Roman é legal comigo e me respeita. Já David queria apenas que o senhor prestigiasse a banda dele – eu respondi.

- Pode até ser. Mas, veja bem, David também tinha a mesma fama que esse tal de Roman tem por aí – meu pai disse como quem alerta. – E não é tão diferente na forma de agir também. A diferença, é que Roman foi o seu amigo antes, e não apenas um garoto que você conheceu numa festa e dia seguinte já estava namorando por aí.

Eu suspirei e olhei para algum ponto fixo na ala da cozinha. Ele tinha razão. Minha consciência bem me disse... Mas eu sei que Roman é um garoto legal. Ele insistiu, insistiu, insistiu... que eu não pude dizer que não. Eu tive que dar uma chance.

Suspirei e levei outro pocky à boca.

Então o meu olhar se encontrou. Uma embalagem razoavelmente grande e quadrada, com o fundo vermelho e laço preto, cujo cartão eu já tinha ideia do que dizia. Suspirei derrotada. Eu não aguentava mais tantas mortes... Eu precisava falar com Alice agora. Primeiro pedir desculpas por ter lhe ridicularizado – minha única parenta viva por parte de mãe! – e depois, implorar para que ela me ajude com o meu problema com o meu “Guardião Sombrio”.

- Quem foi dessa vez? – meu pai perguntou parecendo tão perturbado quanto eu.

Ele havia visto também. Em cima do balcão.

- Um cara que tentou me estuprar enquanto eu voltava para casa ontem.

Ele ficou assustado e já ia começar a falar um monte de coisas quando eu disse:

- Eu estou bem, não se preocupe. Um amigo meu apareceu por lá e me protegeu dele – lembrei-me de Alexander, também pediria desculpas e o agradeceria. – Está tudo bem. Se Alexander pudesse, teria matado-o. Mas, pelo visto, o meu Guardião Sombrio fez esse favor.

- Isabelle, aqui pode ser uma cidade pequena, mas é tão perigosa quanto às outras – ele me deu sermão. – Tente não voltar sozinha ou muito tarde. Se não eu vou ficar preocupado.

- O.K. Pai – eu concordei.

- Outra coisa que me preocupa são todas essas mortes... Sua mãe disse que havia outro jeito de parar esse monstro, mas morreu antes de me dizer qual era – ele comentou com pesar. – Eu não gosto de te ver sofrer com peso na consciência, Isabelle.

Eu suspirei e concordei com a cabeça.

- Acho que Alice, minha... Tia – eu me emocionei ao chamá-la por seu verdadeiro título – está disposta a me ajudar. Na verdade, pretendia aparecer por lá hoje. Vou conversar com ela, pedir desculpas... – eu comecei a chorar me sentindo culpada. – Quando ela disse que era a minha tia eu não acreditei, quando ela disse que éramos bruxas eu não acreditei... Eu me sinto tão culpada!

Meu pai me abraçou e beijou minha testa.

- Não se sinta pequena – ele sussurrou em meu ouvido. – A culpa não é sua. Eu deveria ter tido essa conversa mais cedo. Vá falar com Alice e diga-lhe que sinto muito. Faça o que é certo.

Eu concordei com a cabeça e me levantei, no entanto, parei por um instante.

- Pai... o senhor não se incomoda em ter uma filha... bruxa? – perguntei receosa.

- Eu confesso que queria que você fosse normal, mas eu existo para te apoiar Belle. Eu me dou por satisfeito... só por você não lançar nenhuma maldição em mim – ele riu com sua brincadeira.

Eu sorri também e o abracei.

Depois o soltei e me levantei.

Resolvi que estava quase que na hora de implorar pelo perdão de minha tia.


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Notas finais do capítulo

ESTE É O ANTEPENÚLTIMO CAPÍTULO DE A BRUXA DE LIVEWAY
não sei se alguns de vocês sabem, mas isso é uma série então vai ter uma sequência de outras histórias também que serão continuação.
Na sequência:
2 - O Lobisomem de Liveway (Que será postado no dia 02.04.12)



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