Where Are You Now? escrita por Kaah_1


Capítulo 5
Coração machucado.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! E desculpem pela demora ou por qualquer erro :) E quero agradecer pelos reviews e tudo mais, se vemos lá em baixo



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- SOCORRO! POR FAVOR! ALGUÉM? – gritei mais uma vez, já totalmente desesperada e sem forças.

Deveria fazer meia hora que eu estava ali. Sozinha e trancada. Meus pulsos já doíam de tanto que eu batia na porta, pedindo pra alguém me tirar dali. Na verdade, meu corpo inteiro doía. Não só por fora, mas, por dentro também. Por dentro, era onde doía mais. Bom, pra deixar claro, haviam me prendido dentro do armário da escola. E cá estava eu, presa, perdendo uma aula. Percebi o quanto eu era sofrida na vida. Quanto é que isso vai mudar? Será que isso finalmente ia mudar algum dia?

Me encolhi, abraçando a mim mesma e deixando que as lágrimas e soluços simplesmente saíssem. Minha mãe sempre diz que chorar às vezes é o maior remédio e que alivia a dor. Eu já não acreditava mais nisso. Parecia que quanto mais eu chorava, mais dor eu tinha. Mais doía. Eu não tinha mais forças pra exatamente nada. Eu não comia mais nada há dias. Tomava apenas um suco ou algo assim, mais nada do tipo. Eu via todas as pessoas sorrirem, rirem, serem perfeitas com suas vidas totalmente incríveis e eu admito... Eu tinha inveja. Aliás, a minha vida, era um completo desastre. Eu via todas aquelas garotas magra, loiras, com olhos lindos e seus namorados incrivelmente fofos ao lado e então, eu queria ser como elas. Eu tentava ser igual.

Pensava na Selena e o que ela fez para que Justin a amasse tanto, o que ela tem que eu não tenho? Ah, claro... Ela tem tudo e eu não tenho exatamente nada. Ela é rica, famosa, magra, com um sorriso bonito... Enquanto eu sou uma problemática, que tem pais que quase se matam. Eu sou a garota que se corta, sofre bullying na escola, chora praticamente 24h por dia. Eu sou imperfeita. Tenho cabelos feios, um sorriso feio, sou gorda e não sei cantar, dançar... Não tenho talento nenhum. Não tenho exatamente nada a oferecer pra ninguém.

Eu sou um lixo. Eu sou um erro.

Se ninguém é capaz de me amar, porque Justin Bieber, o garoto que eu tanto sou apaixonada, gostaria ao menos um pouquinho de mim? Porque ele gostaria de mim, sendo que mesmo meu pai me odeia? Ninguém jamais gostaria de mim. Ninguém gosta de erros. Ninguém gosta de alguém tão problemática.

- Por favor, alguém me ajude. – murmurei, batendo mais uma vez na porta do armário. O escuro ali dentro me dava medo e eu já estava ficando sem ar, sufocada.

Ótimo. Quem sabe eu não morra aqui, não é? Quem sabe eu não morra sem ar, presa em um armário? Aí eu não teria mais problemas. Eu não precisaria sofrer mais.

Passei a mão no meu rosto, tentado secar as lagrimas de alguma forma. Meu rosto estava totalmente úmido, e enquanto mais eu tentava secá-lo, mais e mais lagrimas caíam. Eu não conseguia conter o choro, eu não conseguia parar de chorar.

Bom, há alguns dias atrás, mamãe havia sido chamada na escola, pois as minhas notas haviam abaixado totalmente e a diretora queria saber se tinha um motivo específico. Minha mãe contou sobre meu pai e o quanto ele atormentava nossas vidas e contou a diretora o quanto aquilo me afetava. Ela entendeu. Mas, alguém, um dos alunos ouviu. E resolveu espalhar por toda a escola. Hoje, todos zoam de mim, todos riem de mim, por conta disso. Por conta de meu pai. Como se isso, briga em família, como se violência, fosse um motivo pra piada. Pra eles, isso é um motivo para piadas. É um ótimo motivo. E eles, usam isso contra mim.

Meu pai, não tornou só minha casa em um inferno, como minha vida na escola também. Eu sou motivo de piadas, por causa dele. Às vezes me dizem rindo “e aí, apanhou muito na noite passada? Tadinha.” Sempre de um modo debochado. Ou até “papai ainda não te matou porque, garotinha inútil?”, “já sabemos bem porque o pai é tão revoltado, ter uma filha dessas...” – ah... Há tantas piadas, tantas formas de me ofender. E eu só ouso e de noite, quando coloco a cabeça no travesseiro, eu choro.

Esses dias, eu tentei me matar. Mas, minha mãe me impediu.

Ouvi o sinal da escola soar e alguns passos do lado de fora. Tentei olhar pelo buraquinho do armário, mas, não consegui ver nada. E voltei a me encolher, enquanto ouvia tantas risadinhas e comentários ridículos.

Ouvi um barulho na porta de meu armário, mas, deveria ser algum engraçadinho.

Me despertei, vendo a porta se abrir, o que me fez cair praticamente nos braços de algum menino. Thomas.

- Nina? – ele me olhou espantado, enquanto eu me arrumava a sua frente. Ele fitou meus pulsos vermelhos e olhou em meus olhos, que deveriam estar totalmente inchados. – O que está fazendo aqui? – senti o mesmo passar seu dedo pela minha bochecha e eu estremeci.

- Eu... Eu... Me desculpa, Thomas. – tentei segurar as lagrimas que queriam cair de meus olhos. – Esse... Esse armário é seu? – apontei pro mesmo atrás de mim. Thomas assentiu.

- O que estava fazendo aí dentro? – ele me olhava atento. Talvez com pena ou com solidariedade. Eu não queria que as pessoas tivessem dó de mim. – Te... Te prenderam aí? – perguntou, calmo... E eu, apenas assenti, enquanto deixava as lágrimas rolarem.

- Porque fazem isso comigo? O que tem de errado comigo? Porque a minha vida é assim?  -falei em disparada. Olhando para o meio sorriso nos lábios do garoto a minha frente. Não era de deboche... Era... Era apenas um sorriso de aconchego.

- Ah... Venha aqui. – ele me puxou, me envolvendo em seus braços, me abraçando forte.

Retribui o abraço, fazendo ele me apertar mais ainda em seus braços. Acho que era disso que eu precisava. De um abraço.

Foi nesse minuto que eu percebi. Que o mundo, pode ter muitas pessoas maldosas, mas, vai haver sempre alguém, que vai conseguir te fazer bem. Thomas me faz ter esperanças de um mundo melhor. Me faz pensar, que no mundo, ainda existem pessoas boas. Como ele.

- Está bem agora? – ele partiu o abraço, segurando em meu queixo.

- Eu vou ficar. – tentei sorrir.

- Vá limpar o rosto. Sem querer ofender, mas, está com uma cara horrível. – ele riu, me fazendo rir junto.

- É... Eu sou horrível. – murmurei, virando de costas.

- Ei, ei... – ele segurou meu pulso, me fazendo virar de volta pra ele. – Horrível? Você não é horrível, Nina. Pelo contrario, você é linda. Tanto pro dentro, como por fora. – ele sorriu, apontando pro meu peito. Acho que queria dizer sobre meu coração.

- Obrigado. – disse praticamente sussurrando.

- Pena que muitas pessoas são incapazes de enxergar isso. – falou, enquanto se aproximava e beijava minha testa.

Eu apenas sorri pra ele. Tentei dar o melhor sorriso que eu conseguia e saí dali indo em direção ao banheiro. Fui de cabeça baixa. Se alguém olhasse em meu rosto, poderia ver o quanto chorei essa manha. Meus dias, não eram dos melhores. Acordo com meus pais brigando e barulho de coisas quebrando na cozinha e vou dormir após ter tido uma noticia de que meu maior amor passou mais um dia feliz com a sua namorada perfeita. Coisa que eu nunca vou ser, perfeita. Eu sofro tanto e faço tanto por ele... E o que recebo em troca? Apenas fotos dele se agarrando com a namorada em algum lugar público ou algo assim. Eu... Eu só tenho medo. Medo de nunca tê-lo. Nem que seja só por um segundo.

O engraçado é que sofremos por quem mal sabe que existimos e que nos esquecemos de dar valor naqueles que tanto nos ajudam. Que sempre estão com nós.

Bom, entrei no banheiro, ouvindo alguns comentários e risadinhas de umas garotas patricinhas que estavam por ali. Levei um tapa na cabeça e um chute no tornozelo, mas, tudo bem. Eu sou forte. Me olhei no espelho, vendo meu rosto inchado, meus olhos totalmente vermelhos e minha expressão de tristeza profunda. Pude ver meus braços arranhados e olhei meus pulsos marcados e vermelhos, de tanto bater na porta daquele armário.

Suspirei e liguei a torneira. Passei um pouco de água pelos meus braços e deixei ela cair sobre meus pulsos doloridos. Joguei água varias vezes em meu rosto, tentando tirar meu estado de quem parecia ter chorado um rio de lagrimas. Respirei fundo.

Desliguei a torneira e puxei alguns pedaços de papel, secando meu rosto e meus braços.

- Ah, aí esta você, Nina! – olhei ao lado, vendo Aline me surpreender com um abraço apertado. – Eu te procurei o primeiro horário inteiro e não te achei. Onde se meteu? – ela perguntou, se separando do abraço e me olhando bem atenta.

Vi seu sorriso sumir do rosto.

- Devia ter me procurado dentro dos armários. – suspirei, voltando a olhar meu reflexo no espelho.

- De novo, Nina? Quem foi que tem prendeu lá? Ah, eles vão se ver comigo... – ela já ia saindo do banheiro, tirar satisfações com quem nem ao menos ela sabia.

- Não! – a segurei pelo ombro e elas se virou, me fitando. – Deixe quieto. Não quero mais preocupações. – funguei, e pisquei algumas vezes, tentando fazer com que as lagrimas não caíssem mais.

- Vai ficar assim? Olha seu estado Nina! – ela apontou pros meus braços. – Deixar quieto? Até quando vai deixar simplesmente quieto? Vai deixar que eles façam isso com você? Aliás, como saiu de lá? – ela disse em disparada. Nervosa e falava rápido. Quase não consegui entender.

 - Calma... Calma... – tentei sorrir. Impossível. – Thomas me tirou de lá. Na verdade, haviam me prendido no armário dele. – ergui os ombros.

- Pelo menos algo bom... Thomas te tirou de lá! – ela sorriu travessa e bateu de leve no meu ombro.

- Ele deve achar que sou uma louca problemática. Toda vez que me vê, ele só me vê chorando ou algo assim. – eu ri e ela riu junto.

- Viu? Você tem que esquecer aquele... Justin, sabe que ele é um cantor e nunca vai conhecer você... –

- Opa! Aline, lembra da nossa conversa? Jamais diga que eu não vou conhecê-lo! – a empurrei de leve.

- Não posso mentir, Nininha querida. – riu

- Não acabe com a única esperança de algo bom que eu possa ter na vida, Aline. – disse com um meio sorriso.

Ela revirou os olhos, mas depois concordou. Ela sabia o quanto era importante e sabia como minha vida era. Vazia.

Aline me emprestou seu Iphone, que ela havia ganhado no natal... Ela se me emprestava ele. Sempre me deixava entrar no twitter ou ver alguma novidade sobre o Justin.

Antes de entrar na sala de aula, acessei um dos sites de noticias dele. Fui rolando a pagina e só via coisas como: “Justin Bieber e Selena Gomez em momentos pessoais”, “Justin e Selena aos amassos em tal lugar”, Justin vai cantar no show de Selena?”, “Suposta foto de Justin e Selena” e mais um monte de blábláblá.

Sabe o que eu mais odiava? É que eu entrava nesses sites pra ver coisas somente do Justin e acabava vendo coisas sobre Selena também. Eu não queria ver nada, exatamente nada sobre ela. Eu queria ver coisas sobre ele. E isso era o que mais faltava nesses sites hoje em dia. Não havia mais noticias sobre o Justin. Não havia mais nada sobre ele. Selena estava sempre metida no meio. Não que eu a culpasse de algo, mas, eu sou fã de Justin, não dela. E eu não apoio o namoro dele. Não apoio.

Eu queria chorar, gritar ao mundo toda a minha dor. Tudo que eu sentia. Toda a raiva, toda a tristeza. Não apenas por causa de Justin, mas, sobre a minha família também. Sobre tudo.

Eu apenas entrei na sala de cabeça baixa e fui até o meu lugar. Quieta. Em silencio profundo.

Eu faria qualquer coisa, pro meu coração parar de doer.

- Hey, Nina... Ta melhor? – Thomas se virou, me fitando por um momento.

- Ahn... Acho que sim. Eu sempre fico. – sorri. Por mais que fosse um sorriso falso, eu sorri. Thomas, já havia se virado pra frente. – Ah, Thomas... – murmurei.

- Sim? – se virou novamente.

- Obrigado por ser o único que mostra se importar ao menos um pouco com isso. – sorri.

- Estarei aqui sempre que precisar, pequena. 


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Notas finais do capítulo

E ai... Gostaram? Odiaram? Ta muuuuito dramática? SUAHSUAS, pra falar a verdade, eu gostei de escrever esse capitulo. Acabo até desabafando aqui no meio da fic, pois é.
Sugestões? Reviews? Recomendações? Obrigado por tudo, minhas gatinhas. NHAC :33
até o proximo.