Where Are You Now? escrita por Kaah_1


Capítulo 4
Apenas um sonho.


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas, postei. Né? USHAUSHAUSH *-*



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Era outono. Percebi isso pelas folhas amareladas que caiam da arvore.

Nós corríamos. Eu não sabia exatamente onde estávamos. Poderia ser uma floresta, uma chácara ou um sitio. Mas, eu não liguei. Sentei-me embaixo da arvore de folhas amareladas e ri. Tomei fôlego depois de uma longa corrida. Justin logo se sentou ao meu lado, respirando ofegante. A vista era linda. Da onde estávamos sentados, podia-se ver a colina verde e um rio e uma cachoeira cristalina lá embaixo. O sol estava fraco, parecia ser um fim de tarde e ele estava se escondendo atrás das colinas.

- Faça um pedido. – Justin tirou um cílio que caía sobre minha bochecha e eu ri.

- Quero que esse momento nunca termine. – sorri a ele e logo após assoprei, vendo o cílio sumir de sua mão.

- Ótimo pedido. – ele se ajeitou mais ao meu lado. Eu deitei minha cabeça sobre o seu ombro e logo pude o sentir afagar meus cabelos carinhosamente. O que me fez sorrir muito.

Suspirei profundamente. Ouvia o barulho calmo da água da cachoeira cair e as folhas amarelas caírem sobre nós e voarem com o vento. A árvore estava quase sem folhas, e isso significava que logo seria inverno. Senti-me um pouco com frio, após um vento bater sobre nós. Justin pareceu perceber e então, envolveu os braços por minha cintura e me abraçou forte, como se tentasse me proteger de algo. Levantei minha cabeça para fitá-lo e pude ver seu cabelo esvoaçar com o vento, enquanto ele observava atentamente a paisagem. Era tão lindo vê-lo ali, comigo. Eu desejava que aquilo nunca mais acabasse, que fosse eterno. Que ele fosse só meu. Queria ficar naquele lugar, naquele paraíso, para todo sempre.

- No que está pensando? – perguntei, sorrindo feito boba. Ele virou seu olhar pra mim.

- Em você. – ele abriu um sorriso.

- No que está pensando sobre mim? – passei a mão pelo seu rosto, tentando senti-lo.

- Em qual é o seu segredo. – riu.

- Segredo? Que segredo? – perguntei desentendida, e recolhi minha mão no mesmo momento.

- É tão perfeita, Nina. – sorriu, suspirando e levou uma das suas mãos até minha nuca, puxando meu rosto pra mais perto do seu.

- Eu? Eu não sou. Sou toda errada, Justin. – ri, revirando os olhos e ele apenas sorriu de canto, fitando meus lábios.

- Faz o meu mundo perfeito, pequena. – disse baixo, como se fosse um segredo e logo após selou nossos lábios com carinho. Eu queria que aquilo durasse, eternamente. Era bom... Bom sentir como seus lábios tocavam os meus, como sua mão passeava por meu corpo e me abraçava de uma forma tão carinhosa que me deixava boba.

Era tudo tão perfeito. Cada toque era mágico, inacreditável e...

- Nina? Nina! Acorda Nina! – ouvi alguém me chamar e me senti ser chacoalhada.

Abri os olhos rapidamente, vendo minha mãe parada em minha frente. E eu... Quis chorar. Lembrando do lugar e do meu sonho perfeito. Não havia passado de um sonho.

Me sentei na cama rapidamente e tentei segurar as lagrimas que queriam cair. Porque no mundo dos sonhos tudo é tão perfeito? Porque aquilo não podia ser real? Parecia tão real. Tão incrível e bonito. Por favor, me deixe dormindo e sonhando pra sempre. Ao menos nos sonhos eu posso ter ele. Ao menos, nos meus sonhos, tudo é perfeito.

Ás vezes, eu realmente não queria acordar. Queria ficar dormindo.

- Hey, querida... Acalme-se. – minha mãe me aconchegou em um abraço. E foi aí que eu percebi que eu chorava, feito um bebê. – Porque está chorando, minha menina? – ela perguntou com a voz serena.

- É que... Eu tive um sonho. – respondi baixo.

- Era um pesadelo? – ela perguntou, se afastando e me fitando nos olhos.

- Não. Estou chorando porque era um sonho bom, perfeito na verdade... E eu queria que ele fosse real. – limpei algumas lagrimas que escorriam pela minha bochecha e fitei minha mãe.

Minha mãe me fitava com um olhar triste. Seus olhos estavam úmidos, cheios de tristeza e horror. Seus braços estavam roxos, cheios de marcas e hematomas. E seu rosto... Ah, seu rosto... Sua bochecha também tinha um hematoma. Sem contar que minha mãe estava mais pálida que o normal e muito, muito magra.

Papai já nos atormentava a um longo tempo. E acho que mamãe chegaria há um pouco que estaria tão fraca, que morreria se ele continuasse com tudo isso.

- E o papai? – perguntei com a voz baixa, com medo da resposta. Muito medo.

- Foi embora. Ainda bem. – ela sorriu, sem humor. Um sorriso sem vida. Apenas, um sorriso de dor e aconchego.

- Pra sempre? – levantei meu olhar, a fitando. Esperando um “sim, foi-se pra sempre, querida.” Mas, eu já devia saber desde o inicio, que nada é como eu queria que fosse.

- Sabe que não é pra sempre. Infelizmente. – minha mãe fungou e colocou uma mexa do meu cabelo atrás da orelha.

Ela parecia querer chorar. Mas, sempre se mostrava forte em minha frente. Já disse que ela não precisava disso. Assim como ela cuidou de mim, eu estaria ali para cuidar dela.

- Porque não o denunciamos, mãe? Seria tão mais fácil! – disse entusiasmada. Sorrindo um pouco mais. Afinal, era uma grande idéia.

- É. Seria. Mas, você sabe que nada é fácil na nossa vida, não é, Nina? – ela suspirou e se ajeitou na cama, se sentando de frente pra mim, com perna de índio.

Eu queria poder dizer que sim, era muito fácil. Nós podíamos denunciá-lo e ele seria preso. Simples. Fim de papo e ele até poderia pegar uma prisão perpetua. Ou quando saísse de lá nem nos encontrasse mais por aqui. Mas, a verdade é que mamãe estava certa.

- Tem medo dele, não é? – perguntei, franzindo a testa. E ela apenas me fitou, segurando o choro.

- Tenho. Sabe que tenho. – suspirou e segurou minhas mãos. – Não podemos denunciá-lo. Lembra-se das ameaças? Se denunciarmos ele, sabe que nos mata antes da policia o pegar. – disse, preocupada. Que vida incrível a nossa.

- Mãe, se ele fosse nos matar, já teria feito. – praticamente gritei e minha mãe fez um gesto pedindo para que eu falasse baixo.

- Não podemos arriscar.  Estou tentando te proteger, Nina. Sabe disso. – ela respondeu baixo, como se fosse um segredo.

- Não pode me proteger se isso significa... Significa que você fique nesse estado todo o dia! – eu disse, apontando para os seus braços e rosto cheio de hematomas.

- Querida, não se preocupe. Deite-se... Vai ficar tudo bem com a gente. – ela tentou sorrir, mas, não era um sorriso tão verdadeiro.

- Não vai mãe! Não podemos viver nesse inferno todos os dias! – gritei.

- Shhh... Vai ficar bem... Vai ficar. – ela disse em um sussurro e já se levantou da cama, saindo do quarto.

Eu? Apenas me deitei sobre a cama e derramei mais lagrimas. Lagrimas pelas coisas que eu queria que fossem real e pelas coisas que eu queria que se concertassem. Chorei. Como sempre. Eu só choro. Só desejo, só imagino e sonho. E nada, nada muda. NUNCA.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Me digam, amores *-*
Obrigado por todos os reviews :333