Fogo Grego escrita por Petrov


Capítulo 5
Capítulo 2 - Lune, o eterno solitário (parte II)


Notas iniciais do capítulo

Lune decide provar para Sellene que a Grande Linhagem Sanguínea ainda existe e seu paradeiro é desconhecido desde a época da 2º Guerra Mundial, apenas Elliot sabia desse segredo e logo Sellene e Lune serão obrigados a pensar em uma maneira de rastreá-los, antes que seja tarde.



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_Vamos, talvez eles não sintam nosso cheiro se estivermos lá dentro.

Sellene sumiu em uma fração de segundo Sellene havia sumido pela “porta” da frente deixando Lune sozinho do lado de fora, sem perder tempo Lune correu e entrou na casa a tempo de ver 5 lobisomens virarem a esquina e passarem perto da casa.

_Estão sentindo esse cheiro? O lobisomem moreno e tatuado disse aos outros quatro.

_Que cheiro Dylan? Não consigo sentir cheiro nenhum.

_Mortos, vampiros eles estão perto, posso senti-los, diria até que estão nos observando.

_Não seja tão neurótico, tivemos uma noite agitada, você precisa apenas se alimentar para recuperar um pouco do juízo.

Lune e Sellene puderam ver a expressão de satisfação e animação na cara de Dylan ao ouvir a frase “você precisa se alimentar”.

_Vamos Dylan, caçar alguns humanos, estou faminto e precisamos nos alimentar.

O pequeno grupo virou a rua e sumiu em meio à escuridão e a névoa que começava a se formar, deixando Lune e Sellene sozinhos outra vez. Saindo de trás da enorme coluna de mármore Lune encarava Sellene ainda atônito. Sellene que quebrou o silêncio que agora parecia ter se abatido por toda cidade.

_Pois bem, explique-me o que te trás aqui Lune, estou preocupada com nossa espécie.

_A Grande Linhagem Sanguínea, preciso de informações sobre ela. Lune estava aflito e ansioso ao mesmo tempo.

_Como todos nós sabemos, a Grande Linhagem Sanguínea sumiu há menos de um século, logo após o término da Segunda Grande Guerra. Desde então não se sabe se existem descendentes diretos e indiretos.

_Há descendentes aqui em Londres, segundo algumas anotações que eu encontrei em um velho diário. A Grande Linhagem hoje possui apenas dois humanos, os dois últimos da linhagem e os únicos que possuem o sangue mágico.

_Isso é impossível, nós saberíamos. Sellene agora parecia interessada no assunto e até flash de animação pareceu brilhar em seus olhos.

_Eu encontrei esse diário, o diário de Mary Oxley, a última descendente viva que sem tem notícias. Lune tirou do bolso um pequeno livro antigo, com capa de couro. Cheirava a couro velho, um cheiro que agradava Sellene e trazia-lhe muitas lembranças de sua vida como humana.

_Leia essa passagem, ela prova que há descendentes vivos. Só precisamos encontrá-los. Lune entregou o pequeno diário na mão de Sellene, apontando para uma página, umas das últimas, a qual estava manchada e amassada, como se houvesse sido lida e relida várias e várias vezes.

1 de setembro de 1944

Falta pouco, posso sentir isso, sei que em breve, em questão de dias finalmente darei a luz aos meus pequenos filhinhos que já são muito amados. Infelizmente terei de encontrar um esconderijo melhor, para poder criá-los até o fim dessa longa guerra.

Meu querido amigo Elliot está me ajudando com as coisas, porém ele não poderá tomar conta de mim para sempre. Tenho que manter esses bebês em segurança, eu sei que um dia nossa linhagem será útil em alguma coisa, porém não sei ainda em que.

O “oráculo” apenas disse que esses bebês, seriam os responsáveis por dar a continuidade à linhagem. Tenho medo de que não consigamos sobreviver a essa guerra. Milhões de vidas já foram perdidas e as coisas aqui na Áustria estão ficando cada vez piores. Elliot é otimista e me enche de confiança fazendo-me acreditar que essa fase ruim de nossas vidas irá passar. Espero que ele esteja certo. Estamos pensando em partir para a Itália em alguns meses, talvez as coisas estejam melhores lá. Elliot continua a dizer que seria loucura permanecer aqui por mais tempo.


Sellene olhou diretamente nos olhos de Lune e ele pôde ver o espanto em seus olhos.

_Agora leia isso. Revirando mais algumas páginas Lune apontou para uma página menos amassada e manchada que a anterior.

15 de outubro de 1944

Os bebês estão com pouco mais de 3 semanas de vida e Elliot acha prudente partimos amanhã antes do nascer do sol. Como vampiro ele disse que pode fazer com que eu chegue em poucas horas no norte da toscana e que a viajem não será muito cansativa, uma vez que ele praticamente nos carregará.

Ontem à noite estávamos pensando em nomes para os bebês, e os escolhemos. Segundo Elliot o garotinho deve se chamar Alex, nome de meu irmão morto na primeira grande guerra, e a garotinha se chamará Valentina, nome que segundo Elliot vem do latim e significa Forte. E eu sei que tanto ela quanto Alex serão as crianças mais fortes que eu já conheci e que eles farão grandes coisas e serão pessoas boas.

Elliot está animado para partir para a Itália, segundo ele, no momento é um dos lugares mais seguros e que vampiros não estarão atrás de nós. Porém a guerra também ainda está presente lá, eu acredito que no momento toda a Europa está mergulhada em desespero e que todos rezam apenas por uma única coisa, que essa guerra chegue ao fim e que todo sofrimento e derramamento de sangue cessem.

Paolo está chorando nos braços de Elliot, ele deve estar com fome, Elliot é o melhor amigo que qualquer humano poderia ter, ele também é bem jeitoso com os bebês e os ama como se fossem sua própria carne. Ele também me prometeu, mesmo contra minha vontade, de que cuidará e protegerá essas crianças e seus descendentes através dos séculos. Ele realmente é um grande amigo e o tenho como a um irmão, amigo, companheiro que cuida de mim nos momentos mais difíceis. Ele às vezes também tem um espírito de criança e chego a me esquecer que ele tem 4 mil anos de idade e de todos os problemas que nos cercam.

Estamos em tempos difíceis, talvez isso seja ótimo não só para nós, mas para as crianças também.


Sellene fechou o pequeno caderno em suas mãos e virou-se na direção da janela, encarando a lua que começava a surgir no céu negro como carvão. Seus olhos eram meio vagos, o que indicava que ela estava pensando e refletindo sobre o que havia acabado de ler.

_Precisamos falar com Elliot e rápido. Não podemos perder tempo. Você sabe o que significa isso Lune? Finalmente depois de décadas poderemos provar que a Grande Linhagem ainda existe e que acima de tudo corre perigo.

_Esse é o pequeno problema Sellene. Elliot está morto. Ele fazia a patrulha no monte Elbrus junto com os demais quando Erick se libertou. Sinto muito.

Uma rajada de espanto e dor tomou conta de Sellene fazendo com que sua expressão vaga e seu olhar vazio, se enchessem de fúria e de dor. Sua expressão estava contorcida em um misto de dor e de incredulidade.

_Elliot, não pode ser. Sellene fechou os olhos por um momento e os abriu. Segurando as lágrimas que lutavam em se libertar. _Ele foi meu amigo por quase 800 anos, como tudo pôde terminar assim? Não consigo acreditar.

Lágrimas começavam a escorrer pelo rosto de Sellene, manchando-o de vermelho, dando-lhe um ar sombrio. Lune a abraçou e afagou seu cabelo enquanto Sellene soluçava como uma criança pequena que acabou de se machucar.

_Acharemos uma maneira Sellene, e juntos vamos vingá-lo. Eu te prometo. Juntos nós acharemos esses dois humanos que restaram da Grande Linhagem e impediremos que ela seja destruída.

Sellene afastou-se, e seu rosto agora estava muito mais manchado do que antes, e seus olhos estavam violetas e com ar ingênuo.

_Sentirei falta dele Lune, ele foi um grande amigo.

_Também sentirei falta, ele foi um ótimo amigo e conseguiu cumprir sua missão até onde conseguiu. Ele foi um herói Sellene, temos que ter orgulho disso.

_Eu sei, ele foi um homem honrado. Sellene olhou para o chão e ficou um bom tempo de cabeça baixa. _Os outros já sabem? Quero dizer, eles devem saber, eram seus amigos também.

_Creio eu que já sabem, ele antes de morrer mandou uma mensagem telepática, e creio que ele enviou para todos nós.

_Eu não recebi a mensagem dele. Sellene agora encarava a lua novamente e com olhar de desgosto.

_Não tenho certeza se todos receberam, Erick pode ter bloqueado parte da mensagem. Querendo ou não, ele tem poder e meio de fazer isso.

_Eu sei, isso que temo, por isso devo proteger Josh.

_Josh? Quem é ele Sellene. Lune estava curioso e não havia conseguido conter a pergunta.

_Um amigo humano, que compartilhou sangue comigo há pouco tempo. Sellene pareceu ficar um pouco constrangida por ter essa ligação com um humano, o que vampiros consideravam estranha.

_Se eu não te conhecesse bem, diria que você gosta dele. Lune abriu um largo sorriso irônico e encarava Sellene.

_Não começa Lune, apenas somos amigos.

Lune olhou maliciosamente para Sellene, como que se quisesse insinuar alguma coisa e então se virou dando as costas para ela.

_Eu conheço esse seu olhar senhor Lune, e não gostei nada.

_Não fiz nada querida, apenas olhei para você como olho para todos.

_Uhum sei.

Lune virou-se novamente para Sellene, e com olhar inocente disse.

_Vamos dar uma volta pelo bairro? Afinal faz um tempinho que não ando por essas bandas. Na verdade faz décadas.

Sellene sorriu e fez um aceno de cabeça, e desapareceu pela janela deixando Lune pra trás, esse por sua vez sumiu por meio a névoa que agora encobria parte da rua junto com a escuridão.


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