Vida De Monstro - Livro Um - O Começo escrita por Mateus Kamui


Capítulo 9
IX - Michael


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo ai pra voces, no fim de semana vou ter uns aniversarios pra ir e alem disso minhas aulas ja começam semana que vem entao todos os lançamentos de novos capitulos podem demorar mais do que o esperado



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IX – Michael
Acordei por volta das seis, nem sabia como tinha dormido, simplesmente cheguei ao quarto e apaguei, eu acordei me arrastando para o banheiro, eu não queria ir para o colégio hoje, eu nunca quero ir para o colégio, mas como fiscal o diretor fazia questão que eu fosse um aluno exemplar, algo que nem em mil anos eu seria.
Depois de um rápido banho meio que forçado me vesti e fui para o colégio, na verdade fiquei deitado na minha arvore de frente, não tenho a mínima idéia de quanto tempo se passou, mas pelo sinal que não parava de tocar parecia que já iria começar a primeira aula, que saco não tenho tempo nem mais para dormir.
Andei um pouco e passei pela sala da minha irmã doidinha e por algum motivo não vi ela sentada na frente, ela sempre se sentava na frente e parecia que estava sentada ali já que seu material estava na carteira, mas não ela, mas ignorei o caso e fui para a minha sala, o professor estava ensinando alguma coisa que eu estava pouco me lixando para o que era e os alunos cochichavam alguma coisa que não sabia o que era, mas então eles pararam com os cochichos e ficaram só me olhando, parei no meio da sala ainda com minha mochila nas costas e falei descaradamente:
-O que foi babacas nunca me viram não foi?
-Ora então isso significa que o grande fiscal não sabe o que esta acontecendo? – falou alguém da frente
-O que quer dizer?
-Sobre a sua irmã, a outra fiscal bonitinha – falou um babaca que estava a poucas carteiras de mim 
Com um simples movimento do meu braço agarrei a garganta dele e o apertei contra as costas da carteira, ele parecia ofegante, mas não me importei e continuei a apertar:
-O que quer dizer com isso seu babaca?
Um outro aluno me jogou seu celular, um vídeo estava passando nele e o conteúdo não me alegrou nem um pouco, o vídeo mostrava minha irmã quase beijando aquele monstrinho de merda que soltava fogo, William, sim eu agora me lembrava muito bem do nome do cara que se escapou dos meus tiros, e agora estava pedindo por mais.
Eu larguei o cara que estava quase matando enforcado e o joguei para longe, joguei minhas coisas bem em cima da carteira e já ia sair da sala para averiguar sobre o conteúdo do vídeo quando o professor segurou no meu ombro tentando me segurar:
-Senhor Winchester para onde pensa que vai? – ele perguntou como se tivesse autoridade alguma para cima de mim
-Pra onde eu quiser professor – falei olhando-o nos olhos, ele tremeu de medo com meu olhar e rapidamente soltou meu ombro
-Você pode sair, eu permito, mas que não me falte com respeito novamente entendeu?
Ele tentou colocar alguma autoridade na voz, mas ele estava tremendo tanto que achava ate que ele ia mijar nas calças, aquele idiota realmente pensava que tinha algum tipo de moral comigo, que babaca. Eu já ai sair da sala quando uma voz entrou na minha cabeça e eu sabia de quem era aquela voz:
-Que tal voltar para sala Michael? – era a voz do diretor – se você se comportar podemos conversar sobre o tal vídeo no final das aulas, e não se preocupe eu darei um jeito no vídeo para que seu pai não o veja, não quero que nada o atrapalhe durante o trabalho que o mandei fazer
Eu dei de ombros, não se podia discutir com aquele cara, não com ele, uma vez que ele diga algo ou você obedece ou obedece, então andei lentamente para o meu lugar e ainda escutei o professor dizendo em voz baixa:
-Eu sabia que ele me obedecia – ele disse o mais baixo possível para que eu não escutasse, mas não funcionou e só não falei poucas e boas por culpa do diretor
Sentei-me na minha carteira, mas não prestei atenção na aula de propósito só para o professor saber que não tinha moral alguma comigo e ele não reclamou disso, o toque soou e ocorreu a mudança de professores, nada demais já que eu não ia prestar atenção na aula de qualquer forma, eu então peguei um caderno que havia dentro da minha mochila, mas não era para anotar o que o professor colocava na lousa, mas sim para algo que eu não fazia já a um bom tempo.
O caderno era velho, eu o tinha ele desde pequeno, ele era uma espécie de fichário então eu podia colocar nele quantas folhas eu quisesse, eu abri a primeiro pagina, um velho desenho do Goku de Dragon Ball, só que era ele mais novo do tempo que ele ainda usava seu bastão mágico e voava na nuvem voadora e por acaso era isso que ele estava fazendo no desenho, então passei para a outra pagina, um desenho do Seiya do cavaleiro do zodíaco lutando contra o Ikki, então passei mais uma folha, era uma junção de vários heróis de tokusatsus japoneses fazendo suas poses, tinha changeman, Ultraman, Jiraya, Power ranger e alguns outros, aquele era meu velho caderno de desenhos que eu tinha ganho ainda quando morava com minha verdadeira família, desde bem pequeno minha mãe me incentivava a desenhar dizendo que era um dos meus dons e vendo os desenhos do caderno eu realmente concordava com isso, eu desenhava aquele caderno para passar o tempo quando era pequeno, mas com o passar do tempo se tornou um local para eu despejar toda a minha fúria, a prova disso era que depois dos desenhos infantis de personagens de animes e tokusatsus vinha uma coleção de desenhos de monstros, vampiros, lobisomens, ogros, trolls, goblins e ainda outros; as paisagens bonitas e desenhos de famílias sorridentes foram substituídas por desenhos de pântanos e florestas mortas com vários cadáveres ao redor, e depois de algum tempo o caderno não era mais uma forma de descarregar a raiva que sentia de uma maneira efetiva então me voltei apenas para os treinos de tiros e a caçada de monstro que aliviavam melhor minha fúria me esquecendo totalmente da melhor época da minha vida.
Eu saí da pagina com desenhos grotescos e fui para a parte de desenhos infantis de novo, de algum jeito aquilo me deixou com um estado de espírito bom e ate me acalmou um pouco, eu não queria assumir, mas eu realmente era bom em desenhos, passei a mão por alguns desenhos como se esperasse como se então eu fosse voltar no tempo para o dia daquele desenhos, para os dias felizes quando eu não vivia só no ódio e no desejo de vingança e sim de momentos em família rindo e vendo animes, hoje em dia para mim rir era raro a não ser que eu matasse algo e ver animes para mim era proibido, era desenho animado e apenas crianças viam desenhos animados, mas eu tenho que dizer que sinto saudade de ouvir o Goku mandando um kame hame há ou então o Seiya mandando um meteoro de pégaso, aquilo sim era vida, ver os caras com roupas que saiam faíscas mesmo não sendo de ferro e os heróis imortais que quanto mais apanhavam mais forte ficavam.
Eu então peguei um lápis de dentro da mochila, outra coisa que eu não tinha idéia de como aquilo foi para dentro da minha mochila já que eu não levava nada pra sala então também não sabia como o caderno também tinha aparecido ali já que ate que me lembre eu tinha o deixado na casa do velhote do meu novo pai, mas isso não importa agora, eu só queria era desenhar e pronto.
Em passei todo o resto do tempo em um único desenho ate mesmo quando deu o toque para o intervalo, eu estava muito focado no desenho e somente algo muito importante me tiraria dali, ate que uma sombra cobre o meu caderno, a sombra estava me impedindo de desenhar então olhei para cima para ver quem a fazia, era uma garota, ela tinha cabelos negros e olhos azuis e usava um óculos de armação meio antiga alem de um piercing no lábio inferior, eu já a tinha visto outras vezes, era dita como uma das nerds da sala, uma das melhores do segundo ano e antes de vir para cá tinha sido campeã de varias olimpíadas escolares alem de concorrer a um premio estudantil por um trabalho da feira de ciências dela que tinha a ver com energia, eu não tinha a mínima idéia do que era o projeto e muito menos o nome dela, na verdade eu acho que não sabia o nome de ninguém daquela sala:
-Oi, eu sou Ella – ela disse meio envergonhada
Simplesmente virei a cara tentando ignorá-la e fazê-la sair de perto de mim:
-Bom desenho – ela disse apontando para o meu desenho, era uma espécie de mistura de kenshin do samurai x com só que mais alto e musculoso e usava uma roupa samurai toda rasgada com exceção da calça e portava uma katana enorme, ao seu redor vários adversários estavam caídos, chovia bastante com exceção do local em que o samurai estava que havia um raio de luz saindo de entre as nuvens na direção dele, na verdade o desenho não era tão bom assim, no caderno tinha desenhos melhores, mas não podia fazer melhor, eu estava muito fora de forma com relação a desenhos
-Nem é tão bom assim – falei – já fiz melhores
-Posso ver?
-O que?
-Os outros que você diz serem melhores
-Por que? – perguntei meio desconfiado, a única coisa que aquele povo da sala falava comigo era ofensas e mais ofensas
-É que eu também desenho – ela pegou um caderno que estava nas costas dela, o caderno era rosa com figuras de caveiras e kanjis japoneses colados, então ela mostrou uns desenhos, uns eram de um ninja, naruto eu acho o nome, outro era de um cara com uma katana negra, ichigo acredito eu, não estava enturmado com os animes da atualidade, mas ainda sabia de uma coisa ou de outra. 
Mesmo não querendo assumir ou não ela era boa, na verdade na minha opinião era melhor ate do que eu, folhei mais um pouco o caderno, encontrei mais alguns desenhos de personagens de animes famosos tipo one piece e death note alem de personagens de tokusatsus, então eu cheguei em uma pagina azul como se separasse o caderno em duas partes, ela então tomou o caderno da minha mão na mesma hora:
-Não é bom que você veja essa parte
-Por que? – perguntei meio desconfiado
-Você ainda não me mostrou os seus
Fiquei meio relutante com isso, mas a cara que ela fazia era que nem de uma criancinha e ela ainda
me mandou aquele olhar do gato de botas do Shrek e não resiste a entregar pra ela o caderno, ela começou a folheá-lo vendo meus desenhos de quando era criança, queria ver quando ela chegasse na outra parte, ai sim ia ter alguém pra me chamar de estranho e de todos os outros xingamentos que os outros me mandam, e não demorou muito para ela chegar nessa parte.
Ela parou na primeira pagina, olhou bem para o desenho como se tentasse entender o motivo de eu ter mudado meu estilo de um dia para o outro, então continuou a passar as paginas, uma cena mais grotesca que a outra, mas ela não parava de olhar como se bem no fundo estivesse gostando do que estava vendo ate que ela chegou ao desenho que estava fazendo em sala, ela então fechou o caderno e soltou um longo suspiro, o que ela queria dizer com aquele suspiro, tinha gostado ou detestado, e ainda por cima por que eu me importava com o que ela pensava?
-Então – falei
-Então o que? – ela disse colocando o caderno em cima da minha carteira
-O que achou dos outros desenhos? – eu realmente queria saber a opinião dela sobre eles mais do que qualquer coisa, tinha ate me esquecido sobre o vídeo
-O que achou dos meus?
-Eu perguntei primeiro – ela riu em baixo formando um leve sorriso que me fez ficar mais feliz
-Certo você venceu, os desenhos dos animes são muito bons, mas então você muda para o tom meio melancólico e sombrio – eu sabia, lá vem as ofensas – e eu gostei ainda mais
-Como assim? – perguntei visivelmente surpreso
-Não sei é só que seus desenhos se tornaram mais sentimentais, era como se você tentasse por para fora tudo que sentia e ainda mais e nesse caso era uma revolta e um ódio crescente, como seus sentimentos se tornaram mais fortes, mesmo que fossem negativos, seus traços e idéias também só seguiram o embalo se tornando mais negativos, mas muito mais vivo e forte
-Se você diz – cocei o queixo, nunca pensei que alguém diria isso sobre aquelas coisas que ate eu me assustei um pouco ao rever
-Você faria sucesso como desenhista de manga ou designer de jogos sabia disso? – ela disse me olhando nos olhos e cada vez mais próxima, ela percebeu o que fazia e andou um pouco para trás – então o que você achou dos meus desenhos?
Eu parei para pensar um pouco, ela realmente era boa, não ela era excelente, muito melhor do que eu não minha opinião e depois do comentário que ela me mandou, que eu gostei querendo assumir ou não, eu tinha que mandar um a altura então pensei bastante e então surgiu aquele que digo ser o melhor comentário da minha vida para não dizer o contrario:
-Era bonitinho – falei me tocando da idiotice que disse tarde demais e só não me acertei um tiro com meus bebês porque eles não estavam ali
-Bonitinho? – ela perguntou me olhando nos olhos, aqueles olhos azuis pareciam me forçar a corrigir o que disse e dizer algo melhor
-Bem eu não sou tão bom em criticas e resenhas sobre coisas então não saberia dizer nada melhor – eu tinha sido sincero ao dizer aquilo, realmente não era nada bom em julgar as habilidades dos outros, mas julgar os outros eu era bom
-Ao menos você foi sincero – ela disse colocando as coisas dela na carteira e se virando na minha direção mantendo uma boa distância – gosto dos caras sinceros
Eu senti uma pontada no meu coração nessa hora, o rosto dela parecia ainda mais bonito, eu nunca tinha prestado “muita” atenção nela para não dizer que nunca prestei atenção nela, mas agora algo me dizia que não conseguiria para de prestar atenção nela, eu tentei fazer me levantar, mas nessa hora o toque para o fim do intervalo tocou e alguns alunos entraram em sala na mesma hora ela então se sentou no lugar dela ajeitando uma mexa de cabelo e naquele instante pareceu que todo o mundo tinha sumido e só aquele momento existia, mas então o barulho da porta ecoou no silencio da sala e mais pessoas entraram cortando todo o momento.
Eu não tirei os olhos daquela garota, nunca me esqueceria daquele dia e muito menos do nome dela, Ella, eu realmente me lembraria daquele nome para sempre e principalmente da dona do nome.
Depois de poucos minutos o professor entrou em sala e só para não perder o costume eu não assisti a aula, fiquei focado apenas em desenhar o resto do dia todo, alguns toques mais ecoaram simbolizando a mudança de professor, mas eu simplesmente ignorava ate que depois de um toque os alunos começaram a se levantar, pronto as aulas tinham acabado e eu poderia ter a conversa que eu queria com o diretor.
Todos saíram em rápido acompanhados do professor com exceção de Ella que ainda terminava de arrumar suas coisas e antes de sair me mandou um leve sorriso, eu me contive por um tempo, mas antes que ela saísse eu soltei um sorriso que tenho certeza que ela percebeu, pois sorriu ainda mais antes de sair.
Eu olhei para o lápis que estava nas minhas mãos, ele estava apenas um cotoquinho comparado com o que era no inicio do dia, eu olhei para as paginas do velho caderno, só haviam dois desenhos, um era um casal se beijando de baixo de uma arvore, a minha arvore de sempre, eles estavam sentados, ela apoiada sobre as pernas dele e ele a pegando pela cintura lhe cravando o tal beijo, eles pareciam felizes ali e eu não posso deixar de pensar que o cara se parecia comigo e a garota com Ella, me assustei com aquilo, mas me assustei ainda mais com o outro desenho, era um replica do meu antigo sonho, o vampiro e o lobisomem se enfrentando e a tal criatura aparecendo, eu tremi, não tinha a mínima idéia do porque desses desenhos, eu não me lembrava de tê-los feito, eu simplesmente fiquei rabiscando e eles surgiram do nada, aquilo tinha me assustado de verdade e olha que eu não me assustava fácil.
Joguei o caderno dentro da mochila e fui para a diretoria, nenhum professor estava lá hoje e se estivesse já tinha saído, o professor fitava a janela sentado na sua poltrona bebendo um copo de uísque:
-Finalmente – ele disse se virando para mim – estranhei sua demora, você não é de demorar o que aconteceu dessa vez?
-Nada demais – disse colocando as coisas em uma cadeira
-Nada de segredos Michael
-Você pode ler mentes, não a como ter segredos com você então já deve ver que não foi nada demais
-Isso você diz, mas seu coração diz outra coisa
-O que você quer dizer? – perguntei desconfiado
-Nada, vamos para o verdadeiro assunto dessa conversa, o tal vídeo, não se preocupe já cuidei para que ele não saísse daqui e pouco irei retirá-lo da internet
-Isso é impossível diretor, no momento em que algo entra na internet nem mesmo os estados unidos ou outros grandes países seriam capazes de impedir essa informação de transitar na rede
-Garoto isso é coisa de humanos, não me subestime
Eu ia protestar com ele, mas desisti, uma vez que ele diga algo esse algo sempre acontece independentemente do que seja, eu havia aprendido isso do jeito mais difícil então não contestava mais quando ele dizia algo, tendo o problema já resolvido de acordo com o diretor eu sai dali e fui para o meu lugar de sempre, a minha arvore.
Eu me sentei debaixo da arvore, algumas pessoas estavam por perto, mas ninguém iria me atrapalhar, puxei meu caderno relutante e peguei o meu cotoco de lápis, passei a pagina com o desenho do sonho e comecei a desenhar outras coisas, uma cena da segunda guerra mundial, uma luta de um samurai contra um pirata em cima de um navio velho, alem de uma cena, um trio de pessoas dentro de uma espécie de biblioteca velha, eles se encontravam de frente para um corredor com a letra grega delta maiúscula desenhada, depois desse desenho eu desisti de desenhar fui guardei minhas coisas, os desenhos estavam bons, mas ainda tinha que treinar com meus bebês para não perder a pratica.
Quando me levantei vi Amy e o tal de William andando na direção do colégio, eu não sabia o que eles planejavam, mas não ia deixar os dois sozinhos para fazerem uma cena parecida com a dos vídeos ou pior então como todo irmão ciumento e pé no saco faria eu segui os dois, eles andavam em direção ao colégio e depois entraram e seguiram em direção a sala do diretor, mas antes de chegarem lá o monstrinho falou:
-Da pra parar de nos seguir – ele se virou bem na minha direção mesmo eu estando escondido e sabendo que seria inútil me esconder então sai do meu lugar
-Michael – Amy disse – o que faz nos seguindo?
-Impedindo que a cena de antes se repita – ela ficou vermelha na hora e o monstrinho pareceu ficar envergonhado – e o que vocês estão fazendo?
-Indo falar com o diretor
-Isso eu já percebi, eu quero saber é o que vão falar?
-Vamos pedir uma permissão – Amy disse olhando para o monstro e ele só assentiu – nos queremos ir para a biblioteca subterrânea
-Por que você iria querer ir para aquele lugar?
-O que se ai fazer em uma biblioteca idiota? – falou William – a desculpe você nunca deve ter entrada em uma não é?
-Não me enche monstrinho de merda porque hoje estou de bem e não quero te matar, não agora, então não abusa – nos dois trocamos olhares e eu teria avançado em cima dele se Amy não tivesse ficado entre nós nos olhando feio – que seja você nunca vão conseguir mesmo a permissão
-Primeiro – falou o monstrinho de novo – eu sou um demônio não um monstro, e segundo por que não conseguiríamos a permissão?
-Ninguém pode entrar lá babaca, ninguém, com exceção do diretor e do vice-diretor, essa é uma lei antiga que só foi quebrada poucas vezes na historia e por motivos muito maiores do que acredito que tenham no momento
-Mas nos realmente precisamos ir lá – Amy falou com aquela cara de gatinho do Shrek, todas as garotas que eu conheço sabem fazer essa cara ou é só impressão minha?
-Que seja, podem ir falar com o diretor, mas eu digo e repito ninguém entra lá
Nós andamos mais um pouco e entramos na sala do diretor e como sempre ele estava na cadeira dele tomando uísque, ele então se levantou, deixou o copo em uma mesa ao lado e virou para nos e olhou cada um de nos de cima para baixo:
-A resposta para sua pergunta é não – ele disse voltando para a cadeira e pegando o copo
-Como é? – falou Amy – mas o senhor nem sabe qual é nossa pergunta
-Vocês querem entrar na biblioteca não é – ele falou rodando na sua cadeira e olhando nos olhos de Amy – então a resposta é não
-Às vezes me esqueço que o senhor pode ler mentes – Amy disse se sentando em uma cadeira da diretoria – mas eu não vou desistir tão fácil assim
-E eu não vou voltar atrás com a minha decisão – e eu sabia que ele não estava mentindo, nem mesmo o gato de botas verdadeiro usando a sua carinha seria capaz de mudar a opinião do professor pior a minha irmã – ninguém pode entrar lá que não seja eu ou seu pai lembre-se disso
-Mas nos realmente precisamos entrar lá e sei que o senhor sabe o porque
-Sim eu sei, mas isso não muda nada
-Por favor diretor eu tenho que saber a verdade, essa é a única lembrança da minha mãe e eu não sei nada sobre ela
-Eu sei como você se sente, mas vai precisar de um motivo muito, muito, muito maior para entrar ali
-Que tal um sonho estranho – o monstrinho disse olhando para o diretor – sei que você já deve ter acabado de ver o sonho na minha cabeça então você deve saber o que quero dizer
O diretor pareceu abalado com a reação do monstro, ou então com o tal sono, eu não sabia o que aquilo significava, mas para deixar o diretor com aquele rosto abalado deveria ser realmente ruim e não só ele fazia aquela cara, Amy também parecia visivelmente abalado com aquilo tudo, eu não estava entendo nada, mas era melhor continuar assim por hora:
-Mesmo assim não posso – ele disse meio reluto, mas eu sabia que na verdade ele ate queria permitir a entrada deles, mas não podia – apenas em casos realmente extremos
-Se isso não é extremo eu não sei mais o que – William disse com arrogância e ate um pouco de raiva
-Sim você sabe, as guerras etéreas, por exemplo, foi um desses momentos, se me lembro bem o seu avô morreu nessa guerra não é? – William ficou com um rosto bem estranho, era uma mistura de dor e ódio que só vi uma vez na vida, quando meus pais morreram e me olhei no espelho pela primeira vez eu estava fazendo uma cara igual a dele – nos temos que agradecer o Nero, sem ele nunca teríamos ganho a batalha contra aqueles deuses malditos
-Tem razão – William disse recuperando o rosto de sempre – mas diferente do meu avô nem todos ajudaram não é mesmo
-Tenho que assumir que não lutei muito na guerra, minha área foi outra, eu ajudei os humanos na sua caçada aos cultos pagãos e converti muitos, não era muito efetivo a curto prazo, mas na batalha que se aproximava quanto menos fieis melhor
-Por que? – Amy perguntou
-Os deuses são teoricamente imortais minha querida – dizia o diretor – eles não morrem já que são espíritos, mas graças a cultos e rituais eles podiam assumir carcaças carnais interagindo melhor com os humanos e com o mundo e eram imortais já que quando suas carcaças morriam eles viravam novamente espíritos, mas seus espíritos não iam para o céu pelas preces acumuladas permitindo que com o tempo eles recriassem seus corpos e voltassem a vida
-Provavelmente nunca teríamos ganho a guerra se não fosse pela ajuda dos humanos mesmo não querendo assumir – falou William e eu tenho certeza que ele não gostou do que disse
-Certo certo – disse Amy – já entendi o senhor só pode deixar as pessoas entrarem na biblioteca em momentos extremos como a guerra etérea, mas o que a biblioteca tem a ver com isso?
-Que tal um pouco de historia – falou o diretor bebendo mais um copo de uísque – a biblioteca que existe no subterrâneo dessa academia foi a primeira biblioteca da historia criada originalmente na cidade de Henoc, a primeira cidade da historia humana, fundada por Caim, lá também foi o berço das forjas, da escrita e da magia, Caim esperto como era pensou num jeito de preservar seu conhecimento para as futuras gerações e se utilizando de magia criou a biblioteca e certas criaturas conhecidas como arquivadores para supervisionar a biblioteca e cuidar de seus livros, mas não era só isso, eles também tinham a habilidade copiar tudo que já viram e atravessar coisas solidas então eles podiam ir para qualquer lugar e copiar os livros que quisessem e por serem invisíveis ninguém os viam, desse modo eles copiaram e arquivaram na biblioteca todos os livros da historia e aquele local é protegido por uma magia antiga impedindo a entrada e saída de tudo e todos sem a permissão de seu dono, nesse caso esse seria eu que já estou cuidando dela a cinco milênios
-Certo e o que isso tem a ver com uma guerra? – Amy perguntou e nem demorou para o monstrinho responder
-Seria perfeito para fazer uma prisão
-Como assim?
-Pensa bem, um lugar que ninguém pode entrar ou sair com exceção de criaturas que podem ficar invisíveis e atravessar coisas, seria o lugar perfeito para trancar qualquer coisa, ate mesmo um espírito – essa ultima parte o monstro disse olhando nos olhos do diretor
-Isso mesmo, após a guerra muitos espíritos ficaram tão fracos pela falta de crença das pessoas que simplesmente apagaram-se da existência, mas outras bem mais poderosos continuaram vivos só esperando o momento para retornar então precisamos prendê-los para que algo terrível não se iniciasse
-Então o senhor tem medo que a gente abra o local em que eles estão presos? – Amy disse
-Na verdade esse é o problema, ninguém sabe onde eles estão presos com exceção de quem os prendeu, um bruxo da nossa época, ele era o mais forte e por isso foi escolhido, após selá-los ele se matou levando o segredo consigo para que ninguém fizesse uso dela para o mal, ninguém
-Entendo, mas mesmo assim quer dizer que antes da guerra qualquer poderia entrar
-Na verdade não – falei dessa vez, Amy era muito insistente quando queria e eu tinha que acabar logo com a curiosidade dela antes que eu enlouquecesse de tanto aprender historia com uma dupla de monstro – imagine um local gigantesco, provavelmente antes mesmo dessa guerra esse local já deveria ser maior do que muitos países atuais, alem disso cheio de fileiras de livros idênticas fazendo você se perder facilmente e ainda criaturas invisíveis e desconhecidas andando por ai sem você saber podendo estar do seu lado e te matar sem você perceber só porque tocou no livro errado, acredito que um local assim não seja para qualquer um
-Michael chegou ao ponto – disse o diretor e não posso mentir que não me senti orgulhoso por isso – aquele local é um labirinto sem fim enlouquecedor que se você não tiver cuidado pode ficar preso ali para sempre só no primeiro andar dele que é o menor, eu por acaso já me perdi dez vezes, as sete primeiras foram antes do quinto andar, e alem disso existem coisas lá dentro muito mais antiga que deuses
-O que quer dizer? – falou William
-A prisão de alguns deuses não foi a primeira vez que a biblioteca havia sido usada com a função de confinamento, muitas coisas bem mais antigas e perigosas estão escondidas no fundo daquele local, algumas ate eu temeria
-Isso incluiria livros não é mesmo?
-Isso mesmo, livros tão abomináveis e contendo coisas tão proibidas que precisaram ser eliminados da historia e somente ali eles são permitidos existir
-Então o livro que eu preciso pode estar ali – Amy disse entusiasmada – o senhor tem que nos deixar entrar lá dentro
-Eu já disse que não e se continuarem a insistir vou transformá-los em ratos
-Você não pode fazer isso – Amy disse e ao olhar para a cara do diretor ela viu que ele não estava brincando, ele realmente não estava brincando, aquele local era temido ate pelos mais cruéis e temidos monstros e humanos – pode?
-Não queira saber do que eu sou capaz, agora saiam, todos
Aos poucos todos nos saímos, mas antes disso Amy tentou falar de novo e tive que fechar a boca dela antes que ela falasse para que não virasse um rato, ela saiu dali com a cara emburrada e nem deu um tchau nem para mim nem para o monstro dela, já estava de noite então ela foi direto para o dormitório e logo depois William também seguiu seu caminho, então eu fiquei sozinho ali no meio da academia então para acabar com todo o clima de solidão eu fui andando para o meu dormitório, mas antes que pudesse chegar ate ele algo pulou em cima, nos dois rolamos no chão ate que eu o acertei uma cabeçada e ele me largou indo em direção a um banco próximo, eu não podia enxergar o que ele era muito bem, mas me parecia ao menos humanóide, um humanóide que avançou na minha direção novamente e dessa vez a única coisa que vi foi sangue jorrando e então eu caí.


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