Vida De Monstro - Livro Um - O Começo escrita por Mateus Kamui


Capítulo 14
XIV - Will


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo fresquinho ara voces, consegui acabar mais rapido do que o previsto e ja ja posto mais outro capitulo



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XIV – Will

Uma tremedeira havia tomado conta do meu corpo, e logo na melhor parte se assim posso dizer, era bom que fosse importante ou então coisas iriam explodir, mas o diretor não me chamaria telepaticamente se não fosse importante, e meu corpo não estaria tremendo se eu não pensasse o mesmo.

Quando cheguei à frente do dormitório me move rapidamente para um canto esperei Amy entrar no dormitório feminino humano e então corri rumo ao colégio fazendo o mínimo de barulho possível, em poucos segundos eu já estava em frente a sala do diretor, uma aura agonizante saia dali, para um homem daquele nível soltar uma aura assim as coisas realmente estavam sérias.

Abri a porta lentamente, mas o gemido estridente foi mais alto do que o esperado e o diretor se virou na minha direção no mesmo instante, seu rosto parecia calmo, seus batimentos controlados, aparentemente não demonstrava o medo e preocupação que banhavam sua aura:

-Finalmente – o diretor disse

-Vim o mais rápido que pude, mas tive que enganar a Winchester como você me pediu

-Então ela não percebeu

-Fiz o meu melhor para isso

-Ótimo – o diretor se sentou de uma vez na sua cadeira reclinável, o súbito solavanco quase fez com que a cadeira virasse, e um copo de whisky se materializou na sua mão direita, o velho tomou todo o conteúdo do copo com um só gole e então suspirou lentamente

-O que esta acontecendo? – perguntei cansado de esperar

-Problemas, muitos problemas – ele disse massageando a área entre o topo dos olhos e as sobrancelhas

-Por exemplo – falei olhando diretamente para o diretor, ele rebateu o olhar com uma expressão que continha um pouco de raiva e então suspirou novamente

-Por exemplo – ele respirou fundo e soltou mais um suspiro, esse foi muito mais longo do que os outros dois, juntos – a biblioteca

Por um instante a sala pareceu descer uns vinte graus de temperatura, ele não precisava nem continuar sua frase para eu entender o que ele queria dizer com problema:

-Ate onde eu saiba é impossível entrar na biblioteca sem a sua permissão, o monstro letreiro não permitiria isso, eles podem parecer fracos, mas sabem como defender uma ordem ate o fim, e mesmo se passassem por ele a magia de proteção impediria a entrada deles no local

-Esse é o ponto, a magia só funciona enquanto eu estiver aqui na academia, a poucos segundos atrás eu sai para fazer algo que na minha opinião era de suma importância, mas nessa pequena diferença de pouco segundos um grupo de intrusos invadiu o colégio e entrou lá dentro

-Um grupo inteiro? Mas demoraria ao menos alguns minutos para invadir esse local, vencer o monstro letreiro e entrar no local

-Mas o trabalho não foi feito por amadores, e é essa a pior parte

-Quem invadiu? – aquilo não estava me alegrando, cada segundo eu sentia que o perigo só aumentava

-The Killers

No instante que ele falou pensei que aquilo só ia piorar as coisas e me fazerem surtar, mas isso ajudou na verdade:

-Então era isso

-Você também percebeu, foi por isso que lhe chamei, sabia que entenderia o meu ponto

-Se eu realmente entendi o seu ponto, você não me chamou só por isso

Mais um longo suspiro do diretor:

-Você já deve ter entendido, mas mesmo assim vou explicar, a suposta caçada aos jovens Winchester foi apenas uma fachada, uma fachada para algo bem maior, lentamente eles colocaram alguns dos seus iniciantes entre nós e foram catando informações cruciais que agilizariam sua invasão e só conseguiram fazer isso porque ficamos concentrados demais nos invasores

-Preste atenção numa folha em não vera a arvore inteira, preste atenção na arvore e não vera a floresta inteira – falei sem pensar, mas pareceu a coisa certa

-Correto, e nos só olhamos para a droga da folha – o diretor realmente estava irritado – no instante que sai alguns novatos ficaram de guardas nos portões para facilitar a entrada dos invasores de maior nível e quando chegaram a biblioteca os outros novatos já tinham eliminado o monstro letreiro, mas ela levou todos juntos e quando cheguei eliminei os outros, mas não consegui parar os invasores

-E já que você não pode correr o risco de entrar na biblioteca para eliminar os invasores e deixar o caminho aberto para novos entrarem você vai mandar alguém para eliminá-los, ou seja, eu

-Corretíssimo senhor Maquiavel – ele disse finalmente se erguendo da sua cadeira – não gostaria de recorrer ao senhor, mas depois de mim o senhor é o monstro mais forte atualmente na academia

-Então eu estava certo, eu não vou negar que quero ir para lá, tanto pelos meus motivos quanto pelos seus, mas não acho que consiga sozinho

-Eu sei disso, o local é um labirinto enlouquecedor e jamais mandaria alguém sozinho – ele respirou fundo, eu acho que já sabia o que ele diria a seguir – então vou permitir que monte um grupo, quatro pessoas, nada mais, nada menos, e antes de ir me mostre quais foram as suas escolhas para ver se permitirei

-Você já sabe as minhas escolhas – falei olhando nos olhos dele

-Eu concordo com apenas um do seu grupo, os outros dois terão que ser trocados

-Qual o problema com os outros dois? Pensei que fosse concordar mais facilmente com eles do que com o outro

-Eles ainda não têm nível, tanto para aquele local quanto para o provável nível dos invasores

-Eu sei disso, mas não deveria subestimá-los

-Não os subestimo, pelo contrario, espero o máximo deles sempre, mas isso esta alem daqueles dois, eles podem ser os fiscais do colégio e dois Winchester, mas não são bons o suficiente para isso, não ainda

-Certo então – dei de ombros, ele não ia deixar eu levar a Amy e o Michael no final das contas – quanto tempo tenho para escolher os outros dois então?

-Três dias, não importa se eles entraram na biblioteca mais cedo ou não, uma vez lá dentro com um grupo tão grande eles vão ter mais problemas do que ajuda, agora vá

-Sim senhor

Sai da sala e fui rumo ao dormitório dos monstros, demoraria um pouco para decidir um novo grupo, mas ao menos com um ele concordou, mesmo que fosse o único que eu quisesse que ele contestasse.

Entrei no meu quarto e dormi, dormi bastante e quase não acordava no dia seguinte, mas por pouco consegui manter meu horário, o dia se desenrolou mais normal do que eu esperava, ao menos na parte acima do solo, no subsolo onde a biblioteca se localiza deve estar um inferno com aqueles invasores lá dentro.

Onde eles já estariam?

O que buscavam ali?

E para que finalidade?

Aquelas perguntas martelaram minha cabeça o dia todo, estava tão concentrado naquilo que mesmo quando tocou para o fim das aulas eu não percebi e quando me dei por mim só estavam eu e Amy na sala e ela estava na minha frente me encarando:

-O que foi? – perguntei encarando ela de volta

-Estranho – ela disse saindo da minha frente

-O que é estranho?

-O seu jeito, você esta muito desligado hoje

-Só pensando um pouco mais do que o normal – disse me levantando da carteira e andando rumo a porta que Amy barrou assim que eu me aproximei

-Você não me engana com esse papo – ela disse se esticando para a frente e erguendo o dedo indicador na minha direção e então começou a abalançar ele de um lado para o outro como se dissesse não – pare de mentir pra mim, pensei que confiasse em mim

O jeito como ela falou unido com o rosto que ela fez me fizeram sentir muito mal por não contá-la sobre a biblioteca, mas não ia mudar nada não é mesmo, o diretor não ia deixar ela ir mesmo, e outra, ela era uma fiscal, acho que ela tinha que saber o que estava acontecendo no colégio:

-Esta bem eu vou te falar, mas podemos ao menos sair daqui?

Ela então saiu do caminho e começou a andar lado a lado comigo, andamos por pouco tempo, só ate chegarmos à parte de trás do galpão, eu queria ter certeza que ninguém escutaria aquilo:

-Bem então, ontem depois da nossa seção de espionagem o diretor me mandou uma mensagem mental para encontrá-lo na sua sala

Amy pareceu engolir aquela parte, mesmo estando visivelmente com raiva do diretor por algum motivo:

-Após isso tivemos uma longa conversa

Lentamente contei tudo para ela, cada detalhe, sem deixar escapar nada, nem os longos suspiros do diretor ou meus comentários pessoais e mentais sobre tudo aquilo, que sei que no fundo não escaparam do diretor.

Após tudo aquilo Amy se escorou de leve nas paredes geladas do galpão e me olhou incrédula, ela não era nenhuma idiota, ela provavelmente entendia ate melhor do que eu o que significava inimigos tão poderosos infiltrados na biblioteca, mas acho que não foi com isso que ela se preocupou, e sim com a parte dos espiões.

Se haviam espiões por tanto tempo na academia e que conseguiram ajudar inimigos a entrar aqui dentro mais facilmente do que os próprios alunos isso só significava uma coisa, uma falha brutal no programa de proteção da academia que quando era relativo aos monstros se resumia apenas a duas pessoas, Amy e seu irmão.

Eu não preciso ler mentes para entender o que ela estava pensando, no fundo da cabeça dela eu tinha certeza que estava se punindo por tudo aquilo, não era culpa dela realmente, mas acredito que para ela a única pessoa culpada naquilo tudo era ela:

-Era para eu ter ficado aqui – ela disse depois de alguns minutos de silencio – era para um dos fiscais ter ficado aqui na academia, se um sai o outro tem que ficar, é uma lei, eu não deveria ter saído

-Ate o diretor saiu – disse levantando o rosto caído dela, eu tinha que dizer alguma coisa – acho então que você também tinha esse direito

-Mas ele só saiu porque achou que íamos ficar aqui, ou pelo menos um de nos dois, e então esse que ficasse ia cuidar da academia

Ela estava se culpando mais do que deveria e isso não era nada bom, no fundo eu acho que entendia o por que de tamanha raiva, ela foi criada desde pequena com um único propósito, caçar, e tinha cometido um erro fatal para um caçador, algo que podia custar sua vida numa caçada, desatenção.

Ela foi desatenta em permitir que espiões entrassem no colégio, desatenta em não percebê-los, desatenta em não eliminá-los antes que o pior acontecesse, desatenta em permitir que o pior acontecesse. Mas quem podia culpá-la por tentar ter uma vida normal?  O irmão era o exemplo perfeito, ele teve a chance de estagiar e aprender sobre desenhos, algo que esta mais do que na cara que era uma das grandes paixões dele, mas desistiu disso pelas caçadas. Quantas vezes será que ela desistiu de algo que gostava só para continuar sendo uma caçadora, algo que não lhe dava nada de bom, você nunca recebia prêmios, nem glorificado, você vivia e morria desconhecido por todos os humanos normais mesmo tendo salvado o mundo vários vezes.

Eu não gostava dos caçadores, mas gostava muito menos de ver a cara que Amy estava fazendo:

-O diretor também me disse uma coisa – ela me olhou com seus olhos que estavam começando a ficar vermelhos – ele me disse para entrar na biblioteca daqui a dois dias e enfrentar os invasores

-Você esta maluco? – ela disse me agarrando pelos braços – você não pode ir lá sozinho

-Eu sei disso, ele me mandou reunir um grupo de quatro pessoas contando comigo e ir para lá, eu propôs os outros três nomes e entre eles estavam você e seu irmão, mas ele negou na mesma hora dizendo que vocês ainda não estavam prontos

Ela me largou no instante que falei aquilo, ela ainda não estava pronta, aquilo devia ter doido mais do que pensava porque dessa vez ela despencou no de joelhos e ficou lá caída e olhos cada vez mais vermelho:

-Eu não estou pronta – ela disse para si mesma – meu pai dizia a mesma coisa quando eu era mais nova e queria segui-lo para em algumas caçadas que ele levava meu irmão, mas de acordo com ele eu não era boa o suficiente e nova demais também, talvez seja isso, eu não sou boa o suficiente nem para isso

Ela ia começar a chorar quando me aproximou e sequei uma única lágrima que ousou descer os olhos dela rumo ao rosto, em aproximei ainda mais dela, ficamos quase com os rostos colados, menos de meio centímetro nos separavam agora, nos encarávamos olho no olho, minha vontade era de beijá-la, mas meu corpo reagiu diferente e então quando percebi estava começando a falar:

-Pare com isso, em primeiro lugar o erro não foi só seu, seu irmão também estava fora e o diretor também, ninguém pode te culpar por tentar ajudar seu irmão e tentar ter um dia quase normal e outra se o diretor fosse tão bom assim ele teria percebido e impedido os invasores e os espiões

Ela lentamente abriu um sorriso e eu me afastei dela:

-Valeu, mas isso não muda muita coisa, eu continuo errada, mesmo não sendo a única, e também continuo fraca

-Tenho dois dias para reunir um grupo, e ainda tenho duas vagas

Olhei para ela e ela entoa se levantou com um sorriso enorme na cara, um lindo sorriso:

-Você acha que eu consigo?

-Claro que sim, mas só tem um jeito de termos certeza

Ela assentiu com a cabeça e saiu dali com passos rápidos e bem apressados, acho que ela tinha entendido o recado, ainda tínhamos dois dias ate a missão, dois dias para treinar, podia ser que não mudasse nada, ou podia mudar tudo.

Meu pai sempre me dizia que as vezes nos já temos o potencial dentro de nos, só precisamos de alguém que nos apóie e acredite em nos para termos forças para aprimorar esse potencial, vamos ver se esse foi um incentivo bom o suficiente.

Saí rumo ao dormitório e passei o resto do dia lendo alguns livros e entrando em vários sites em busca de informações sobre os the killers, tudo em vão, eles não eram tolos a ponto de deixar as suas informações rolarem a solta por ai, pelo menos não para qualquer um. Dormi ainda buscando um motivo para a invasão deles, mas nada me veio na cabeça, me acordei bem rápido, uma noite sem sonho algum, sonho.

Aquela palavra martelou meu cérebro, e então me lembrei dos meus sonhos desde que cheguei à academia e então algo surgiu na minha mente, o sonho sobre o campo de batalha cheio de vampiros e lobisomens, eu não entendi o porque me lembrei logo daquele sonho, ainda me parecia uma idéia idiota demais para acontecer, mas algo estava me dizendo que a invasão dos the killers e a guerra não era idéias tão distintas assim.

O dia amanheceu bem calmo e se desenrolou desse jeito ate o começo das aulas, a única grande novidade foi ver Amy chegando alguns minutos atrasada, ela não parecia debilitada ou cansada, pelo contrario, estava mais viva do que nunca.

Quando as aulas terminaram Amy foi a primeira a sair, praticamente correu para fora, algo que assustou um pouco algumas pessoas incluindo eu.

Andei para fora do colégio rumo aos dormitórios e podia ouvir pequenos zumbidos bem graves, quase imperceptíveis para muitos monstros e animais, eles viam do fundo da floresta, uma área bem ao fundo e o dono das armas estava usando silenciadores de altíssima qualidade, a pessoa que estava treinando realmente não queria ser interrompida.

Eu apostaria que era Amy, mas a vi enquanto ela saia correndo do dormitório feminino humano, se não era ela então só podia ser uma pessoa, Michael, e pela diferença de tempo entre um tiro e outro ele parecia estar treinando bastante.

Não consegui controlar um sorriso, Amy com toda certeza tinha ido avisar o irmão sobre o fato de o diretor ter recusado ele para a equipe, conhecendo-o como penso que o conheço deve ter ficado com muita raiva e deve estar treinando feito um maluco para ser admitido. Amy provavelmente estava fazendo o mesmo, mas do jeito dela. Agora só faltava o ultimo dos quatro membros, e o que eu menos gostaria de chamar, mas ele é necessário.

 Lentamente subi as escadas rumo ao quarto dele, Drake. Podia sentir o cheiro de sangue fresco vindo de lá então foi fácil achar o quarto, abri a porta com um chute, a luz da tarde inundou um parte do quarto e percebi o movimento rápido de um grupo de criaturas rumo a penumbra, e eles eram Drake e sua gangue de vampiros imbecis, eles tinham que se esconder do sol se não virariam cinzas, alguns pobres animais residiam mortos pelo chão do quarto, mas parecia que os outros já estavam se livrando deles enquanto Drake limpava seu anel e o colocava no dedo anelar e então aos poucos saiu da penumbra:

-O que faz aqui demônio? – ele perguntou com sua arrogância habitual e com a boca cheia de sangue de animal

-Vim conversar, em particular

-Não tenho nada para falar com um demônio como você, principalmente me particular – no instante em que terminou em falar os outros vampiros ergueram suas presas para mim

-É bom mandar seus escravos se controlarem se eles quiserem continuar com suas tão amadas presas

-Vem conversar comigo e insulta meus companheiros raciais?

-Não faça esse jogo comigo, te garanto que se não precisasse com urgência de você jamais teria vindo para cá, agora podemos conversar ou não?

Ele me olhava, provavelmente tentando ler minha mente, mas era inútil, ele não tinha o poder suficiente para isso, tinha uma classe de poder menor do que a minha e estava se alimentando com sangue de animais, e isso só o tornava mais fraco:

-Certo então demônio

Saímos rumo à parte de trás do dormitório:

-O que um demônio como você quer comigo?

-Sofremos uma invasão a pouco tempo atrás e precisamos montar uma equipe para eliminar os invasores

-E por que precisariam de mim para isso?

-Os invasores estão na biblioteca subterrânea, um lugar que acho que você sabe da reputação

-Já ouvi boatos

-Alem disso os invasores são os the killers e acho que sobre eles você tenha ouvido mais do que boatos

-Temo que sim – ele disse fazendo uma cara de inimizade, nos últimos anos os vampiros tiveram problemas com famílias inteiras de vampiros que se aliaram aquele grupo, uma perda bem numerosa e de grande importância – mas ainda não entendi o que isso tem a ver comigo

-Acho que já entendeu sim, depois de mim, gostando de assumir ou não, você é monstro mais forte que temos no momento

-Então esta pedindo minha ajuda? – ele abriu um longo sorriso mostrando suas presas ensangüentadas

-Não pense que é insubstituível vampiro e no seu estado atual isso só mostra algo realmente possível

-O que quer dizer?

-Simples, seu poder não esta no máximo, e por mais que queira não poderia usá-lo, e por um simples motivo, porque esta bebendo sangue de animais

-Não por opção própria demônio, ordens do diretor maldito, nenhum vampiro pode se alimentar de humanos

-Não diretamente

-Como assim?

-Não acho que o diretor vá deixar você ir desse jeito para a missão

Assim que terminei de falar outro vampiro chegou, ele parecia realmente animado:

-Chefe acabou de chegar uma encomenda – o vampiro falou todo animado

-Que encomenda?

-Sangue humano fresco, direto de um banco de sangue

Drake se virou na minha direção e sorriu mais uma vez:

-Ótimo demônio, você conseguir a minha presença na sua missão

-Perfeito, a missão será depois de amanhã, é bom estar bem alimentado ate lá

-Pode apostar – Drake disse lambendo os lábios enquanto babava descaradamente e andou em direção ao dormitório

Eu andei logo atrás dele, mas a fome dele e do outro vampiro foi tamanha que ambos correram ate o quarto com velocidade máxima e soltando baba pelo chão mesmo tendo acabado de comer, espero que tenham mandado sangue o suficiente.

Eu entrei no quarto e dessa vez não fiz pesquisa nenhuma, apenas dormi o resto do dia, quando acordei já era outro dia, me arrumei do mesmo jeito de sempre e fui para a aula, o dia se desenrolou bem rápido e novamente Amy chegou atrasada e saiu velozmente da sala, ate onde eu saiba Drake não havia ido para a aula, claro que não, poderia ser a ultima vez que ele comeria em um bom tempo e ainda mais seria sua refeição predileta.

Depois disso fui direto para o quarto, peguei mais alguns livros para ler e comi bastante já que ontem não tinha jantado e hoje saí sem tomar café, nada de relevância sobre os the killers, e muito menos sobre a biblioteca, mas eu precisava achar algo sobre ela, não podia me aventurar em um local com a fama que carrega e não saber nada sobre sua composição interna.

Revi tudo que sabia sobre o local da nossa missão: fica no subterrâneo, possui dez andares, o menor andar já tem o tamanho da academia, existem monstros invisíveis pelo local, existem coisas muito mais perigosas do que livros lá dentro e isso inclui os deuses.

Pronto, isso era tudo, e no fim era o mesmo que nada, não sabia nada que pudesse me ajudar quando entrasse lá dentro e isso não era nada bom, os invasores obviamente tinham conhecimentos importantes sobre a biblioteca, e se eles conseguiram, eu também posso.

Passei mais um tempo lendo, mas nada, então resolvi apelar, fui para minha ultima fonte, o diretor. Cheguei ate a sala do diretor, ele estava lá observando toda a academia pela janela:

-Alguma novidade? – perguntei

-Nada – ele então se virou na minha direção

-Entendo

-Não acho que veio só por isso

-Claro que não, quero saber coisas sobre a biblioteca, não fatos históricos e sim coisas importantes, como pontos estratégicos quando entrarmos lá dentro, onde possamos nos esconder dos monstros que vivem lá e algumas dicas sobre cada andar

-Você espera demais de mim – ele disse tomando um gole de whisky

-E você de mim – rebate de uma forma bem ignorante

-Verdade, mas isso não importa no momento – ele tomou mais um gole de whisky e então o copo se encheu novamente – eu gostaria de lhe dar essas informações senhor Maquiavel, não tenha duvidas quanto a isso, mas isso é algo que eu jamais poderia ensiná-lo

-Como assim? Já esteve lá milhares de vezes, deve saber uma coisa ou outra sobre aquele local

-Eu já lhe disse que me perdi lá varias vezes? – assenti com a cabeça – por que acha que alguém como eu me perderia mais de uma vez no mesmo local mesmo visitando-o varias vezes?

-Isso não me ocorreu – disse coçando o queixo

-A biblioteca é uma estrutura instável, se assim posso colocar, ela esta sempre mudando, estantes trocam de lugar todos os dias, livros mudam de estantes e os corredores também

-Por que?

-Os monstros que cuidam da biblioteca que fazem isso, eles tem uma noção de organização um pouco diferente da nossa e graças ao seus espíritos por aventuras e buscas eles não conseguem ficar no mesmo lugar por muito tempo e já que a biblioteca é um ponto em que passam muito tempo eles mudam sua estrutura continuamente

-Criaturas estranhas

-Sim, são sim, mas mais estranho ainda é o seu criador

-Caim? Você fala como se ele estivesse vivo

-Tenho minhas duvidas quanto a isso

-Impossível – falei sem pensar e o diretor arqueou uma sobrancelha – como ele ainda esta vivo depois de tantos milênios? Ate mesmo entre os monstros isso é bem difícil, é tanto que ate onde eu saiba apenas alguns lordes do inferno tem essa idade

-Eu não saberia lhe explicar direito sobre os segredos de Caim, ninguém saberia, mas os mais próximos da verdade sobre aquele ser são os seus filhos

-Não precisa nem continuar, se quiser saber mais então vou ter que perguntar para aquela prole maldita dos vampiros?

-Exato, mas isso não importa no momento, Caim não se interessa mais pelo nosso mundo a milênios e se ele realmente ainda vive ele deve estar enfurnado no fundo da sua criação, muito provável no ultimo andar, a zona que nem eu ouso entrar

-Ele poderia ajudar com as informações não é?

-Provavelmente ele é o único, mas se ele não souber ninguém sabe, isso lhe garanto

Dei de ombros, se Caim era o único então era o mesmo que o nada, ninguém o via desde a destruição de Enoque e se ele estava no ultimo andar da biblioteca então era o mesmo que não saber sua localização.

Saí da sala e fui rumo ao meu quarto, comi alguma coisa, fui em direção da janela e abri as cortinas. Do outro lado onde ficava o quarto de Amy, as cortinas estavam fechadas e as luzes apagadas, ela provavelmente foi dormir cedo então olhei para o céu, um pequeno fio branco emergia na noite escura, significava que a lua nova tinha acabado de sumir e uma pequena lua crescente surgia, fechei as cortinas e fui dormir, devia descansar bastante porque uma missão como aquela deveria me cansar e exigir mais do que parecia.

Acordei no outro dia, fui para a aula e fiz a mesma rotina de sempre, dessa Amy chegou cedo, ela parecia um pouco cansada, mas não ousei perguntar o porque. Após o ultimo toque a sala inteira saiu aos poucos e ficamos só eu e Amy ali:

-Vamos – ela disse pegando a mochila

-Vamos – concordei e entoa saímos rumo a sala do diretor

Quando chegamos lá Drake e Michael nos esperavam, Drake parecia um novo vampiro, sua pele tinha mais cor parecendo quase humano e sua aura estava muito mais forte, enquanto Michael estava do mesmo jeito de antes, menos por ter cicatrizes nos dedos e o dedo médio da mão esquerda estava com o anel mágico que dei para ele:

-Agora que os quatro estão aqui esta na hora de ir – falou o diretor erguendo-se da cadeira e nos levando rumo a biblioteca

Não havia ninguém cuidando da biblioteca, provavelmente ainda estavam providenciando uma nova substituta, nos andamos para a parte de trás da bancada onde ficava a fiscal e então o diretor apertou um botão e então o chão se abriu revelando uma escada, olhamos ao redor, os humanos e monstros não perceberam nada.

O grupo então desceu as escadas, havíamos descido dez metros pelo que pude observar, nos paramos, a escada havia chegado ao fim a ali no final se encontrava um portão de pedra enorme com vários símbolos desenhados, enoquiano pelo que pude ver, a língua de Enoque, isso significava que estávamos no local certo.

O diretor pediu para que nos afastássemos e andou ate a frente da porta de pedra, ergue o dedo indicador na direção do topo da porta que pelo que vi tinha três metros de altura e uma forma circular perfeita e então os símbolos na porta se iluminaram e a porta lentamente se dissolveu virando pó:

-Entrem

Drake foi o primeiro, logo atrás dele foi Michael e então Amy, no momento em que ia entrar me virei na direção do diretor:

-Por que os aceitou tão de repente?

-Meu plano sempre foi usar vocês quatro, mas os dois jovens caçadores ainda precisavam de algo

-Algo?

-Determinação, uma determinação muito maior que anterior e um espírito mais confiante e forte, algo que acho que conseguiram nesses dois dias

-Entendo, seu objetivo nunca foi que ele aumentassem sua força não é?

-Pelo contrario senhor Maquiavel, eu lhe garanto que mesmo sem terem nada fisicamente eles se tornaram muito mais fortes – dei de ombros

-Que seja, mas como o senhor vai saber que estamos voltando?

-Não saberei, vou ficar nas proximidades da porta daqui a dois dias, não garanto que completem a missão antes de dois dias

-Esta nos subestimando? – falei em um tom de brincadeira e fui entrando na biblioteca também

-Pelo contrario, estou superestimando vocês pelo simples fato de acreditar que vão voltar

No momento em que ele disse isso eu já havia passado pela porta, o diretor então ergueu o indicador novamente e a porta se materializou aos poucos, me virei par observá-lo e nada me tiraria da cabeça o que vi estampado no rosto dele, arrependimento, como se o que estivesse fazendo pudesse ser algo muito ruim, e não podia discordar com ele nesse ponto.


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Notas finais do capítulo

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