A capainha invadiu o espaço do silencio absoluto. A pessoa apertava sem paciência alguma repetidamente a mesma, fazendo-me bufar e abrir ela com um olhar de desaprovação. Dando de cara com ele. Logo disse em um sonoro som certas palavras, sem eu menos começar a falar ‘Oi’ ou qualquer argumento.

- Precisamos conversar, Mellany! - Me olhava com um olhar sedutor, enquanto sua voz rouca e antecipada soava em meus ouvidos.

- Vitor?!

- Precisamos conversar! – Falou rápido e claro, me olhando atento com os olhos lacrimejando.

- Bom, Isso eu já percebi que se trata de algo urgente! Entra. – Apontei para dentro de casa, observando ele bater os pés até a sala – Então, do que se trata?! – Perguntei.

- Mellany, isso não dá mais! – Disse claro

Fiquei o observando com os olhos arregalados enquanto minha expressão realmente mostrava a minha idéia. Realmente não tinha noção do que ele falara naquele momento, tratar de algo que eu nem ao menos sabia seria difícil, mas eu tentaria! Ele gaguejava em meio às palavras, enquanto fazia gestos com as mãos, completamente alterado.

- Isso, o que? – Perguntei ao observá-lo bufar.

- Isso! – Gritou, fazendo gestos com as mãos apontando para mim e para ele aleatoriamente – Isso, não dá mais! – Falou um tanto calmo.

- Desculpa, mas ainda não consegui entender! – Supliquei indignada com sua alteração.

- Qual é Mellany, nós dois somos apaixonados um pelo outro! – Disse sem mais nem menos, Enquanto segurava uma de minhas mãos e fazia diversos carinhos e sorri sem mostrar os dentes calientes.

Droga, agora sim eu iria me dar um soco bem dado no meio da minha própria cara.

Fiquei o observando com os olhos arregalados, em uma sintonia perfeita, minha respiração acelerada fazia a dele acelerar também. Continuava com os carinhos provocantes, e seu sorriso malicioso no rosto, fazendo-me suspirar e retirar a mão de sua visão em um simples toque.

- Vitor, eu... Eu não faço a menor idéia do que esta falando! – Falei com os olhos arregalados.

Que bela mentirosa! Pensei. Óbvio que eu sabia do que estava declarando, mas, fingir que não sabia era um ótimo modo de enrolar a conversa e fazê-lo mudar de idéia. Deu um riso completamente irônico, enquanto elevava a cabeça e se aproximava de mim.

- Eu Te Amo, Mellany! – Falou totalmente manhoso enquanto aproximava sua cabeça e ameaçava envolver as mãos em minha cintura, esquivei.

Bendita palavras! As mesmas me fizeram engasgar por vez, e não conseguir dar-lhe uma palavra se quer. Fiquei com as pupilas dilatadas e podia sentir seu coração acelerar junto ao meu, que há esta hora deveria estar pedindo passagem para saltar do peito. Mexi e remexi o corpo de um lado para o outro, ao ponto de achar uma posição que me deixava confortável enquanto estava sentada no sofá, foi em vão.

- Não, você não me ama! – Gritei.

Tentei fazer que eu parecesse sua consciência, o alertando do problema. NÃO, ele não podia me amar! Isso estragaria tudo, mais uma vez, iria estragar absolutamente tudo! Respirei fundo e fechei os olhos, por um momento a imagem de Justin ficou ali, por certo tempo. Tudo o que era despretensioso, agora era desejo.

- Mellany, eu te amo, e nada vai mudar isso! – Sorriu

- Não, eu sou uma completa idiota, feia, gorda, chata, rabugenta, viu? Você não tem o porquê me amar! – Afirmei.

- Eu te amo, e NADA, ouviu? NADA vai mudar isso! – Fez uma carinha de cãozinho.

- Não, Vitor você não pode me amar!

- Hãn? – Arqueou as sobrancelhas

- Isso vai estragar tudo! – Rangi entre falas altas e falhas.

- Isso, o que?!

- Agora vai se fazer de desentendido?! – Revirei os olhos

- Mellany, pense: Podemos construir um futuro juntos, ter filhos maravilhosos e

- Pera, já esta pensando em filhos?!  - Gritei com as sobrancelhas elevadas o interrompendo

- Estou certo que queira!?– Sorriu maliciosamente

- O que? Eu tenho apenas 16 anos! – Suspirei

- E se com 16 anos, ainda fosse virgem! – Cruzou os braços e riu cheio de sarcasmo

- Que tipo de pessoa você acha que eu sou?! – Perguntei repleta de sarcasmo

- Mellany, estávamos em uma conversa sábia, e agora estamos indo para uma conversa de personalidade, podemos voltar ao principio?!

- Prossiga! – Ordenei

- Então, eu te amo, podemos construir um futuro repleto de coisas maravilhosas!

- Isso seria abuso de menores! – Conclui ofegante

- Até a pouco tempo, você não se preocupava com isso!

- É diferente...

- Por que está negando?

- Negando o que?

- O meu pedido!

- Que pedido?

- Namora comigo? - Perguntou insano.

Pois é, agora ferrou tudo! Pensei. Droga, aquela carinha de cachorrinho pidão me dava tanto dó! Dois pedidos de namoro em uma única manhã?! Ai! Quando eu estava solteira ninguém se candidatava, agora vem gente matando! Vão se tratar!

- Não! – Conclui

- Por que, não?

- Nunca se quer nos beijamos!

- Podemos acabar com esse problema agora mesmo! – Disse se aproximando.

- E por outros motivos! – Empurrei seu peito, fazendo-o se afastar.

- Diga alguns...

- Não fomos feitos um para o outro!

- Que desculpa esfarrapada... – Fez uma careta.

- E... Eu já estou em outra! – Disse por fim.

Suspirei pesado, o observando corar e arregalar os olhos. Ficava vermelho de raiva, enquanto serrava os punhos e bufava sem parar. Era tão bonitinho lhe ver com ciúmes, mas, sabia que na hora que ele saberia que era Justin, iria sair dali batendo os pés e matando meio mundo!

- Quem é o idiota?!

- O idiota tem nome! – Rosnei

- E é esse nome que eu quero saber!

- Não lhe devo satisfação!

- Eu quero saber, quem é Mellany?

Ficou me encarando, me botando pressão para que eu finalmente desvendasse quem era. A resposta iria deixá-lo no chão, eu realmente não queria fazer ele se sentir à pior pessoa do mundo. Afinal, eu comecei a me sentir a pior pessoa do mundo! Quaisquer tipos de conversa esfarrapada poderiam ser capazes de deixá-lo mais nervoso e mais irritado. Fiz questão de desconversar e descontrair um pouco a tensão que ali permanecia.

-Olha, independente de quem seja não vai mudar a situaç...

- Mellany, FALA! – Falou me interrompendo.

Suspirei, logo sentindo uma grande descarga de energia atingir meu corpo em um toque. Consegui imaginar ele a ponto de bala, indo matar Justin. Loucura? Claro que sim! Mas, não podemos negar essa possibilidade.

- Justin... Bieber! – Falei entre nervosismo

Arregalou os olhos e serrou os punhos, levantando logo em seguida e caminhando de um lado para o outro.

- Como você pode ser tão idiota ao ponto de voltar com aquele punheteiro?! – Gritou.

- Olha como fala dele, okay?! – Gritei junto.

- Mellany, você é uma completa idiota, sabia?! Ele te magoa e te faz de gato e sapato, e você é capaz de voltar com aquele... Aquele... Aquele idiota? – Gaguejou.

- Eu o amo! – Ri completamente sarcástica.

- Então mentiu para mim? Na viajem, disse que não gostava mais dele! – Gritava. completamente alterado

- Eu não menti para você, eu não gostava mais dele, mas, as pessoas mudam sabia?

- De um ano para o outro, até dá para admitir, mas, de um dia para o outro é impossível!

- Claro que é possível!

- Mellany, eu te amo tanto, por que não fica comigo ao lugar dele? Com toda a certeza vou te fazer muito mais feliz do que ele! – Segurou uma de minhas mãos

- Não posso! – Balancei a cabeça

- Então vai continuar com ele? Sabendo que a qualquer momento ele pode abri a porta da sua casa e lhe dar o fora? Mellany, eu jamais faria isso com você! – Gritou segurando uma de minhas mãos

- Não deu para entender? Eu não quero! – Gritei, retirando minha mão das dele

Balançou a cabeça enquanto serrava os olhos por um curto e silencioso momento.

- Então, seja infeliz com ele! – Disse em um tom de repleto de sarcasmo, batendo a porta e saindo dali bufando e completamente alterado.

Realmente me senti um lixo, sem emoção alguma magoei alguém que realmente não merecia esse tipo de tratamento. Afinal, aonde eu errei? Que tipo de pessoa pode ser tão azarada como eu?

Por um momento, um curto momento, Vitor invadiu meus pensamentos, e sua imagem ficou ali, vasculhando cada espaço da mesma.

Ele era um carma na minha vida, porém, um lindo e idiota carma.