– Quer namorar comigo... De novo?

Fiquei o encarando com as pupilas dilatadas e os olhos arregalados. Sentia-me preparada para aquilo? Claro que sim. Mas, de alguma forma, ele me pegou de surpresa, receber aquele tipo de proposta realmente não estava nos meus planos.

Engoli em seco, enquanto tentava exclamar alguma coisa, mas nenhum tipo de som conseguia sair naquele momento. Meu coração acelerava aos poucos, chagando a batidas que parecia que iriam fazer meu coração explodir dentro de meu peito. Levantei as pressas de seu colo, passei as mãos sobre os cabelos, sentindo arrepios causados pelas mãos geladas. Caminhei impaciente de um lado para o outro, procurando refúgio.

– Então... – Perguntava nervoso também, fazendo gestos apressados com as mãos.

Senti meu corpo amolecer ao escutar sua voz doce e sedutora. Apoiei-me no sofá para não cair, enquanto um embrulho grande fazia-me tontear mais. Respirei fundo, mas parecia que o ar não conseguia passar pelas vias, me deixando com falta de ar. Sua expressão de preocupação começava a aparecer. Minha resposta já estava completamente formada, mas, não conseguia expressá-la de um modo convincente e que ficasse BEM claro minha decisão.

– Justin... Eu... – Falei balançando.

Mordeu o lábio inferior, enquanto abaixava a cabeça e suspirava. Meu coração mole logo foi ativado, me fazendo apreciar aquela carinha de bebê chorão. Sua fala completamente falha, seu coração acelerando junto ao meu – de certa forma – me dava culpa, um momento preparatório para aquilo poderia me ajudar a não desmaiar, mas infelizmente não cheguei a me preparar. Teria que enfrentá-lo de frente, dando uma resposta certeira. Afinal, ele merecia uma resposta, e desmaiar ou morrer ali realmente não me ajudaria em momento algum.

– Olha Melly, tudo bem... Se não aceitar, podemos ser apenas amigos! – Forçou um sorriso e se levantou, caminhando e aproximando-se de mim.

– Aceitar o seu pedido realmente seria uma idiotice! – Afirmei.

Ele apenas lambeu os lábios, enquanto ria e balançava a cabeça. Meu corpo tremeu e amoleceu novamente, nessa hora realmente pensei que iria cair dura ali, sem lhe dar uma resposta. Ele me encarou por um momento, enquanto contorcia os lábios carnudos de uma forma completamente sexy e sedutora. Respirei fundo novamente enquanto as expressões de Justin mudavam de acordo com a minha respiração.

– Mel, não se sinta pressionada pela resposta! – Levantou os braços, enquanto suplicava lentamente.

– Mas – Dei uma pausa completamente dramática, enquanto observava ele arregalar os olhos e seu coração acelerar mais do que o meu – Não aceitar seria uma idiotice maior ainda! – Sorri de cantinho sem mostrar os dentes.

Justin abriu um sorriso de orelha a orelha, enquanto abria a boca tentando falar, mas não conseguia. Sorri junto. Ficamos nos encarando por um longo momento, ele sorria enquanto eu sorri junto mais de uma forma mais leve.

– Vem cá garotão! – O chamei com uma das mãos

Ele apenas sorriu e riu mais, se isso era possível!

Impulsionou-me contra seu compro, fazendo-os se chocarem com agressividade e desejo. Envolvi meus braços em seu pescoço, escutando suas mãos amassarem minha blusa bege lentamente, até suas mãos alojarem-se em minha cintura. Agarrei seus cabelos loiros, enquanto ele atacava meus lábios lentamente, aumentando a pressão.

Na hora, me senti livre de qualquer preocupação, livre da sociedade preclusiva. Naquele momento não tive medo de agir, não senti medo de que algo pudesse acabar com nossa alegria, apenas fiz questão de aproveitar essa oportunidade, que nem todas têm. Lhe Beijar, lhe tocar, lhe sentir eram desejos de meses. Terminar com ele aquele dia fora extremamente difícil, mas, decisões precipitadas levam ao desapego, ao desgosto, e a MAIS desejo.

– Então NAMORADA – Justin falou, retirando risos tímidos de minha parte – Finalmente vou poder dizer isso! – Falou com a cabeça elevada, falando mais para si do que para mim – Estamos juntos... Novamente?

– Acho que... Acho que sim! – Mordi o lábio inferior.

– Nervosa por quê? – Perguntou rindo pelo nariz, ainda me segurando pela cintura.

– Não estou nervosa! – Supliquei.

– Mel, eu te conheço! – Falou arqueando as sobrancelhas – Qual é o problema?

– O problema tem dois nomes: Selena Gomez! – Rosnei.

– O que tem ela? – Falou todo sarcástico, revirando os olhos.

– E como fica ela? Pelo que eu saiba vocês dois estavam juntos até um tempo atrás!

– ESTÁVAMOS! Falou bem certinho, eu estava com ela! – Contorceu os lábios – Não quero mais nada dela nem com ela, sem intimidades ou segredos! Okay? – Se aproximou, quase encostando seus lábios nos meus.

– Okay! – Sussurrei logo chocando nossos lábios novamente.

Deu tempo de mexer apenas uma vez os lábios, ao tempo de o telefone tocar e nos separar rapidamente. Olhei para Justin que permanecia de olhos fechados. Direcionei-me ao suporte, Bianca no identificador de chamadas, apenas revirei os olhos e balancei o telefone, mostrando para Justin que apenas riu e falou:

– Ótima oportunidade para contar as novidades! – Sentou em um dos braços do sofá

Apertei no botão verde, aceitando a chamada.

– Alô?!

– Graças a Deus está viva! – Gritou.

– Nossa, para que tanta preocupação?! – Ri.

– Liguei para você umas 30 vezes ontem, seu celular estava desligado?- Gritou mais uma vez.

– Não, é que eu estava ocupada!

– Muito ocupada! – Justin sussurrou.

Apenas o mostrei a língua e ele riu, peguei meu celular que estava ao lado do suporte que identificava: 15 chamadas não atendidas - Bianca. Justin fazia sinais para mim, pedindo para que eu botasse na viva-voz, Apertei em um dos botões, pondo o telefone na viva-voz, fazendo com que todos pudessem escutar a conversa.

– Muito ocupada fazendo o que? – Falou agora, um pouco mais calma.

– Terminando o trabalho de Biologia, oras... – Rosnei, enquanto Justin soltava uma gargalhada baixa.

– Hum...

– Então, por que ligou? – Atropelei-me nas palavras.

– Não, nada, só para saber se estava viva, e avisar que eu encontrei o Vitor ontem! – Cantarolou, logo depois dando uma gargalhada.

– E você falou com ele?

– Falei, ele perguntou se você estava bem, e eu disse que estava ótima! – Falou um tanto acelerada.

– Hum...

– Ele disse também que ficou meio chateado pelo fato de não ter mais conversado com você, depois da viajem!

– Ele que venha falar comigo, oras... – Ri ironicamente, observando ela bufar e Justin apenas rolar os olhos de um lado para o outro

– Não acredito que você foi tão burra de não ter beija...

– Bianca! – A interrompi, não a deixando terminar a frase – Ah, eu tenho que desligar!

– Por quê?

– Apenas preciso desligar, então, tchau! – Agredi-me nas palavras, desligando logo em seguida

Desliguei o mais rápido possível, era preciso, Bianca era uma tagarela impossível, se você começa a falar com ela, logo vai escrever um livro contando como foi a conversa. Apoiei o telefone no suporte, ouvindo um apito logo depois. Fiquei um tempo parada ali, sem me mexer ou demonstrar reação.

– No que esta pensando? – Justin falou encostando seu queixo em meu ombro, me abraçando pelas costas.

– Nada que seja importante! – Supliquei agora virada para ele.

– Então, eu não sou importante? – Fez um biquinho, logo piscando rapidamente fazendo uma carinha de cachorrinho.

– Convencido! – Falei me soltando de seus braços e me dirigindo as escadas.

Subi correndo as escadas até chegar ao meu quarto, em cima da cadeira da escrivaninha estava o casaco do mesmo, o agarrei em um toque. Desci as escadas balançando o mesmo entre as mãos. Justin estava apenas me esperando na borda da escada, com as duas mãos no corre-mão e com um sorriso tosco estampado no rosto, joguei a jaqueta em cima de sua cabeça escutando ele bufar.

– Agora você vai ter que ir! – Ordenei.

– Diga para seus pais que eu mandei beijos! – Falou rindo e se dirigindo até a porta.

– Me liga quando chegar em casa, okay? – Falei me escorando na porta aberta.

– Quem disse que eu vou para a casa? – Sorriu.

– Aonde você vai então? – Arregalei os olhos.

– Vou ir para um bordel ai! – Falou sínico – Brincadeira! Eu tenho que me encontrar com o Scooter às 12h30min. – Disse olhando no relógio de pulso – Falando nisso, estou atrasado! Tchau. – Disse me dano um selinho demorado.

– Tchau! – Lhe abanei

Observei por um momento o carro dobrar a esquina, em alta velocidade foi difícil perceber o borrão que ali deixava de derrapagem. Fechei a porta atrás de mim e suspirei um tanto pesado. Um sorriso tímido ali formou e um riso escroto apareceu logo em seguida. Finalmente ele é seu por completo... De novo! Pensei.

Escorei-me na porta, sentindo todo o peso em meus ombros despencar de uma vez por todas, me deixando leve e sem pressão alguma. Fechei os olhos por um momento, por alguns instantes eu me senti no céu. Uma simples brisa invadiu meu espaço, me fazendo sentir um arrepio, e o barulho irritante das folhas no chão que na rua se encontravam, ficou por algum momento em meu ouvido. Sentei ali mesmo, no chão, escorando-me na porta fechada, levando as mãos até os cabelos e fazendo leves cafunés em mim mesmo - Sou sozinha, o que posso fazer? – Continuei assim por um bom tempo. Com um sorriso tosco no rosto, fazendo cafunés em mim mesmo, e rindo.

Lembranças do passado me fazem pensar como meu passado era medíocre, como eu fui tão idiota e orgulhosa ao ponto de dispensá-lo? Sim, eu tinha motivos, e eram motivos que com toda a certeza fariam com que eu ganhar o caso na justiça. Apenas fiquei refletindo sobre isso por um bom tempo, refletindo também sobre esses momentos tristes, angustiosos e que não me deixavam ser feliz com outro. E entre milhares de pessoas, como uma única só pode mexer tanto com você? Realmente, como uma única pessoa pode ter uma beleza, uma voz, um olhar, um... Sorriso tão especial? Questões que apenas tia Pattie e tio Jeremy, podem responder. Agora sim não teria motivo para reclamar, minha vida estava perfeita, estava exatamente como desejei, e com toda a certeza isso iria permanecer por um bom e longo tempo... Bom, pelo menos é isso que eu espero!